sábado, 11 de fevereiro de 2017

Do Berço ao Túmulo: Rituais Eternos... - Parte 4

(Mas aqui no Brasil, o Bar Mitsvah feminino está sendo comemorado aos 15 anos, e não aos 12 como a tradição preconiza! Acima, o Bar Mitsvah de Carolina Braga, de 2015.)

A versão feminina do Bar é idêntica ao dos homens, com todos os deveres e obrigações.

Por amadurecerem mais rápido, as meninas tornam-se bar mitsvah aos 12 anos.

Léia, filha do professor Goldberg não passou por esse ritual, que só foi permitido recentemente, embora os ensinamentos judaicos nunca o proibissem. 
(Léia Goldberg, com seus 28 anos, não fez um Bar Mitsvah, "mas tudo bem!".)

"O problema não era teológico, e sim, resultado das atitudes culturais."
Prof. Joseph Goldberg


União das Almas Gêmeas

Para os judeus, o casamento é um preceito divino.

"Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne."
Livro do Gênesis 2:24

Segundo o Talmude, Deus interfere diretamente para o surgimento de uma união feliz. 

"Quarenta dias antes da concepção de uma criança, uma voz celestial declara: Essa é filha para esse filho, diz a tradição!"
Dna. Nadine, esposa do prof. Goldberg

O professor Goldberg acredita que foi por intervenção divina que conheceu sua esposa Nadine. 

"As almas gêmeas, assim definidas no momento da concepção, sempre se encontram!"
Prof. Joseph Goldberg

 (Dna. Nadine Goldberg no dia de seu casamento, em 1957.)


O casamento de Nadine e Joseph foi celebrado segundo o rito Sefaradi (um dos ramos do Judaísmo).

Os noivos não se viram no dia anterior à cerimônia. A mãe de Joseph o conduzia ao altar, enquanto Nadine, pela passarela, era trazida por seus pais. 

No meio do caminho, Joseph foi até ela, colocou-lhe um véu sobre o rosto e levou-a até a Chupá, o dossel matrimonial. A tenda sobre a cabeça dos noivos - símbolo do futuro lar - simboliza o poder superior que rege a união.

Após a benção e o sermão do rabino, Joseph colocou no dedo de Nadine um anel, pronunciando as palavras que oficializaram a união: "Sejas consagrada a mim com esse anel, de acordo com a Lei de Moisés e de Israel". 

Foi lida a ketubá, o contrato nupcial que estabelece as obrigações do marido e os direitos da mulher, caso eles se divorciem ou ele morra antes dela.

(O que é uma ketubá? Acima, o rabino Israel Kaczala explicando o contrato matrimonial.)

Os noivos bebem vinho da mesma taça como sinal de que suas vidas estarão unidas. A cerimônia termina quando o noivo quebra uma taça, pisando sobre ela. 

"Um judeu não esquece seu povo... Mesmo numa situação de júbilo pessoal. Ao quebrar o copo, o casal conscientiza-se da necessidade de se tratarem com delicadeza, pois vão partilhar tudo, até mesmo dos destroços."
Prof. Goldberg

Os convidados gritam "Mazal Tov", e os noivos são declarados marido e mulher. 


E ao Pó Voltarás...

Assim que sua mãe, Dna. Sarah Goldberg, faleceu, em novembro de 2016, o prof. Goldberg rasgou suas roupas numa demonstração de quão dilacerado estava seu coração...

(Palestra da Congregação Judaica Beit El Shamah.)

"Morrer significa rasgar a roupa, porque o corpo é apenas uma vestimenta..."
Prof. Goldberg

Há uma sociedade funerária específica, a Chevra Cadisha, responsável por assegurar os rituais adequados. 

"Os membros da irmandade de minha sinagoga em São Paulo, vieram preparar o corpo de minha mãe para o enterro. Eles a banharam e a envolveram numa mortalha simples, o tachrichim, uma veste sem bolsos, simbolizando que da vida não se leva nada."
Prof. Goldberg

Por amor, respeito e crença de que logo após a morte a alma paira junto do corpo, o morto não é deixado sozinho. 

"A morte não pode ser utilizada para demonstração de riqueza: por isso, a tradição judaica preconiza um caixão de pinho simples". 
Prof. Goldberg

(Palestra da Congregação Judaica Beit El Shamah.)

Após o enterro, iniciam-se os primeiros sete dias de luto, a Shivá.

"Respeitei a Shivá sentado o tempo todo, com minha família, sem nada fazer, nem a barba, apenas à espera das condolências de amigos e parentes."
Prof. Goldberg

Os judeus acreditam que o período de prostração e consolo é necessário para suportar a dor da perda. 

No mês seguinte, tempo do Sheloshim, o enlutado retoma suas atividades aos poucos. 

O apoio maior vem do Kadish.

(Como enterrar um ente querido na cultura judaica? Acima, explicação do canal Achdut On Line, de 2015.)

Trata-se de uma oração escrita em aramaico e considerada uma das mais antigas da liturgia judaica, que é lida na sinagoga todos os dias durante 11 meses após a morte do ente querido.

"É uma fone de bênçãos que não fala de morte, apenas de vida."
Prof. Goldberg

Passado o luto, o ritual se fará presente a cada aniversário de morte: Joseph acenderá uma vela em casa e outra na sinagoga, onde lerá o kadish e preparará uma refeição festiva. 

(Acima, oração Kadish, pelo canal Bney Mashiach.)

O Talmude compara esta vida a uma sala de espera à véspera do ShabatO mundo vindouro seria o próprio Shabat , o "palácio". 

Talvez esse seja o sentido último dos rituais judaicos: Uma preparação espiritual, permanente, para desfrutar do palácio da eternidade. 


Fim.:.



Referências Bibliográficas

O Mais Completo Guia Sobre Judaísmo, de Rabino Benjamin Blech, ed. Sêfer, de 2004.

Este É O Meu Deus, de Herman Wouk, ed. Sêfer, 2002.

O Judaísmo Vivo, de Michael Asheri, ed. Imago, 1995.

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