sábado, 31 de outubro de 2015

Som na Caixa para Louvar o Senhor! - Parte 2

(Era assim que a banda Vencedores por Cristo se apresentava na década de 70. Todos uniformizados e com vozes bem afinadas. Na guitarra Guilherme Kerr, novinho e magrinho...)

A inovação de Jaime Kemp foi total...

Ele visitava templos evangélicos tradicionais em São Paulo propagando sua ideia de recrutamento de jovens. Assim, conseguiu reunir uma equipe fixa de 22 pessoas.

Com patrocínio americano, mandou confeccionar uniformes que copiavam o estilo dos Beatles, alugou um ônibus, traduziu canções americanas e viajou pelo Brasil afora produzindo pequenos shows em praças, vias públicas e galerias. 

(Em 1977 o lançamento do disco De Vento em Popa não agradou os evangélicos fazendo desse álbum um grande fracasso na época. Com o tempo, o estilo da banda caiu no gosto do público evangélico e em 1993, este disco ficou esgotado nas prateleiras das lojas especializadas, se tornando uma relíquia para os aficionados pela música gospel. Ainda hoje é difícil encontrá-lo...)

O evento começava com a apresentação do grupo e, depois, vinha a pregação do missionário. Embora a primeira equipe não fosse de músicos a exigência só veio anos depois - os jovens catavam e tocavam.

Em 1972, o apelo começou a ficar mais sério. 

(Primeiro álbum dos Vencedores por Cristo, homólogo, de 1972. Mas, um sucesso se eternizou: Se Eu Fosse Contar. Neste momento alguns sucessos americanos foram traduzidos neste LP. Muito legal ouvir a sonoridade antiga, a dicção e os instrumentos...) 

Kemp convidou alguns integrantes da equipe para se dedicar ao trabalho num período de seis meses. Nove jovens, então, trancaram a faculdade para cantar em escolas. 

Despontaram nesse equipe nomes que são referências da música evangélica brasileira, como: Guilherme Kerr Neto e Sérgio Pimenta (como comentamos já na matéria anterior), que têm suas canções imortalizadas e cantadas até hoje em qualquer templo ou igreja protestante e, por que não, em algumas igrejas católicas...

(Criava-se, então, o estilo Bossa Nova Evangélica... Sérgio Pimenta foi um dos maiores representantes desse momento gospel brasileiro. Acima, seu último disco lançado em 1988. Saudades...!)

Surgia, então, a primeira formação dos Vencedores por Cristo com músicos profissionais. Foi graças a eles que os Vencedores mudaram radicalmente o estilo musical no Brasil, deixando a influência americana e compondo a primeira bossa nova evangélica!

Apesar do aparecimento da bossa nova cristã e do lançamento do disco De Vento em Popa - o primeiro disco totalmente brasileiro, em ritmo e estilo -  em 1977, o tiro acabou saindo pela culatra...

(E o que acontecia no Brasil naquele momento? Bom, além da inflação e a saída do militarismo, o Brasil inaugurava a primeira rádio FM em São Paulo: A Jovem Pan 2, percursora do som rock e pop da década de 70. Com um atraso musical de mais de 15 anos, o Brasil se afastava do samba para se deliciar com o som pesado e rasgado das guitarras americanas... Dire Straits uma bandinha inglesa que ganhou o mundo com uma guitarra super bem tocada por Mark Knopfler junto com seu irmão baterista David Knopfler.)

(Donna Summer fazia sucesso no Brasil cedendo sua voz para as trilhas sonoras das novelas globais... Apesar de que sua aparição foi em 65, aqui, só chegou em 1975. Ela, outra cantora gestada nas igrejas evangélicas americanas, ainda hoje se apresenta e sempre canta algum hit gospel no final de seus shows.)

(Xiiii... A velharia adora... Mas quem não gosta daquela voz esquisita e aguda de Barry Gibb? Os três irmãos passaram por toda a década de 70 e 80 fazendo os maiores hits das discotecas da época... É... Era assim que se chamava os encontros daquela galera: Discoteca...! E a Jovem Pan 2 só mandava vê em sucessos como: Stayin ' Alive, You Should Be Dancing (essa música era a preferida dos meus primos nas festas lá de casa) e Night Fever. Se você nunca ouviu nenhuma dessas músicas, então cara, você não pertence a este mundo! )

(...E os cristãos da época não podiam ficar de fora desse grande momento cultural, afinal, de repente, a música ganhou um enorme upgrade em guitarras, teclados e sonoridade espacial com bands separadas... Tudo propulsado pela NASA e sua corrida espacial em busca do domínio da Lua. Acima, nosso sempre esquisitão e criador do gênero andrógino David Bowie... Super Punk Rock! Ninguém mais lembrava, mas o sucesso da personagem Shrek pertence a este carinha aí!)

Para as igrejas evangélicas aquilo era muita informação musical de uma só vez. E não foi difícil para muitos adeptos verem neste movimento, mais que um escândalo. A reação delas foi do tipo "agora convidaram o demônio para entrarem aqui, é?!"

1977...

...O Brasil consagrava a mais nova onda mundial: A Radiodifusão com ondas moduladas, ou mais conhecida, a forma FM com som e equalização em bandas separadas, o que dava aquela sensação de espaço aberto e etéreo que acabou ficando denominado como estéreo (junção da palavra inglesa space e éter). 

(Mas, as igrejas, presas ao conservadorismo, só queriam saber do Cantor Cristão, livrinho preto, parecido com a Bíblia que contém 480 músicas de compositores alemães, ingleses e americanos, de épocas variadas, perfazendo um período de mais de 300 anos.) 


(Antífona, o primeiro hino do Cantor Cristão, tocado em velórios e Ceias. Acima, inusitadamente, cantado por um grupo católico, o Coral São Francisco de Assis, Petrópolis-RJ.)

Nas Igrejas, as músicas de qualquer estilo ou, qualquer onda, era rejeitada... Apenas cantava-se músicas do Hinário Cristão ou Cantor Cristão, livrinho preto com mais de 450 músicas arroladas, criadas entre 1700 a 1920 por personagens especiais do cenário protestante. 
 
E, apesar do gosto popular pela música americana e estrangeira, é, porque o Cantor Cristão não deixava de ser um consumo estrangeiro de músicas gospel, a música brasileira estava vivendo seu inferno musical... Ninguém a deseja, fosse cristão ou ateu. E o fracasso da empreitada dos VPC (assim que eles começaram a serem chamados, vocês sabem, americanos adoram uma sigla!) foi inevitável...

Mas com o tempo, e muitas viagens e congressos, as igrejas foram assimilando aquela nova onda de mudanças, o novo gosto musical em louvar a Deus; e aprendiam, novamente, a gostar dos ritmos brasileiros com percussão e violões bem tocados.

(Com uma capa sugestiva, o Louvor 10 é uma despedida ao público evangélico dos Vencedores por Cristo. Será que eles voltam?)

Pelo menos 450 jovens passaram pelas 56 formações do Vencedores por Cristo. 

Em 1994, uma equipe fixa foi mantida, com reposições esporádicas de um ou outro músico, que saiam por motivos de "chamados" espirituais, como pastorear novas igrejas ou comandar novos projetos evangélicos. 

Por conta dessas saídas, em 2004 o trabalho foi suspenso por tempo indeterminado para repensarem no alvo que eles almejavam alcançar naquela época, assim movimento gospel sofria um grande impacto...

(E onde anda essa galerinha que agitou a década de 70 e 80? Ah! Hoje são respeitados pastores e pais de família que trabalham em vários projetos internos em igrejas pelo Brasil todo. Acima, José Paulo, João Alexandre e João César, vai lá na primeira foto de nossa matéria e tenta reconhecê-los! Quanta diferença... É o tempo...)

(Com nova formação, a banda continua, mas de forma mais tímida. Atualmente, se apresentam em igrejas quando convidados. Acima, apresentação em São Paulo, 2014, Igreja Presbiteriana Aliança.)

Entretanto, o saldo foi mais do que positivo: 27 discos gravados - alguns à venda até hoje como o famoso hit dessa época: Se Eu Fosse Contar de 1972. 

O último trabalho do VPC como grupo foi em fevereiro de 2004 com o término da série Louvor, lançando o último volume, o 10. 

(Prá quem gosta de rock de boa qualidade e feito à maneira dos bons anos 80, então vai adorar ouvir essa banda gospel: Petra.
Adooorooo!)

Os Vencedores por Cristo foi a maior banda gospel brasileira de todos os tempos e que incentivou novos músicos e bandas a se especializarem e decidirem a ter a música gospel como uma opção de trabalho de forma integral.

Fé e Barulho

O movimento gospel da década de 90, no Brasil, abriu espaço para que jovens evangélicos, líderes de bandas ou fãs de estilos musicais "profanos" pudessem unir fé e música.

(Withecross e Petra surgiram na década de 90 por causa da fome e sede dos jovens e adolescentes evangélicos por desejarem um pouco mais de ritmo e volume nas músicas dominicais. Com músicas e letras de altíssima qualidade, ambas as bandas trouxeram um frescor e o estilo hard rock, metal rock e punk rock para louvarem a Deus...)

Assim, estilos de bandas como Deep Purple, Iron Maiden, White Snake, Rolling Stones, Scorpions... (muitas bandas... Não dá nem prá citar... Ô tempo bom...) começaram a invadir os ouvidos e instrumentos dos momentos de louvor comportados dos jovens e adolescentes evangélicos...



Continua...




1 comentários:

Unknown disse...

Que legal! Postei um vídeo cover gospel recentemente no meu canal #SoberanaVocação Segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=PPechweatOg

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