sábado, 21 de maio de 2016

Maria, a Face Feminina de Deus - Parte 3

(Descobrir a verdadeira identidade de uma personagem tão central em meio as lendas e fantasias de uma história perdida e, contrapondo a ânsia em trazer para suas novas fronteiras, a certeza de uma Fé que dava seus primeiros passos no mundo, é quase uma missão impossível...)

Desde o momento em que Maria engravida, os fatos históricos perdem destaque para dar lugar aos dogmas teológicos que envolvem sua figura. 

Para os católicos, Maria foi concebida sem pecado: O Dogma da Imaculada Conceição, e manteve a pureza sexual durante a até mesmo depois do parto: A Virgindade Perpétua. 

Os protestantes relutam em aceitar tais doutrinas, lembrando que algumas traduções da Bíblia mencionam claramente os "irmãos" de Jesus. 

"Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se por causa da concorrência do povo. E lhe comunicaram: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te. Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.
Evangelho de São Lucas 8: 19-21

"Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?"
Evangelho de São Mateus 13:55

"Depois disto desceu ele para Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias."
Evangelho de São João 12:2

"Dirigiram-se, pois, a ele os seus irmãos, e lhe disseram: Deixa este lugar e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque ninguém há que procura ser conhecido em público e, contudo, realiza os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele..."
Evangelho de São João 7:3-5

"Mas, depois que seus irmãos subiram para a festa, então subiu ele também, não publicamente, mas em oculto."
Evangelho de São João 7:10

(Um dos temas que me fascinam no estudo da História Antiga e Medieval: as Legiões Romanas. Exemplo de liderança, comando, disciplina e estratégia, até os dias atuais, são um modelo para ataques e assaltos de Forças de Defesa modernas. Mas, no tempo de Jesus, ter uma força dessas comandando a política e a vida social de vilas e aldeias com uma cultura tão diferente era um problema potencial. A disciplina deveria ser mantida a todo custo, e conhecer o número e quais tipos de homens e mulheres que habitavam esses ajuntamentos era importante. Para o romano, o único ser humano que deveria ser respeitado e valorizado era o próprio romano. Acima, cenas da série Roma, produzido pelo canal privado HBO, de 2005.) 

"Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, estando entre elas Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele."
Livro dos Atos dos Apóstolos 1:14

"(...) e também o de fazer-nos acompanhar de uma mulher irmã, como fazem os demais apóstolo, e os irmãos do Senhor, e Cefas?"
1ª Epístola aos Coríntios 9:5

"(...) e não vi outro dos apóstolos, senão a Tiago, o irmão do Senhor."
Epístola aos Gálatas 1:19

A palavra "irmão" que aparece nos textos acima vem do grego adelphós, literalmente, "nascido do mesmo útero", não deixando nenhuma margem de dúvida quanto a origem desses indivíduos. Apesar disso, os dogmas católicos afirmam que essas passagens se referem a algum tipo de parentes próximos, como enteados ou primos de Jesus. 

Na cultura judaica, existe grande importância quanto a procedência da família, exatamente, para que todos se certifiquem que os indivíduos ali, de fato, sejam herdeiros das promessas e do sangue dos Patriarcas Abraão e Jacó. 

Os familiares de Jesus foram reconhecidos como legítimos filhos de Maria e irmãos de Jesus até mesmo pelos apóstolos. Entretanto, mesmo quando Pedro ou Paulo escreviam em suas epístolas, essa história havia decorrido um espaço de tempo de mais de 50 anos, podendo, muito do que foi registrado, ter sido apenas tradições orais. 


(Particularmente, eu não vejo nenhum problema em ver Maria como mãe de muitos outros filhos. Isso evidenciaria sua humanidade, e o esforço hercúleo em manter-se firme numa nova fé e perspectiva de Deus... Esse reconhecimento, apenas, enalteceria ainda mais essa mulher extraordinária!)

Não há solução para a polêmica da virgindade de Maria...

A Arqueologia, a Teologia e a Antropologia dão o xeque-mate, mas a tradição, as ideologias formadas em torno da fé individual e coletiva, a insistência da Igreja Católica em manter em suas linhas de defesa esses ensinamentos, impedem devidas e importantes revisões dos textos bíblicos, contra-argumentando que tudo é apenas uma questão de "crer ou não crer".

Entretanto, a opção católica por reforçar a virgindade de Maria servia como escudo contra os adversários do Cristianismo no século 1, que queriam provar a ilegitimidade de Jesus.

Muitos teólogos se apoiam em outros argumentos como afirmar que em outras referências, os vocábulos apresentados poderiam ser traduzidos como "primos" e, que por conta da grande mortalidade infantil da época, ter tantos filhos seria algo muito incomum. De fato... Isso, sim, seria um bom milagre para Maria...

É provável que a controvérsia sobre a virgindade eterna de Maria nem tenha sido tão intensa durante o tempo em que ela viveu, ou até mesmo, quando os primeiros escritos da Bíblia estavam sendo formulados, por isso, tantas controvérsias, pois se referiam apenas a dados biográficos, contudo, periféricos, sobre a vida de Jesus. 


(O mais legal e lôco da vida deste romano pagão e, depois, do cristão Santo Agostinho de Hipona (354-430) é que ele mesmo encarnou o que seriam os primeiros cristãos convertidos: pessoas hedonistas, com vidas entranhadas numa sexualidade perturbada e que, ao se converterem, repudiavam tudo, até mesmo o sexo e o casamento, exaltando o improvável, como uma concepção virginal. Toda essa metamorfose, de larva à borboleta, por assim dizer, fez parte das doutrinas e ensinamentos de Santo Agostinho. Para termos dados mais fidedignos é necessário rasparmos o remorso e o arrependimento de tudo o que ele viveu e escreveu... Acima, trailer do filme Santo Agostinho, de 2008. )

Na verdade, isso só começou a ter importância com Santo Agostinho, no início do século 5.

Ele via o ato sexual como impuro, por isso, sendo Jesus filho de Deus, não poderia ser ao mesmo tempo filho do pecado...

Mas, e Maria, o que achava de tudo isso?

Atenta à complicada situação, Maria meditava com frequência. 

Um manuscrito, também apócrifo, traz relatos atribuídos à própria Nossa Senhora em conversas com o apóstolo João. 

São reflexões da mãe de Jesus sobre os acontecimentos extraordinários que começaram a suceder em sua vida. 

"Quem, em seu juízo perfeito, teria escolhido por mãe uma pobre moça, filha de um artesão, em vez de buscar a proteção de uma família poderosa?

"O que os homens não valorizam, Deus escolhe. Ele escolhe os mais humildes para mostrar sua glória."
Evangelho Apócrifo da Virgem Maria

"Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração.
Evangelho de São Lucas 2:19


(Mesmo vivenciando um período de vozes e visões, Maria, uma menina com experiência mística e espiritual, manteve-se firme e sóbria diante da avalanche de mudanças em sua vida. Mesmo para o mais experiente buscador espiritual, enfrentar um período de convocação, no qual aparições, sonhos e vozes atormentam a consciência do indivíduo é uma tarefa das mais difíceis... Acima, cenas de Jesus: A História do Nascimento, de 2006.)

Traços da personalidade da jovem também ajudam a entender a preferência divina. Maria era uma moça consciente, temente a Deus, que nunca colocou um obstáculo para que ele materializasse seu filho nela. 

"Então disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se ausentou dela."
Evangelho de São Lucas 1:38

Ela era religiosa da descendência de Arão, e frequentava a sinagoga local e o templo de Jerusalém, até mesmo porquê o esposo de sua prima era também um dos sacerdotes escalados para servir ao templo e a sinagoga local naquele tempo, tornando essa prática quase uma obrigação familiar.  

"Nos dias de Herodes, rei da Judeia, houve um sacerdote chamado Zacarias, do turno de Abias. Sua mulher era das filhas de Arão, e se chamava Isabel. Ora, acontecendo que, exercendo ele diante de Deus o sacerdócio na ordem do seu turno, coube-lhe por sorte, segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do Senhor para queimar o incenso; e durante esse tempo, toda a multidão do povo permanecia na parte de fora , orando. E eis que lhe apareceu um anjo do Senhor, e, de pé à direita do altar do incenso. (...) Disse-lhe porém, o anjo Gabriel: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho a quem darás  nome de João."
Evangelho de São Lucas 1: 5 e 13

Maria não se abalou nem mesmo quando José, seu futuro marido, tomou conhecimento da gravidez e decidiu abandoná-la em segredo, para não comprometer sua honra. Um anjo apareceu em sonho para seu noivo e tirou as dúvidas do coração de José. 

(Houve 6 reis Herodes na história, e Herodes I participou dos eventos da vida de Jesus. Ele era um homem fraco, covarde e edomita, odiado pelos judeus por isso... Tinha um enorme medo de ser assassinado por descendentes do Rei Davi, a profecia sobre o Messias lhe dava pânico, decretou um infanticídio odioso nos tempos de Jesus, e morreu sendo um dos homens mais perversos da história. Acima, reportagem do Jornal Nacional, do canal público Globo, exibido em março de 2013.)

"Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe desposada [o vocábulo deveria ser traduzido como noiva, mas esse laço social na cultura judaica não existe, havendo um tipo de pré-casamento, com exceção apenas do contato físico entre os cônjuges. O compromisso e legalidade do relacionamento é reconhecido publicamente como um casamento.] com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo.

"Mas, José, seu esposo, não querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente. Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber, Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. (...) Despertado do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor, e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus."
Evangelho de São Mateus 1: 18-20, 24,25

Para fugir do diz-que-diz do povo da pequena Nazaré, que naquela época não contava mais que 300 moradores, Maria seguiu para a casa de sua prima. 


(Encontro de Isabel e Maria. Acima, cenas do filme Maria, a mãe de Jesus, de 2010.)

Segundo o Evangelho de São Lucas, o filho de Isabel, que também grávida, esperava, se remexeu em seu ventre e ela reconheceu em Maria a mãe do Messias.

"Naqueles dias, dispondo-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá, entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. 

"Ouvindo esta a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre; então Isabel ficou possuída do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? Pois, logo que me chegou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criança estremeceu de alegria dentro em mim. Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor."
Evangelho de São Lucas 1:39-45
  
Depois de três meses com a prima, Maria voltou para Nazaré e casou-se com José. A desconfiança de seu noivo fora vencida, mas os desafios de Maria estavam só começando...

Aos nove meses de gravidez, um recenseamento obrigou José e Maria a se deslocarem-se para Belém, cidade natal do carpinteiro. 


(Os recenseamentos eram comuns no Império Romano, ocorrendo em qualquer época ou razão enquanto o Império vigorou no mundo por 503 anos e mais 1000 anos em Constantinopla. No entanto, os cidadãos conquistados não precisavam se deslocar à suas cidades natais. Os dados arqueológicos e históricos afirmam que esses recenseamentos eram apenas para saber quantos homens, aptos para guerra, haviam na região conquistada. Não sabemos, exatamente, porque Lucas faz uma referência sobre uma viagem de José e Maria à Belém, acredita-se que foi para não haver boatos sobre a real paternidade de José quanto a Jesus. Acima, cenas do filme Maria, a mãe de Jesus, de 2010.)

"Naqueles dias foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se. Este, o primeiro recenseamento, foi feito quando Quirino era governador da Síria.

"Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. 

"José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, para a Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. 

"Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria."
Evangelho de São Lucas 2:1-7


(O nascimento de Jesus. Acima, cenas do filme Maria, a mãe de Jesus, de 2010.)



Continua...



sábado, 14 de maio de 2016

Hierarquia Angelical - Parte 3

(Legião, de 2010, é um filme do tipo thriller que, porcamente, conta sobre a dinâmica angelical nas regiões celestes. Inspirado por uma péssima adaptação dos quadrinhos intitulado homônimamente; Scott Stewart, roteirizou uma confusão, não claramente explicada, entre os arcanjos Gabriel e Miguel, no qual, Gabriel se revolta contra a humanidade e, aparentemente, irá destruir todos os homens por ordem divina. Odiado pelas sociedades secretas, esse filme foi banido de seus círculos.)

Quando falamos sobre anjos, deixamos de fora outro tipo de proteção que o Cristianismo não professa, mas muitas religiões, sim, por isso vamos falar um pouco sobre isso também.

Existem espíritos de elevada consciência, os quais habitam regiões que a Cabala chama de Regiões Celestes. O apóstolo Paulo, apesar de professar várias vezes sobre a necessidade dos novos cristãos terem sua própria identidade e doutrinas espirituais, usa, talvez por hábito, nomes, títulos ou doutrinas judaicas cabalísticas para explicar essa nova forma de acreditar em Deus que o Cristianismo criava. 

"...visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso, e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta."
Epístola aos Hebreus 12:1

(Apesar do tom fantasioso e fictício, o viajante das esferas sabe que as cidades celestiais são assim mesmo... As 3 Veneráveis Casas do Brasil, Reino Unido e França se reuniram, juntamente com a Federação Espírita Brasileira financiando esta produção única orçada em 20 milhões de dólares. Nenhum outro filme espírita feito no mundo, mostrou e contou, exatamente, o que são as cidades celestes como este filme. Adaptado pelo livro psicografado por Chico Xavier sob o título: A Vida no Mundo Espiritual, ele contém imagens trazidas pela viajante das esferas e médium Heigorina Cunha. Acima, cenas do filme Nosso Lar dirigido por Wagner de Assis em 2010.) 

Esses espíritos que venceram toda a jornada de provas humanas decidiram não continuar sua evolução, numa subida sempre crescente pela Árvore da Vida retornando à fonte: Deus, o Eterno, unindo-se e se misturando na Glória da grande Consciência e Mente que nos projetou. A derradeira viagem de volta ao Lar.  

"Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das Luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança."
Epístola de São Tiago 1:17

Suas moradas são muitas, e muitas religiões afirmam que essas habitações se encontram em torno da Terra. 

As tradições das sociedades secretas asseveram que essas moradias estão intimamente relacionadas com as constelações que vemos na linha do Equador, que são as constelações do Zodíaco.

(As portas de entrada das almas a serem encarnadas em seu grau de evolução.)

(Documentário de 2010 produzido pelo canal pago History, no qual apresenta um estudo sobre as constelações estelares e nosso fascínio por elas. Apresenta ainda o misterioso 13º signo: Ophiucus ou Serpentário, conhecido entre os iniciados e cabalistas como o 13º Cavaleiro Ofíuco ou Asclépico. Seu significado é um mistério compartilhado apenas pelos iniciados.) 

Essas moradas são chamadas por eles de Esferas da Terra. 

"...quem fez a Ursa Maior, o Órion, as Plêiades e as recâmaras do sul?... quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus? Eis que ele passa por mim, e não o vejo; segue perante mim, e não o percebo." 
Livro de Jó 9: 9, 38:7, 9:11

As constelações do zodíaco são portais onde os espíritos atravessam para sua breve jornada de reencarnação. Quem encaminha esses espíritos para sua caminhada de evolução, são anjos e outros espíritos humanos mais evoluídos, que escolheram ajudar seus irmãos nessa jornada de provas e tribulações. 

"Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar."
Evangelho de São João 14:2

Esses seres prestando esse serviço de cuidado são confundidos com os anjos, pois possuem também tarefas de ajuda e proteção para conosco. 

(A Grande Fraternidade Branca: Quem são? São Espíritos humanos que conquistaram sua elevada evolução, geralmente, grandes magos, iniciados e adeptos conscientes da necessidade de iluminação espiritual. O primeiro dentre os homens modernos: Gautama, o Buda ou, o Iluminado. Acima, um curto vídeo didático, contudo há muitas outras coisas a serem ensinadas e consideradas. Este vídeo não representa o conjunto de doutrinas das 3 Casas.)

Aqueles que obtiveram ou cumpriram uma tarefa especial são reconhecidos entre os anjos como espíritos humanos de grande evolução e hierarquia, e lhe são atribuídos títulos de Mestres. Esse ajuntamento de espíritos humanos evoluídos é denominado por algumas vertentes espirituais de A Grande Fraternidade Branca, onde grandes iniciados, líderes espirituais ou personalidades marcantes nos contextos históricos da humanidade, se destacaram no serviço e cuidado dos homens conferindo-lhes crescimento, desenvolvimento, aperfeiçoamento e espiritualidade. 

A diferença entre Anjos e esses espíritos evoluídos é que os Anjos não vivenciaram nenhum tipo de evolução espiritual; eles já nasceram puros e santos, habilitados em operar plenamente em seu próprio nível espiritual.


(A Grande Fraternidade Branca é composta por centenas de nobres e veneráveis espíritos humanos que conquistaram o status de ministros de luz e ajuda. Na Esfera ou Sephirah da Terra habitam 50 em cada Constelação Zodiacal. Em cada esfera existe um número sempre crescente de Mestres Ascensos, hoje, contabilizando 60 em cada sephirot organizando e administrando suas atribuições. Apenas na Esfera de Saturno e Júpiter há um número menor de ascencionados, pois a ordem e paz ali são inigualáveis, havendo apenas o Grande Conselho dos Anciões composto de 9 e 7 membros, respectivamente, trabalhando conjuntamente com os anjos. O iniciado deve conhecer de cor seus nomes, suas atribuições, suas chaves e as histórias de todos eles.)

E apesar de tudo, os Anjos não podem evoluir como nós. Por isso, o próprio apóstolo Paulo diz que eles lamentam sua condição e, nos servem, pois sabem que alguns de nós poderemos ser muito maiores que eles habitando com o Pai das Luzes. 

"Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo; tendo-se tornado tão superior aos anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles. Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço a favor dos que hão herdar a salvação? Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos, quanto mais as coisas dessa vida?"
Epístola aos Hebreus 1: 7, 14, 4 e 1ª Epístola aos Coríntios 6:3

"...e eis que vieram anjos e o serviam."
Evangelho de Mateus 4:11

O maior anjo que auxilia na proteção da Esfera da Terra é Miguel. Sua morada é a Esfera do Sol, e comanda os anjos que estão perto de nós. Ele é um Principado de grande poder e muito afamado entre os seus. Sabemos disso, porque existem miríades de anjos, mas conhecemos, cabalisticamente apenas alguns nomes, isso confirma sua grande fama, poder e reconhecimento dos outros anjos. 

"...porém, Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória... e ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles, a não ser Miguel, vosso Príncipe

"Não temas, homem muito amado paz seja contigo; sê forte, sê forte. Sabes por que eu vim a ti? ...eu te declararei o que está expresso na escritura da verdade..."
Livro do Profeta Daniel 10:13, 21, 19, 20

(A Árvore da Vida, um mapa de dimensões do espaço-tempo que o iniciado viaja passando pelos caminhos de intersecção que cada Mestre da Esfera ou Sephirah anterior lhe oferece as chaves e entrada. Acima, a Árvore da Vida cabalística com as analogias entre planetas, esferas e sephirot.)

(Seraph é companheiro e protetor do Oráculo, e Neo deve vencê-lo se quiser ter a oportunidade de atravessar os muitos caminhos que levem à ela. É mais ou menos isso o que um iniciado deve vivenciar, ao galgar os galhos de elevação das Esferas Planetárias na Árvore da Vida.)

Em seu devido tempo, os Mestres e/ou Anjos se apresentam para o iniciado lhe ensinando as vibrações e pronúncia de seus nomes, e concedendo-lhes o maior tesouro que um iniciado pode ter no mundo espiritual: seus Selos de Chamado. 

O selo é o símbolo do poder do Arcanjo ou Mestre. O ministro entrega ao fiel buscador uma arma de guerra. Com este símbolo o iniciado poderá santificar, proteger, defender e atacar um ser, objeto ou determinado lugar. Com o uso deste selo, dezenas de outros servos menores que estão ao serviço do Arcanjo ou Mestre se apresentam para ajudar o iniciado, além do conhecimento, clarividência e recados emitidos pelas Esferas superiores. 


Terceira Esfera

3a - Principados 

Eles têm missões muito especiais. 

São enviados para atuar, principalmente, com dirigentes, reis, príncipes e dioceses. 

São severos com aqueles que, apesar de suas recomendações, insistem em não agir de acordo com a vontade de Deus. 

3b - Arcanjo Príncipe Miguel

Ele ganha um status separado em nossa classificação pela importância que ele ganhou nas Escrituras. 

Pela Cabala judaica, parte mística do judaísmo, este venerável arcanjo é o guardião do povo de Israel.

(Um lindo anjo, sua voz é horrível de se ouvir, suas emoções emanam dentro de nós... Não dá prá conversar com essa entidade sendo um covarde, ele exige que o iniciado não tenha medo algum. Brilhante e reluzente, esse anjo habitante da esfera do Sol visita e auxilia a Grande Fraternidade Branca e outros anjos da esfera da Terra.)

Para as sociedades secretas ele é o principal guardião dessa galáxia. Ele é o capitão e guardião das Esferas superiores da Árvore da Vida, e cuida da esfera de Malkut (nosso universo físico). Malkut é a esfera mais inferior, contudo, ela também representa a porta de entrada para as regiões celestiais mais superiores, por isso a importância desse grande guardião em nosso mundo.

"[para] manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos ocultos em Deus, que criou todas as coisas, para que pela multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida agora dos principados e potestades nos lugares celestes. (...) com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais..."
Epístola aos Efésios 3:9, 10 e 1:3  

Entre os três arcanjos conhecidos, Miguel é citado duas vezes nas profecias de Daniel, um refugiado judeu por causa da tomada de Israel pelo reino da Babilônia em 587 a.C.

Ele também aparece na Epístola de Judas e mais uma vez no livro do Apocalipse, onde lidera um batalhão de anjos que lutam contra o demônio e seus anjos rebeldes. 

Seu nome significa "Quem é como Deus" e é muito fiel e prestativo aos servidores da Grande Fraternidade Branca. 

3b - Arcanjo Rafael 

Significado de seu nome é "Deus te cura", por isso, o restabelecimento físico e espiritual dos doentes é sua principal atribuição. 

(Arcanjo Rafael, o sexto raio de Deus, citado no livro de Tobias na versão da Bíblia Católica.)

Ele garante a saúde e juventude dos servidores da Grande Fraternidade Branca, pois todos os servidores têm grande afinidade com esse Mestre. Ele ensina aos médicos, enfermeiros, biólogos e químicos como, quando e onde buscar a cura dos doentes. 

Este anjo e Mestre é um grande conhecedor da Arte da Cura e dispensa novos conhecimentos à todos os buscadores fiéis que desejam ajudar o seu próximo no restabelecimento físico, psíquico e espiritual. 

3b - Arcanjo Gabriel 

É o arcanjo da anunciação e revelação. 

A oratória e a forma correta de expressar um conhecimento, doutrina ou discurso é uma atribuição de Gabriel. 

(O arcanjo Gabriel tem uma aparência frágil e andrógena. Alegre, ele se apresenta com uma lufada de perfume anunciando sua chegada. Quando se vai, o ambiente fica perfumado por muito tempo...)

Alegre e falante, esse Mestre foi denominado pelos pitagóricos por Hermes, o deus da comunicação e, de fato, ele é o guardião da Esfera de Mercúrio ou da Sephirah Hod. 

Ele é encarregado de trazer aos servidores da Grande Fraternidade Branca as revelações, profecias e recados de outros Arcanjos ou Mestres de elevada evolução ou de níveis superiores. 

Gabriel também ajuda na reencarnação juntamente com Uriel, outro arcanjo, mas não citado na Bíblia, e guarda as portas da Sephirah de Binah ou Esfera de Saturno, onde o conhecimento e/ou o espírito do novo encarnado é guiado para sua nova história em Malkut ou esfera da Terra.

3c - Anjos

Eles têm funções simples perante os seres humanos, mas que são de suma importância nos planos divinos.


(Você sabe que essas postagens estão sendo feitas especialmente para você. Imprima esse selo e carregue consigo. Uriel já sabe que deve lhe guardar, pois lhe pedi pessoalmente isso, e este selo só funcionará com a pessoa certa.)

Estão no cotidiano, consolando aqueles que estão muito doentes ou desencarnando. Tentam, sempre que possível, desviar do perigo os imprudentes e aquietar os corações aflitos. 

"Diz o insensato no seu coração: Não há Deus.

"Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem. 

"Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus

"Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer

"Acaso não entendem os obreiros da iniquidade? Eles não invocam a Deus... 

"Quem me dera que de Sião viesse já o livramento...! Quando Deus restaurar a sorte do seu povo, então exultará Judá, e Israel se alegrará..."
Salmos 14 e 53



Continua...



  

sábado, 7 de maio de 2016

Maria, a Face Feminina de Deus - Parte 2

(Delicada, sim, frágil... Com certeza, não!)

A delicadeza, geralmente, atribuída à Maria encontra eco nos relatos não-oficiais sobre seu nascimento e sua infância. Nada disso é relatado na Bíblia, mas é contado em detalhes pelo Proto-Evangelho de Tiago, escrito por volta do século 2.

No dia seguinte, ofereceu seus bens ao Senhor, e disse consigo mesmo [Joaquim, pai de Maria]: "Se vir o éfode do sacerdote, saberei que Deus me será favorável". Ao oferecer o sacrifício, notou o éfode do sacerdote [vestuário cerimonial só usado pelo sumo-sacerdote, um tipo de xale usado sob o hoshen, placa de ouro com as doze pedras da Tribo de Israel] quando este estava próximo ao altar de Deus. Não encontrando qualquer pecado em sua consciência, disse: "Agora vi que o Senhor me perdoou todos os pecados". Joaquim desceu justificado do Templo e voltou para casa.

Cumprindo-se o tempo para Ana, concebeu no nono mês [o que era raro naquele tempo, por isso a referência]. E perguntou à parteira: "A quem dei a luz?". Respondeu a parteira: "A uma menina". Exclamou Ana: "Eis que minha alma foi exaltada!" - e colocou a menina no berço. Quando cumpriu-se o tempo definido pela Lei, Ana purificou-se e deu de mamar à menina [infelizmente, naquele tempo, a mãe não poderia amamentar o bebê enquanto estivesse sangrando após o parto, sangramento este que é interrompido em 3 dias]. E pôs-lhe o nome de Maria.
Proto-Evangelho de Tiago, 5:1-2

Segundo esse texto apócrifo (sem autenticidade comprovada), Maria é isenta de pecado desde a concepção: Ana, sua mãe, seria estéril, mas suas preces teriam sido ouvidas por Deus, que lhe enviara um anjo dizendo que ficaria grávida. A famosa aparição se repetiria anos depois, com Maria. 

Com Joaquim, diz o apócrifo, Ana criou Maria num ambiente de extrema pureza, deixando-a aos cuidados de 12 virgens. 

Aos 3 anos, a menina foi entregue ao templo de sacerdotes de Jerusalém, onde ficou até a adolescência.

"Maria permaneceu no templo como uma pombinha, recebendo alimento pelas mãos de um anjo."
Proto-Evangelho de Tiago, 10:2

Afirma o texto, rejeitado por alguns teólogos e historiadores pelo tom fantasioso de alguns trechos. 

Apesar da suposta formação no templo, muitos pesquisadores acreditam que Maria não tenha recebido educação formal. Maria não sabia ler nem escrever, mas não era ignorante. Sua cultura tinha uma tradição oral muito rica. 

(Abaixo do pináculo do Templo, haviam salas nas quais crianças, meninos e meninas, aprendiam sobre os 5 primeiros livros da Lei. Para isso, nem sempre elas precisavam ler, pois havia um Rabi que lia para elas. Ali, elas aprendiam sobre a história de seu povo e seu Deus.)

Além do mais, escrever era muito caro, pois se usavam peles de animais. Aos 12 anos, Maria foi obrigada a deixar o templo para não maculá-lo com seu sangue, pois estava prestes a menstruar pela primeira vez.

"...nem se chegando à mulher na sua menstruação. Porque a vida da carne está no sangue.  Tudo o que se move, e vive, servos-á de alimento... Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis."
Livro do Profeta Ezequiel 18:6; Levíticos 17:11; Gênesis 9:3-4.
(Os textos acima fazem parte de vários argumentos usados no Talmud para justificar que uma mulher menstruada não deve entrar no Templo, não ter relações sexuais ou amamente seu bebê durante o sangramento pós-parto.)

Ainda, segundo Tiago, os sacerdotes escolheram como seu noivo José, um homem mais velho, viúvo e pai de outros filhos. 

O Casamento de uma jovem com um homem mais velho era extremamente normal, pois a união era acertada entre as famílias, não era uma escolha pessoal dos noivos. Naqueles tempos, as mulheres casavam-se na puberdade porque a expectativa de vida era bem menor do que hoje. 

(José, um personagem tão importante e, historicamente, tão desprezado... Reconhecidamente tido como um homem humilde, bom esposo e pai de família, aceitou uma espiritualidade difícil que confrontou sua masculinidade. Aceitou uma mulher grávida de forma estranha e, aceitou, por meio de um sonho, que aquela mulher era especial. Criou aquela criança como sendo sua... José foi um homem excepcional... Acima, cenas do filme José, Pai de Jesus, de 2012.)

Apenas duas em cada cinco pessoas nascidas chegava à idade adulta...

O perfil corajoso e ativo que marcaria sua trajetória começa ser revelado no mundo da concepção.

Já ao receber a visita do anjo Gabriel, sua conduta não foi passiva: Maria questionou o mensageiro sobre como a gravidez seria possível, sendo ela ainda virgem. Ao saber que o Espírito Santo desceria sobre seu corpo, ela aceitou, conscientemente, que fosse feita a vontade do Senhor.

(Acho tão interessante quando Maria retruca ao anjo como ela teria seu filho... Isso mostra que ela era uma mulher inteligente e não seria enganada por qualquer epifania sem sentido!)

Maria entendeu o valor profético de seu papel de mãe e o quanto isso seria capaz de subverter a ordem econômica e social da época. E isso nada tem de maternidade silenciosa e submissa, é uma maternidade subversiva. 

Maria era uma mulher com bem mais autonomia do que nos é apresentada. 

Era capaz de dizer sim e não.

Não apenas dizer sim, obediente aos poderes estabelecidos, mas dizer não aos poderes opressores do povo e das mulheres. É possível interpretar Maria como símbolo do povo que busca a liberdade.


(Um momento muito importante, mas apenas registrado no Evangelho de João: O milagre da água em vinho, mostra uma mulher preocupada tanto com o bem estar das pessoas como com a missão de seu filho. Apesar disso, ela o confronta a se revelar antes de sua hora, evidenciando uma personalidade nada submissa.)

É o símbolo do povo, mulheres e homens, capaz de gerar em si mesmo a libertação do que necessita. 

Com apenas 13 anos e grávida, foi exposta a uma sociedade fortemente patriarcal - e machista

Além de não poderem ser alfabetizadas, as mulheres galileias do século 1 sofriam um sem-número de restrições: só podiam sair de casa com véu e capa, não podiam fazer as refeições com os homens (deviam estar prontas para servi-los, caso faltasse algo), iam sempre atrás deles ao caminhar para a sinagoga, onde se sentavam em lugares diferentes, e, em caso de adultério, eram apedrejadas publicamente.


(A visão liberal e equânime que Jesus apresentou aos líderes de seu tempo, não foi fruto apenas de um misticismo pessoal. Essa noção de igualdade para com o próximo foi algo construído no seio de uma família que privilegiava isso. Uma mãe que não ensina um homem a respeitar as mulheres, falha em sua função na construção da sexualidade de seu filho. E, Jesus foi um homem além de seu tempo no que tange o respeito e reconhecimento do feminino. Maria cumpriu seu papel de mãe ao ensiná-lo a agregar o feminino em sua vida espiritual, no qual germinou suas doutrinas de perdão e paz. Acima, cenas do filme Jesus de Nazaré, de 1977.)




Continua...
Aranel Ithil Dior. Tecnologia do Blogger.

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