sábado, 28 de janeiro de 2017

Do Berço ao Túmulo: Rituais Eternos... - Parte 3

(Esse assunto rende pano prá manga... Rebeca foi coerente ou usurpadora da primogenitura de Esaú? Bem, para o povo judeu ela é considerada uma das principais rainhas e/ou "Mães" do judaísmo, ou seja, os judeus nunca a teriam em tão alta estima se fosse uma mulher mentirosa ou não-temente a Jeová, pois na cultura judaica, a posição materna é uma coisa levada muito a sério. O que Rebeca fez foi ratificar uma profecia dada à ela quando ainda estava grávida. Quando percebeu que Isaque favoreceria o filho mais velho, tanto por admirá-lo (seja por sua velhice já avançada), ou por ignorar as ações de Esaú que havia se casado com duas mulheres fora da linhagem da família (e que ambas não respeitavam Rebeca como sogra), tudo isso foi demais para ela, que assume, portanto, o papel de mudar o destino da família para que o pior não acontecesse: A perda da promessa dada aos descendentes de Abraão por seu Deus. Então, sim, ela arquiteta um engodo, e ao fazê-lo, ela decide o destino de Esaú que é banido da linhagem de Isaque, tornando-se um futuro inimigo para Israel (Jacó), mesmo após feita as pazes com o irmão... Acima, cenas do filme Esaú e Jacó, de 1955, do livro de Gênesis 25:19-34)

No princípio, ensinava a lei, que todo primogênito, de toda família judia, deveria ser oferecido a Deus - como os primeiros frutos do campo - para ser rabino.

Com o passar do tempo, Deus afrouxou o mandato e selecionou para o serviço do templo os membros de uma determinada família, os cohanim, descendentes de Aarão, irmão de Moisés.

Para recompensar os cohanim, que pouparam os primogênitos dessa obrigatoriedade, todo primeiro filho homem deve ser "resgatado" no 31° dia após o nascimento.


(No passado os cohanim eram todos descendentes e/ou filhos de Aarão, e representavam o serviço do sacerdócio do templo - não confundir com os levitas, que são descendentes da tribo de Levi (apesar de Aarão e Moisés serem levitas), os quais também trabalhavam no serviço sacerdotal. A diferença é que os levitas contribuíam com prestações de serviços como louvores, organização e limpeza; enquanto os cohanim eram auxiliares do Sumo-sacerdote, atividade exercida apenas pelos descendentes diretos de Aarão. Com o tempo esse termo acabou sendo usado para designar qualquer pessoa, atualmente, que represente um rabino (sábio) dentro de uma sinagoga. Acima, cenas do filme Deuses e Reis, de 2014.)


(Você sabia que a famosa saudação do povo vulcano (do qual seu maior representante entre os terráqueos, Spock, da famosa série Star Trek), foi inspirada numa saudação judaica?! Sim, os roteiristas e pesquisadores da série em 1966, quiseram fazer algo diferente, mas não se esmeraram na pesquisa ou na criatividade como fazem hoje, os quais diretores e roteiristas criam línguas e culturas próprias para personagens fictícios, ex: O Senhor dos Anéis, Star Wars, Game of Thrones, etc... Então, eles copiaram uma saudação incomum para os americanos, mas muito comum entre o povo e a cultura judaica, e que é a forma dos antigos sacerdotes posicionarem as mãos quando abençoavam alguém...


(...esta seria outra variação da mesma posição das mãos para dispensar uma benção.)

(Esse tipo de dispensação não é incomum, e muitos rabinos a utilizam mesmo hoje em dia.)

A cerimônia se chama Pidiòn Habên: o pai se apresenta a um cohen (membro da comunidade que faz serviços especiais), trazendo seu filho e um grupo de testemunhas - no mínimo, dez homens adultos. 

O cohen pergunta ao pai se ele prefere dar-lhe o filho ou resgatá-lo ao preço de cinco moedas. O pai, claro, opta pelo resgate e "compra" de volta seu filho. Essa cerimônia recorda também a última praga do Egito, quando os primogênitos judeus foram poupados do Anjo da Morte. 

(Pidíon Habên de Eliezer Mintz, em 2011.)

"Como eu não era o primogênito, meus pais não precisaram me redimir!"
Prof. Joseph Goldberg

Seu primeiro neto também foi automaticamente liberado por ter nascido de cesariana. O ritual é exclusivo dos nascidos de parto natural. 

O Primeiro Corte de Cabelo

Assim como os frutos de uma árvore jovem são poupados, aguardando-se seu crescimento para posterior colheita, os cabelos dos meninos não são cortados até que completem 3 anos. 

(Opshernish de Iosef Itzjok.)

"São ainda fracos. Os cabelos comportam-se como acumuladores de energia: por isso, aguardamos essa concentração atingir o máximo, o que ocorre aos 3 anos."
Prof. Joseph Goldberg 

Na cerimônia, chamada Opshernish, cada convidado corta um pedacinho das longas madeixas do menino, oferecendo para cada cachinho cortado uma tzedakah (contribuição), depois encaminhada à uma instituição de caridade. 

(Essa história não lhe lembra outra? Sim, a prática de cortar os cabelos aos 3 anos do menino é para que os pais tenham tempo para saber se a criança será um nazireu ou não. Sansão foi nazireu toda a sua vida até que Dalila quebrou seu voto diante de Jeová ao cortar-lhe os cabelos. Acredita-se que ele renovou seu voto antes de sua morte no templo de Dagon entre os filisteus. Acima, cenas do filme Sansão e Dalila, de 1950.)

(O que é um nazireu?! - É um homem ou mulher judia que deseja fazer um voto especial a Jeová, de serviço ou consagração. Então o indivíduo fará ou deixará de fazer algumas coisas, mostrando publicamente, que ele é um homem ou mulher separado para um propósito: Não beberá vinho ou bebida forte; não comerá uvas frescas ou secas; não cortará seus cabelos enquanto durar seu voto de nazireu; não se aproximará de cadáveres, mesmo se for de seus pais. E, após cumprir seu tempo de nazireu, o consagrado fará outros rituais, conferir em Livro de Números 6:1-27. Outros nazireus famosos: O profeta Samuel, 1Sm 1:11; Apóstolo Paulo por duas vezes, At 18:18 e At 21:23-26; João Batista e Zacarias seu pai, Lc 1:15 e Mt 3:4) 

Em cada evento judaico deve-se lembrar dos necessitados. 

A prática desse ritual é mais frequente entre os judeus ortodoxos, cumpridores estritos da lei. 


O Filho dos Mandamentos

Aos 13 anos, todo menino judeu passa pelo ritual do Bar Miztvá

Nesse rito de passagem, o garoto começa a se responsabilizar por suas ações e também pelas suas obrigações religiosas, livrando o pai de assumi-las, como era até então.

(Bar Mitzvá de Vinícius Ribeiro em Belo Horizonte, de 2012.)

O domínio do hebraico e as calças compridas não são os únicos sinais exteriores do amadurecimento: o menino ganha um dos símbolos maiores do Judaísmo, os tefilins ou filactérios, tiras de couro que são amarradas no braço esquerdo e na cabeça.

"...Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentando em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te.

"Também as atarás como sinal na tua mão e te serão por frontal entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas." 
Livro de Deuteronômio 6:6-9




Continua...


Aranel Ithil Dior. Tecnologia do Blogger.

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