domingo, 27 de abril de 2014

Rumo ao Nirvana - Parte 3

Existiram Vários Budas?

A ideia de que um único Buda andaria pela Terra não era aceita por Sidarta Gautama.

(Complexo de Templos em Ajanta, Índia, onde os afrescos recentemente aberto ao público tem fascinado visitantes e historiadores nestes últimos 3 anos de pesquisa sobre uma nova faceta do budismo)
 
Em seus discursos, ele fazia questão de ressaltar que não havia inventado um conceito novo - apenas recuperado uma sabedoria extinta fazia tempo.

(Uma história contada através das esculturas lindamente detalhadas num megalito maciço onde as vidas dos Budas encarnados são apresentadas)

Para ele, outros homens haviam atingido a Iluminação no passado e outros passariam pelo mesmo processo no futuro (os budistas acreditam que o próximo Iluminado será o Buda Maitreya, "O Amoroso").


(Este nicho em Ajanta é iluminado apenas uma vez ao ano. No solstício de verão, Buda é iluminado pelo primeiro raio de sol do dia mais longo... A Geoarqueologia é uma disciplina fascinante onde descobrimos como templos e lugares estão dispostos de acordo com as estações do ano, estrelas e planetas)

Vale ressaltar também que Sidarta ficou conhecido como o Buda Sakyamuni, ou "aquele que veio do clã dos Sakya". 

Tal especificação só é compreensível quando se admite que havia outros Budas.


As Nobres Verdades
Primeira Grande Verdade: A Vida é Feita de Sofrimento.

Algumas das ideias de Buda tiveram como raízes crenças que eram difundidas na Índia no século 6 a.C.

Para o Bramanismo, religião que deu origem ao Hinduísmo, a alma de cada ser humano carregava o conjunto de ações da ida anterior - boas ou más. Isso determinava como seria o seu presente, definiria seu destino.


(O Carma são ações passadas se refletindo no presente. O propósito da reencanação é quitar o débito e transformar o futuro. O Budismo ensina que o adepto deve interromper este ciclo encarnatório que desgasta a alma do indivíduo e, numa outra perspectiva, nunca tem fim.)

Quanto pior alguém se comportasse, maior seria seu sofrimento na reencarnação seguinte. 

Se, por outro lado, procurasse praticar atos de bondade, teria recompensas quando voltasse ao mundo. O conceito recebeu o nome de carma e explicava porque as pessoas viviam em condições diferentes umas das outras. 

Além disso, deixava de fora a esperança de uma redenção no curto prazo, uma vez que prendia os homens a um ciclo interminável de nascimento, sofrimento e morte, denominado samsara.

(As almas partem todas juntas e são tratadas todas de um mesmo jeito: Transcender é a Lei universal. Mas ao reencarnarmos outras leis entram em ação. Buda questionou o quanto dessas Leis eram válidas e quais, de fato, eram divinas ou humanas.)

Os seres humanos estariam, assim sujeitos a uma repetição infinita das piores dores da existência. Quem se afastasse do mal poderia melhorar seu carma, o que o ajudaria a escapar desse caminho. 

A salvação, contudo, viria apenas para aqueles que também atingissem o supremo grau de conhecimento da natureza de si mesmos - a libertação, ou moshkaA partir daí, eles entrariam em comunhão com o deus Brahma e estariam livres para sempre do samsara.


Sidarta Gautama não ficou satisfeito com esse modelo. Ele enxergava um problema na sensação de impotência diante do hoje causada por esses dois conceitos. 

 
(O Samsara é o sentimento de sofrimento que todo encarnado traz consigo, mas não consegue explicar por quê. Os medos, fobias e sensações de tristeza constante diante de uma vida abundante, são sinais de samsara. Se numa encarnação nova, eu continuo sentido algo velho, qual a esperança de recomeçar?)

Como ser feliz se ações de uma encarnação anterior nos condenavam a uma série de dificuldades e tragédias até a morte?

Dificilmente alguém poderia sentir alívio...

Tanto o Carma como o Samsara não poderiam mais continuar como o centro das atenções...! O problema central era o sofrimento em si (duhkha, em sânscrito), a dor e/ou a insatisfação frequente.

Para Sidarta, esse sentimento tolhia as pessoas e as distanciava de Iluminação. Ele não estava falando apenas da tristeza que surge como consequência de momentos trágicos da vida, mas também dos aborrecimentos pequenos e muito mais frequentes no cotidiano, como o medo de engordar ao comer um doce!

Não era uma visão pessimista.

Buda sabia que existiam momentos bons. O que o intrigava era o motivo por que esses não duravam!


Segunda Nobre Verdade: O Sofrimento tem Origem no Desejo.


Observando cuidadosamente a natureza, Buda percebeu uma constante transformação.

As plantas brotavam, cresciam e ficavam diferentes a cada minuto.

 
(As percepções ativam o Carma, como nesta foto, a qual você pode identificar paz, liberdade e amor; ou melancolia, tristeza e separação. O casal está caminhando juntos ou lado a lado. O Carma de cada um muda a perspectiva de uma percepção compartilhada com outras pessoas...)

O tempo esquentava e esfriava...

No plano das sensações humanas, isso se repetia.

O cheiro de uma flor podia provocar felicidade, mas a emoção podia mudar se alguém sentisse o mesmo perfume dias depois. Era a Impermanência (annica, em sânscrito).



Continua...



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