domingo, 9 de fevereiro de 2014

Catástrofes... Por que Deus Permite? - Parte 3

(Monges budistas no Sri Lanka indo cumprir seus rituais de compromisso de sua fé)

Para os camponeses, o discurso do Buda legitimava a luta nos campos, uma que os monges corrompidos do texto sagrado simbolizavam os nobres corruptos.

(Revolta dos agricultores da China do séc. 6 e 7)

Assim construiu-se a base filosófica de rebeliões de agricultores na China no século 6 e 7.

Nos séculos 12 e 13, o mesmo texto teve uso em outra nação e aplicações contrastantes.

(Fragmento do filme Shaolin que mostra o mesmo drama japonês sobre como a nobreza e o militarismo mutilaram a fé e os sacerdotes do povo. Assistam!)

Os nobres japoneses viam sua própria decadência na figura dos monges corrompidos - "Muitos procurarão se tornar monges apenas para escapar aos cobradores de impostos" -, enquanto a classe militar em ascensão apoiava-se na ideia de que seus guerreiros, os que têm fé, eram os porta-vozes da transformação, do novo.

(Cenas do filme O Último Samurai que conta a força dos guerreiros numa época de mudanças políticas e religiosas no Japão)

O Homem Precisa da Dor para Aprender?

No pensamento budista, natureza e cultura não se separam, há sempre um paralelismo entre as coisas da natureza e da sociedade. 

Nesse contexto, as catástrofes naturais ajudariam o ser humano a desenvolver uma visão crítica do mundo moderno. 

A modernidade veio com a promessa de resolver os problemas da humanidade, e não é bem o que tem acontecido. As forças da natureza podem reduzir o esforço do homem a nada. 

(Tsunami de 2004 e as milhares de vítimas)

As religiões extraem dos episódios dolorosos como a tragédia provocada pelo tsunami reflexões sobre a transitoriedade da existência. No Espiritismo, por exemplo, a tentativa de entender cataclismos está registrada nas obras de Allan Kardec, escritas no fim do século 19:


"Com que fim fere Deus a humanidade por meio de flagelos destruidores? Para fazê-la progredir mais depressa.

"Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para regeneração mora dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados.

"Somente de vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualifiqueis de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam.

"Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que exigiria muitos séculos"

Questão nº 737 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec


Segundo a doutrina espírita, a jornada terrestre é um campo para experiências evolutivas e os flagelos seriam o meios de apressar o progresso moral dos espíritos. 

(Somos filhos das estrelas, formados por meio de suas substâncias e viajamos pelas reencarnações vivenciando a morte e o nascimento,e nisso, o sofrimento do desapego)

Deus sempre emprega meios salutares para promover o progresso dos seres humanos, revelando-lhes a consciência do bem e do mal, que nem sempre é aproveitada.

(Na Astrologia Védica o Homem se reencarnaria 432 vezes, mas como na anedota acima, quanto mais reencarnações, mais debilitada fica a alma humana. O propósito é quebrar o ciclo das reencarnações tendo sempre uma vida pura e consciente)

Choques como esse castigam o orgulho e os maus sentimentos que ainda vicejam na humanidade.

Então Deus castiga?

Na visão do Hinduísmo, talvez as catástrofes sejam necessárias para produzir reequilíbrio.

Os fieis hindus acreditam que, como não há explicações plausíveis, o ideal seria aceitar o fato e procurar superá-lo pacificamente.

(O equilíbrio hindu é composto de 3 faces. Uma delas, é o Deus Shiva (acima), O Destruidor, que juntamente com Brahma, O Criador e Vishnu, O Preservador, compõem a harmonia de todo o universo. A morte, a dor e a destruição fazem parte da existência, e como tal, deve ser venerada como um deus)

O Hinduísmo é uma crença muito otimista, que não fala em sofrimento e defende que é possível ser feliz.

Principal religião da Índia, a doutrina hindu é citada como um dos motores que levaram os indianos a seguir Mahatma Gandhi, aderindo à sua resistência pacífica na luta contra a colonização britânica, na primeira metade do século passado. 

(Mahatma ("A grande Alma"), liderou o Movimento pela Independência da Índia. Sua luta se resumia em 5 pontos: Igualdade; nenhum uso de drogas ou álcool; unidade Hindu-Mulçumana; amizade e igualdade para as mulheres)

Talvez isso tenha sido possível porque o fiel dessa crença evita particularizar a dor. 

Assim, no caso do Tsunami a visão hindu diria que todo o planeta foi abalado, não apenas os países atingidos pela sondas gigantes.


Continua...



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