Há milênios o ser humano peregrina a locais sagrados. Saiba quais são as motivações, as dificuldades e as experiências vividas ao longo de uma jornada de fé rumo ao Divino.
Não importa se os pés têm bolhas, se as costas doem ou se a roupa está suada e suja. Quando chega ao fim de sua jornada, o peregrino experimenta uma sensação incomparável: o cansaço físico dá lugar a uma leveza de espírito sem igual.
Na bagagem, aprendizados, descobertas e uma fé muito mais vívida, depois de ter sido colocada à prova a cada passo. O viajante não é mais o mesmo indivíduo que dias antes saiu de casa para empreender uma visita a um santuário ou trilhar um caminho tido como sagrado.
Ele se lançou ao desafio de encontrar o microcosmo e macrocosmo dentro de si. Ou seja, pôs sua alma para se exercitar e dialogar com o mundo exterior. Por isso, transformou-se.
As peregrinações estão presentes na história da humanidade desde tempos imemoriais. Perdeu-se nos séculos o momento em que o homem saiu, pela primeira vez, em busca daquilo que lhe era sagrado.
Talvez a mais remota jornada da qual haja um registro escrito tenha sido aquela que o patriarca bíblico Abraão realizou, quando deixou a cidade de Ur para lançar-se no deserto e assim atender aos desígnios de Deus.
Mas viagens transformadoras, impregnadas de fé e de sentido mítico, estão presentes na história da maioria das religiões. Na Grécia Antiga, por exemplo, os fiéis viajavam para buscar respostas nos oráculos. No Catolicismo, a peregrinação tomou forma a partir do ano 600, na Alta Idade Média.
Naquela época, a visita a relíquias de santos popularizou-se pela Europa, atraindo os que procuravam fortalecer-se com o poder emanado pelos despojos de homens exemplares.
Contudo, havia também quem peregrinasse para expurgar os próprios pecados. Em 2000, considerado o "ano santo" pela Igreja, o papa João Paulo II conclamou os fiéis católicos a visitarem pelo menos um santuário para alcançar as indulgências plenárias. Calcula-se que só o Vaticano tenha recebido 30 milhões de visitantes.
Os mulçumanos, por sua vez, revivem o trajeto trilhado por Abraão no deserto até o ponto em que ele e o filho Ismael construíram a Caaba, o templo máximo do Islã. A jornada anual a Meca, na Arábia Saudita, chama-se Hajj.
Peregrinar até a primeira casa de Deus é reiterar a obediência a Allah e compreende que todos são iguais perante Ele. No Hajj, lapida-se os valores e renova-os, compreendendo o significado profundo das prioridades da vida.
No Judaísmo, a peregrinação dos fiéis esteve sempre muito ligada ao Templo Sagrado - o único local de reverência a Deus, na concepção judaica, erguido em Jerusalém por volta do primeiro milênio antes de Cristo.
Era lá que os judeus se apresentavam diante da face de Yahweh três vezes por ano, no Pessach (Páscoa), no Shavuot (Pentecostes) e no Sukot (festa dos Tabernáculos).
O Templo foi destruído há quase dois mil anos e o que restou dele é o Muro das Lamentações. Hoje, os judeus visitam-no, mas também empreendem viagens à tumba dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, sepultados na Gruta de Makhpela, em Hevron, Israel, ou a túmulos de importantes rabinos, como Hachman de Braslav, na Ucrânia.
O ser humano vive adormecido e precisa acordar para entender quem ele é em sua essência. A peregrinação leva a esse despertar.
Sidarta Guatama também trilhou um longo caminho - espiritual e material - até encontrar um lugar adequado onde pudesse praticar a meditação de tal forma a alcançar a iluminação.
O ser humano, religioso ou não, necessita encontrar-se com o Sagrado e há locais que abastecem essa busca. A despeito de cada crença, o que transforma o lugar em centro de peregrinação - seja um templo, uma vila por onde Buda passou ou uma montanha - é seu campo energético.
A subida ao Monte Fuji, no Japão, por exemplo, conecta o caminhante com a atmosfera sagrada dos antigos oráculos que estavam instalados ali e eram procurados por peregrinos e samurais.
No Hinduísmo, ir a um santuário é empenhar-se na apropriação de si mesmo. Há locais que potencializam a divindade que cada um de nós carrega.
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Não importa se os pés têm bolhas, se as costas doem ou se a roupa está suada e suja. Quando chega ao fim de sua jornada, o peregrino experimenta uma sensação incomparável: o cansaço físico dá lugar a uma leveza de espírito sem igual.
Na bagagem, aprendizados, descobertas e uma fé muito mais vívida, depois de ter sido colocada à prova a cada passo. O viajante não é mais o mesmo indivíduo que dias antes saiu de casa para empreender uma visita a um santuário ou trilhar um caminho tido como sagrado.
Ele se lançou ao desafio de encontrar o microcosmo e macrocosmo dentro de si. Ou seja, pôs sua alma para se exercitar e dialogar com o mundo exterior. Por isso, transformou-se.
As peregrinações estão presentes na história da humanidade desde tempos imemoriais. Perdeu-se nos séculos o momento em que o homem saiu, pela primeira vez, em busca daquilo que lhe era sagrado.
Talvez a mais remota jornada da qual haja um registro escrito tenha sido aquela que o patriarca bíblico Abraão realizou, quando deixou a cidade de Ur para lançar-se no deserto e assim atender aos desígnios de Deus.
Mas viagens transformadoras, impregnadas de fé e de sentido mítico, estão presentes na história da maioria das religiões. Na Grécia Antiga, por exemplo, os fiéis viajavam para buscar respostas nos oráculos. No Catolicismo, a peregrinação tomou forma a partir do ano 600, na Alta Idade Média.
Naquela época, a visita a relíquias de santos popularizou-se pela Europa, atraindo os que procuravam fortalecer-se com o poder emanado pelos despojos de homens exemplares.
Contudo, havia também quem peregrinasse para expurgar os próprios pecados. Em 2000, considerado o "ano santo" pela Igreja, o papa João Paulo II conclamou os fiéis católicos a visitarem pelo menos um santuário para alcançar as indulgências plenárias. Calcula-se que só o Vaticano tenha recebido 30 milhões de visitantes.
Os mulçumanos, por sua vez, revivem o trajeto trilhado por Abraão no deserto até o ponto em que ele e o filho Ismael construíram a Caaba, o templo máximo do Islã. A jornada anual a Meca, na Arábia Saudita, chama-se Hajj.
Peregrinar até a primeira casa de Deus é reiterar a obediência a Allah e compreende que todos são iguais perante Ele. No Hajj, lapida-se os valores e renova-os, compreendendo o significado profundo das prioridades da vida.
No Judaísmo, a peregrinação dos fiéis esteve sempre muito ligada ao Templo Sagrado - o único local de reverência a Deus, na concepção judaica, erguido em Jerusalém por volta do primeiro milênio antes de Cristo.
Era lá que os judeus se apresentavam diante da face de Yahweh três vezes por ano, no Pessach (Páscoa), no Shavuot (Pentecostes) e no Sukot (festa dos Tabernáculos).
O Templo foi destruído há quase dois mil anos e o que restou dele é o Muro das Lamentações. Hoje, os judeus visitam-no, mas também empreendem viagens à tumba dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, sepultados na Gruta de Makhpela, em Hevron, Israel, ou a túmulos de importantes rabinos, como Hachman de Braslav, na Ucrânia.
(Tumba dos Patriarcas)
O ser humano vive adormecido e precisa acordar para entender quem ele é em sua essência. A peregrinação leva a esse despertar.
Sidarta Guatama também trilhou um longo caminho - espiritual e material - até encontrar um lugar adequado onde pudesse praticar a meditação de tal forma a alcançar a iluminação.
O ser humano, religioso ou não, necessita encontrar-se com o Sagrado e há locais que abastecem essa busca. A despeito de cada crença, o que transforma o lugar em centro de peregrinação - seja um templo, uma vila por onde Buda passou ou uma montanha - é seu campo energético.
A subida ao Monte Fuji, no Japão, por exemplo, conecta o caminhante com a atmosfera sagrada dos antigos oráculos que estavam instalados ali e eram procurados por peregrinos e samurais.
No Hinduísmo, ir a um santuário é empenhar-se na apropriação de si mesmo. Há locais que potencializam a divindade que cada um de nós carrega.
Continua...
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