segunda-feira, 25 de março de 2013

A Grande Epopéia Humana - Parte 1


Um dos pilares da fé hindu, o poema épico Mahabharata é uma obra fascinante que exorta o homem à mais difícil de suas tarefas: Cumprir seu destino.

Era uma vez um poema do tamanho do mundo...


...E seu autor, ídem: Vyasa levara três longos anos para compor, mentalmente, os impressionantes 200 mil versos da obra. Então, quando sua criação estava finalmente concluída, se pôs a procurar alguém capaz de trasncrever um texto tão caudaloso. 

Tudo indicava que não seria uma tarefa fácil, mas certo dia, enquanto caminhava pela floresta, um escriba se apresentou a Vyasa e assumiu a missão de colocar as palavras do poeta no papel. 


Era ninguém menos que Ganesha, o deus com cabeça de elefante, filho do poderoso Shiva. A divindade se acomodou, abriu um enorme livro em branco, arrancou sua presa direita e molhou-a no tinteiro. Em seguida, dirigiu-se a Vyasa e o advertiu: "Estou pronto. Mas deves ditar sem nenhuma pausa, pois minha mão não pode parar enquanto eu escrevo".

Assim começa o Mahabharata, o maior épico já produzido na História da humanidade. Para se ter uma idéia da dimensão do poema, seus versos, que se espalham por quase 6 mil páginas, representam um volume 15 vezes maior do que a Bíblia e sete vezes maior do que a Ilíada e a Odisséia - as duas epopéias do poeta grego Homero. 


Linha após linha, traz ensinamentos que orientam até hoje a conduta dos fiéis de um dos sistemas religiosos mais antigos do mundo: o Hinduísmo. 


Escrito originalmente em sânscrito, o texto que acredita-se tenha sido compilado no século 4 a.C., atravesou milênios, ganhou inúmeras versões e chegou aos dias de hoje extremamente atual. 

Mas enfrentar o poema é uma tarefa árdua. Não tanto pela quantidade de páginas, mas pela forma como ele foi escrito. Apresentados em diferentes camadas de narrativas, os versos não seguem um fluxo contínuo. 


Algumas histórias, por exemplo, são interrompidas e retomadas capítulos adiante. Para complicar um pouco mais, há uma multidão de seres - humanos e divinos - que se esbarram em várias das tramas que compõem o livro. 

O próprio título da obra permite várias interpretações. O dramaturgo e roteirista francês Jean-Claude Carrière, autor de uma versão romanceada do poema, explica que Maha, em sânscrito, significa "grande". A palavra Bharata, por sua vez, seria o nome de um sábio lendário, mas também de uma dinastia ou clã. 

Assim, o título poderia ser traduzido como "A Grande História de Bharata". A palavra Bharata, porém, ainda pode ser decomposta em dois fragmentos bhaa, que significa "luz", e rati, que equivale a "amor". 

"Bharata", portanto, é aquele que ama a luz ou o conhecimento. Em uma palavra: o homem. Ou seja, juntando as peças e, sem medo de exagerar, poderíamos dizer que estamos diante da "Grande História da Humanidade".

Guerra em Família

O cerne da epopéia é a disputa pela pose de um reino na Índia entre dois grupos familiares com estreitos laços de parentescos: Os Pandavas e os Kauravas. 


Os primeiros são filhos de Kunti e Madri, esposas de Pandu, um rei que abdica do poder e foge para a floresta após receber uma maldição que o impede de conhecer o amor de uma mulher. 

(Kunti e a anunciação do nascimento de seu filho)

(Madri e seu filho)

Por conta da praga sobre o marido, as esposas invocam os deuses para conceber seus 5 filhos: Yudhishtira, Bhima, Arjuna, Nakula e Sahadeva. 



Já os cem irmãos Kauravas são filhos do rei cego Dhritarashtra, irmão de Pandu, que tomou o trono em seu lugar. Primos entre si, os Kauravas e os Pandavas são criados juntos, em relativa paz. Que, como veremos, dura pouco. 


Para aplacar qualquer desejo de poder dos Pandavas, que haviam perdido o direito ao trono por conta do exílio de Pandu, Dhritarashtra concede alguns territórios longíquos aos cinco irmãos. O objetivo do rei era manter os sobrinhos distantes para evitar um possível confronto com seus filhos. 

A tática, contudo, não funciona, devido à ganância dos próprios Kauravas. Amados por todos, os Pandavas logo alcançam enorme prosperidade, despertando a cobiça dos primos, que preparam uma armadilha. 


Duryodhana, o mais velho dos cem irmãos, convida Yudhishtira, líder dos Pandavas, para um partida de dados. Ludibriando o primo, Duryodhana arranja um jogador imbatível para enfrentar Yudhishtira e faz com que ele aposte e perca todas as suas posses - incluindo a fortuna e as terras de seus irmãos.

Derrotados, os Pandavas são obrigados a viver no exílio durante 12 anos, com a promessa de que, quando voltassem, poderiam recuperar o que haviam perdido no jogo. 

Ao fim do exílio, no entanto, Duryodhana recusa-se a cumprir que havia sido combinado. Sua atitude provoca a ira dos primos, que decidem ir à luta para garantir seus direitos. Cada um dos lados busca aliados entre os reinos vizinhos para formar dois grandes exércitos que se enfrentam no campo de batalha. 


O que se dá em seguida é uma carnificina sem igual, com conflitos sangrentos e intermináveis que acabam com um saldo de 18 milhões de mortos. A vitória, no fim cabe ao clã dos Pandavas. 

O que, à primeira vista, pode parecer um simples embate entre forças do bem, representadas pelos Pandavas, e do mal, os Kauravas, revela-se uma história muito mais complexa e profunda. Transcendendo qualquer tipo de visão maniqueísta, o Mahabharata é, na verdade, uma espécie de espelho da alma humana. 


 No poema, todos mudam de opinião o tempo todo e assumem posições muitas vezes contraditórias. Isso é um reflexo do pensamento indiano, que acata as fraquezas e as forças inerentes a todos os seres humanos. Essa ambiguidade fica explícita em um dos personagens mais importantes do livro: O deus Krishna, que se alia aos Pandavas.



Continua...




quarta-feira, 20 de março de 2013

Quem foram os Essênios?


Os essênios, que habitaram a região da Palestina do século 2 a.C. ao primeiro século de nossa Era, eram uma das seitas judaicas existentes no período de surgimento do Cristianismo. 

Entretanto, diferenciavam-se das outras correntes do Judaísmo por adotar costumes como o vegetarianismo e abolirem a propriedade privada. 

Além disso, viviam em comunidades formadas quase exclusivamente por homens - acreditavam que o casamento ameaçava a vida comunitária e, assim, proibiam a presença de mulheres. 

Na época dos essênios, Jerusalém vivia sob o jugo da dinastia helênica dos Selêucidas e, para se afastar do ambiente que consideravam impuro pela influência estrangeira, o pequeno grupo de cerca de 4 mil essênios deixou a cidade e partiu para o deserto. 

Liderados por um sacerdote, fundaram, nas proximidades do Mar Morto, em Israel, o monastério de Qumran, onde recuperaria  a pureza que lhes garantia a salvação no dia do juízo final. 

Em Qumran, o cotidiano dos essênios era guiado por regra rígidas. Segundo o historiador judeu Flávio Josefo, que viveu no século 1 d.C., o dia dos membros da seita começava antes do amanhecer, quando se levantavam para orar. 

Em seguida, dedicavam-se ao estudo das Escrituras Sagradas ou ao cultivo de alimentos para a comunidade. Tinham, ainda, um hábito peculiar: antes das refeições, banhavam-se em rituais de purificação. 

Essa era uma prática incomum no Judaísmo e pode ter influenciado São João Batista e, mais tarde, a adoção do batismo pelos cristãos. 

A associação entre o santo que batizou Cristo e os essênios, aliás, é alvo de constantes especulações: São João Batista fazia seus batismos no Rio Jordão, próximo a Qumran, e tinha um discurso messiânico similar ao da seita.

Alguns crêem até que Jesus tenha entrado em contato com os essênios e bebido de sua doutrina. Os estudiosos, contudo, duvidam dessa ligação. Não há evidênca que comprove o encontro de Cristo comos essênios. 

O monastério de Qumran teve seu fim em 68, quando foi arrasado pelo exército romano. A doutrina essênia só renasceu séculos mais tarde, em 1928, com a publicação dos quatro volumes do Evangelho Essênio da Paz, escrito pelo pesquisador húngaro Edmond Szekely, que teve acesso a documentos do arquivo secreto do Vaticano. 


O legado mais importante da seita, contudo, ficou enterrado na areia por quase 2 mil anos, até que, em 1947, foram encontrados os Manuscritos do Mar Morto, como foram chamados os textos dos essênios escondidos por eles em cavernas da região - entre os manuscritos, estão as cópias mais antigas do Antigo Testamento.


Hoje, estima-se em 100 mil o número de essênios no mundo, concentrados principalmente nos Estados Unidos. No Brasil, a comunidade reúne cerca de 500 homens e mulheres, a maioria em São Paulo. 

Os seguidores modernos não seguem com a mesma rigidez as regras monásticas de seus antecessores. Eles jejuam uma vez por semana e são todos vegetarianos. Mas tem alguns costumes diferentes. Hoje, por exemplo, a participação de mulheres é muito maior, sendo que os cargos de comando, como o sacerdócio, também podem ser ocupados por elas. 


Fim.:.


Referências Bibliográficas


Livro

O Evangelho Essênio da Paz, de Edmond Szekely, ed. Pensamento, 1997.

Site

www.essene.org

Vídeo-Documentário



domingo, 10 de março de 2013

Passo-a-Passo da Transformação - Parte 4

Centros de Peregrinação pelo Mundo


1 - Meca, Arábia Saudita



Todos os anos, cerca de 4 milhões de muçulmanos vão a Meca atendendo a uma determinação de Allah. De acordo com a tradição, todo fiel deve peregrinar até a Caaba, o templo máximo do Islã, pelo menos uma vez na vida, refazendo a jornada de Abraão pelo deserto.

2 - Jerusalém, Israel

(O Domo da Rocha em Jerusalém)

(Muro das Lamentações em Jerusalém)

(Via Crucis em Jerusalém)

Ponto de peregrinação judaica, muçulmana e cristã, Jerusalém recebe fiéis que visitam o Muro das Lamentações (onde está o que restou do Templo Sagrado judaico), percorrem o Domo da Rocha (erguido no local onde Maomé ascendeu aos Céus) e refazem a via-crúcis de Jesus. 

3 - Monte Fuji, Japão


(Ponto mais alto do Monte Fuji)

(Percurso de Peregrinação ao Monte Fuji)

O Monte Fuji era a morada de oráculos que faziam previsões aos peregrinos vindos das mais remotas partes do país. Hoje, mesmo sem os oráculos, o local recebe cerca de 300 mil visitantes por ano, que percorrem a trilha para o topo, aberta apenas no verão. 

4 - Alahaba, Índia

(durante dias os crentes esperam ansiosos para entrarem no Rio Ganges)

 (Pontes temporárias são construídas para servir aos milhares de peregrinos no Alahaba)

 (Assista ao documentário da National Geografic sobre um dos maiores encontros religiosos do mundo)

A cada doze anos a cidade é palco da maior peregrinação do planeta, o Kumbha Mela. No último festival, em 2012, 25 milhões de fiéis participaram do ritual que consiste em banhar-se no encontro das águas dos rios Ganges e Yamuna para redimir-se de todos os pecados. 

5 - Lourdes, França




Foi em 1858 que Nossa Senhora fez sua primeira aparição para a menina Bernardette na Gruta de Massabielle, na cidade de Lourdes. Por conta dos inúmeros milagres atribuídos à santa, católicos de todo o mundo visitam o local em busca de curas e bençãos. 

6 - Monastério de Sergiev Posad, Rússia



(Monastério onde descansam as relíquias do Monge Sergiev)

No local, considerado o maior centro de peregrinação da Igreja Ortodoxa russa, o monge Sergiev teve uma visão da Virgem Maria. Depois de morto, o religioso foi canonizado e centenas de fiéis ortodoxos vão ao local ver suas relíquias. 

7 - Juazeiro do Norte, Brasil 



O padre Cícero Romão Batista ficou famoso por seus dons curativos. Por isso, todos os anos a cidade cearense recebe milhares de romeiros que vão em buca das bênçãos do sacerdote. 

8 - Aparecida do Norte, Brasil 




O Santuário de Aparecida que abriga a imagem da padroeira do Brasil, recebe em média 8 milhões de peregrinos por ano. 

9 - Monte Sinai, Egito




Foi nessa montanha que Moiséis recebeu os Dez Mandamentos. Também ali ergeu-se o monastério ortodoxo de Santa Catarina, que é visitado por peregrinos ortodoxos, cristãos, judeus e muçulmanos. 

10 - Varansi, Índia



Nas escadarias (chamadas de ghats) às margens do Rio Ganges, os peregrinos hindus tomam um banho para purificar-se. Também crêem que os ghats fazem a ligação entre o terreno e o Divino, por isso muitos vão à cidade para morrer e ter seu corpo cremado. 

11 - Katmandu, Nepal

A Stupa de Swayambhunath é um dos mais antigos santuários do Vale de Katmandu. Todos os dias, antes do amanhecer, peregrinos budistas e hindus sobem os 365 degraus que conduzem a um dos maiores templos do Nepal. 

12 - Monte Kailash e Lago Mansoravar, Tibete

(Monte Kailash, Tibete, China)

 (Lago Mansoravar, Tibete, China)

Localizados na região de Burang, são visitados por hindus, budistas, jainistas, e böns (do antigo Xamanismo tibetano). Os fiéis caminham ao redor da montanha para livrar-se de seus pecados. 

13 - Vaticano, Itália


Principal centro de peregrinação católica. É ali, em contato com o papa, que os fiéis renovam os votos de fé e participam de celebrações. 

14 - Assis, Itália


Cidade natal de São Francisco, exemplo de caridade e desprendimento, é visitado por fiéis de todas as religiões. 

15 - Fátima, Portugal


Centro de peregrinação católica, o local foi palco da aparição da Virgem Maria para três camponeses, em 1917.

16 - Compostela, Espanha


O medieval Caminho de Santiago de Compostela é uma das peregrinações mais populares e conhecida em todo o mundo. 

17 - Hebrom, Israel


A gruta de Makhpela tornou-se local de peregrinação judaica por abrigar os túmulos dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, que foram sepultados lá com suas respectivas esposas. A visita às tumbas representam respeito.

18 - Stonehenge


Situado no centro da ilha da Inglaterra, é um ponto de encontro de muitas religiões pagãs, como os wiccanos e xamãs de várias denominações da Europa. Ali, todos os anos, milhares de pessoas tentam entender o que fizeram antigos ingleses erguerem os megalitos em círculos perfeitos. 


Fim.:.

 
Referências Bibliográficas


Livros 

A Arte da Peregrinação, de Phil Cousineau, ed. Ágora, 1999.
Caminhos Sagrados, de Nicholas Shrady, ed. Objetiva, 1999.

Site

www.sacredsites.com

Vídeos









quinta-feira, 7 de março de 2013

O Passo-a-Passo da Transformação - Parte 3


2 - O Caminho

Pé na Estrada!

A viagem deve ser encarada como uma instigante surpresa. Na autêntica romaria brasileira, os participantes vêem a peregrinação como uma oportunidade de reencontrar amigos e fazer novos. Por isso, ela contém uma boa dose de espírito da fraternidade.

Desprendimento é a palavra de ordem. É preciso soltar as amarras internas para experimentar essa vivência social e, em seguida, outras ainda mais profundas. 

A peregrinação é um ritual de morte e renascimento. Se a pessoa permitir, a cada passo ela se desliga dos problemas e, se concentra cada vez em si  própria, tornando-se receptiva às transformações. 


Ao se entregar para o caminho, o peregrino abaixa seu grau de exigência interna e recebe apenas o que o trajeto lhe apresenta, restaurando sua intuição e compreendendo que não há o que temer. Basta atenção. 

O viajante está inteiro, portanto, no momento presente, e o passado e o futuro perdem importância. Concentração na respiração e o caminhar são cuidados que ajudam no aprendizado de focar no aqui e agora. 


Assim, o peregrino lança ao encontro com sua face mais verdadeira e começa o processo de restauração interior ao abandonar sentimentos em desuso para adquirir novas qualidades. 

E onde imaginávamo estar sozinhos, estaremos de fato com o mundo inteiro...!

3 - As Dificuldades

No meio do Caminho havia uma pedra...

Toda peregrinação traz algum incômodo. Pode ser o peso da mochila, o calor ou o frio, a chuva, a exaustão física, o medo de perder-se, etc...

Manter-se firme no objetivo da jornada ajuda o caminhante a sentir-se mais forte e disposto. Quem estiver atento perceberá que as dificuldades da peregrinação mimetizam os obstáculos do dia-a-dia. 


O desconforto nos ajuda a deixar para trás o peso das preocupações, dos ressentimenos, da raiva e de tudo o que torna a nossa vida tão pesada. Para não se distrair e perder o ensinamento que a peregrinação oferece, os hindus entoam mantras enquanto andam e os budistas se concentram na respiração. 


Assim, o trajeto é feito com leveza, como um exercício de meditação, abrindo espaço para novas sensações. Quando caminhamos, lembramos que temos um corpo repleto de articulações. Trata-se de uma engenhosa máquina para a qual nem ligamos no cotidiano. 


É importante que o viajante não veja a jornada como um fardo. Sacrifício significa sacro ofício, um trabalho sagrado. Encarar as dificuldades como algo pelo qual devemos passar torna a viagem mais prazerosa. 

Por isso, ensina um antigo provérbio árabe: "Não é a estrada adiante que o faz desanimar. É o grão de areia no seu sapato".


4 - As Transformações

Quem sou eu agora?

A peregrinação é uma amostra grátis do processo de individuação do ser humano. Durante o trajeto, o indivíduo retira as camadas que protegem a essência da sua personalidade e penetra cada vez mais em si. 

Andar junto com aqueles que você encontra ao longo do caminho e misturar-se com todo tipo de gente dissolve naturalmente as hierarquias sociais. Ao se despir de sua classe social o caminhante também alivia o peso de seu ego, que está sempre comprometido com obrigações sociais, e entrega-se a uma nova maneira de viver. 


Essa entrega começa ainda em casa, antes da viagem. Ao arrumar a bagagem, o peregrino já está exercitando o desprendimento e a simplicidade, pois, como não dá para levar todas as roupas que quer, terá de aprender a usar a mesma camiseta dois ou três dias. 

Quando está no caminho, o aprendizado se aprofunda. O viajante naturalmente vai lapidando a tolerância e a fraternidade. Em muitas ocasiões será necessário compreender - e aceitar - a irritação de um colega e ajudar aquela pessoa que está mancando por conta de bolhas nos pés. 

Tudo isso é feito pelo simples prazer de ajudar. E também nos ensina a aceitar melhor o outro com suas dificuldades e imperfeições. Além disso, o peregrino não só sente que está se renovando como também muda o olhar que lança a si mesmo.

Peregrinar é um risco para quem tem receio diante do novo...


5 - As Descobertas

E daqui para a frente? 

É incrível como o peregrino constata que viajou tão longe para chegar a algo que estava, muitas vezes, tão perto dele. Afinal, o trajeto percorrido pode ser comparado a um processo de cura.

Passo após passo, dia após dia, o caminhante experimenta chacoalhões. Todas as privações a que tem de se submeter, como comer pouco, dormir em pousadas muito simples e lidar com uma quantidade de dinheiro limitada, funcionam como elementos purificadores. 


O peregrino expurga tudo o que não precisa e conserva apenas o que, de fato, é essencial. Depois, aplica essa experiência na sua vida prática. 

Uma das mais valiosa descobertas de pergrinação é o aprendizado de aceitar as pessoas como elas são, sem prejuízo de si mesmo. E mais: aceitar também a si mesmo, do jeito que é, com suas qualidades e limitações. 

Quando chega ao seu destino, o peregrino experimenta o que seria o amor divino. Ele descobre o amor a si próprio, ao semelhante, à natureza e a Deus.



Nenhum homem é maior que seu destino. E nenhum destino é tão pesado que um homem não aprenda a suportá-lo. Trata-se de uma revelação fundamental para o peregrino: ele descobre que é bem maior que seus próprios receios e fraquezas. 

Mas o retorno nem sempre é fácil. Diante de tantas descobertas, a sensação do viajante é de que o tempo passou de um jeito diferente para ele e para aqueles que ficaram. 

De volta ao lar, começa uma outra etapa: a da partilha e da paciência.

Boa jornada!


Continua...




Aranel Ithil Dior. Tecnologia do Blogger.

Search This Blog