sábado, 25 de julho de 2015

Eterna Aliança com Deus - Parte 2

"Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado com os seus discípulos, para o casamento. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho.

"Assim, deu Jesus o princípio a seus sinais, em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele."
Evangelho de João 2: 1-3 e 11
 

Já nos primeiros séculos depois de Cristo, os matrimônios judaico e cristão não eram muito diferentes entre si: Uma cerimônia de caráter privado e que marcava as alianças entre as famílias. 

(O casamento cristão que conhecemos hoje tem duas origens: a cultura romana e medieval. A cerimônia do casamento segue as bases do casamento pagão entre os romanos e os votos no casamento foram alterando-se durante décadas para satisfazer as exigências de cada família da época. A cerimônia era pública, ou seja, apenas amigos e parentes da família participavam para testemunhar os votos a serem jurados diante de um sacerdote de algum templo, dependendo da fé da família em algum deus romano específico.)

Com o tempo, as uniões entre cristãos foram adquirindo características próprias.

Os casamentos eram celebrados de forma pagã, mas era comum pedir que os padres abençoassem o casal. 

(O casamento medieval se formalizou no propósito de unir nações e propiciar a paz entre os clãs, algo já realizado entre os celtas, primeira sociedade formal da Europa setentrional. Os mais antigos votos de casamento estão registrados na Abadia de Salisbury e York, Inglaterra, publicados em 1549 no Livro de Oração Comum, e a fidelidade do casal não atribuía a morte como um fator determinante para a desunião. Acima, casamento de Eleanor e o Imperador Frederico III da Germânia.)

Até o século 6, benzia-se o casal à porta ou no quarto nupcial, primeiro sentados e depois deitados na cama. 

Foi só a partir do século 12 que a Igreja Católica começou a estipular regras mais rígidas para o casamento. As cerimônias passaram a ser realizadas publicamente, com o consentimento de ambos os noivos e diante de padres ou bispos. 

(Fragmentos do filme Braveheart, Coração Valente, de 1995, onde o cineasta e ator Mel Gibson retrata de forma realista e histórica os primeiros casamentos entre os cristãos na medieval e desvalida Escócia. Os primeiros casamentos entre os cristãos do mundo todo eram pobres e as cerimônias muito simples. A única exigência da época era ter um sacerdote cristão para ministrar a união. Não havia votos de fidelidade atribuindo o término da união apenas na morte de um dos cônjuges. Até o ano 1000 d.C. casamentos poligâmicos entre os cristãos foram registrados.)  

Valores como fidelidade, dedicação absoluta e indissolubilidade também passaram a ser atribuídos às uniões. 

Assim nasceu o modelo de casamento ocidental adotado até hoje...

Hoje os significados que envolvem um casamento são tão variados quanto as religiões e as culturas que existem ou dos quais surgiram tais uniões. 

(Um momento muito importante do casamento cristão moderno é a leitura dos votos. É um costume entre os americanos e europeus que repercute exatamente a Idade Média, onde contratos de casamento eram feitos para garantir a estabilidade dos acordos entre as famílias. Os mais antigos votos registrados são assim categorizados:
 

"Eu, ____, tomo, _____, para ser minha legítima esposa, para ter e assegurar, deste dia em diante, para melhor ou pior, na riqueza ou na pobreza, na doença e na saúde, para amar e cuidar, até que a morte nos separe, de acordo com a santa vontade de Deus; e a ela eu asseguro minha fidelidade". - Voto registrado de 1662 na Igreja Anglicana de Salisbury, Inglaterra, onde a palavra Obedecer foi subtraída do voto da esposa em 1928.

"Com este anel eu peço sua mão, com meu corpo eu me entrego em adoração, e com todos os meus bens eu me dou: Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém." - Voto adotado na Igreja Episcopal em 1754.

"Amigos, no temor do Senhor, e antes desta reunião, eu levo a minha amiga ____ para ser minha esposa, prometendo, através da assistência divina, ser-lhe um marido amoroso e fiel, até que não seja mais agradável ao Senhor, e por morte nos separe". - Voto registrado e adotado entre os Puritanos e Judeus no Reino Unido em 1675.

Em Julho de 1922, a Comissão de Declaração de Casamento foi criada, e esta informou a Londres, na Reunião Anual dos Lordes da Câmara em 1923, a alteração modificando o "até que a morte nos separe", para "contanto que ambos neste acordo e terra vivamos".)


(No Judaísmo, antigamente uma cerimônia de casamento complexa era realizada. Reuniam-se as moças mais proeminentes de determinadas famílias quando outra família comunicava o desejo de desposar seu filho. Essas moças eram preparadas por 3 meses e, no equinócio da Primavera Setembro-Outubro, nos três dias da Lua Cheia, uma repentina visita era feita à Casa da Espera, onde as jovens pretendentes aguardavam ao noivo. As que estivessem mais arrumadas, perfumadas, com as joias da família, com os cabelos trançados e untados com óleo, e segurando na mão direita seu candeeiro aceso, estas seriam as escolhidas. Este costume deveria ser assistido e regulado conforme os ensinamentos rabínicos registrados no Cohanim.
Jesus usa este costume para doutrinar seus discípulos:

"Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo. E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono, e adormeceram. Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro. Então se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. E as noivas nécias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando..." - Evangelho de Mateus 25: 1,5,6,8.)

No Judaísmo, a união entre homens e mulheres é chamada de Kidushin, palavra que quer dizer santificação (kadosh). Mas, santificar no judaísmo (que quer dizer harmonizar) é diferente de santificar no latim (separar), como estamos mais familiarizados ao definir essa palavra.

Santificar aqui é viver uma vida em harmonia e ajuda mútua.

(O casamento judaico, dentre todos já estudados, se configura como um contrato político, familiar e social. A procriação e os laços consanguíneos não são o único propósito, mas a doutrinação dos filhos nos Mandamentos da Lei onde os principais rituais religiosos devem ser garantidos. Num casamento judaico é explícita a ideia de que ambos agora são uma única alma, é por isso que o homem é considerado incompleto ou imaturo, dentro desta cultura, quando solteiro. Deve-se seguir os preceitos da Torá, Talmud e da Halachá nas celebrações. Uma das diferenças do casamento judaico é que nos dias que se seguem os rituais, cada dia representa uma etapa do crescimento e da união dos cônjuges. As festas devem durar 7 dias conforme as prescrições rabínicas.)

Para os muçulmanos, o casamento é também uma oportunidade de autoconhecimento. Acreditam que cada indivíduo tem uma função muito particular na existência. O casamento seria um dos elementos para descobrir essa função e realizá-la. 

Para o Cristianismo, o matrimônio é um sacramento, ou seja, um sinal do amor de Deus. 

(Para os muçulmanos o casamento é um ato indissolúvel como o próprio Allah. A esposa deve total obediência ao seu marido, e ao marido cabe a decisão de todos os setores da família, sociedade e religião.)

Os cristãos acreditam que o casamento é uma invenção divina, e em várias passagens bíblicas, percebem a predileção de Deus por esta instituição. 


(Apesar das muitas controvérsias da época, corajosamente a novelista Glória Perez atreve-se a adentrar num universo teológico complexo, onde a submissão e opressão são confundidos com obediência e fé. Acima, cenas da novela O Clone, televisionada de outubro de 2001 a junho de 2002 em 221 capítulos semanais pela emissora Globo.)


Seria para perpetuar significados como esses que cada crença promove suas próprias cerimônias, repletas de rituais e simbolismos. 


Contrato Com Deus

O casamento é um contrato em que Allah é juiz e testemunha entre os muçulmanos. 

Para realizar uma união diante de tão importante autoridade, é preciso respeitar algumas exigências. 

(O casamento muçulmano tem muitas variáveis, pois esta religião se segmentou em várias vertentes destoantes entre si, subdividindo-se em 5 subgrupos, sendo os mais difundidos os xiitas e os sunitas. Dentre seus costumes fica apenas intocável as questões referentes a Allah e o Alcorão. Quanto ao casamento, os sunitas admitem o divórcio e liberdade intelectual assistida para a mulher. As cerimônias se diferem no que tange a noiva se vestir branco, preto, burca ou véu.)

O Islamismo não permite casamentos com pessoas ateias ou que sigam uma religião politeísta. Apenas são permitidas uniões com fiéis das religiões monoteístas e essa permissão é uma exclusividade dos homens. 

A restrição ocorre porque os muçulmanos acreditam que o homem tem um papel mais determinante na educação dos filhos, por caber a ele a obrigação de sustentar a família. 

Quem não puder fazer isso, deve se manter casto. 

(A regulação da família, desde a religião até infra-estrutura são creditados e esperados apenas do marido. O pai deve ensinar seus filhos a orarem, apresentá-los aos anciãos e decidir os casamentos.)

Como as relações sexuais fora ou antes do casamento são proibidas, é comum dos muçulmanos casarem-se muito jovens, a partir dos 15 ou 16 anos. 

Outros costumes seguidos são o pagamento de um dote para as noivas, a aceitação do divórcio e a condenação do adultério. 

A cerimônia de casamento muçulmana pode ocorrer tanto em mesquitas quanto em salões alugados. Diante do sheik, a autoridade religiosa, o casal compromete-se a seguir os preceitos da religião e respeitar os direitos e deveres de cada um. 

(No final da cerimônia, o sheik lê o contrato estipulado entre os pais dos noivos para ser cumprido irrestritamente.)

Logo após, assina-se o contrato de casamento.

Lembram sempre que o casamento é uma complementação necessária entre o homem e a mulher para constituir uma realidade familiar e um ambiente de amor e afeto.


Continua...


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