domingo, 9 de junho de 2013

Templários, os Cavaleiros de Deus - Parte 1


Temida pelos muçulmanos, idolatrada pelos cristãos e invejada por reis e nobres, a Ordem dos Cavaleiros do Templo uniu pela primeira vez as duas maiores vocações dos europeus medievais: as armas e a fé.

(Os Cruzados em Ascalon)

Fazia pelo menos, sete meses que os cruzados tentavam invadir a fortaleza muçulmana de Ascalon, encravada no litoral sul da Palestina. Na noite de 15 de agosto de 1153, a oportunidade finalmente surgiu.

(A Muralha de Ascalon, atualmente)

Uma muralha desabou, abrindo uma passagem. Por essa fenda entrou, alucinadamente, um grupo de 40 cavaleiros vestidos de branco, com uma cruz vermelha estampada no peito, liderados por Bernard de Tremèlày, o grão-mestre da temida Ordem Templária.

(Símbolo da Ordem dos Templários)

Foi aí que algo inusitado aconteceu.

Com exceção dos templários, nenhum dos outros sitiantes avançou pela brecha. Em poucos minutos, os árabes restabeleceram as muralhas. Encurralados dentro da cidade, os cavaleiros do Templo foram trucidados. Na manhã seguinte, seus corpos decapitados estavam pendurados nos muros.


Ascalon caiu quatro dias depois, em 19 de agosto. O martírio dos templário, entretanto, rendeu muitas histórias.

Enquanto sua bravura suicida alimentou ainda mais fantasia em torno daquela ordem de monges guerreiros, outros viram naquele ato não coragem, mas cobiça.

(Guilherme de Tiro)

O cronista medieval Guilheme de Tiro, por exemplo, escreveu em seu relato Historia Rerum in Partibus Transmarinis Gestarum (História dos Feitos Realizados no Além-Mar), datado do final do século 12, que o próprio grão-mestre havia ordenado a seus soldados que não deixassem mais ninguém entrar pela brecha, para que apenas a eles coubesse a glória de tomar a cidade – além da melhor parte do saque.

(As Crônicas Medievais das Cruzadas)

Muito do mito acerca dos templários deriva do forte sentimento ambíguo que eles geravam. Por um lado, eram visto como a encarnação do mais alto ideal de sua época, a figura do nobre cavaleiro que devotava sua vida a Cristo combatendo os infiéis na Terra Santa.


Por outro lado, eram tidos como arrogantes e imensamente ricos, graças aos privilégios e isenções concedidos a eles por diversos papas.

Origens da Ordem

Nada disso, porém, passou pela cabeça do francês Hugo de Payns, fundador e primeiro grão-mestre da cavalaria.

(Hugo Payns, Fundador da Ordem do Templo)

Afinal, ele jamais imaginaria que, em poucas décadas, o que havia começado como um juramento feito entre nove amigos acabaria se transformando na ordem militar mais poderosa e influente da época das Cruzadas.

(Nobres da Primeira Cruzada em Jerusalém)

Hugo de Payns era um cavaleiro da pequena nobreza. Em 1114, foi, com uma comitiva de nobres, prestar seus serviços à fé na Terra Santa. Fazia apenas quinze anos que os cavaleiros da Primeira Cruzada tinham conquistado Jerusalém em 1099 e criado quatro pequenos reinos cristãos no litoral da Palestina – o principado de Antioquia, o condado de Trípoli, o condado de Edessa e o reino de Jerusalém.

(Fortaleza do antigo Condado de Edessa, 1114)

Este último era governado por Godofredo de Bouillon, que não possuía mais do que 300 cavaleiros e mil soldados de infantaria para proteger todo o reino.

(Godofredo de Boullion, estátua em Bruxelas)

Hugo logo percebeu quão frágeis eram aqueles reinos recém-criados, ao constatar a falta de proteção dada aos peregrinos cristãos que, ao chegar à Terra Santa, eram vítimas de inúmeros ladrões e bandoleiros.


(Os peregrinos da Idade Média)

Não havia quem os defendesse. A primeira cruzada, promovida pelo papa Urbano II, havia direcionado toda a belicosidade dos cavaleiros francos em prol de uma causa santa. Após conquistar Jerusalém e saquear Antioquia, Edessa e Trípoli, boa parte dos nobres julgou cumprido seu dever para com Deus, voltando para seus feudos na Europa.


Assim, em 1118, Hugo e oito cavaleiros decidiram unir aquilo que sabiam fazer – lutar – com o forte ideal religioso de proteger os peregrinos e guardar o Santo Sepulcro. 


Continua...


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