quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Contatos Imediatos - Parte 3


Um exemplo seriam as orações e os rituais específicos para os mortos, como as festas católicas do Dia de Finados. Ou então, as manifestações que viriam diretamente do mundo espiritual - do próprio Deus, de Cristo ou de Maria, por intermédio de aparições.

Há séculos a Igreja Católica vem acumulando relato de santos e fiéis que afirmaram ter visto a mãe de Jesus e recebido dela advertências e mensagens de conforto, amor e paz.

Independentemente de como se considere essa relação com o plano não concreto, ela passa sempre pela tentativa de compreender, ainda que no âmbito da fé, o mistério da existência. As religiões buscam razões para o sentido desta vida dentro de um outro mundo.

As provas podem estar no recado recebido numa sessão mediúnica. Ou no aconselhamento espiritual que ocorre depois de uma gira da Umbanda. Talvez na atmosfera acolhedora de um ritual oriental de homenagem aos ancestrais. 

Para quem tem fé, é reconfortante saber que não estamos sozinhos na jornada - aqui ou lá.

Quem estaria do outro lado?

Cada crença, uma sentença. Veja as respostas que as várias religiões propõem à questão do título, cada qual de acordo com sua doutrina:

Espiritismo

No mundo não palpável estariam os espíritos desencarnados, ou seja, que deixaram o corpo físico. Lá também se encontrariam os espíritos superiores, que, livres do processo de reencarnação, influenciariam positivamente as ações humanas. E os inferiores, que, ainda em fase de evolução, estimulariam sentimentos egoístas. 

Umbanda

Entidades como o preto-velho, o caboclo e a criança representariam nossos ancestrais. Livres do processo de reencarnação, seriam conselheiros da humanidade e também dos espíritos atrasados, chamados de kiumbas (espíritos sem luz). Na escala da evolução, tais entidades encontram-se dois degraus abaixo do plano divino, sob a orientação dos orixás, divindades ligadas à natureza.

Candomblé

O contato com o mundo espiritual se daria diretamente com os orixás. Nos terreiros, as divindades incorporam nas iaôs (médiuns) para festejar com os fiéis e abençoá-los. Os espíritos ancestrais (eguns) não incorporam, mas recebem oferendas. 

Xamanismo

Segundo os mitos indígenas, existem espíritos guardiões das espécies da natureza, como o tabaco (vegetais), a flauta jakuí (instrumentos cerimoniais) e animais de pêlo. Eles apareceriam na forma de índios e poderiam ser bons ou maus. Os bons espíritos auxiliariam as tribos nos problemas contidianos. Os maus, crê-se, poderiam capturar a alma dos vivos durante o sono. 

Catolicismo

No plano espiritual, abaixo de Deus, haveria os santos, vistos como intercessores da humanidade junto ao Pai, Mas não fariam contato direto com os vivos. Os anjos, por sua vez, são criaturas puramente espirituais, sem vínculo material. Porém acredita-se que Maria, mãe de Jesus, manifeste-se diretamente para os fiéis por meio de aparições. 

Evangélicos

Para eles, haveria apenas dois elos diretos com o mundo não palpável. De um lado, estaria o Espírito Santo, que concederia aos fiéis os mesmos dons divinos dos apóstolos de Cristo. De outro, o Demônio, que representaria o mal presente na Terra e que poderia influencia as pessoas, tomando o corpo delas.


Visão Oriental sobre o Elo com o Além

O renascimento da alma é um dos pilares das doutrinas orientais. Saiba, então, como cada uma delas explica a comunicação com aqueles que já morreram:

Hinduísmo

O culto aos antepassados é um dos rituais que compõem os samskára sádhanas (sacramentos hindus). O contato com os mortos objetiva a reverência, a orientação e, por vezes, a elucidação de fatos que não compreendemos. As práticas evolvem mantras, mentalizações e oferendas. Visões intuitivas também são transmitidas aos hindus por meio do terceiro olho, indicado por uma marca na testa.

Budismo

Na linha tibetana, há uma cerimônia de meditação profunda, chamada powa (prática de transferência da consciência),para os que acabaram de morrer. O principal objetivo é evitar que estas pessoas continuem presa no interminável ciclo da morte e do renascimento. Por meio de mantras e visualizações e do treino de yoga, os monges facilitam o movimento da consciência dos mortos para fora do corpo, enviando-os para a experiência da bênção de Buda. Chama-se a isso de terra pura, ou estado de experiência direta da compaixão de Buda.

Taoísmo

Crê-se que os deuses taoístas, representados por figuras humanas, sejam ancestrais milenares. Eles comporiam as diferentes formas da natureza, é encantada e carrega a possibilidade do contato mediúnico. Em sus práticas meditativas, os sacerdotes podem comunicar-se com as entidades. Cânticos, objetos rituais e incensos servem para excitar os sentidos.

Xintoísmo

Como no Taoísmo, o sacerdote é quem desenvolve as faculdades de comunicação com o mundo espiritual - ou seja, visões e contato com seres ancestrais. A vocação para iniciar-se no credo é precedida destas manifestações. Os espíritos do Xintoísmo, os Kamis, estariam em tudo o que circunda o homem, nas casas, nas ruas e até nos eletrodomésticos.  Para incorporá-los, os fiéis preparam-se com ritos de incensos e orações.

A Relação do Cinema sobre os Mortos

"Se eu perdesse minha esposa e um pássaro pousasse na minha janela, olhasse nos meus olhos e dissesse: 'Sean, sou eu, Anna. Estou de volta'. O que eu diria? Acreditaria nele. Ao menos ia querer. Ficaria amarrado no pássaro. Por outro lado, sou um homem de ciência. Não acredito nessas tolices".
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Depois de dizer estas palavras, Sean morre subitamente enquanto se exercitava. Dez anos mais tarde, um garoto de 10 anos de idade aparece para sua esposa, Anna, e diz que é Sean reecarnado. Se ela crê? Sim, a ponto de largar o noivo que levara anos para convecê-la a deixar o luto.Este é o enredo do Filme Reencarnação (Birth, no título original), dirigido por Jonathan Glazer e estrelado por Nicole Kidman (no papel de Anna), que estreou nos cinemas brasileiros no início de Abril de 2005.

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Não seria a primeira vez que a sétima arte levanta questões quanto à possibilidade de existência de vida após a morte, espíritos e fenômenos sobrenaturais. Há mais de 15 anos o polêmico tema já havia rendido sucesso de bilheteria com Ghost, do Outro Lado da Vida, de Jerry Zucher, onde o banqueiro Sam (Patrick Swayze), assassinado diante de sua esposa Molly (Demi Moore), utiliza-se de uma médium trambiqueira (Whoppi Goldberg) para lhe dar um aviso.

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Outra película que movimentou as salas de cinema foi O Sexto Sentido, de 1999, dirigido por M.Night Shyamalan, onde Cole, um garoto de 8 anos, vive sozinho a angústia de ver e ouvir espíritos, sem poder contar com a ajuda de sua mãe, que não crê nessa possibilidade.



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Atualmente, uma grande produção brasileira com recursos e efeitos-especiais estrangeiros, nos contou a história de um dos maiores espíritos-guias entre os Espíritas, André Luiz, em Nosso Lar, dirigido por Wagner de Assis, distribuído pela 20th Century Fox. Uma produção que nos conta a saga de uma pessoa que tem que lutar também do "outro lado" por sua evolução e crescimento espiritual.

Por meio da ficção, portanto, explora-se o intenso desejo do ser humano de continuar a existir em algum plano após a morte. As manifestações artísticas parecem, via de regra, baseadas na mesma matéria-prima que fundamenta a religão, a ciência e a filosofia: a tentativa de dar uma rasteira nos limites humanos mais básicos como a morte, o sofrimento e a ignorância.

Se por um lado esses filmes nos dão esperança, também podem ser traiçoeiros. Negar a morte e a perda muitas vezes pode ser um obstáculo para o próprio desenvolvimento emocional.

Muitas películas inspiraram-se em preceitos religiosos que explicariam o motivo de nossa existência. A abordagem do filme Reencarnação, por exemplo, embora leiga no que se refere à doutrina espírita, levanta algumas questões sobre o assunto. Para respondê-la, convidamos Paulo Ribeiro, diretor de Doutrina da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, para uma conversa numa conferência digital, no dia 10 de janeiro:

O espírito escolhe para quem se manifesta?

R: Se ele tem a intenção de se comunicar com alguém, utiliza-se de um médium com capacidade para interpretar seu pensamento.

Ao morrermos, nosso espírito apaga a memória desta vida?

R: A memória do espírito continua com ele, não está localizada no corpo físico. Ela armazena a história não só de uma encarnação, mas de todas as outras.

Qual seria o tempo entre a morte e a reencarnação?

R: O espírito leva anos para voltar a outra vida. Ele precisa de um período para fazer um balanço de seus interesses, verificar os resultados da última encarnação e fazer planos para a próxima.

Temos como saber como alguém que já morreu se está reencarnado?

R: Essa percepção não pertence a nós. Quando um espírito desencarna, assume uma nova fase. É como mudar de cidade, com outro endereço e outros amigos. Tal conhecimento não seria natural, embora, com determinadas personalidades, notóriamente desenvolvidas, tais lembranças possam ser possíveis e até comprovadas por situações ou lembranças em encontros com pessoas ou locais que, na encarnação atual, a pessoa em questão nunca visitou, podendo transitar ou encontrar coisas ou pessoas e, ambas, perceberem forte afinidade inexplicável para ambos.


Fim.:.




Referências Bibliográficas

Livros

O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, Ide Editora, 2003.
O Xamanismo, de Alix Montal, ed. Martins Fontes, 1986.
Umbanda: O Elo Perdido, de F. Rivas Neto, ed. Ícone, 1999.

Site

www.pesquisapsi.com

Filmes

O Sexto Sentido ( The Sixth Sense),  de N. Night Shyamalan, distr. Hollywood Pictures.
Nosso Lar, de Wagner de Assis, distr.20th Century Fox.

Programas-Documentários

Caçadores de Fantasmas - The Ghost-Hunters (utilizar o atalho para pesquisar outros vídeos correlatos).








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