terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fonte de Satisfação, Perigo de Tentação! - Parte 2


Na Bíblia, os ricos já foram duramente criticados. No Antigo Testamento, profetas ergueram a voz contra aqueles que acumulavam riquezas à custa da exploração do povo.

No Novo testamento, Jesus comparou o rico a um camelo, lembrando que é mais fácil este último passar pelo buraco de uma agulha do que o rico ir para o céu. Mas não é preciso levar esse ensinamento ao pé da letra. "Devemos atualizar o que era falado naquela época. Muitas coisas eram ditas especificamente para os romanos e gentios", diz o pastor Eduardo Oliveira, da Igreja Renacer de Pinheiros, em São Paulo.

O dinheiro e a riqueza, neste caso, não são tidos como pecado ou sinal de que não haverá salvação para o indivíduo. O dinheiro é uma benção de Deus, desde que venha de uma maneira lícita e seja resultado do trabalho, os evangélicos afirmam.

Algumas igrejas cristãs, acreditam que a graça divina não vem apenas na forma de saúde, harmonia e paz. Bênçãos também significam benefícios financeiros. É a chamada Teologia da Prosperidade, que ganhou força entre algumas igrejas neopentecostais.

Muitas igrejas funcionam como se fossem empresas capitalistas, anunciando aquilo que diz a bíblia, mas submetendo essas mensagens à vontade do mercado consumidor religioso. Para muitos pastores, a dádiva financeira não deve ser entendida apenas como um ganho econômico. Quando se fala em prosperidade, muitas vezes se pensa em uma prosperidade financeira. No entanto, muitos asseveram que eles tem um Deus de teologia completa, que os abençoa com todas as coisas.

O aumento do poder de consumo também não deve ser a mensagem principal das igrejas, na opinião de muitas autoridades católicas.  A função princiapal da religião é anunciar a salvação em Jesus Cristo. Mas não substituir a salvação escatológica pela procura de bens materiais porque isso, em parte, é uma ilusão, dizem.

As armadilhas do desejo de enriquecimento e de prosperidade são muitas.

Sorte dos fiéis, pois não faltam parábolas, escritos e ensinamentos religiosos que mostram a melhor maneira de escapar delas.

A religião islâmica tem um ditado segundo o qual o dinheiro deve ser carregado na mão e não no coração. Se ele estiver no coração, ele controla a pessoa. Se estiver na mão, a pessoa o controla, afirmam.

Mas enriquecer não significa necessariamente sucumbir à tentação. Como bem ilustra um outro ditado, desta vez judeu: "O mais longo dos caminhos é o que leva ao bolso." - Ou seja, o processo de obtenção de dinheiro também pode reservar oportunidades de autoconhecimento.

Se analisarmos o que aconteceu nessa trajetória, conseguiremos conhecer muito sobre nós mesmos, nossos medos, inseguranças, invejas e apegos, dizem os rabinos.

O Caminho do Desapego

O dinheiro parece não exercer nenhuma atração sobre os monges digambaras, na Índia. eles levam uma vida sem confortos. Abdicam dos bens materiais, até mesmo das roupas do corpo. A única coisa que carregam é um espanador feito de penas, para afastar os insetos do caminho.

Embora o desapego aos bens materiais seja uma constante em algumas religiões orientais, muitas não levam o ideal ascético ao extremo como os digambaras.

O Zen-Budismo, por exemplo, reconhece a necessidade do dinheiro. As coisas materiais podem nos dar condições de cuidar melhor de quem precisa, afirmam.

Contudo, se o dinheiro é bem-vindo, os execessos e luxos não são. Os bens materiais, acreditam os zen-budistas, embora tragam conforto, também podem aprisionar. Com o tempo, muitas pessoas não conseguem mais viver se não tiverem dinheiro sobrando, se não vestirem a roupa de grife, se não almoçarem no restaurante da moda.

Como se a vida dependesse dessas coisas. Por isso, os monges - de qualquer corrente do Budismo - exercitam o desapego com atos como raspar o cabelo, trocar as roupas pelo tradicional manto e abrir mão da riqueza pessoal.


Continua...





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