(O início da jornada de Dante.)
O Livro, prova, inicia-se com o poeta no Inferno, perdido numa selva escura (sua vida de pecado, e termina com a visão da imagem de Deus, "o Amor que move o Sol e as mais estrelas", que lhe é proporcionada no Paraíso. A jornada de Dante se dá, de maneira figurada, aaos 35 anos de idade, "A meio caminho de nossa vida".
O Inferno é a primeira parte da obra.
É dividido em nove círculos concêntricos, sendo que cada um é reservado a um tipo de pecador.
(Ilustração do Canto 2.)
Várias veze as personagens não são tratadas de acordo com o pecado que personificam, mas com o sentimento que despertavam em Dante.
Por exemplo, o florentino Filipo Argenti, era inimigo pessoal do poeta, e por isso, foi posto no quinto círculo, o dos coléricos.
(Encontro de Dante com Latini.)
Por outro lado, no sétimo círculo, na vala dos sodomitas, está seu antigo mestre Brunetto Latini, com quem conversa longa e respeitosamente.
As ações são sempre utilizadas para enaltecer a ideologia cristã, o que, alguns momentos, ressalva em ataques - hoje polêmicos - a outros credos.
(O mapa de Bartolomeu, que mostra o Inframundo de Dante.)
O profeta Muhammad (Maomé), por exemplo, pilar do Islã, tem lugar reservado no oitavo círculo, na vala dos causadores de discórdias familiares e dos iniciadores de cismas religiosos (o trecho é suprimido por todos os tradutores muçulmanos).
No primeiro círculo do espaço infernal, o mais largo e próximo a Terra, fica o Limbo, que abriga almas não batizadas e grandes personagens do passado anterior a Cristo, como Homero, Ovídio, Aristóteles, Sócrates e Platão.
(O encontro de Dante com seu conhecimento.)
A presença desses e outros nomes escolhidos entre literatos, filósofos e cientistas gregos e romanos, além de referência à mitologia da cultura clássica, mostram a erudição de Dante Alighieri, mas indicam também as influências que ele supostamente teria sofrido para compor sua obra.
Ao longo de todo o livro, o poeta insere vários personagens históricos de acordo com a visão que tinha deles, numa forma de, entre outras coisas, expressar sua visão política - enquanto alguns têm destino venturoso, outros penam eternamente.
Redenção em Etapas
A concepção do mundo além-túmulo na época do poeta florentino seguia a cosmologia medieval.
Nosso planeta era representado como um globo, solto e fixo, imóvel no espaço, constituído por um hemisfério superior (setentrional) de superfície sólida, o único habitado, e, o inferior (austral), marinho, tendo unicamente em seu centro a montanha do Purgatório.
(O Mundo na visão medieval.)
A queda de lúcifer, o anjo que se rebelou contra Deus, abriu uma profunda depressão abaixo de Jerusalém - o Inferno. E no lado oposto (superior) levantou a montanha que formava o Purgatório no topo do qual estava o Paraíso Terrestre, e, acima dele, o Paraíso propriamente dito.
No livro, o Purgatório é dividido em terraços que vão se afinando até chegar no Paraíso Terrestre.
(As almas que não se batizaram e, portanto, não podem ascender.)
Na primeira parte da escalada há o ante-Purgatório, reservado aos que se renderam a Deus tardiamente.
Passada a Porta de São Pedro, tem-se acesso aos círculos superiores, divididos de acordo como os sete pecados capitais: orgulho, inveja, cólera, preguiça, avareza, gula e luxúria.
(O Portão de Pedro, somente os puros passam.)
Aqui, os pecadores cumprem penas diversas que os purgarão para serem admitidos ao Paraíso. Vale lembrar que a ideia de Purgatório como um mundo intermediário não existia na Bíblia.
Surgiu na segunda metade do século 12 e foi reconhecida teologicamente pela Igreja em 1274. Ela é consequência da importância atribuída às ações humanas.
Continua...
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