sábado, 11 de abril de 2015

Deus, o Grande Mistério do Ser Humano - Parte 5


(O homem moderno tenta ver Deus também como um elemento moderno. Provavelmente, Ele não se preocupa mais em bisbilhotar as vidas alheias, mas também, não deseja apenas salvá-las de si mesmas. Ele deve buscar o desenvolvimento do Homem como um todo.)

Com o tempo, a figura do Deus patriarcal das religiões monoteístas foi perdendo a abrangência diante dos questionamentos advindos com a evolução cultural da humanidade. 

Teólogos e pensadores passaram a conceber Deus como uma realidade suprema, impessoal e transcendente, buscando uma imagem mais inclusiva e geral da divindade.

(O estudante do misticismo ou de teologia nunca terá livros suficientes em suas estantes... Ler e ler de novo, e ler mais um pouco... Essa tarefa nunca acaba...)

Aproximaram-se de outras visões do Sagrado, especialmente as orientais. 

Foi assim que nasceu a tradição mística entre os judeus, cristãos e muçulmanos, um tema interessante de estudo e tão vasto que, creio eu, se me dedicasse toda a minha vida nela, não leria nem 30% de toda produção desses homens. 

(Santo Agostinho de Hipona)

O pensador católico Santo Agostinho, por exemplo, via o conhecimento interior de cada um como indispensável para entender Deus.


(De tudo o que Santo Agostinho deixou para nós, o mais sublime é perceber que questionar não é pecado.)

Místicos como Jacob Boehme, cristão, e Ilbn Arabi, muçulmano, cada qual à sua maneira afirmavam que os caminhos espirituais se encontravam dentro de cada indivíduo. 

(Jacob Boehme, filósofo e místico alemão, em seu livro O Caminho para o Cristo, disse: "Oh! Quanto tempo! Quanto tempo! Tanto tempo vivi iludido e a destempo... No tempo que é e não é tempo... De contratempo em contratempo...")

(Ilbn Arabi ou Abū Bakr Muhammad ibn 'Alī ibn 'Arabi, místico sufi, deixou escrito em seu livro Epístola de Luz: "Tenha consciência, vergonha frente a Deus. Ele será um bom motivo para estares prudente, vigilante. Te preocuparás, então, pelo que estás fazendo, dizendo e pensando, e os pensamentos e sentimentos que sejam feios aos olhos de Deus não poderão assentar-se em teu coração. Teu coração estará assim a salvo de desejar ações que não estejam de acordo com a vontade de Deus. Valoriza teu tempo, vive o presente. Não vivas imaginariamente, ou gastes mal o tempo de que dispões. Deus prescreveu um dever, um ato, um culto para cada momento. Aprende qual é e apressa-te para fazê-lo. Primeiro leva a cabo as ações que Ele estabeleceu como obrigatórias. Logo, realiza o que mandou fazer por meio do exemplo do seu Profeta. Depois, faça também as ações boas e aceitáveis que Ele deixou para tua livre decisão. Trabalha para servir aos que estejam necessitados. Tudo quanto faças, faça-o com o propósito de te aproximares de teu Senhor em teus atos de adoração e nas orações. Pensa que cada ação possa ser teu último ato, que cada oração possa ser tua última prostração, que possa ser que não tenhas outra oportunidade. Se o fazes assim, terás um novo motivo para manter-se vigilante e, também, para chegar a ser sincero e verdadeiro. Deus valoriza menos as boas ações feitas inconscientemente e sem sinceridade, que as realizadas consciente e sinceramente".)
 
Muitos filósofos, a partir do século 19, chegaram a decretar a "morte de Deus". Deus como é visto hoje até pode realmente desaparecer, porque ideias religiosas sempre foram descartadas quando pararam de fazer sentido para a vida dos fiéis, mas como o ser humano não pode suportar o vazio e a desolação, uma nova ideia teria de surgir para preencher o anseio da transcendência.

(Karl Heinrich Marx, revolucionário e intelectual alemão do séc. 19, fundador das primeiras ideias comunistas que, apesar de sua formação judaica (seu pai foi um rabino e poucos sabem disso), duvidou da misericórdia e graças divinas, levando uma vida marginal da fé. Apesar de ter conseguido deixar ideias igualitárias, não encontrou um Deus amoroso em suas jornadas intelectuais...)

É essa fragilidade espiritual do ser humano, a sensação de pequenez diante do Todo, que mantém a chama divina sempre acesa na trajetória da humanidade. 

(Será que um dia o homem deixará Deus? Acredito que a ideia de Deus está tão intimamente ligada a nós, que nesses momentos, entendo as doutrinas budistas que asseveram que Deus é nós mesmos, e é por isso que Ele sempre existirá.)

A vida é extremamente frágil e quando vem a angústia, ou algo inesperado como uma doença ou morte violenta, necessitamos de elementos que deem sentido nesse mundo.

Até mesmo alguns sonhos podem ser interpretados como avisos divinos.

(Ouvi por 16 anos um homem de origem simples dizer: "Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo." In memorian, Sr. Ubaldino, fiel e piedoso Maçon/Batista por toda a sua vida.)
 
Embora o intelecto humano não possa oferecer nenhuma prova da existência divina, o próprio Deus pode ajudar o homem a percorrer o árduo caminho em busca de si mesmo, na visão do psiquiatra alemão Carl Jung.

Ele foi muito criticado na época por aproximar-se da religião e ciência.

(Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, disse uma vez: "O conhecimento da verdade é a intenção mais elevada da ciência e considera-se mais uma fatalidade do que intenção se, na procura da luz,provocar algum perigo ou ameaça. Não é que o homem de hoje seja mais capaz de cometer maldades do que os antigos ou os primitivos. A diferença reside apenas no fato de hoje ele possuir em suas mãos meios incomparavelmente mais poderosos para afirmar a sua maldade. Embora sua consciência se tenha ampliado e diferenciado, sua qualidade moral ficou para trás, não acompanhando o passo. Esse é o grande problema com que nos defrontamos. Somente a razão não chega mais a ser suficiente!")

É preferível que nós aceitemos conscientemente a ideia de Deus, em vez de negá-la, pois se assim não o fizermos alguma outra coisa é colocada em Seu lugar, geralmente alguma coisa bastante imprópria e estúpida.

Interpretada de forma fundamentalista e deturpada, a figura divina pode servir a jogos de poder - como foi no passado e como ocorre ainda hoje, justificando atitudes terroristas, guerras e outras crueldades.



(Conflitos em países como a Índia, Tibet, Irlanda onde a fé foi a motivação para as maiores atrocidades na História da Humanidade... Quando a fé vence o amor, se este é o maior dom dos homens?)

(Ideais fundamentalistas precisam deixar de existir nos corações daqueles que professam uma fé num Deus amoroso. Ou não valerá de nada... No final, nós mesmos somos o Diabo que nos atormenta...)


(Osama bin Mohammed bin Awad bin Laden, filho de um magnata do petróleo, chamado entre os íntimos de O Príncipe, filho esquecido da 10ª mulher de seu pai, cresceu revoltado pela abastança que o cercava e nunca entendeu o poder e a graça que Deus lhe deu: De ser um homem poderoso para mudar o seu mundo, melhorando-o pelo conhecimento. Escolheu destruí-lo em nome de um deus que nunca existiu...)

Para perceber como Deus se revela e onde está a vida é preciso quebrar a ideologia das imagens de castigador e violento, atrelado aos interesses políticos e econômicos de quem ambiciona poder à custa da miséria. 



Continua...


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