A partir desse raciocínio, então, o
pensador propunha uma espécie de “socialismo espírita”, em que o progresso será
baseado no desenvolvimento das faculdades elevadas da alma por meio da
evolução.
Além de entrar em choque com o
ideário socialista, o pensamento de León Denis provocou celeuma também nos
meios religiosos.
(O evolucionismo Religioso)
Muitas das censuras feitas ao
escritor têm como base sua concepção acerca da evolução das crenças que aparece
na obra Depois da Morte. De acordo com ele, todas as crenças têm ensinado a
mesma essência desde os primórdios da humanidade e os homens não deveriam se
deixar enganar pela roupagem variada dos diferentes credos – cerimônias
extravagantes, mitos e dogmas serviriam apenas para impressionar as grandes
massas.
“Todos os ensinos religiosos do
passado se ligam, pois, em sua base, se encontra uma só e mesma doutrina,
transmitida de era em era a uma série ininterrupta de sábios”, escreveu Denis.
“As religiões humanas não são mais
que adaptações imperfeitas e transitórias, proporcionadas às necessidades dos
tempos e dos meios”.
Para o pensador, o Espiritismo seria
o ápice do progresso evolutivo das religiões e tudo convergiria para ele.
Muitos especialistas, contudo, condenam essa visão da História.
As posições de estudiosos mais
recentes descartam a noção de “evolução” das civilizações, pois isso legitima a
superioridade de um povo sobre outro,
talvez a questão repouse na evolução do
próprio ser humano em si mesmo.
Outras críticas referem-se à
aplicação de preceitos espíritas por Denis na compreensão de algumas crenças.
Em Depois da Morte, por exemplo ele utilizou-se de trechos contidos no Bhagvad-Gita, um dos textos sagrado do Hinduísmo, para demonstrar que o credo hindu estaria fundamentado no princípio da reencarnação.
Para alguns estudiosos, porém, a
interpretação do pensador acerca das doutrinas orientais, como a hindu e a
budista, não estaria correta.
(Sidharda Gautama, o Budha ou O Iluminado)
A doutrina de Sidharda Gautama não
faz menção clara à reencarnação, apenas algumas escolas, como o Budismo
Tibetano, revisaram os ensinamentos de Sidharta e incluíram essa ideia.
A questão da Reencarnação em outras religiões sempre foi um assunto velado, pois era um alto-conhecimento iniciático. Apenas os grandes sacerdotes de cada representação de sua cultura é que tinham uma visão concreta sobre esse assunto. Para muitas culturas em volta do globo como os Celtas, Judeus, Nórdicos e Budistas a Reencarnação era apenas para os Escolhidos ou aqueles que tinham uma missão entre a humanidade. León Denis tentou abranger essa doutrina, incluindo e argumentando que, todo ser humano está aqui para uma parcela da Grande Missão: a Evolução do planeta Terra.
(Apenas o Messias ou o Escolhido de cada representação religiosa do passado poderiam se reencarnar. Mas, em sua maioria, todas as religiões do passado acreditavam na reencarnação)
Na verdade, muitas religiões do
passado não falavam abertamente sobre a reencarnação, ato só possível para
alguns de seus seguidores, como os faraós e sacerdotes no Egito; os heróis e
grandes guerreiros, entre os gregos, celtas e nórdicos; e os espíritos iluminados
e comissionados, como entre os judeus e budistas.
(Talvez porque os homens tenham alcançado uma maior consciência sobre seu próximo, também possa dizer: "Eis-me aqui! Envia-me a mim!")
No entanto, o estudo teológico
dessas antigas civilizações asseveram sim, uma reencarnação apenas para alguns
adeptos, exigindo de seus seguidores, uma renúncia quase total de seus desejos
e cultura para poderem serem incluídos neste seleto grupo.
(Jesus popularizou o discipulado, ou seja, o acesso à filosofia e teologia religiosa, algo restrito apenas a poucos privilegiados de uma sociedade desigual de seu tempo. Todos podem e devem, conhecer e aprender!)
O cristianismo também entrou na mira
do pensador. Segundo ele, valores como a solidariedade, a caridade e o amor se
espalharam pelo mundo graças a Jesus, que distribuiu para todos os homens um
conhecimento que até então era restrito a poucos privilegiados.
Enquanto mestres anteriores teriam
escolhido a dedo quem era digno da sabedoria sagrada, Cristo a colocou ao
alcance dos simples e dos humildes.
Tudo isso, contudo, teria sido
desvirtuado e corrompido pela Igreja Católica.
(A Inquisição que disseminou o medo e o terror pela intolerância religiosa)
“A Igreja dominou o mundo pelo
terror, pela ameaça com os suplícios e, no entanto, Jesus queria reinar pelo
amor e pela caridade”, escreveu ele.
Verve Perene
Denis foi bem articulado tanto na
oratória quanto na escrita. Suas frases instigantes – e por vezes, polêmicas –
são as grandes responsáveis pela perpetuação das ideias do pensador.
Sobre o Sentido da Vida
“A razão de ser da vida não é a
felicidade terrestre como muitos creem, mas o aperfeiçoamento de cada um de
nós, e isto deve se dar por meio do trabalho, do esforço, de todas as
alternativas da alegria e da dor, até que nos tenhamos desenvolvido
completamente e elevado ao estado celeste (…).
"A dor, física e moral, forma a
nossa experiência. A sabedoria é o prêmio”.
Sobre o Destino da Alma
“Cada uma das existências terrestres
não é mais que um episódio da vida imortal. Alma nenhuma poderia em tão pouco
tempo despir-se de todos os vícios, de todos os erros, de todos os apetites
vulgares, que são outros tantos vestígios das suas vidas desaparecidas, outras
tantas provas da sua origem”.
Sobre as Religiões
“A religião é o esforço da
humanidade para se comunicar com a essência eterna e divina”.
Sobre Jesus Cristo
“Jamais a Terra viu maior Espírito”.
Sobre a Igreja Católica
“A Igreja Romana, desde há muito
tempo, não passa de potência política. Seus pontífices desconheceram a própria
missão; seus padres perderam o senso de iniciação profunda e sagrada dos
primeiros cristãos”.
Sobre a Mudança da Sociedade
“Não se transforma uma sociedade por
meio de leis. As leis e instituições nada são sem os costumes e as crenças
elevadas. Quaisquer que sejam a forma política e a legislação de um povo, se
ele possui bons costumes e fortes convicções, será sempre mais feliz e poderoso
do que outro povo de moralidade inferior”.
Sobre as Mulheres
“O papel da mulher é imenso na vida
dos povos. Irmã, esposa ou mãe, é a grande consoladora e a carinhosa
conselheira (…) Por isso, as sociedades que a deprimem, deprimem-se a si
mesmas”.
Sobre os Pecados
“É em si mesmo – e não fora de si –
é em sua própria consciência que o Espírito encontra sua recompensa ou seu
castigo. Ele é seu próprio juiz”.
Sobre a Dor
“A dor é a purificação suprema, a
escola em que se aprendem a paciência, a resignação e todos os deveres
austeros”.
Fim.:.
Referências Bibliográficas
Livros
O Apóstolo do Espiritismo, de Gaston
Luce, Ed. CELD, 2006.
O Problema do Ser, do Destino e da
Dor, de Léon Denis, ed. FEB, 2013
O Gênio Céltico e o Mundo Invisível,
de León Denis, ed. FEB, 2013
PDF
Introduções das obras de Leon Denis disponibilizadas pela Federação Espírita Brasileira. Acesse: Autores Espíritas Clássicos
Filme
O Filme dos Espíritos, dir. André Marouço e Michel Dubret, distr. Paris Filmes, 2011.
Introduções das obras de Leon Denis disponibilizadas pela Federação Espírita Brasileira. Acesse: Autores Espíritas Clássicos
Filme
O Filme dos Espíritos, dir. André Marouço e Michel Dubret, distr. Paris Filmes, 2011.
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