segunda-feira, 12 de maio de 2014

Rumo ao Nirvana - Parte 4

Tudo começou a fazer sentido para Sidarta...

Os prazeres são naturalmente fugazes. O problema é que as pessoas não enxergam isso, teimam em apegar-se a essas sensações boas e, ao mesmo tempo, passageiras.

(O prazer não é visto como pecado no budismo. O prazer é uma distração que deve ser retirada da vida do adepto, se ele quiser trilhar de forma mais eficaz sua trasncendência. A alegria, um tipo de prazer, pode ser alcançado de outras formas...) 

Como não conseguem mantê-las, sentem-se frustradas e infelizes. O ciclo, então, se repete com novas alegrias e novas perdas. Na opinião de Sidarta havia, portanto, uma grande incompreensão humana sobre o efêmero que caracteriza o mundo.

Além do desejo e do apego, outro fator que causa sofrimento é, segundo Buda, a falta de entendimento que os indivíduos têm de si mesmos. 

(A meditação é a forma mais pacífica do ser humano conhecer-se e aprofundar-se dentro de si mesmo, sem que essa experiência seja algo traumático ou desconfortável. Em suaves etapas, o indivíduo começa e conhecer seus pensamentos e enfrentá-los, de forma consciente e corajosa.)

Assim como os homens tentam agarrar-se ao impermanente que os cerca, fazem a mesma coisa com o seu mundo pessoal. Prendem-se ao ego, mas enganam-se uma vez mais. 

As ideias a respeito do mundo transformam-se continuamente para qualquer pessoa. A todo momento surgem novos pontos de vista. Além do mais, bastava refletir sobre algo que, logo em seguida, o foco se desviava para um tema totalmente diferente. 

(A mutabilidade é algo incontrolável e inevitável. Portanto, a crença num Deus Imutável não existe nas doutrinas budistas. Deus, acima de todos, é o maior provocador de mudanças, pois essa é Sua essência, e Ele depende dela para também transcender-se num Deus melhor e maior a cada nova Era Cósmica.)

Assim, como cada homem está condenado a tornar-se outro a cada instante, a personalidade passa a ser entendida com um conjunto fluido de pensamentos e vontades. Buda concluiu, então, que não existe alma e muito menos o "eu", a personalidade imutável e bem definida de cada ser humano.

Por fim, esquematizou essa percepção enganosa do "eu" num conjunto de denominado de Cinco Agregados

(Se os sentidos do homem são um guia, para onde eles o levam? Para Buda, manter-se conectado apenas a uma percepção de sensações, de cheio ou vazio, faz com que o homem não cresça, e quase sempre, caia em vícios, onde a fraqueza do caráter, geralmente está ligada, a uma fraqueza física.)

O primeiro deles é o corpo físico (rupa). O segundo, o sentimento, ou sensação (vedana), formado pelas experiências recebidas de modo sensorial, como dor e prazer. 

Em seguida vem a percepção, ou cognição (sanna), constituída pela elaboração de conceitos mais elementares, como raiva e paixão. As ideias mentais mais complexas - decisões, opiniões, teorias - formam o quarto agregado (sankhara). O último é a consciência (vinnana), responsável pela separação entre o "eu" e o mundo externo.

(Matrix, o filme que mesclou conceitos budistas com a percepção da não realidade dos homens modernos)

Reunidos, esses elementos em mutação formam  que se poderia chamar de indivíduo.

Quanto mais refletia, crescia em Sidarta a certeza de que o "eu" não existia.

Terceira Nobre Verdade:
A Eliminação dos Desejos Extingue o Sofrimento

Diante da impermanência que caracteriza a vida, restava saber como encontrar a paz interior.

Sidarta Gautama afirmou que aquele que conseguisse eliminar tanto a insatisfação como a ignorância sobre a realidade, atingiria o nível espiritual mais elevado de todos, o Nirvana, em que o sofrimento seria finalmente abolido.

Nesse momento, a pessoa se tornaria um Buda.

(Não existe a realidade, mas apenas o que você acha o que ela seja... Uma vez quebrada a falsa consciência de permanência, você mudará sempre seu destino, pois agora, sim, você estará livre para escolher: livre de seus sentimentos e ideologias, que são sempre fatos passageiros e mutáveis.)

No fundo, é um raciocínio parecido com o dos médicos: Constata-se a doença, procura-se a causa e, quando é encontrada, aplica-se a terapia que a elimina. 

Chega-se a Nirvana...

O conceito de Nirvana guarda semelhança com o de moshka, do Bramanismo. Ambos simbolizam o alívio final que vem com a liberação do samsara, o ciclo de reencarnações.

Contudo, enquanto um significa a comunhão com o Deus Brahma, o outro vinha da união com a impermanência do mundo.

Mas como seria alcançar o Nirvana?



Continua...


 

 

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