terça-feira, 11 de outubro de 2016

O bê-a-bá da Fé - Parte 2

(É triste para os maçons atualmente constatarem que, apesar das muitas igrejas construídas desde a Idade Média, dos incentivos financeiros aos movimentos cristãos carismáticos católicos e espíritas feitos por nós, ainda somos julgados de destruidores do Cristianismo... Acima, vídeo produzido pela Golden Dawn e distribuído em toda a América para a busca da espiritualidade cristã americana, de 2010.)

Hoje a catequese procura integrar-se à realidade social, não é apresentada da mesma maneira num grupo de assentados e na cidade. A linguagem é bem diferente!

Há ainda vestígios do catecismo medieval, que imperou até a década de 60 e imprimia culpa na criança, reforçando conceitos de punição e pecado. 

(Quantas histórias horríveis já ouvimos sobre os colégios internos católicos, onde freiras mal-humoradas batiam ou perturbavam as criancinhas sem pais... Sim, alguns casos podem ter ocorrido, mas a verdade é que esses colégios e orfanatos católicos foram a única família de muitas crianças europeias por duas ou três décadas de suas vidas. Na 2ª Guerra, os colégios internos católicos foram o abrigo mais seguro e bem vindo para muitas crianças, onde muitas freiras foram verdadeiras mães. Acima, cenas do filme Madeline, de 1998.)

Alguns grupos de formação, principalmente em regiões não metropolitanas do país, obrigam as crianças a participar das celebrações. Mas as próprias famílias reivindicam os novos métodos. 

Os pais não aceitam mais repressão moral típica do ensino confessional.

(Esta animação está na minha prateleira de ouro na estante de favoritos. Ela conta a história dos primeiros católicos que chegam à Irlanda e disseminam sua fé ocorrendo um sincretismo maravilhoso das lendas celtas e cristãs na Idade Média. Acima, cenas da animação Brendan and the Secret of Kells, título no Brasil Uma Viagem ao Mundo das Fábulas, de 2009.)

Realizada nos próprios centros, a formação das crianças umbandistas é um exemplo dessa abertura. Quando chegam, ficam numa sala brincando.

Os trabalhos começam e elas já estão no terreiro auxiliando nas atividades mais simples, cantando e tocando os atabaques com os adultos. Lá, há também aulas de circo, teatro, evangelização e outras atividades culturais.

(Contudo, ocorreram histórias pavorosas de maltratos de crianças e adolescentes por clérigos católicos. Acima, um filme baseado numa história real, Song for Raggy Boy, ou no título no Brasil, O Inferno de São Judas, de 2003.)

Elas ainda cantam, aprendem a rezar, têm noções de curimba que é um tipo de coral com os antigos ou mais experientes instrumentistas do terreiro ensinando como pegar ou tocar os ritmos de cada entidade nos poucos instrumentos musicais que fazem parte do mundo musical da Umbanda. 

No Candomblé as crianças ouvem os pais ou mães de santos ensinando sobre os orixás, o preto-velho, o caboclo e outros temas ligados à espiritualidade desse segmento.

(Um dos momentos mais alegre num terreiro de Umbanda é a chegada dos erês no dia de Cosme e Damião, onde elementais mirins "montam" os adeptos e comem à vontade as guloseimas ofertadas. Como sinal de agradecimento, eles distribuem favores aos pedintes. Poucas religiões do mundo possuem momentos como esses, onde entidades infantis fazem parte do conjunto de rituais. Acima, terreiro de Umbanda do Bairro Zabelê, na direção de Mãe Do Carmo, de 2010.)

Sem muitas escolas voltadas para a criança no Brasil, o Budismo espalha suas sementes pouco a pouco...

O pequenos zen-budistas acompanham seus pais em retiros da religião. 

Eles aprendem a fazer seus próprios altarzinhos budistas no quarto, quando alguns deles passam pelo "refúgio", que é uma espécie de batismo em que o monge dá uma benção e um nome budista ao fiel. E, o mais importante, aprendem a meditar...

(Jesus mansamente deixou um rico e maravilhoso ensinamento sobre as crianças. Isso ocorreu, não porque ele amasse, simplesmente as crianças; mas a cultura judaica nunca teve um parecer muito pedagógico para com elas. Então, Jesus "reformula" isso, ensinando que as crianças devem fazer parte dos ritos e ajuntamentos dos adultos. Acima, ep. Deixai Vir a Mim os Meninos, do Canal Mórmon, 2015.) 

Geralmente, esses adeptos mirins, seja de que religião for, quando estimulados pela pedagogia da escola a qual fazem parte, sempre procuram apresentar seus trabalhos, seminários e treinamentos que mostram suas crenças e posicionamentos filosóficos. O professor atento, deve sempre apoiar tal iniciativa, entendendo que esse comportamento é apenas um reflexo de uma fé ainda imatura, mas que deve ser sedimentada e "curada" para que os muros ou limites próprios necessários para o indivíduo, e importantes para o núcleo familiar que ele faz parte, sejam firmemente estabelecidos.

(Nada mais irritante do que pessoas acharem que suas verdades espirituais são verdades absolutas... - É por isso que os pais, professores e adeptos devem ensinar, antes de tudo, a amarem e acolherem aqueles que não professam suas doutrinas espirituais harmonizando essa convivência. Acima, cenas do filme A Mentira, de 2010.)

Infelizmente, muitos professores, quando não repreendem este pequeno devoto, são eles mesmos que conduzem momentos de piada e exclusão entre os coleguinhas, pois a visão deles sobre religião nunca foi bem fundamentada: Esses professores, na verdade, nunca aprenderam a amar a Deus, mas apenas temê-lo ou evitá-lo.


Exemplos dos Pais

Algumas igrejas, em geral, as mais tradicionais e com um maior volume de seguidores, acreditam numa educação religiosa mais formal, baseada em dogmas e em estudos.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia encaixa-se nesse perfil.

Na escola sabatina, as crianças divididas em turmas por faixa etária, aprendem as histórias da Bíblia e recebem lições para fazer em casa diariamente. 

(Acima, uma explicação sobre o que é uma escola sabatina do canal Igreja Adventista do Sétimo Dia, de 2013.)

Desde os 5 anos, aprendem a decorar e recitar versos bíblicos. 

Os adeptos do Movimento Hare Krishna educam seus pequenos de modo diferente. 

Como a filosofia permeia intensamente toda a vida de seus seguidores - seja na alimentação (vegetarianismo), nas vestimentas, na cultura (dança, música e estética indianas), no uso do sânscrito nas leituras e nos cânticos e, no total despojamento - prefere-se investir numa formação religiosa mais livre. 

(A Nova Gokula existe desde 1978 em Pindamonhangaba-SP. Minha família a conheceu em 1984, três anos antes de haver um breve fechamento. Depois, ela abriu novamente, e hoje é um das maiores representantes da cultura hindu no Brasil. Acima, cenas apresentando a Nova Gokula, atualmente uma escola de convivência alternativa da cultura hindu, 2010.)

O exemplo é sempre melhor que os preceitos...!

Em São Paulo, a Nova Gokula faz história!

Foi a única instituição de ensino Hare Krisha no país por muito tempo! Além das disciplinas básicas, as crianças aprendem aspectos da cultura hindu. 
(Lembra dessa música? É... Essa novela fez um enorme sucesso em todo o Brasil, e me ajudou a decidir em deixar São Paulo... Toda vez que escutava essa música eu sentia meu pai me chamando... Até hoje ela mexe comigo! - Acima, a música Madana Mohana Murari, de Tomaz Lima ou seu nome mais conhecido entre a comunidade Hare Krishna: Homem de Bem, da trilha sonora da novela Pedra Sobre Pedra, de 1992.)

Tradução:

"Por seres mais sedutor que o próprio Anjo do Amor, 
Roubaste o meu coração...
Cante o nome de Deus, o nome de Deus..."

Hoje, no Brasil, os ensinamentos Hare Krishna são também transmitidos não apenas pela família, ou em casa, mas na convivência do dia-a-dia na cidade de Pindamonhangaba e em outras cidades brasileiras, como Brasília, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Na Índia, cada casa é um templo...

Os pequenos adeptos aprendem ouvindo, vendo seus pais ocupados com as atividades religiosas, e assim, as crianças vão pegando gosto.

A vivência da fé no lar é vista como primordial para o desenvolvimento espiritual da garotada por muitos religiosos, psicólogos e educadores. 

(Martin Scorcese, impressionado pela história do Dalai Lama, exilado de seu país no final da década de 90, fez este filme contando sua história. E, fez o ocidente entender como as crianças são importantes nas culturas budistas que valorizam o Carma-Yoga. Acima, cenas do filme Kudun, de 1997.)

A criança não aprende a religião num dia, mas capta a fé dos adultos.

"Ela sente que não está à mercê da fragilidade da vida ou da dúvida", explica-nos a Mestranda Milena Gusmão, nossa psicopedagoga do início dessa matéria.



Continua...

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