Considerado um dos mais importantes
divulgadores da doutrina Espírita, o filósofo francês León Denis levou as
ideias de Allan Kardec para fora dos círculos intelectuais, numa empreitada em
que entrou em conflito com religiosos, socialista e estudiosos.
O Espiritismo teve seu marco mais
importante em 1857, quando o pedagogo francês Allan Kardec, com o seu Livro dos
Espíritos, colocou na pauta do dia temas como a imortalidade da alma e a
reencarnação.
Contudo, para que essas ideias
extrapolassem os limites de um pequeno grupo de intelectuais, foi preciso que
outro pensador entrasse em ação: León Denis.
(Leon Denis e sua mãe)
Ao longo de sua vida, esse francês
filho de humildes pais católicos abraçou como poucos a causa espírita.
(As primeiras reuniões espíritas documentadas)
Em livros e conferências, defendeu-a
dos ataques de seus críticos mais ferozes, aprofundando os aspectos morais e
filosóficos dos preceitos codificados por Kardec.
(Uma demonstração da presença de um espírito numa seção onde a mesa levita)
Sua perseverança e eloquência foram
tais que, ainda em vida, foi condecorado com o título de “Apóstolo do
Espiritismo” pelos adeptos.
(Livro de Denis onde ele aborda muitos assuntos doutrinários espíritas)
Ele teve na doutrina espírita uma
importância comparável à que o apóstolo São Paulo teve no Cristianismo. Sua
obra é de grande sensibilidade, de alto alcance positivo, descortinando novos
horizontes não apenas para a comunidade espírita mas para toda a humanidade.
(Casa onde Denis viveu por muitos anos)
(Cidade de Toul na França, atualmente)
Nascido na pequena localidade de
Toul, em 1846, desde cedo León Denis inquietava-se com as questões essenciais
da existência humana, dedicando-se obsessivamente a estudos de filosofia,
astronomia, geografia e história.
Entretanto, nada satisfazia a
curiosidade do jovem León.
(Livro que reúne suas histórias, cartas e artigos publicados ao longo de sua vida)
“Eu já havia passado pelas alternativas da crença
católica e do ceticismo materialista, mas não encontrara, em nenhuma parte, a
solução do mistério da vida”, escreveu em um de seus artigos.
Muitas das respostas para suas perguntas
ele encontrou aos 18 anos, quando se deparou com a obra de Allan Kardec:“Adquiri logo o livro, e lhe
assimilei o conteúdo. Encontrei nele uma solução clara, completa, lógica do
problema universal. Minha convicção se firmou. A teoria espírita dissipou minha
indiferença e minhas dúvidas”.
(Homenagem da Maçonaria a Leon Denis em 2012)
A partir daquele momento – ao lado
de seu engajamento na maçonaria, onde era conhecido como grande líder e orador
– o estudioso dirigiu seu interesse para investigação de experiências
mediúnicas e, em poucos anos, era nomeado secretário de um grupo espírita e
realizava palestras públicas que atraíam multidões.
"Recorda-te de que a vida é curta; esforça-te, pois, por conquistar,
enquanto o podes, aquilo que vieste aqui realizar: o verdadeiro
aperfeiçoamento. Possa teu espírito partir desta Terra mais puro do que
quando nela entrou! Pensa que a Terra é um campo de batalha, onde a
matéria e os sentidos assediam continuamente a alma; corrige teus
defeitos, modifica teu caráter, reforça a tua vontade; eleva-te pelo
pensamento, acima das vulgaridades da Terra e contempla o espetáculo
luminoso do céu."
(citação de Depois da Morte, primeiro livro de Leon Denis)
O filósofo só foi publicar seu
primeiro livro sobre a doutrina espírita em 1885, mas seu rumo estava traçado.
Quatro anos depois, quando iniciaram
as primeiras assembleias mundiais do Espiritismo, já tinha grande fama de
palestrante e escritor. E o ambiente não poderia ser mais adequado para o
fortalecimento de sua liderança: Desde a morte de Kardec, vinte anos antes, os
espiritualistas desentendiam-se acerca dos rumos a serem tomados pelo credo
nascente, formando diversas correntes.
(Leon Denis em seu escritório)
Nesse contexto, a personalidade
carismática de Denis ajudou a unificar o movimento e o firmou como o maior
divulgador das teses kardecistas.
Ao mesmo tempo, iniciou sua retirada
gradativa do seio maçônico, quando, em 1877, o núcleo do qual fazia parte,
denominado Grande Oriente da França, resolveu suprimir o artigo primeiro de sua
Constituição, que professava a crença em Deus.
(Grande Oriente da França, atualmente)
Revoltado, Denis pronunciou uma bela
exortação ao Criador e pediu demissão do cargo de orador de sua Loja. No início
do século 20, por fim, abandonou de vez suas atividades maçônicas.
A Questão Humana
Então, em 1905, Denis concluiu sua
obra mais conhecida, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, em que faz
uma incursão sobre questões essenciais do Espiritismo.
(Projeções astrais ajudam ao médium a experimentar a sensação de pós-morte)
Baseado em experiências mediúnicas
que realizou durante suas pesquisas, concluiu que, ao morrer, a alma vê
revelados diante de si todos os seus atos passados, como num espelho: sem
subterfúgios, sem ter como escapar de si mesma, ela é seu próprio juiz, quem
aplica a justiça da lei divina sobre si mesma.
(A passagem após a morte, onde as escolhas do encarnado preparam o retorno ao Lar)
Inexorável, essa justiça estaria
acima de todos e determinaria que tudo, desde os mais ínfimos seres até os
homens mais elevados, está em contínuo movimento em direção às instâncias
superiores, ao Bem Supremo, a Deus.
Desse modo, o propósito da
existência não seria a felicidade terrena, mas sim o desenvolvimento, e nada
mais.
Continua...
0 comentários:
Postar um comentário