sábado, 27 de outubro de 2012

Fonte de Satisfação, Perigo de Tentação! - Parte 1


Amado, desejado e idolatrado, o dinheiro virou uma espécie de deus das sociedades capitalistas. Atentas ao perigo, as religiões ensinam a melhor maneira de lidar com ele e escapar das armadilhas da ganância. 

Trinta moedas de prata por um beijo. A proposta era tentadora e Judas não pensou em recusar. De olho na pequena fortuna, aceitou denunciar seu mestre aos homens que queriam matá-lo. Afinal, pensou, só precisaria beijar Jesus na face para identificá-lo para os algozes e encher o bolso de moedas.



Foi bem pago por isso. Mas, em troca, tornou-se um dos personagens mais odiados de todos os tempos, símbolo daqueles que não hesitam em trair ou mentir por uma boa quantia de dinheiro.



O exemplo de Judas é apenas um entre tantos maus atos que já foram cometidos em nome do dinheiro. Esses pedaços de papel e esferas de metal surgiram para agilizar o comércio entre os homens, substituindo a antiga troca de mercadorias.



As primeiras moedas apareceram no século 7 a.C., no reino da Lídia (atual Turquia), e facilitaram a vida em sociedade. No entanto, mais do que um meio para adquirir coisas, o dinheiro passou a ser visto como uma forma de obter poder. E por ele muito se mentiu matou, destruiu e escravizou.



O escritor inglês George Bernard Shaw certa vez afirmou: "A falta de dinheiro é a raíz de todo os males". Será que o acúmulo ou a ausência de riquezas consegue despertar o que há de pior nos indivíduos? Para as religiões, o problema não está exatamente no dinheiro, mas na forma como nos relacionamos com ele. O dinheiro é um meio, como tudo nesse mundo. Pode ser usado para o bem ou para o mal.



Em si, o dinheiro não é nada. É um pedaço de papel. O problema é que aquilo que surgiu para facilitar nossas vidas começou a ser objeto de desejos.



O dinheiro ganhou o estatus de um verdadeiro deus na sociedade capitalista. Passou a ser adorado, respeitado, temido e buscado incessantemente. O ser humano está tão influenciado pela cultura capitalista que faz do dinheiro o fim último da vida.



É isso o que todas as religiões criticam. No Cristianismo, por exemplo, a devoção ao dinheiro é combatida por ser irreconciliável com os ensinamentos de Jesus. Ele nos ensinou que não podemos servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro. Esta passagem se refere ao Evangelho de Mateus 6:24.



A exigência básica das religiões é que, ao relacionar-se com o dinheiro, o fiel esteja de acordo com os preceitos de sua fé. E não se trata apenas de obedecer a normas morais. algumas crenças também orientam seus adeptos sobre questões práticas envolvendo as finanças.



É o caso dos mórmons, por exemplo, que aconselham os fiéis a não contrair dívidas e a evitar compras a prazo. Eles dizem que seus membros fiéis da Igreja não tem o nome sujo na praça.


O Caminho da Properidade


A natureza está cheia de lições que ensinam a lidar com o dinheiro. É o que garantem os adeptos do Taoísmo, religião milenar chinesa.



O calor que sucede o frio, a seca após a chuva, a abundância de vida ou a escassez dela. O mundo tem seus ciclos e o dinheiro também. Por isso, é importante ficar atento a esses altos e baixo. Na nossa vida, o dinheiro segue essa lei natural. Às vezes, está menos disponível, às vezes, mais.



O grande cuidado, segundo os taoístas, é não cultivar o desejo da riqueza e agir conforme a circunstância que se apresenta. Por isso, no período de fartura, os taoístas sabem que precisam fazer uma pequena reserva para os momentos de escassez. Isso é pragmatismo!



Pragmáticos também são os mórmons. Para eles, dinheiro garante educação. Educação garante boas oportuniddes de trabalho e, com um bom emprego, o fiel pode cuidar melhor de sua família e do próximo.



Eles acreditam que tudo o que tem vêm de Deus. Diante disso, o dinheiro deve ser usado adequadamente para promover o bem de suas família, de sua sociedade e do próximo, ele afirmam. Os mórmons não condenam a busca da prosperidade e do sucesso material. Pelo contrário. Estimulam a auto-suficiência, especialmente entre os jovens, que são incentivados a destacar-se nos estudos e no trabalho. Para eles não é errado tornarem-se ricos, desde que isso ocorra com o intento de praticar o bem.



O judaísmo tembém não abomina a riqueza. A questão é o que fazer com ela. Mas é preciso entender bem o que é ser rico. No livro A Cabala do Dinheiro, o rabino Bonder explica que existem vários tipos de riqueza. Há a riqueza interna (estar satisfeito com o que tem), a pessoal (abundância material, emocional, intelectual e espiritual) e a coletiva, que é a partilha da abundância com o próximo. "Sem contemplar todas essas facetas, ninguém é verdadeiramente rico", diz ele.




Continua...


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