domingo, 2 de fevereiro de 2014

Meditação que Transforma! - Parte 1


(Para Dom Laurence Freeman meditação e compaixão devem andar de mãos dadas para aqueles que desejam se espiritualizar)

Para Dom Laurence Freeman, meditar possibilita experimentar a paz em plenitude e compreender verdadeiramente o outro.

Assistir a uma palestra com o Monge Beneditino inglês Laurence Freeman, de 64 anos, é uma experiência gratificante. 

Inteligente, sereno e bem-humorado, fala com tamanha paixão e propriedade sobre a prática meditativa que logo desperta no interlocutor a vontade de experimentá-la.

Os retiros espirituais que promove no Brasil são sempre disputados. Antes de entrar para o monastério, dom Laurence fez mestrado em Literatura Inglesa na Universidade de Oxford, na Inglaterra, foi jornalista, trabalhou num banco de investimentos e passou seis meses no escritório da ONU, em Nova York, como assistente do embaixador inglês. 

Tomou contato com a tradição meditativa graças ao monge John Main, já falecido.

Foi por causa dessa experiência que decidiu seguir a vida religiosa. Hoje é o gua espiritual da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã, que reúne centros e grupos que se dedicam à prática em mais de 50 países.

(Dalai Lama com o Dom  Laurence Freeman)

Defensor do diálogo interreligioso, já participou de vários encontros ao lado do Dalai Lama. Em sua última passagem por São Paulo, agora em Novembro de 2013, ele concedeu uma pequena entrevista para o blog A Torre da Coruja:

A Tolerância é possível no mundo de hoje?

Bem, antes de tudo, é preciso refletir sobre o significado de ser tolerante. Tolerância não significa uma aceitação cega de tudo, a visão de que qualquer comportamento esteja bom, seja ele certo ou errado. 

Pelo contrário, envolve discernimento e - especialmente - compaixão. Você pode ser compassivo diante de alguém que não tem se comportado bem se tentar compreendê-lo sem deixar-se influenciar pela decpção ou por um julgamento prévio. 

(A Compaixão é o primeiro passo para o diálogo interreligioso)

Jesus agia assim com seus inimigos. 

A compaixão, portanto, deve estar ancorada no perdão e no bom senso. Dito isso, voltemos à pergunta: tolerância quer dizer estar ciente de que existem outras crenças, outros comportamentos e outras abordagens diferentes dos nossos, mas nem por isso errados.

Intolerância, or outro lado, significa rejeitar ou condenar o outros simplesmente porque ele é diferente, porque sua diferença nos assusta, parece ameaçar nossa própria identidade ou nossa autoaceitação. 

Essa reação é produzida pelo medo do outros só por ele ser outro. 

Então, sim, a tolerância é possível quando nos pautamos pela compaixão - caso contrário, nossa opinião se torna condenação.

A Meditação contribui para o exercício da compaixão?

Sim.

A meditação equilibra a mente, ajuda-nos a encontrar o melhor julgamento e também "libera" a capacidade natural que todos temos de ser compassivos. 

(A meditação traz uma maior consciência de si mesmo e isso se reflete numa maior consciência do Outro se tornando, depois, em perdão)

Permite esse balanço entre o julgamento correto e a compreensão. 

Quando meditamos, diminuímos as projeções sobre outras pessoas. Sempre projetamos boas ou más ideias a respeito dos demais - somos o tempo todo uma espécie de mídia - e fazemos deles heróis ou inimigos. 

A meditação refreia esse processo por favorecer o autoconhecimento. Ao meditar, perdemo-nos de nós mesmos a ponto de nos encontrarmos de fato.

Adquirimos consciência de nós mesmos, fortalecemos nosso "eu". 

E quanto maior essa consciência maior a capacidade de compreender o outro...


Continua...


 

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