terça-feira, 23 de outubro de 2012

Amor, Sublime Amor! - Parte 3



Rhada e Krishna - As Delícias do Amor Proibido

Atraente e moleque, o deus Krishna não perdia oportunidade de fazer alguma traquinagem.

Quando se tornou adulto, passou às brincadeiras eróticas - como roubar e cheirar as roupas das vaqueiras (também chamadas de gapis, eram mulheres que viviam das atividades agrícolas e da pecuária) enquanto se banhavam no rio. Não havia mulher que não caísse enfeitiçada por seu charme, sua força e sua riqueza.

Todas faziam verdadeiras loucuras pelos carinhos dele. Noite após noite, abandonavam os maridos, sem que eles percebessem, e iam para a floresta encontrar-se com o amante. Todos tinham a ilusão de que eram escolhidas, porque ele se dividia em muitos homens para agradá-las e punha em ação seus quatro braços.

Mesmo tendo as mulheres mais lindas que quisesse, Krishna apaixonou-se por Rhadarani, sua amante preferida, com quem se escondia na chamada Floresta da Multidão, repleta de trepadeiras.

Desde a primeira troca de olhares entre eles, relâmpagos cruzaram os céus e o deus constatou que aquela mulher era muito especial. Krishna sentiu-se atraído pela jovem de cabelos negros, sempre enfeitada com flores e jóias. Nas noites de amor, sob o luar da madrugada, bailavam ao canto de pássaros, à beira do lago, a dança dos amantes perfeitos e abraçavam-se seguido o som da "flauta que encanta todos os seres", pertencente a Krishna.

Enquanto o deus tinha Radharani nos braços, nasciam flores ao redor deles. Oamor apossou-se do coração dos dois e eles se tornaram um só ser.

"Enquanto o casal se ama, as gotas de suor brilham na face de Radha, como pérolas ao luar presenteadas pelo próprio deus do amor. Com todo o seu ardor, ela beija os lábios do amado, assim como a lua beija o botão entreaberto do lótus. Seus cabelos sacodem-se ao movimento do corpo. São campainhas de ouro cantando glórias ao deus do amor!" - conta o poema Êxtase, do poeta hindu Vidyapati.

Quando Krishna decidiu partir e casar-se com outras oito mulhreres, Radha voltou ao marido e morreu de saudade. Este é considerado o maior romance da literatura indiana. Rhada representa a alma à procura de Deus, a psiquê buscando sua identidade.

A descoberta de Radha por Krishna é a descoberta da força dentro dele mesmo. A história mostra também que nada é mais estimulante para os indianos do que o amor proibido, que desperta a fúria e o entusiasmo.

Conta a lenda que os arbustos de manjericão tornavam-se mais bonitos quando pisados pelo casal Krishna e Radha. Até hoje, as devotas do Hare Krishna que querem casar-se giram três vezes em volta de um vaso de manjericão.


Ísis e Osíris - Coração em Frangalhos

Ísis e Osíris formavam um casal perfeito e governavam o Egito com muita sabedoria, sendo, por isso, adorados pelo povo. Eram benevolentes, justos e misericordiosos. Osíris amava a sensualidade e a inteligência de Ísis e ela também era apaixonada pela beleza e pelo ideal de justiça do marido.

A felicidade e a fama do casal, no entanto, era invejada por Seth, irmão de Osíris, que resolveu matá-lo para tomar o poder.

Ardiloso, Seth tirou as medidas do corpo do irmão e mandou fazer uma bela arca adornada com pedras preciosas. Numa festa em comemoração a Osíris, inventou que presentearia, com a arca, quem nela coubesse. Todos os convidados experimentaram-na, mas era grande demais para eles.

Quando Osíris foi testá-la, Seth fechou-a, lacrando-a e jogando-a no rio Nilo.

A notícia do desaparecimento do bom governante espalhou-se depressa e Ísis chorou de dor. Desesperada, rasgou as próprias roupas e cobriu o rosto de lama, lembrando que poucas horas antes sentira as carícias do amado. Pensava que ia enlouquecer com a falta de seu inseparável companheiro.

Depois, calou-se, vestiu roupas de luto e cortou uma mecha de seus cabelos. Mas a amargura não a fez desistir de encontrá-lo.

Ísis procurou seu marido por todo o reino até encontrar, finalmente, a arca com Osíris. Ao abri-la, chorou sobre o belo rosto moreno do marido ainda intacto e beijou delicadamente seus lábios. Depois, escondeu a arca nos pântanos. Ia buscar uma solução para revivê-lo. Seth, porém, descobriu o artifício da cunhada e furioso cortou o corpo do irmão em 14 pedaços e espalhou pelo Egito.

A persistente Ísis resgatou cada parte do marido até recompor seu corpo. E com sua magia, consegiu ressuscitá-lo temporariamente. Nesse breve e inesquecível momento, o casal fez amor pela última vez e Ísis conseguiu engravidar.

Hórus, o filho, permaneceria na Terra para vingar seu pai. Mas tarde, ela ainda usaria seus poderes de sedução para transformar-se numa linda mulher e fazer Seth reconhecer os erros que cometeu.

É uma relação de amor muito equilibrada, onde um respeita muito o outro. Também apresenta uma mulher não submissa, que luta pra reconstruir a relação. Na religão egípcia, eles representam a passagem da vida para a morte.

No tribunal do mundo inferior, Osíris pesa o coração dos mortos para ver se podem viver em plenitude a vida espiritual e Ísis é sua conselheira.

Ísis tornou-se a mais popular das deusas, por seus poderes mágicos, e é considerada a fundadora da família. Osíris é o deus da terra e da vegetação. Sua morte simboliza a estiagem anual e seu renascimento, a cheia do Nilo e o desabrochar do tribo.


Continua... 

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