domingo, 19 de julho de 2015

O Tao é o próprio Caminho - Parte 2

(Na luta entre duas forças opostas, a melhor atitude, pela filosofia Taoísta é ceder, pois, as duas forças opostas indicam que uma terá que dar para que a outra se sobressaia, senão haverá mútua destruição. É necessário ao indivíduo saber exatamente quando é hora de desistir, pois o tempo de cada coisa está fadado a um fim. Ao entendermos isso, cederemos com desapego e isso não nos ferirá ou nos magoará.) 

A eterna dança dos elementos opostos revela que a melhor decisão é deixar-se conduzir pelas leis da natureza. A sensatez estaria em não lutar para disciplinar as dualidades, mas em acompanhá-las. Afinal, a aparente mutação da natureza oculta a unidade do Tao.

O Taoísmo tem uma visão holística que não se centra só no indivíduo, mas o vê dentro de uma grande força.

Para os antigos mestres, não havia separação entre as ciências naturais, a filosofia e a religião. Daí a amplitude do Taoísmo - uma religião com grande força filosófica ou uma filosofia altamente mística. 

A Tríade Divina do Taoísmo

A palavra Tao pode ser traduzida também como ato de caminhar: sintetiza a busca de cada um pela própria trilha espiritual. Como diria o Mestre Lao-Tsé, esse caminho se define a cada passo e sempre começa no primeiro. 

Segundo a tradição taoísta, para seguir essa trilha, existem três instrumentos: o mapa, o mestre e o caminho em si. 

Você precisa do mapa que são as orientações e os ensinamentos escritos...

(Através dos ensinamentos deixados por Lao Tsé o discípulo pode atingir um alto grau de crescimento mental, espiritual e emocional.)

...do mestre, que é o seu guia...

(Como em qualquer filosofia oriental o Mestre é uma figura de extrema importância para o desenvolvimento espiritual de um indivíduo. O significado é que uma  pessoa jamais deve trilhar esse caminho sozinho. Ele deve sempre estar acompanhado por alguém mais maduro que apresentará, tanto as bênçãos como as provações da iluminação individual.)

...e do Tao, que e a prática.

(Templo da Transparência Sublime, no Rio de Janeiro, onde Sacerdotes habilitados pela Sociedade Taoísta do Brasil se dedicam em ensinar o caminho do Tao aos visitantes. Acima, os sacerdotes Carlos, Meíza, Solange e Sérgio não seguem o celibato e mantêm uma vida secular normal de trabalho e família.)

Esses instrumentos compõem os três tesouros da tradição espiritual taoísta, que correspondem aos chamados Três Puros, os responsáveis por dar existência ao Tao manifesto, ou seja, ao mundo em que vivemos.

Divindades do topo da hierarquia do Taoísmo são representados por figuras humanas. No centro fica o Venerável Senhor Celestial do Princípio Inicial, que simboliza o Tao ou a nossa própria prática. 

(Venerável Senhor Celestial do Princípio Inicial ou Venerável Yuanshi Tianzu)

Ao lado dele, estão o Senhor do Tesouro e do Espírito, que representa as Sagradas Escrituras, e o Senhor do Caminho e da Virtude, que simboliza o mestre. 

(Senhor do Tesouro e do Espírito ou Mestre Fu Xi)

O céu anterior, onde as divindades habitam, corresponde a parte não revelada do Tao. 

É o universo em estado latente, anterior a qualquer manifestação de cor, forma, linguagem ou som. Trata-se, na verdade, de um grande vazio que contém todas as coisas. É como o silêncio que abrange todos os sons e todos os tons, ou como a ausência de cor que permite o seu surgimento de todas as cores, de todos os matizes. 

O Mundo Visível e Dual

 O Imperador de Jade representa, na tradição taoísta, o Um, do qual todos os seres do universo são fragmentos.

(Esta é a representação de Deus na teologia Taoísta. Ele é de Jade porque na tradição chinesa esta pedra representa a pureza, mas sem seduzir por seu brilho; a firmeza, sem ser inquebrável; a vida, pois a natureza privilegiou o verde para representar sua fertilidade.) 

O Imperador de Jade é a consciência absoluta, primordial. Ele é a dualidade - o Ying e o Yang juntos - vivendo em perfeita integração, como unidade. 

O ser humano, porém, tende a se fixar mais no aspecto dual que no todo. Por exemplo: embora você esteja lendo este estudo agora, seu pensamento pode estar em outra coisa, com o que você deve fazer ainda hoje, antes do dia terminar...

(A agitação mental ou espiritual não combina com as filosofias orientais, pois elas preconizam o apaziguamento da mente para que o indivíduo possa não apenas viver melhor, mas também poder entender e encontrar o caminho de sua iluminação. Tudo, nas filosofias orientais, prega o silêncio, a calma e a contemplação.) 

Nossa consciência funciona em estado relativo. Não vemos a realidade como absoluta. No Tao, essa divisão não ocorre - por isso, devemos buscar a inteireza no momento presente. 

Para o Taoísmo, a unidade é formada pela integração das duas forças opostas do Ying e Yang. Elas são representadas pelo símbolo do Tei Gi, um círculo dividido entre claro e escuro. 

(O Tei-Gi é o símbolo do equilíbrio e da harmonia que todos nós devemos atingir. Em nenhum momento o Taoísmo nega o mal ou o bem, ambas são forças que coexistem e necessárias para que a vida aconteça e evolua. Nenhuma das duas forças são maiores ou melhores que a outra, elas são complementares. A figura branca representa o Ying, é uma energia feminina e magnética, fria e aquosa. A figura preta é o Yang, é uma energia masculina, elétrica, quente e dinâmica. Os olhos de cada figura com sua cor oposta representam a jovem Ying e o jovem Yang, ambos só nascerão de suas forças opostas.)

Dinâmicas, essas forças estão em eterno abraço e movimento, cada uma com a semente de seu oposto: o Yang retornando ciclicamente ao seu início, o Ying atingindo seu apogeu e cedendo seu lugar ao Yang. 


Segundo o Taoísmo, a interação entre a dualidade deve repercutir na vida cotidiana. Nossa mente está viciada na parcialidade, achamos que somos isolados uns dos ouros. O verdadeiro trabalho espiritual está em nos integrarmos com a consciência do Imperador de Jade para reconhecermos que todos fazemos parte de uma grande família.

(A meditação é o melhor exercício para o indivíduo perceber sua agitação mental e emocional. Ao acalmar a mente ele se integra com a energia da Terra e do Universo que pede mais calma, mais concentração, mais integração, para que tudo exista da forma como é.)

Sentindo a harmonia entre os opostos, aprendemos a ser mais tolerantes. 

Um modo de entrar em contato com o Imperador  de Jade é a meditação. Com essa prática, a pessoa vivencia a dualidade, Ying e Yang, as relações "eu e o outro" como algo único. 


Quando a pessoa consegue perceber isso, ela não está mais fragmentada. A etapa seguinte é atingir o estado de vazio. No Vazio, não tem mais eu nem outro. Você se une ao todo...


Continua...

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