sábado, 8 de setembro de 2012

Tibet Silenciado - Parte 1


Em 1950, o país foi invadido pela China comunista. A tentativa de desmontar o suposto sistema feudal tibetano calou também a rica expressão religiosa e cultural da região.

Encravado no topo da Cordilheira do Himalaia, a uma altitude média de 4 mil metros, o Tibete acordava para mais um dia. Ao longo dos 2,5 milhões de quilômetros quadrados que consitutuíam o país, cada tibetano tomava seu chá com manteiga, a bebida típica do local, e preparava-se para as atividades cotidianas. Era o que fazima Thubten Khetsun, na época um menino de 8 anos, e seus pais, funcionários do governo tibetano. A família morava em Lhasa, a capital, nas proximidades do Potala, o imenso palácio de inverno de Sua Santidade, o Dalai Lama.

Era 07 de outrubro de 1950. Enquanto o povo seguia sua rotina, na parte oriental do país uma massa de militares chineses com uniformes cinzentos avançava até Chamdo, capital da província de Kham e se do Comando do Lestee do exército tibetano. A força do império comunista de Mao Tsé-Tung iniciava, assim, sua marcha sobre as terras tibetanas, num movimento que mudaria para sempre a vida de todos os habitantes daquele país.

Thubten Khetsun tem hoje 62 anos. Não vê há muito tempo o Potala ou as montanhas brancas do Himalaia. Ele mora em Vienna, estado da Virgínia, nos Estados Unidos e, assim como outros 120 mil tibetanos, é um refugiado. NOs anos que se seguiram à invasão de 1950, Thubten e seu povo viram as maiores riquezas do país serem destruídas e parte da população ser massacrada.

Diversas razões levaram os chineses à invasão. Os motivos históricos e geopolíticos remontam ao século 13, quando o Tibete se tornou um protetorado chinês. Muito mais tarde, já no incío do século 20, o território passou a ser cobiçado pela Inglaterra e pela Rússia dos czares, o que enfraqueceu o controle dos chineses sobre os tibetanos.

Em 1949, no entanto, nascia a República Popular da China, liderada por Mao Tsé-Tung e, com ela, a necessidade de expandir a esfera de influência da potência comunista. em outras palavras, a conquista de territórios era bem-vinda.

Havia também justificativas ideológicas. De acordo com a ótica chinesa, na época da invasão o Tibete estava sob um opressor sistema feudal, em que os camponieses viviam na miséria e deviam suserania aos senhores. O regime chinês comunista apropriou a classificação marxista-leninista de sistemas de produção para deslegitimar a situação em vigor no Tibete da época e como pretexto para intervir.

OP tibete tinha um sistema social único, que não ´poderia ser descrito como feudal, segundo especialista em história religiosa e sob análise do ex-monge budista Robert Thurman professor do Departamento de Religião da Columbia University, nos Estados Unidos.

Os tibetanos viviam pacificamente e guardavam seus recursos para o próprio povo, de modo que nunca eram pobres demais. E, ao contrário do que os chineses diziam, não eram resignados ou passivos. A terra pertencia ao Estado, mas poderia ser arrendada, hipotecada ou ter seus direitos de exploração vendidos à outra pessoa pelos camponeses.

O governo, que era liderado por religiosos e tinha também membros laicos, concedia terras a famílias aristrocáticas e, nessas, sim, existiam servos.



Um Tibete tão diferente...


O governo do Tibete é liderado no exílio pelo Dalai Lama em Dharamsala, na Índia. Começou a ser formado logo após a fuga do líder religioso, com o objetivo de assentar os refugiados que o seguiram. Atualmente, há assentamentos na Índia, no Nepal e no Butão.

Eles vivem da agricultura ou da produção industrial de chá, artesanato e fibra de vidro, entre outros produtos.

Depois da invasão, a ausência de religião do comunismo tentou apagar a religiosidade latente dos tibetanos. "Durante a Revolução Cultural da China, em 1966, inúmeros rrecursos culturais, como monumentos e manuscritos, foram destruídos e manuscritos, foram destruídos sob instigação chinesa na campanha contra o feudalismo e a supertição.

Cerca de 6 mil monastérios e templos foram pilhados ou destruídos. Como lembra o refugiado Thubten Khetsun, havia muita fome nos campos, já que a agricultura e pecuária de subsistência tibetana passaram a prover também muitos chineses que, encorajados pelo governo de Mao, migraram para o Tibete.

"Muitos tibetanos foram mortos nas cidades ou eram aprisionados sem motivos, torturados e deixados sem comida", conta Thubten. Calcula-se que até 1 milhão de tibetanos tenham morrido como consequência da invasão.

Por outro lado, houve modernização no Tibete, sobretudo nas cidades, com construção de prédios, rodovias e sistemas de comunicação e uma industrialização inicial. Nos campos, foi feita uma reforma agrária e a população nômade foi assentada.

Mas os tibetanos tornaram-se cidadãos de segunda classe no próprio país. Eles são obrigados a falar chinês, a língua oficial, e a prática de culto é dificultada. Um povo oprimido perde a liberdade e a identidade. Hoje, a esperança de liberdade do Tibete apóia-se na lidrança de Sua Santidade.

Desde os anos 90, está ocorrendo um cauteloso diálogo entre o Dalai Lama exilado e o governo chinês. Mas as chances de sucesso são reduzidas, e nem o Dalai Lama reivindica mais a independência completa, satisfazendo-se em buscar uma ampla autonomia.


Continua...


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