Forte instrumento da religiosidade popular, o terço começou a ser usado no Cristianismo por volta do século 4, entre os monges do Oriente.
Na época, os cordões com nós ou contas, que equivaliam cada qual a uma oração, tinham como principal finalidade auxiliar os religiosos com pouca instrução. Havia monges que não sabiam latim e, por isso, não podiam cumprir o ofício divino.
Assim, era estipulado certo número de preces para eles, como compensação. As contas ajudavam na contagem das rezas.
Com o tempo, o uso dos cordões disseminou-se entre os fiéis que frequentavam os mosteiros e que, da mesma forma, não entendiam uma palavra da missa.
O terço católico na forma que o conhecemos hoje, um colar de contas com uma cruz pendurada, só apareceu entre os séculos 11 e 12, quando as orações rezadas nos mosteiros foram distribuídas em grupos correspondentes aos cinco mistérios de Cristo, que relatam passagens da vida de Jesus.
A cada dez ave-marias, medita-se sobre um dos mistérios, como a anunciação do anjo a Maria.
No total, são 50 aves-marias, cinco pais-nossos e cinco glórias-ao-Pai.
A popularização do terço deu-se com maior intensidade a partir do século 13, com as cruzadas, sobretudo devido ao trabalho incansável de São Domingos, grande pregador popular.
Reza a lenda que Nossa Senhora teria aparecido para ele e lhe transmitido o rosário, como passou a ser chamado o conjunto de orações que reúne os três grupos de cinco mistérios de Jesus - os gozosos, os dolorosos e os gloriosos.
Em 2002, o papa João Paulo II, cuja oração preferida era o rosário, acrescentou ainda os mistérios luminosos, que contemplam a vida pública de Jesus.
Agora, não se pode mais dizer que reza-se o terço - equivalente à terça parte do rosário - mas, sim, o "quarto".
Na Igreja Ortodoxa é usado o terço bizantino, também conhecido como starets ou combolói. Inicialmente, ele era confeccionado de lã negra trançada e tinha 100 nós, mas hoje também é feito de contas, cujo número pode variar.
A cada uma delas, o fiel repete a jaculatória "Jesus, Filho de Deus vivo, tem compaixão de mim, que sou pecador", que pode ser intercalada por um pai-nosso ou pequenos trechos de meditação sobre os Evangelhos.
O ritual do terço é muito importante para os crentes católicos, pois é um modo de estar em oração diante de Deus, num espírito de paciência, humildade e bondade.
Independentemente da tradição, se católicos ou ortodoxos, os religiosos afirmam que, ao rezar o terço sentem-se mais próximos de Deus, chegando até a se desligar do resto do mundo, tamanho o estado de contemplação.
É uma terapia espiritual, muitos dizem. As pessoas dedilham as contas, oram e isso lhes dá muita paz, pois o fazem com fé.
Também é essencial uma reflexão atenta, além da fé, ao rezar o terço. O ponto fundamental não é a repetição da ave-maria, mas a meditação sobre os mistérios de Cristo.
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