sábado, 25 de julho de 2015

Eterna Aliança com Deus - Parte 2

"Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado com os seus discípulos, para o casamento. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho.

"Assim, deu Jesus o princípio a seus sinais, em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele."
Evangelho de João 2: 1-3 e 11
 

Já nos primeiros séculos depois de Cristo, os matrimônios judaico e cristão não eram muito diferentes entre si: Uma cerimônia de caráter privado e que marcava as alianças entre as famílias. 

(O casamento cristão que conhecemos hoje tem duas origens: a cultura romana e medieval. A cerimônia do casamento segue as bases do casamento pagão entre os romanos e os votos no casamento foram alterando-se durante décadas para satisfazer as exigências de cada família da época. A cerimônia era pública, ou seja, apenas amigos e parentes da família participavam para testemunhar os votos a serem jurados diante de um sacerdote de algum templo, dependendo da fé da família em algum deus romano específico.)

Com o tempo, as uniões entre cristãos foram adquirindo características próprias.

Os casamentos eram celebrados de forma pagã, mas era comum pedir que os padres abençoassem o casal. 

(O casamento medieval se formalizou no propósito de unir nações e propiciar a paz entre os clãs, algo já realizado entre os celtas, primeira sociedade formal da Europa setentrional. Os mais antigos votos de casamento estão registrados na Abadia de Salisbury e York, Inglaterra, publicados em 1549 no Livro de Oração Comum, e a fidelidade do casal não atribuía a morte como um fator determinante para a desunião. Acima, casamento de Eleanor e o Imperador Frederico III da Germânia.)

Até o século 6, benzia-se o casal à porta ou no quarto nupcial, primeiro sentados e depois deitados na cama. 

Foi só a partir do século 12 que a Igreja Católica começou a estipular regras mais rígidas para o casamento. As cerimônias passaram a ser realizadas publicamente, com o consentimento de ambos os noivos e diante de padres ou bispos. 

(Fragmentos do filme Braveheart, Coração Valente, de 1995, onde o cineasta e ator Mel Gibson retrata de forma realista e histórica os primeiros casamentos entre os cristãos na medieval e desvalida Escócia. Os primeiros casamentos entre os cristãos do mundo todo eram pobres e as cerimônias muito simples. A única exigência da época era ter um sacerdote cristão para ministrar a união. Não havia votos de fidelidade atribuindo o término da união apenas na morte de um dos cônjuges. Até o ano 1000 d.C. casamentos poligâmicos entre os cristãos foram registrados.)  

Valores como fidelidade, dedicação absoluta e indissolubilidade também passaram a ser atribuídos às uniões. 

Assim nasceu o modelo de casamento ocidental adotado até hoje...

Hoje os significados que envolvem um casamento são tão variados quanto as religiões e as culturas que existem ou dos quais surgiram tais uniões. 

(Um momento muito importante do casamento cristão moderno é a leitura dos votos. É um costume entre os americanos e europeus que repercute exatamente a Idade Média, onde contratos de casamento eram feitos para garantir a estabilidade dos acordos entre as famílias. Os mais antigos votos registrados são assim categorizados:
 

"Eu, ____, tomo, _____, para ser minha legítima esposa, para ter e assegurar, deste dia em diante, para melhor ou pior, na riqueza ou na pobreza, na doença e na saúde, para amar e cuidar, até que a morte nos separe, de acordo com a santa vontade de Deus; e a ela eu asseguro minha fidelidade". - Voto registrado de 1662 na Igreja Anglicana de Salisbury, Inglaterra, onde a palavra Obedecer foi subtraída do voto da esposa em 1928.

"Com este anel eu peço sua mão, com meu corpo eu me entrego em adoração, e com todos os meus bens eu me dou: Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém." - Voto adotado na Igreja Episcopal em 1754.

"Amigos, no temor do Senhor, e antes desta reunião, eu levo a minha amiga ____ para ser minha esposa, prometendo, através da assistência divina, ser-lhe um marido amoroso e fiel, até que não seja mais agradável ao Senhor, e por morte nos separe". - Voto registrado e adotado entre os Puritanos e Judeus no Reino Unido em 1675.

Em Julho de 1922, a Comissão de Declaração de Casamento foi criada, e esta informou a Londres, na Reunião Anual dos Lordes da Câmara em 1923, a alteração modificando o "até que a morte nos separe", para "contanto que ambos neste acordo e terra vivamos".)


(No Judaísmo, antigamente uma cerimônia de casamento complexa era realizada. Reuniam-se as moças mais proeminentes de determinadas famílias quando outra família comunicava o desejo de desposar seu filho. Essas moças eram preparadas por 3 meses e, no equinócio da Primavera Setembro-Outubro, nos três dias da Lua Cheia, uma repentina visita era feita à Casa da Espera, onde as jovens pretendentes aguardavam ao noivo. As que estivessem mais arrumadas, perfumadas, com as joias da família, com os cabelos trançados e untados com óleo, e segurando na mão direita seu candeeiro aceso, estas seriam as escolhidas. Este costume deveria ser assistido e regulado conforme os ensinamentos rabínicos registrados no Cohanim.
Jesus usa este costume para doutrinar seus discípulos:

"Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo. E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono, e adormeceram. Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro. Então se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. E as noivas nécias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando..." - Evangelho de Mateus 25: 1,5,6,8.)

No Judaísmo, a união entre homens e mulheres é chamada de Kidushin, palavra que quer dizer santificação (kadosh). Mas, santificar no judaísmo (que quer dizer harmonizar) é diferente de santificar no latim (separar), como estamos mais familiarizados ao definir essa palavra.

Santificar aqui é viver uma vida em harmonia e ajuda mútua.

(O casamento judaico, dentre todos já estudados, se configura como um contrato político, familiar e social. A procriação e os laços consanguíneos não são o único propósito, mas a doutrinação dos filhos nos Mandamentos da Lei onde os principais rituais religiosos devem ser garantidos. Num casamento judaico é explícita a ideia de que ambos agora são uma única alma, é por isso que o homem é considerado incompleto ou imaturo, dentro desta cultura, quando solteiro. Deve-se seguir os preceitos da Torá, Talmud e da Halachá nas celebrações. Uma das diferenças do casamento judaico é que nos dias que se seguem os rituais, cada dia representa uma etapa do crescimento e da união dos cônjuges. As festas devem durar 7 dias conforme as prescrições rabínicas.)

Para os muçulmanos, o casamento é também uma oportunidade de autoconhecimento. Acreditam que cada indivíduo tem uma função muito particular na existência. O casamento seria um dos elementos para descobrir essa função e realizá-la. 

Para o Cristianismo, o matrimônio é um sacramento, ou seja, um sinal do amor de Deus. 

(Para os muçulmanos o casamento é um ato indissolúvel como o próprio Allah. A esposa deve total obediência ao seu marido, e ao marido cabe a decisão de todos os setores da família, sociedade e religião.)

Os cristãos acreditam que o casamento é uma invenção divina, e em várias passagens bíblicas, percebem a predileção de Deus por esta instituição. 


(Apesar das muitas controvérsias da época, corajosamente a novelista Glória Perez atreve-se a adentrar num universo teológico complexo, onde a submissão e opressão são confundidos com obediência e fé. Acima, cenas da novela O Clone, televisionada de outubro de 2001 a junho de 2002 em 221 capítulos semanais pela emissora Globo.)


Seria para perpetuar significados como esses que cada crença promove suas próprias cerimônias, repletas de rituais e simbolismos. 


Contrato Com Deus

O casamento é um contrato em que Allah é juiz e testemunha entre os muçulmanos. 

Para realizar uma união diante de tão importante autoridade, é preciso respeitar algumas exigências. 

(O casamento muçulmano tem muitas variáveis, pois esta religião se segmentou em várias vertentes destoantes entre si, subdividindo-se em 5 subgrupos, sendo os mais difundidos os xiitas e os sunitas. Dentre seus costumes fica apenas intocável as questões referentes a Allah e o Alcorão. Quanto ao casamento, os sunitas admitem o divórcio e liberdade intelectual assistida para a mulher. As cerimônias se diferem no que tange a noiva se vestir branco, preto, burca ou véu.)

O Islamismo não permite casamentos com pessoas ateias ou que sigam uma religião politeísta. Apenas são permitidas uniões com fiéis das religiões monoteístas e essa permissão é uma exclusividade dos homens. 

A restrição ocorre porque os muçulmanos acreditam que o homem tem um papel mais determinante na educação dos filhos, por caber a ele a obrigação de sustentar a família. 

Quem não puder fazer isso, deve se manter casto. 

(A regulação da família, desde a religião até infra-estrutura são creditados e esperados apenas do marido. O pai deve ensinar seus filhos a orarem, apresentá-los aos anciãos e decidir os casamentos.)

Como as relações sexuais fora ou antes do casamento são proibidas, é comum dos muçulmanos casarem-se muito jovens, a partir dos 15 ou 16 anos. 

Outros costumes seguidos são o pagamento de um dote para as noivas, a aceitação do divórcio e a condenação do adultério. 

A cerimônia de casamento muçulmana pode ocorrer tanto em mesquitas quanto em salões alugados. Diante do sheik, a autoridade religiosa, o casal compromete-se a seguir os preceitos da religião e respeitar os direitos e deveres de cada um. 

(No final da cerimônia, o sheik lê o contrato estipulado entre os pais dos noivos para ser cumprido irrestritamente.)

Logo após, assina-se o contrato de casamento.

Lembram sempre que o casamento é uma complementação necessária entre o homem e a mulher para constituir uma realidade familiar e um ambiente de amor e afeto.


Continua...


domingo, 19 de julho de 2015

O Tao é o próprio Caminho - Parte 2

(Na luta entre duas forças opostas, a melhor atitude, pela filosofia Taoísta é ceder, pois, as duas forças opostas indicam que uma terá que dar para que a outra se sobressaia, senão haverá mútua destruição. É necessário ao indivíduo saber exatamente quando é hora de desistir, pois o tempo de cada coisa está fadado a um fim. Ao entendermos isso, cederemos com desapego e isso não nos ferirá ou nos magoará.) 

A eterna dança dos elementos opostos revela que a melhor decisão é deixar-se conduzir pelas leis da natureza. A sensatez estaria em não lutar para disciplinar as dualidades, mas em acompanhá-las. Afinal, a aparente mutação da natureza oculta a unidade do Tao.

O Taoísmo tem uma visão holística que não se centra só no indivíduo, mas o vê dentro de uma grande força.

Para os antigos mestres, não havia separação entre as ciências naturais, a filosofia e a religião. Daí a amplitude do Taoísmo - uma religião com grande força filosófica ou uma filosofia altamente mística. 

A Tríade Divina do Taoísmo

A palavra Tao pode ser traduzida também como ato de caminhar: sintetiza a busca de cada um pela própria trilha espiritual. Como diria o Mestre Lao-Tsé, esse caminho se define a cada passo e sempre começa no primeiro. 

Segundo a tradição taoísta, para seguir essa trilha, existem três instrumentos: o mapa, o mestre e o caminho em si. 

Você precisa do mapa que são as orientações e os ensinamentos escritos...

(Através dos ensinamentos deixados por Lao Tsé o discípulo pode atingir um alto grau de crescimento mental, espiritual e emocional.)

...do mestre, que é o seu guia...

(Como em qualquer filosofia oriental o Mestre é uma figura de extrema importância para o desenvolvimento espiritual de um indivíduo. O significado é que uma  pessoa jamais deve trilhar esse caminho sozinho. Ele deve sempre estar acompanhado por alguém mais maduro que apresentará, tanto as bênçãos como as provações da iluminação individual.)

...e do Tao, que e a prática.

(Templo da Transparência Sublime, no Rio de Janeiro, onde Sacerdotes habilitados pela Sociedade Taoísta do Brasil se dedicam em ensinar o caminho do Tao aos visitantes. Acima, os sacerdotes Carlos, Meíza, Solange e Sérgio não seguem o celibato e mantêm uma vida secular normal de trabalho e família.)

Esses instrumentos compõem os três tesouros da tradição espiritual taoísta, que correspondem aos chamados Três Puros, os responsáveis por dar existência ao Tao manifesto, ou seja, ao mundo em que vivemos.

Divindades do topo da hierarquia do Taoísmo são representados por figuras humanas. No centro fica o Venerável Senhor Celestial do Princípio Inicial, que simboliza o Tao ou a nossa própria prática. 

(Venerável Senhor Celestial do Princípio Inicial ou Venerável Yuanshi Tianzu)

Ao lado dele, estão o Senhor do Tesouro e do Espírito, que representa as Sagradas Escrituras, e o Senhor do Caminho e da Virtude, que simboliza o mestre. 

(Senhor do Tesouro e do Espírito ou Mestre Fu Xi)

O céu anterior, onde as divindades habitam, corresponde a parte não revelada do Tao. 

É o universo em estado latente, anterior a qualquer manifestação de cor, forma, linguagem ou som. Trata-se, na verdade, de um grande vazio que contém todas as coisas. É como o silêncio que abrange todos os sons e todos os tons, ou como a ausência de cor que permite o seu surgimento de todas as cores, de todos os matizes. 

O Mundo Visível e Dual

 O Imperador de Jade representa, na tradição taoísta, o Um, do qual todos os seres do universo são fragmentos.

(Esta é a representação de Deus na teologia Taoísta. Ele é de Jade porque na tradição chinesa esta pedra representa a pureza, mas sem seduzir por seu brilho; a firmeza, sem ser inquebrável; a vida, pois a natureza privilegiou o verde para representar sua fertilidade.) 

O Imperador de Jade é a consciência absoluta, primordial. Ele é a dualidade - o Ying e o Yang juntos - vivendo em perfeita integração, como unidade. 

O ser humano, porém, tende a se fixar mais no aspecto dual que no todo. Por exemplo: embora você esteja lendo este estudo agora, seu pensamento pode estar em outra coisa, com o que você deve fazer ainda hoje, antes do dia terminar...

(A agitação mental ou espiritual não combina com as filosofias orientais, pois elas preconizam o apaziguamento da mente para que o indivíduo possa não apenas viver melhor, mas também poder entender e encontrar o caminho de sua iluminação. Tudo, nas filosofias orientais, prega o silêncio, a calma e a contemplação.) 

Nossa consciência funciona em estado relativo. Não vemos a realidade como absoluta. No Tao, essa divisão não ocorre - por isso, devemos buscar a inteireza no momento presente. 

Para o Taoísmo, a unidade é formada pela integração das duas forças opostas do Ying e Yang. Elas são representadas pelo símbolo do Tei Gi, um círculo dividido entre claro e escuro. 

(O Tei-Gi é o símbolo do equilíbrio e da harmonia que todos nós devemos atingir. Em nenhum momento o Taoísmo nega o mal ou o bem, ambas são forças que coexistem e necessárias para que a vida aconteça e evolua. Nenhuma das duas forças são maiores ou melhores que a outra, elas são complementares. A figura branca representa o Ying, é uma energia feminina e magnética, fria e aquosa. A figura preta é o Yang, é uma energia masculina, elétrica, quente e dinâmica. Os olhos de cada figura com sua cor oposta representam a jovem Ying e o jovem Yang, ambos só nascerão de suas forças opostas.)

Dinâmicas, essas forças estão em eterno abraço e movimento, cada uma com a semente de seu oposto: o Yang retornando ciclicamente ao seu início, o Ying atingindo seu apogeu e cedendo seu lugar ao Yang. 


Segundo o Taoísmo, a interação entre a dualidade deve repercutir na vida cotidiana. Nossa mente está viciada na parcialidade, achamos que somos isolados uns dos ouros. O verdadeiro trabalho espiritual está em nos integrarmos com a consciência do Imperador de Jade para reconhecermos que todos fazemos parte de uma grande família.

(A meditação é o melhor exercício para o indivíduo perceber sua agitação mental e emocional. Ao acalmar a mente ele se integra com a energia da Terra e do Universo que pede mais calma, mais concentração, mais integração, para que tudo exista da forma como é.)

Sentindo a harmonia entre os opostos, aprendemos a ser mais tolerantes. 

Um modo de entrar em contato com o Imperador  de Jade é a meditação. Com essa prática, a pessoa vivencia a dualidade, Ying e Yang, as relações "eu e o outro" como algo único. 


Quando a pessoa consegue perceber isso, ela não está mais fragmentada. A etapa seguinte é atingir o estado de vazio. No Vazio, não tem mais eu nem outro. Você se une ao todo...


Continua...

sábado, 11 de julho de 2015

Eterna Aliança com Deus - Parte 1

União para toda a eternidade ou enlace de almas que se complementam: o casamento religioso é considerado um momento sagrado, em que as bênçãos divinas recaem sobre aqueles que se unem em nome de uma mesma fé...

Um hino religioso quebra o silêncio da noite...

(Homenagem ao Deus Himeneu (filho de Apolo e Afrodite), guardião do casamento entre os gregos. É daqui que nasce todo um discurso sobre o hímen e a virgindade feminina. O sangue vertido após a primeira cópula de uma mulher devia ser dedicado ao deus em seu templo. Pintura de Nicolas Poussin.)

Os moradores saem às ruas da cidade grega para acompanhar a procissão. À frente, um jovem leva uma tocha, representando o deus Himineu, protetor do casamento. As mulheres carregam cestos com presentes e os homens tocam instrumentos musicais. 

(Deusa Hera, esposa de Zeus, também era considerada a guardiã dos casamentos e da família entre os gregos, mas apenas daqueles casamentos eternos, como encontros de almas gêmeas e/ou casamentos de sentido mais cósmico.)

Todos acompanham a carruagem que leva os recém-casados para casa.

O cortejo nupcial era o momento mais importante das cerimônias de casamento na Grécia Antiga. Marcado por cânticos e orações, servia para afastar os maus espíritos e pedir proteção divina aos novos casais. 

(Casamento de meus pais em 17 de Janeiro de 1969 em Vitória da Conquista no Seminário dos Capuchinhos. O padrinho, tio Dorgival, cumprimenta a noiva. Um ano depois, todo esse povo se mudaria para São Paulo formando novos núcleos familiares.) 

O ritual desapareceu com o tempo... Mas o desejo dos antigos gregos continua vivo em muitos homens e mulheres que hoje se casam.

Atualmente, os noivos procuram dar um sentido religioso à união, pedindo as bênçãos divinas em igrejas, sinagogas, templos e mesquitas. 

(Esta união já dura 86 anos e entrou no Guiness Books pelo casamento mais longo registrado na humanidade até agora. Ele é protagonizado pelo casal hindu Karan e Kartari Chand, Reino Unido. E, pelos rostinhos deles, ainda vai durar por um longo tempo...)

Ao buscar o casamento religioso, as pessoas compreendem que ele tem um significado mais profundo... Acreditam que, por meio da bênção religiosa, o casamento pode se transformar numa união com Deus.

Mas nem sempre foi assim...

(O casamento egípcio é o mais antigo já encontrado na historiografia humana, apesar dos egípcios nunca terem criado uma palavra específica para esse ato. Aqui há uma demonstração de como os noivos se vestiam e se posicionavam diante do templo de Ísis. O casamento egípcio era monogâmico e esta civilização introduziu leis sobre divórcio, heranças e dotes, algo extremamente moderno para a época. A família era algo muito importante para a cultura egípcia.)

Na pré-história, as uniões entre homens e mulheres eram motivadas pelo instinto sexual e serviam para garantir a reprodução da espécie. Não envolviam nenhum caráter sagrado.

Por volta do ano 5000 a.C., o surgimento das primeiras sociedades agrárias, apareceram também as primeiras formas de casamento. Essas uniões mais estáveis permitiam a identidade de uma linhagem familiar e eram bastante úteis na sucessão de bens. 

(O casamento da pré-história ainda é um mistério arqueológico. O que sabemos é que eles tinham muita consciência da sexualidade e da natureza, e registraram em pinturas rupestres, uniões entre homens e mulheres como algo natural e de fundo reprodutivo. As uniões eram feitas, provavelmente, entre os indivíduos do próprio clã com a finalidade de fortalecimento. Com o tempo, esse tipo de aliança foi caindo em desuso, pelo simples fato de haverem doenças congênitas recorrentes. Assim, os primeiros humanos perceberam que deveriam se unir entre si, sim, mas não de núcleos familiares muito próximos, agregando a isso os primeiros contratos políticos, religiosos e fraternais à essas uniões.)

Durante muito tempo, a principal função do casamento foi criar alianças entre grupos, ampliar comunidades e garantir que o patrimônio de uma família permanecesse com seus descendentes.

Em muitas sociedades, a mulher não tinha poder de escolha e sua tutela era transferida ao marido em reuniões familiares, presididas pelo pai. alguns rituais, no entanto, passaram a acrescentar um sentido religioso à união, como no caso dos antigos romanos. 

(Ritual de Beltane, data festiva das uniões entre os povos celtas pré-históricos, atualmente resgatado entre os wiccanos modernos, em 2013. O casamento entre os povos celtas e bretões era um evento natural e ligado ao equinócio da primavera e à Deusa. Até hoje, acreditamos que Maio é o mês dos casamentos e é o mês reservado para comemorarmos o dia das mães graças a essas festividades.)

O laço do matrimônio se estabelece quando o noivo entra na casa com a noiva nos braços para apresentá-la aos deuses daquele lar. Ao fazer isso, ele pede que os deuses iluminem a união e os presenteiem com filhos saudáveis.



Continua...


 

domingo, 5 de julho de 2015

O Tao é o Próprio Caminho - Parte 1


É uma das mais antigas tradições religiosas do Oriente, o Taoísmo prega a integração entre os opostos e a aceitação das leis da natureza como caminho para a plena libertação da alma.

Diz um antigo relato taoísta que um velho sábio chamado Lao-Tsé seguia rumo ao oeste chinês montado em um touro.

Ao chegar na fronteira, foi parado por um oficial e precisou declarar o que tinha de valor. 

- De valor!? - Interpelou o sábio - Só possuo o meu conhecimento...

O oficial, então, afirmou que só abriria a passagem se o velho sábio deixasse essa sabedoria registrada. 

(O Taoísmo reúne em si um dos mais ricos e maravilhosos ensinamentos sobre conduta, sentimentos e crescimento espiritual já deixados aos homens...)

Após três dias, ele entregou ao oficial um pequeno livro com cerca de 5 mil caracteres chineses. Depois, montou no touro e desapareceu...

Conta a lenda que o oficial, admirado com tamanho conhecimento, largou seu posto e seguiu o mestre. 

Em outra versão, diz-se que Lao-Tsé teria deixado a China para ensinar Buda em terras indianas. 

(Este é o livro sagrado do Taoísmo, ele é tão maravilhoso e rico em ensinamentos que não tem como ficar intacto numa prateleira... Acho que já estou precisando comprar outro...!)

Mistura de mito e realidade, essa história narra o surgimento do Tao Te Ching ou O Caminho e Seu Poder, livro que reúne os ensinamentos milenares do Taoísmo, uma das seis escolas de sabedoria que existiam na China por volta de 600 a.C.

Essas tradições chinesas originaram-se no xamanismo centroasiático. Então, o Taoísmo retoma alguns temas xamânicos ao basear sua filosofia na observação dos fenômenos naturais. 

(Tao Te Ching ou O Caminho e Seu Poder é um livro que reúne em seu interior mistérios cabalísticos, ou seja, como as runas nórdicas ou os caracteres hebraicos, bretões e tantos outros espalhados nas culturas teológicas do mundo, o Taoísmo também encontrou o caminho cabalísticos do som, da letra, e do domínio do poder eletromagnético, mas somente o aluno disciplinado espiritualmente consegue acessar esse conhecimento.)

No Tao Te Ching, que se tornou o livro sagrado dos taoístas, Lao-Tsé compilou as crenças ancestrais que eram transmitidas oralmente.

Da observação das leis que regem a natureza, os mestres taoístas aprenderam que tudo possui uma identidade que emana de uma única fonte: o Tao.

A tradução literal da palavra chinesa Tao é "caminho, trilha, estrada", mas no plano filosófico o Tao pode ser interpretado como o Absoluto ou o Vazio, com base no qual surgem todas as coisas. 

(O Tao é um poder que resultou de um grande impacto da Criação de todas as coisas. Hoje, tudo reverbera o início desta explosão. Quem a criou? Este Ser fragmentou-se em todas as coisas que conhecemos e não conhecemos, ou seja, Deus morreu para criar o Universo. Ao fazê-lo, sua estrutura energética nos formou, e a cada novo ciclo dos 4 Elementos, Ele se reúne e se destrói novamente, expandindo-se. Ao evoluir-nos, evoluímos Deus. Somos Deus também, por isso, podemos acessar poderes espirituais maravilhosos...)

Para os taoístas, a libertação plena da alma está no retorno do homem ao Tao. 

Através da meditação se busca atingir esse Vazio, fonte de toda energia e consciência. Se mergulhamos nesse grande mar, temos força para tornar nossa vida mais plena.


Apesar de o Tao ser considerado indivisível, os mestres costumam explicá-lo por meio do "Tao latente" - o Vazio que permite às formas existirem - e do "Tao manifestado", a expressão do Absoluto em tudo que possui forma, imagem e corresponde a uma ideia ou a um sentimento - ou seja, a realidade visível. 

No mundo manifestado, todas as coisas são compostas pelos elementos opostos Ying e Yang - claro e escuro, feminino e masculino, frio e quente e assim por diante...

(Uma citação meiga do Taoísmo no filme de animação Mulan feito pela Disney em 1998. Fragmento em italiano.)

(Tiziano Terzane, famoso jornalista e escritor italiano, fala sobre suas experiências no caminho do Tao.)

Ying e Yang estão em constante movimento e, não raro, transformam-se um no outro. As leis que regem essas transformações estão nos 64 hexagramas, ou seja, os símbolos do I Ching, outro livro sagrado do Taoísmo.

(O I-Ching, ou as direções e disposições, é a geomancia do Taoísmo disposta em 74 hexagramas de poder. Saber onde a energia eletromagnética se localiza num determinado lugar e, utilizar o hexagrama correto, faz com que você possa usar a energia emanente corretamente para a agricultura ou construções como hospitais, comércios, templos, etc... A ideia aqui é trazer a existência, através do poder do Tao, o que se deseja. Assim, surgiu o I-Ching e, consequentemente, pelas viagens de Marco Polo, a descoberta da Bússola.)

A constatação filosófica nasce na observação de como as coisas funcionam. A primeira.coisa que enxergamos são os contrários. O I Ching, porém, nos mostra que Ying e o Yang são contrários interdependentes, como as faces de uma folha de papel. 

No momento em que você observa o Ying em alguma coisa, já surge o Yang em contraposição. Eles se integram numa grande dança cósmica e são a base de todo o pensamento taoísta.



Continua...

 
Aranel Ithil Dior. Tecnologia do Blogger.

Search This Blog