domingo, 9 de novembro de 2014

A Lírica Redenção Humana - Parte 4

(O Inferno de Dante, ilustração da 1ª edição)

"Deixai toda Esperança, ó vós que entrais."

A frase acima está escrita na entrada do Inferno de Dante. Veja os suplícios reservados a quem é mandado para lá.

O inferno é a primeira parte de A Divina Comédia. Segundo Dante, ele é dividido em novo círculos concêntricos, cada um reservado a um tipo de pecador, que recebe seu castigo.

(Detalhe da gravura do Inferno de Dante.)

Na entrada da terra de Lúcifer está o Vestíbulo, espécie de ante-sala onde os que não praticaram o mal, mas forma relaxados na escolha do bem, são picados por nuvens de vespas. 

1º Círculo - Já no espaço infernal, no primeiro círculo, situa-se o Limbo, onde não há punições - lá ficam os não-batizados e figuras virtuosas da era pré-cristã.

O suplício começa no segundo círculo, em cuja entrada está Minos, demônio terrível que pronuncia as setenças.

2º Círculo -  Vivem os que pecaram por luxúria. São eternamente atirados de um lado ao outro por fortes vendavais.

3º Círculo - Aqui os gulosos ficam estendidos numa lama fedorenta, sob uma suja chuva incessante, e são espancados por Cérbero, uma fera monstruosa de três cabeças. 

4º Círculo - Avarentos e esbanjadores empurram grandes pesos em sentidos opostos, chocando-se sem parar uns contra os outros. 


5º Círculo - Na superfície de um lodaçal, os raivosos se atracam; abaixo deles, completamente submersos, os racorosos ficam se lamentando. 

6º Círculo - Morada dos heréticos, que ficam ao redor das muralhas da cidade infernal, em túmulos ardentes. 

7º Círculo - Tiranos, homicidas e assaltantes são colocados num rio de sangue fervente. As almas dos suicidas viram arbustos que alimentam feras. Blasfêmios, sodomitas e usurários penam num areal ardente sob chuva de fogo. 

8º Círculo - Formado por dez valas, uma para cada tipo de fraudador: sedutores, aduladores, comerciantes de coisas sagradas, adivinhos, traficantes, hipócritas, ladrões, maus conselheiros, cismáticos e falsários. Em cada vala, um suplício diferente, como permanecer mergulhados em esterco. 


Galeria de Afetos e Desafetos

Dante usou sua obra-prima para retratar vários personagens reais. Veja como o poeta apresenta alguns deles: 

Beatriz

"Embora o véu que lhe descia da testa
Cingindo com as frondes de Minerva,
Lhe ofuscasse a expressão,
Com manifesta magnificência, ainda que proteva,
Continuou, à maneira de quem diz,
Mas suas mais duras palavras, reserva:
Olha-me bem! Sou eu, sou eu Beatriz."
(Purgatório, canto XXX)

(Beatriz)

Em a Divina Comédia, simbolicamente, Beatriz - por quem o poeta permaneceu apaixonado até o fim da vida - representa o conhecimento teológico.

Henrique VII 

"(...) pela coroa que vês nela já posta (...)
A alma estará de Henrique que proposta
Endireitará a Itália, 
Pois será Eleita."
(Paraíso, Canto XXX)

(Rei Henrique VII, da Inglaterra. Contudo, foi seu sucessor Henrique VIII que realmente confrontou a Igreja Católica fundando, por motivos pessoais, a Igreja Anglicana.)

Coroado imperador depois da morte de Bonifácio VIII, tem lugar reservado no Paraíso. Dante acreditava que ele poderia lutar contra o domínio do poder papal, restaurar a grandeza italiana e libertar Florença.

Justiniano 

"E, na sombra do seu voo altaneiro,
O poder, ao passar de mão em mão,
Para minha chegou, 
Do mundo inteiro."
(Paraíso, Canto VI)

(Imperador Justiniano, no centro, gravura romana)

Imperador Romano, está no Paraíso, no céu de Mercúrio, reservado aos espíritos ambiciosos, que agem a favor do bem, mas sempre de olho na fama e nas honrarias. Narra a Dante as origens do império que assumiu, em 527 d.C.

Papa Bonifácio VIII

"Aquele que lá usurpa o posto meu (...)
Caindo daqui,
Lá embaixo se repaga."
(Paraíso, canto XXVII)

(Papa Bonifácio VIII)

É assim que São Pedro se refere ao sumo pontífice,que assumiu o cargo em 1294. O poeta nutria um ódio indisfarçável ao papa, pois achava que ele era responsável por sua desgraça pessoal - o exílio de Florença - e pela decadência da Igreja. 

São Bernardo

"A Graça pede a ti de que também
A virtude de seus olhos levantes,
Por subir à visão do Sumo Bem."
(Paraíso, canto XXXIII)

(São Bernardo, nasceu em 1090 no castelo de La Fontaine. Dentre suas grandes ações dentro do catolicismo europeu, a proteção aos Templários, apoio à Conquista da Terra Santa e a ajuda aos Cátaros.)

É o santo que ajudou o poeta na caminhada final até conseguir o conhecimento da Divindade. São Bernardo é um dos sacerdotes franciscanos que ajudaram na formação dos Templários e na busca da conquista da Terra Santa.


Fim.:.





Referências Bibliográficas

A Divina Comédia, de Dante Alighieri, trad. Vasco Graça Moura. Ed. Landmark, 1968.





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