quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Os Guias do Caminho - Parte 1


Eles tiveram uma vida difícil, foram discriminados e punidos por suas diferenças étnicas e sociais, mas hoje habitam os Céus e orientam a humanidade com sua sabedoria. Conheça os espíritos conselheiros da Umbanda.

Em um reino encantado dos Céus chamado Aruanda, um espaço místico onde se preza a paz, a liberdade e a sabedoria, existe um povoado espiritual de idosos, jovens e crianças que visitam a Terra para acalentar o coração aflito dos humanos.

Invocados por meio de orações, leituras bíblicas, cânticos e toques de tambores, esses seres divinos deslocam-se de sua morada celeste para incorporar em alguns filhos de fé e, por intermédio deles, operar curas físicas e espirituais.

Conhecidos na Umbanda como a tríade de pretos-velhos, caboclos e crianças, eles seriam espíritos de luz que um dia foram humanos e, depois de uma vida de sofrimentos e provações, desencarnaram e tornaram-se ajudantes dos orixás (os deuses das energias cósmicas) e de Olorum (ou Zambi), o criador do Universo.

A Umbanda acredita que os integrantes desta tríade espiritual atuam como guias da humanidade. Eles remetem às diferentes fases da vida e teriam a função de orientar os fiéis com os atributos de cada etapa.

A criança simboliza a pureza, resolve as coisas sem preconceitos. Os caboclos têm o vigor, a força e o arrojo da nossa fase jovem e adulta. E os pretos-velhos representam sabedoria, paciência e tranquilidade.

Essas entidades também são vistas como precursoras da nação brasileira. Suas histórias, segundo estudiosos, reconstituem as mazelas do período colonial e a dura batalha entre imigrantes europeus e povos "de cor".

São, sobretudo, estereótipos do brasileiro, das imagens que se fixaram na história oficial e na cultura popular do País.

O preto-velho simboliza os escravos africanos, tirados à força de seu continente e vendidos aos brancos para trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar. Os caboclos espelham os milhares de índios dizimados pelos colonizadores por lutarem em defesa de suas terras.

Com o surgimento da Umbanda, há cerca de 80 anos, essas duas raças tornaram-se símbolos de veneração entre os fíeis. Ocorrem uma inversão simbólica da condição social dos negros e índios, historicamente oprimidos e cujos descendentes foram os criadores desta religião.

Já os espíritos das crianças indicam aqueles que morreram cedo, vítimas de epdemias e da taxa de mortalidade infantil que perdurou, principalmente, até a década de 40.

Mais do que figuras do passado, a tríade da Umbanda ainda representaria alguns segmentos marginalizados pela sociedade atual. O negro sofre discriminação por ter uma história de escravidão; o velho e a criança, por não serem produtivos economicamente; e o índio, por não ser "civilizado".

Mas o sofrimento e a opressão não teriam causado rancor a essas almas, que se dedicaram a ajudar a humnidade. Em sua nova condição, são procuradas para oferecer apoio àqueles que enfrentam dificuldades na vida.

Antes excluídas, eles então se divinizaram na forma de um sábio vovô, de um valente índio e de uma ingênua criança. São representações de imagens arquétipas, ou seja, de símbolos comuns à psique humana, mas com uma linguagem mais próxima à realidade brasileira.


Outras Entidades Espirituais

No universo umbandista, os orixás simbolizam sete raios de energias que correspondem a forças da existência, como o amor, a transformação e a justiça. Cada uma dessas linhas de vibração seria habitada pelos espíritos que "baixam" nos terreiros.

Os mais importantes são os pretos-velhos, caboclos e crianças, que formam a tríade da umbanda.

Há também entidades que aludem a outros segmentos sociais marginalizados, como ciganos e boiadeiros, que se desenvolveram no plano astral, vencendo as dificuldades da vida terrena. Logo abaixo, viriam os espíritos "das trevas", os exus e as pombagiras, encarregados de ajudar os humanos em questões terrenas.

Conheça melhor algumas delas.

Exu - Brincalhão, usa roupas pretas ou vermelhas, Fuma charuto e bebe aguardente, com os quais manipula energias. Gosta da noite e das encruzilhadas e combate feitiços. Sua aparência lembra o Diabo dos cristãos.

Pombagira - Assim como Exu, pode fazer o bem e o mal. Frequenta cemitérios e encruzilhadas. Bela e vaidosa, ajuda nos problemas sexuais e gosta de atrair os homens.

Boiadeiro - Jovem e másculo, doma os bois no sertão. Representa aquele que leva o rebanho como se estivesse guiando os fiéis no caminho do bem.

Cigano - é conhecido pela roupa colorida, a musicalidade e a dança. Originário da Índia, viaja por todo o mundo e, por isso, simboliza a universalidade. Seu nomadismo mostra que a vida é uma eterna mudança.

Marinheiro - Sorridente, vestindo um boné de marujo, anda imitando o balanço do mar, o que simboliza seu controle sobre o ritmo da vida. Com palavras macias e diretas, ensina as pessoas a saírem dos mares bravios.


Continua...



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