As duas primeiras partes do segredo de Fátima foram reveladas por Lúcia em 1927.
Segundo a Igreja, a primeira dizia respeito à premonição sobre a vida das crianças - Francisco e Jacinta estariam pouco tempo entre os mortais e Lúcia viveria mais, como realmente aconteceu.
Parece haver também uma "visão do Inferno", já que Lúcia viu imagens que sugeriam isso, projetadas na superfície da esfera que a aparição portava.
A segunda parte mencionava o fim da Primeira Guerra Mundial e o início da Segunda, além da ascensão e queda do comunismo da União Soviética. O restante do segredo ficaria oculto durante seis décadas por vontade expressa da Virgem Maria, de acordo com Lúcia.
Ao final de 1943, Lúcia - então gravemente doente - escreveu a terceira parte por ordem do padre jesuíta com quem se confessava. Mas esta só foi revelada no dia 26 de junho de 2000, por decisão do papa João Paulo II.
Falava de um anjo com uma espada de fogo, um "bispo vestido de branco", que caminhava entre os escombros de uma grande cidade com muitos cadáveres, principalmente de religiosos. Ao chegar no alto de um monte, ele era morto por um grupo de soldados.
O cardeal Joseph Ratzinger, da Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano, apresentou uma interpretação que satisfazia ao papa: "O bispo branco" seria João Paulo II, que sofrera um atentado a bala em 1982. A interpretação não agradou a todos, porque na profecia o bispo morria e, na vida real, o papa sobreviveu.
E o Mistério Continua...
Embora o segredo tenha sido divulgado pela Igreja, alguns pesquisadores acreditam que seu conteúdo possa ter sido manipulado. Segundo alguns teológos, as duas primeiras partes do segredo de Fátima eram convenientes para a política de alguns países ocidentais da época.
Elas silenciaram o facismo europeu, os ditadores Hitler e Mussolini e o extermínio de 6 milhões de judeus, mas satanizaram a Rússia e o comunismo por combaterem o Catolicismo e por serem pomotores de guerras.
Alguns historiadores como Fernandes e D'Armada, que são co-autores do livro Fátima: Nos Bastidores do Segredo, também defendem que, ao redigir o mistério, Lúcia teria sido influenciada por seus confessores.
Um deles chamava-se José Bernardo Gonçalves. Ele já era confessor de Lúcia quando a Rússia passou a figurar na mensagem de Fátima. Teve, assim, acesso ao segredo e influência sobre sua redação antes de as aparições serem consideradas "digna de crédito" pelo bipo de Leiria, em 1930.
Esses pesquisadores acham que por trás destas manobras se ocultava um antigo sonho da Igreja: a conversão da Rússia ao Catolicismo.
A Igreja não faz novos pronunciamentos sobre esse assunto. Mas permanecem as teorias de que a mensagem não foi devidamente interpretada e pode ocultar revelações importantes à humanidade.
A única pessoa que poderia comprovar ou negar essas teorias morreu em 13 de fevereiro de 2005. Depois de viver 83 anos enclausurada, irmã Lúcia levou consigo o divino segredo de Nossa Senhora.
Guardado a 7 Chaves
Em um manuscrito de Lúcia pouco conhecido, datado de 1922, ela conta que o segredo revelado pela apareição constava de "palavrinhas".
A menina teria sido a única a ouvir a entidade falar enquanto as outra duas crianças, que estavam junto a ela, teriam escutado apenas zumbidos. Nenhum dele disse ter ouvido um zumbido mais longo a ponto de poder ter sido comunicado à vidente um discurso complexo.
Em 1927 Lúcia "recebeu permissão do Céu" para revelar as duas primeiras partes do segredo de Fátima. Anos depois, já no convento de Tuy, na Espanha, seu confessor ordenou que redigisse suas memórias, incluindo a terceira parte da revelação.
Em 1944 o manuscrito do "terceiro segredo" foi levado ao bispo de Leiria. O Santo Ofício pediu uma fotocópia dos escritos de Lúcia, além da carta lacrada contendo a sigilosa mensagem.
Na década de 50, o papa João XXIII teria lido o documento, mas não se pronunciou a respeito. O cardeal italiano Ottaviani afirmou que, em 1967, o mesmo papa guardara o segredo num arquivo, uma espécie de poço "no qual cai a carta até o fundo negro, muito negro, e ninguém vê mais nada".
Por isso acredita-se que o manuscrito original do segredo de Fátima esteja perdido em algum arquivo da Igreja.
FIM.:.
Referências Bibliográficas
Livro
Fátima: Nos Bastidores do Segredo, de Fina D'Armada, ed. Martins Fontes, 2001
Site
www.santuario-fatima.pt
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