sexta-feira, 24 de maio de 2013

Força Negra Subestimada - Parte 2


Na Umbanda, a imagem do preto velho, um dos espíritos-guia, é carregada de sentidos positivos, como experiências e humildade. 

Catolicismo Afro

A incorporação dos negros às religiões cristãs, contudo, não foi passiva: eles levaram para os templos sua liturgia animada e viva. As crenças afro são as religiões de festa, de extravasamento. 


Foram elas que fizeram as celebrações do Catolicismo popular muito mais alegre do que era em sua origem. 


Existem hoje 55 milhões de negros católicos - e nenhum Arcebispo, o posto mais alto da hierarquia. É comum chegarem pessoas perguntando onde está o pároco, quando na verdade ali, trabalham membros negros. Ainda há aqueles que, quando o padre negro entra na igreja, saem da missa. 


Em 1988, cenário da abolição da escravatura no Brasil, alguns padres negros participaram da Campanha da Fraternidade da CNBB, que tinha como título "Ouvi o Clamor deste Povo", em alusão às mazelas dos negros.


Apenas dez anos depois, em 1998, a pastoral Afro foi efetivamente criada e, no ano 2000, oficializada. É um espaço de ação e de conscientização da Igreja e da sociedade, um tanto lenta, para a realidade da popularização afro-brasileira. 

(São Carlos de Lwanga e companheiros)

A pastoral ainda não conseguiu reverter a presença irrisória de negros nos altos escalões católicos. O grupo de santos negros também é pequeno: São Benedito, Santo Antonio do Categeró, Carlos Lwanga, Santa Bakita, São Martinho de Lima e outros 21 mártires que lutaram com ele no Peru.  

(Nhá Chica, santa católica negra em espera do processo de beatificação)

Estão em processo de beatificação alguns ícones negros do Brasil, como Dom Silvério Pimenta, o primeiro bispo negro do País, e Francisca de Paula de Jesus Isabel, a Nhá Chica, a quem são atribuídos milagres. 
(Silvério Pimenta, primeiro bispo negro do Brasil)

Se a pastoral ainda engatinha, os movimentos negros católicos já deram os primeiros passos. Em janeiro de 2005, ocorreu o IV Congresso Nacional das entidades Negras Católicas, durante o fórum Social Mundial, em Porto Alegre.


Os movimentos negros no Brasil têm como característica importante a resistência. Com base na experiência da luta, descobrem uma nova imagem de Deus que caminha, canta, dança, participa, e o Deus da resistência. Por isso, assumir a negritude constitui um elemento essencial da espiritualidade de luta e de libertação. 

Evangelismo Negro

A tradição festiva dos negros encontrou terreno fértil nos cultos pentecostais - considerando apenas as denominações desse tipo, são 49% de fiéis negros. 


Religiões com tradições muito ligadas à pregação e à meditação silenciosa são em princípio menos afins à herança cultural africana. 

Por outro lado, aquelas que têm tradições ligadas à música, à dança, ao transe e ao uso de expressões corporais são mais afins da cultura afro.

Há uma africanidade na Igreja Pentecostal. É uma liturgia muito parecida com a do Candomblé, onde se utilizam o corpo e uma musicalidade com ritmos de percussão.


Pode ser estranho isso, mas um dos fundadores de uma das mais importantes denominações evangélicas no Brasil, a Assembléia de Deus, era um norte-americano negro. 

(Afro-descendente norte-americano William Seymour, Fundador da Assembléia de Deus no Brasil)

A linguagem acessível e o desbravamento do interior do País, tornaram as igrejas pentecostais atraentes para os negros. Quando os pentecostais chegaram, foram para o lugar onde havia mais carência de religião, o Norte. 


Continua...


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