Desde sempre, o homem está em busca de Deus. Cultivou fenômenos da natureza, divindades femininas, panteões diversos até elaborar a ideia de um Ser Superior. Mas, ainda há muito o que descobrir sobre essa figura que a maioria das culturas relaciona com o Amor.
Uma canção dos índios cherokees, uma tribo da América do Norte, diz que certa vez um homem implorou para que Deus falasse com ele.
(Índio Cherokee, esta tribo de nativos-americanos sobreviveu às guerras civis americanas. Atualmente, vivendo em reservas nacionais, os cherokees tentam manter sua cultura e religião num número estimados em 300.000 índios espalhados em pequenas regiões no centro-oeste americano, onde sua maior população se encontra em United Keetoowah.)
Um rouxinol, então, começou a cantar. Mas, o homem não ouviu e pediu novamente. Um trovão ecoou nos céus. O homem, porém, foi incapaz de percebê-lo. Disse:
"Deus, deixe-me vê-lo!"
E uma lua brilhou nos céus.
O homem nem notou e começou a gritar desesperado:
"Deus, mostre-me um milagre!"
E uma criança nasceu.
Mas, o homem não sentiu o pulsar da vida e começou a chorar:
"Deus, toque-me e deixe-me sentir que você está comigo!"
(O homem tão acostumado em tocar, ver, cheirar, não consegue ver Deus nos pequenos atos do dia a dia.)
E, uma borboleta pousou suavemente em seu ombro.
O homem a espantou com a mão e, desiludido, continuou seu caminho... Triste, sozinho e com medo.
A busca humana pelo divino teve início muito antes do aparecimento da escrita.
(As primeiras tentativas em representar ideias foram os petróglifos, encontrados em todas as regiões onde o homem pré-histórico habitou.)
As primeiras crenças numa força maior que teria modelado o universo e que seria responsável por sua manutenção, foram passadas oralmente, de geração a geração, e relacionavam os fenômenos da natureza com o interior do homem.
Podiam associar as trevas ao medo, a luz do sol a algo positivo ou a tempestade à ira.
(A arte rupestre foi o próximo passo do homem primitivo registrar seu dia a dia, suas emoções e suas crenças. Os primeiros vestígios encontrados foram na França, em Lascaux, numa série de cavernas com paredes ricamente pintadas, informam que os habitantes ali praticavam a caça e os primeiros rituais religiosos complexos de adoração à natureza.)
Saber que algo superior também influenciava na dinâmica do mundo despertava, no homem primitivo, uma sensação de amparo. O ser humano pode até não acreditar em Deus, mas precisa de outras crenças correlatas, porque ela nos ajudam a lidar com questões que ultrapassam a nossa compreensão.
Quanto maior a dificuldade de acreditar em algo, mais difícil é amar, por isso, as pessoas muito racionalistas e materialistas têm uma tendência a serem mais amargas e medrosas.
(Agregar à expressão corporal a necessidade de demonstração religiosa foi outro passo importante para o crescimento social, filosófico e teológicos da humanidade. Os instrumentos musicais vieram posteriormente, pois o primeiro instrumento, sem ser a voz humana, foram as palmas das mãos.)
Como os cherokees, muitos povos até hoje transmitem suas tradições religiosas por meio de histórias e cantigas populares.
Os seres humanos são animais espirituais. Criaram a arte e a religião ao mesmo tempo numa tentativa de encontrar sentido e valor na vida.
Essas fés primitivas exprimiam a perplexidade e o mistério que sempre parecem ter sido um componente essencial da experiência humana diante de um mundo belo, mas aterrorizante.
(Os Xamãs foram os primeiros sacerdotes que surgiram no palco das crenças, e foram as mulheres as primeiras protagonistas em comandar a fé, a sociedade e a política dentro de um clã ou tribo.)
A Magia foi o primeiro passo para a religião.
Os Xamãs eram vistos como aqueles que conheciam os poderes ocultos da natureza. Mas, pinturas rupestres já indicavam a relação do homem com o sagrado.
Quando alguém pintava um animal na parede da caverna, provavelmente, estava mentalizando que a caça aparecesse.
(Os Dolmens foram as primeiras tentativas dos homens primitivos europeus em fazer túmulos que não apenas se depositavam o corpo de um morto, mas de todo um clã. Contudo, apenas os mais honrados tinham o direito de ter um Dolmen. O Dolmen pode ser comparado as Pirâmides dos Egipcios, não em tamanho, claro, mas no simbolismo de eternidade e solidez, ao confeccionar um monumento eterno como o tempo.)
Depois, vieram os primeiros túmulos, para enterrar os mortos, evidência da reverência a algo superior e misterioso, que já começava a tomar forma na conduta daqueles homens.
(Os menires foram pedras erguidas num determinado local sagrado. O interessante é que as pedras não são nativas do local, ou seja, como elas foram transportadas? Um mistério! Esse campo de menires se encontra em Carnac, na França.)
A noção do divino surgiu quando o homem começou a ter consciência de si mesmo como algo separado do resto do mundo e passou a recorrer a algo maior que ele para fazer as coisas acontecerem.
Na pré-história, caçadores e agricultores adoravam elementos da natureza - o sol, a chuva, ou o vento, ente outros - como entes superiores, porque dependia deles para sobreviver.
(Stonehenge é a junção de vários conceitos teológicos num único lugar. Foi um enorme salto evolutivo no plano mental, industrial e religioso dos homens antigos. Especula-se qual a verdadeira função de Stonehenge. Sabemos com certeza que foi um antigo sítio de adoração aos mortos e que nos solstícios e equinócios havia reuniões onde as marcações solares atravessavam os monolitos evidenciando a Vida e a Morte dos ciclos da natureza.)
Nesse período, predominava o chamado Animismo, a crença de que todos os seres vivos, objetos e fenômenos naturais possuíam alma, espírito ou uma força vital.
O homem percebia que a regularidade do clima era essencial para sua sobrevivência e pedia para não ver tempestades ou secas. Hoje, oramos para que Deus altere seus planos em relação a nos. O caminho para chegar até Ele é dinâmico...
Continua...