O termo, originário do sânscrito,
tem vários sentidos, mas ao pé da letra quer dizer “aquilo que sustenta”. Para os seguidores do budismo e
hinduísmo, o dharma está associado à lei ou à verdade natural que rege o
Universo, as pessoas, as coisas e tudo que existe no mundo. Pode ser compreendido ainda como a
lei espiritual do viver. Os budistas também chamam de dharma
o conjunto de ensinamentos deixados pelo príncipe indiano Sidarta Gautama, o
buda, que viveu no século 6 a.C. O dharma é considerado uma das três
joias no budismo, juntamente com o próprio Buda e com o sangha, a comunidade de
praticantes. Conduzir a própria existência de
acordo com o dharma significa viver a prática das virtudes: evitar mentir,
roubar e matar, buscar autocontrole, discernimento entre o certo e o errado,
exercitar a caridade, a generosidade e a bondade, cultivar a compaixão, a
sabedoria e o altruísmo. Todas as pessoas que se identificam
de coração com a filosofia budista devem se empenhar em seguir o caminho do
dharma. Ao vivenciar o dharma, dizem os
budistas, é possível nos libertarmos dos sofrimentos mundanos e entrarmos em
sintonia com as leis divinas e universais. .:.
A partir desse raciocínio, então, o
pensador propunha uma espécie de “socialismo espírita”, em que o progresso será
baseado no desenvolvimento das faculdades elevadas da alma por meio da
evolução.
Além de entrar em choque com o
ideário socialista, o pensamento de León Denis provocou celeuma também nos
meios religiosos.
(O evolucionismo Religioso)
Muitas das censuras feitas ao
escritor têm como base sua concepção acerca da evolução das crenças que aparece
na obra Depois da Morte. De acordo com ele, todas as crenças têm ensinado a
mesma essência desde os primórdios da humanidade e os homens não deveriam se
deixar enganar pela roupagem variada dos diferentes credos – cerimônias
extravagantes, mitos e dogmas serviriam apenas para impressionar as grandes
massas.
“Todos os ensinos religiosos do
passado se ligam, pois, em sua base, se encontra uma só e mesma doutrina,
transmitida de era em era a uma série ininterrupta de sábios”, escreveu Denis.
“As religiões humanas não são mais
que adaptações imperfeitas e transitórias, proporcionadas às necessidades dos
tempos e dos meios”.
Para o pensador, o Espiritismo seria
o ápice do progresso evolutivo das religiões e tudo convergiria para ele.
Muitos especialistas, contudo, condenam essa visão da História.
As posições de estudiosos mais
recentes descartam a noção de “evolução” das civilizações, pois isso legitima a
superioridade de um povo sobre outro,
talvez a questão repouse na evolução do
próprio ser humano em si mesmo.
Outras críticas referem-se à
aplicação de preceitos espíritas por Denis na compreensão de algumas crenças.
Em Depois da Morte, por
exemplo ele utilizou-se de trechos contidos no Bhagvad-Gita, um dos textos
sagrado do Hinduísmo, para demonstrar que o credo hindu estaria fundamentado no
princípio da reencarnação.
Para alguns estudiosos, porém, a
interpretação do pensador acerca das doutrinas orientais, como a hindu e a
budista, não estaria correta.
(Sidharda Gautama, o Budha ou O Iluminado)
A doutrina de Sidharda Gautama não
faz menção clara à reencarnação, apenas algumas escolas, como o Budismo
Tibetano, revisaram os ensinamentos de Sidharta e incluíram essa ideia.
A questão da Reencarnação em outras religiões sempre foi um assunto velado, pois era um alto-conhecimento iniciático. Apenas os grandes sacerdotes de cada representação de sua cultura é que tinham uma visão concreta sobre esse assunto. Para muitas culturas em volta do globo como os Celtas, Judeus, Nórdicos e Budistas a Reencarnação era apenas para os Escolhidos ou aqueles que tinham uma missão entre a humanidade. León Denis tentou abranger essa doutrina, incluindo e argumentando que, todo ser humano está aqui para uma parcela da Grande Missão: a Evolução do planeta Terra.
(Apenas o Messias ou o Escolhido de cada representação religiosa do passado poderiam se reencarnar. Mas, em sua maioria, todas as religiões do passado acreditavam na reencarnação)
Na verdade, muitas religiões do
passado não falavam abertamente sobre a reencarnação, ato só possível para
alguns de seus seguidores, como os faraós e sacerdotes no Egito; os heróis e
grandes guerreiros, entre os gregos, celtas e nórdicos; e os espíritos iluminados
e comissionados, como entre os judeus e budistas.
(Talvez porque os homens tenham alcançado uma maior consciência sobre seu próximo, também possa dizer: "Eis-me aqui! Envia-me a mim!")
No entanto, o estudo teológico
dessas antigas civilizações asseveram sim, uma reencarnação apenas para alguns
adeptos, exigindo de seus seguidores, uma renúncia quase total de seus desejos
e cultura para poderem serem incluídos neste seleto grupo.
(Jesus popularizou o discipulado, ou seja, o acesso à filosofia e teologia religiosa, algo restrito apenas a poucos privilegiados de uma sociedade desigual de seu tempo. Todos podem e devem, conhecer e aprender!)
O cristianismo também entrou na mira
do pensador. Segundo ele, valores como a solidariedade, a caridade e o amor se
espalharam pelo mundo graças a Jesus, que distribuiu para todos os homens um
conhecimento que até então era restrito a poucos privilegiados.
Enquanto mestres anteriores teriam
escolhido a dedo quem era digno da sabedoria sagrada, Cristo a colocou ao
alcance dos simples e dos humildes.
Tudo isso, contudo, teria sido
desvirtuado e corrompido pela Igreja Católica.
(A Inquisição que disseminou o medo e o terror pela intolerância religiosa)
“A Igreja dominou o mundo pelo
terror, pela ameaça com os suplícios e, no entanto, Jesus queria reinar pelo
amor e pela caridade”, escreveu ele.
Verve Perene
Denis foi bem articulado tanto na
oratória quanto na escrita. Suas frases instigantes – e por vezes, polêmicas –
são as grandes responsáveis pela perpetuação das ideias do pensador.
Sobre o Sentido da Vida
“A razão de ser da vida não é a
felicidade terrestre como muitos creem, mas o aperfeiçoamento de cada um de
nós, e isto deve se dar por meio do trabalho, do esforço, de todas as
alternativas da alegria e da dor, até que nos tenhamos desenvolvido
completamente e elevado ao estado celeste (…).
"A dor, física e moral, forma a
nossa experiência. A sabedoria é o prêmio”.
Sobre o Destino da Alma
“Cada uma das existências terrestres
não é mais que um episódio da vida imortal. Alma nenhuma poderia em tão pouco
tempo despir-se de todos os vícios, de todos os erros, de todos os apetites
vulgares, que são outros tantos vestígios das suas vidas desaparecidas, outras
tantas provas da sua origem”.
Sobre as Religiões
“A religião é o esforço da
humanidade para se comunicar com a essência eterna e divina”.
Sobre Jesus Cristo
“Jamais a Terra viu maior Espírito”.
Sobre a Igreja Católica
“A Igreja Romana, desde há muito
tempo, não passa de potência política. Seus pontífices desconheceram a própria
missão; seus padres perderam o senso de iniciação profunda e sagrada dos
primeiros cristãos”.
Sobre a Mudança da Sociedade
“Não se transforma uma sociedade por
meio de leis. As leis e instituições nada são sem os costumes e as crenças
elevadas. Quaisquer que sejam a forma política e a legislação de um povo, se
ele possui bons costumes e fortes convicções, será sempre mais feliz e poderoso
do que outro povo de moralidade inferior”.
Sobre as Mulheres
“O papel da mulher é imenso na vida
dos povos. Irmã, esposa ou mãe, é a grande consoladora e a carinhosa
conselheira (…) Por isso, as sociedades que a deprimem, deprimem-se a si
mesmas”.
Sobre os Pecados
“É em si mesmo – e não fora de si –
é em sua própria consciência que o Espírito encontra sua recompensa ou seu
castigo. Ele é seu próprio juiz”.
Sobre a Dor
“A dor é a purificação suprema, a
escola em que se aprendem a paciência, a resignação e todos os deveres
austeros”.
Fim.:.
Referências Bibliográficas
Livros
O Apóstolo do Espiritismo, de Gaston
Luce, Ed. CELD, 2006.
O Problema do Ser, do Destino e da
Dor, de Léon Denis, ed. FEB, 2013
O Gênio Céltico e o Mundo Invisível,
de León Denis, ed. FEB, 2013
PDF
Introduções das obras de Leon Denis disponibilizadas pela Federação Espírita Brasileira. Acesse: Autores Espíritas Clássicos
Filme
O Filme dos Espíritos, dir. André Marouço e Michel Dubret, distr. Paris Filmes, 2011.
As religiões fazem com que a pessoa
descubra que ela não é apenas um corpo doente, mas um ser inteiro que possui
alma.
Essa alma também precisa de uma
fonte de energia, assim como o corpo precisa de medicamentos. É aqui que entra a fé – e os rituais
de cura, que variam de crença.
Pode ser um passe, uma missa celebrada
exclusivamente para os enfermos, um mantra específico...
Conheça alguns exemplos:
Budismo – As doenças são vistas como
a manifestação de um carma. Então, a medicina budista atua em três frentes: a
dármica, que leva à purificação do carma por meio de ações, pensamentos e
palavras virtuosas; a somática, que trabalha o equilíbrio por meio dos
elementos vitais e de outros tratamentos naturais, como à base de ervas; e a
tântrica, baseada no processo meditativo.
Catolicismo – Muitas paróquias,
especialmente as carismáticas, promovem missas de cura, em que todo o rito é
dirigido especificamente para os doentes. Há também o sacramento da unção dos
enfermos, ministrado como alívio para o sofrimento e força para o espírito.
Espiritismo – A causa das doenças
estaria no espírito. Por isso, o doente pode ser encaminhado para tomar passes
ou para sessões de desobsessão. Há ainda as cirurgias espirituais,
que médiuns, incorporados por médicos já mortos, operam doentes – mas é uma
prática controversa mesmo entre os adeptos.
Igreja Messiânica – Os enfermos
participam de sessões de Johrei, método de irradiação de energia por meio das
mãos. O ministrante irradia ondas de luz que eliminam as impurezas,
revitalizando a força natural de recuperações do doente.
Judaísmo – Os grupos de Healing
(cura) reúnem-se semanalmente para meditar (acreditam que a prática seja um
apoio no processo terapêutico), entoar salmos e orar – em hebraico – pelos
doentes. Os integrantes também fazem visitas
aos enfermos.
Neopentacostalismo – As igrejas
evangélicas costumam promover sessões de “libertação” ou “descarrego”. Para os
fiéis, algumas doenças podem ser resultado da ação de Satanás e, nas sessões,
ele será exorcizado pelo pastor.
Umbanda – O processo de cura
consiste em transferir o encosto do corpo do afetado para o médium. São ainda
usados banhos de ervas, descargas de pólvora, defumações e outros recursos. Nem sempre, contudo, é necessária a
presença de um sacerdote ou um líder espiritual para que o paciente direcione
sua fé a serviço da própria cura.
A meditação, cujo maior objetivo é
acalmar a mente, costuma ser praticada individualmente e está presente em
várias crenças por promover um verdadeiro mergulho na consciência individual, o
que faz a diferença no processo de recuperação da saúde física, emocional ou
espiritual.
Ninguém é capaz de promover um
milagre a não ser a própria pessoa, por meio de sua conexão à religião.
Como disse o grande apóstolo São
Tiago:
“Confessai, pois, os vossos pecados
uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por
sua eficácia, a súplica do justo.” - Tiago 5:16
Os Resultados
Para a medicina a cura pela fé é
controversa, uma vez que não há estudos científicos conclusivos a respeito. A
maioria dos médicos admitem, porém, que crer é fator fundamental no tratamento
– aqueles que cultivam a religiosidade têm mais força para enfrentar a doença
e, por isso, ficam bons mais rápido.
Não há uma explicação médica para as
curas milagrosas. A maioria dos casos, se forem estudados cuidadosamente,
talvez, revele remissão espontânea da doença, algo natural do organismo que
nada tem a ver com milagre, pois ainda não conhecemos completamente as funções
regenerativas do organismo que ocorrem naturalmente em vários setores do corpo,
quando muito solicitados, como por exemplo, áreas do cérebro, dos músculos, ossos ou da derme.
Para os cientistas religiosos,
porém, existe um toque divino nas recuperações surpreendentes, sim.
Para as diversas religiões, como a
cura é uma dádiva dos Céus, depois de vencer a doença, o indivíduo deve
partilhar a graça que recebeu com os semelhantes, praticando o bem.
Trata-se de uma relação de troca.
Quem foi curado acaba retribuindo o benefício. Afinal, em geral não se trata
apenas de livrar-se da enfermidade, mas também de reafirmar amizades, reatar
laços familiares e receber a solidariedade alheia.
O ser humano precisa se sentir
amparado e curado. Isso é vital.
Ao recebermos essa segurança de que
podemos contar com uma entidade superior, é possível mobilizar uma força
interna que pode transpor qualquer barreira.
Mais do que um dito popular, para
quem acredita, a fé é de fato, um santo remédio!
FIM.:.
Referências Bibliográficas
Livro
Milagres Que a Medicina Não Contou,
Dr. Roque Marcus Savioli, ed. Gaia, 2006
Era o materialismo, que exerceu
fortíssima influência na França.
Segundo essa corrente filosófica,
não somente a realidade é material, mas todas as coisas da natureza e da alma
humana se explicam exclusivamente a partir da matéria e de seu movimento no
espaço.
As atividades espirituais humanas
são entendidas como simples atividades nervosas do cérebro, e o homem deve
buscar a felicidade em bens materiais ou no prazer físico.
(O Materialismo abriu uma vertente perigosa, o Hedonismo, que levou muitos homens e mulheres a desperdiçarem suas fortunas e vidas em festas, bebidas e no consumismo puro e simples. Dorian Gray, a obra de Oscar Wilde exemplifica bem aquele quadro.)
Mas o ambiente hostil parecia apenas
aumentar a firmeza do pensador, que considerava essencial reafirmar a
existência divina, mesmo que isso o colocasse em choque com os pensadores de
seu tempo.
Em 1911, Denis publicou O Grande
Enigma, em que dedicou páginas para reiterar que há uma força regendo todos
os mínimos detalhes do Universo, “desde a célula verde flutuando no seio das
águas, até o homem consciente no qual a unidade da vida se afirma, e acima
dele, de grau em grau, até o infinito”.
Segundo o autor, tudo se move em
perfeita harmonia, estado que seria impraticável se não houvesse uma
inteligência superior por trás da matéria.
Sem esse cérebro que move, ela nem
sequer existiria. “Deus, tal qual o concebemos, não é, pois, o Deus do
panteísmo oriental, que se confunde com o Universo, nem o Deus antropomorfo,
monarca do céu, exterior ao mundo, de que nos falam as religiões do Ocidente.
Deus é manifestado pelo Universo – de que é a representação sensível – mas não
se confunde com este”, escreveu.
Espírito Persistente
(Selo comemorativo na Espanha para a chegada do conferencista Denis)
Foram 35 anos de viagens e
conferências.
Aos 60 anos de idade, a voz de Denis
já não tinha a mesma potência de antes e sua resistência física diminuíra.
A visão piorava a cada dia, a ponto
do pensador necessitar da ajuda de uma secretária para escrever seus livros. Além disso, era constantemente
acometido de males do estômago, intestino e pulmões.
(Um estudioso solitário e persistente pela busca da verdade, Denis também teve que enfrentar o caminho comum a todos os homens: as doenças e a morte)
Sem mulher ou filhos, manteve-se
firme em sua missão: A de consolidar aquele que considerava a religião do
futuro.
A vida de Léon Denis mostra que,
como poucos, ele foi um homem absolutamente dedicado a sua obra. Mesmo em péssimas condições de saúde
e quase totalmente cego, Denis continuou produzindo.
Segundo afirmava, não se
sentia só em sua missão. Era guiado por outros seres. Em diversos livros e artigos, descreveu
como seu dom era inspirado por mestres espirituais que o confortavam e o
fortaleciam nas horas mais difíceis:
“Agora, chegou para mim a hora
crepuscular; vão subindo e rodeando-me as sombras; sinto que minhas forças
declinam e os órgãos se enfraquecem. Nunca, porém, me faltou auxílio de meus
amigos invisíveis; nunca minha voz os evocou em vão.
“Desde meus primeiros passos neste
mundo, a sua influência envolveu-me. É às suas inspirações que devo minhas
melhores páginas e minhas expressões mais vibrantes”, escreveu Denis em O
Problema do Ser, do Destino e da Dor.
(Manuscritos de Leon Denis)
Confinado em sua casa pelas enfermidades
que lhe acometiam, o filósofo ficou longe do público, mas nem por isso deixou
sua determinação arrefecer.
Continuou, por meio de livros e
artigos, a traduzir e a divulgar as palavras do Espiritismo. E não fugia da polêmicas: além de
embrenhar-se nos debates com os socialista e materialistas, entregava-se a
profundas argumentações com membros do clero católico e estudiosos das
religiões para defender a doutrina espírita.
Em 1927, contudo, após escrever sua
última obra – O Gênio Céltico e o Mundo Invisível, um longo estudo da
civilização celta – seu corpo não suportou mais o peso dos anos. O apóstolo espírita, então embarcou
na viagem para o mundo invisível que tanto o fascinou...
Socialismo Espírita
Enquanto desenvolvia sua obra, Léon
Denis assistia ao mundo passar por grandes mudanças na cena política. E uma das
maiores novidades neste cenário era a acolhida calorosa das ideias socialistas
em toda a Europa.
Entretanto, embora partilhasse do
empenho do Socialismo em construir uma sociedade mais justa, o pensador não se
atrelou ao movimento. Pelo contrário.
(O Marxismo fez com que o mundo pensasse no homem além do trabalho, no entanto, tentou derrubar barreiras muito necessárias para este mesmo homem: a fé e sua espiritualidade)
Segundo Denis, os teóricos marxistas
estariam impregnados do materialismo vigente na época e isso fazia com que seu
plano de reforma não estivesse em harmonia com a evolução do Universo.
“Eles trabalham no intuito de reunir
os elementos necessários para fundar um novo edifício social. Porém, falta-lhes
o cimento que ligará esses elementos, ou seja, a fé elevada e o espírito de
sacrifício que ela inspira”, escreveu na obra Socialismo e Espiritismo.
De acordo com o filósofo, para
alterar definitivamente o curso da História, seria preciso semear a moral e a
noção de fraternidade e de solidariedade.
(Foto que mostra os pés de um cidadão da Etiópia que foi reproduzida nas redes sociais mundo afora versus os pés de um empresário americano)
Denis pregava um socialismo em que o
crescimento do homem estaria ligado à sua evolução espiritual. A visão acerca da origem das classes
sociais também distanciava Denis de seus contemporâneos socialistas. Segundo
ele, as desigualdades são necessárias para que as almas em diferentes níveis de
evolução possam ascender espiritualmente.
Nesse sentido, as condições de vida
de cada pessoa seriam fruto de seus próprios erros ou acertos em existências
anteriores – cada nova encarnação seria uma oportunidade de aperfeiçoamento.
(O Sistema de Castas utilizado na Índia desde tempos imemoriais teria sua explicação nas diferenças da evolução espiritual de cada indivíduo. Denis em seus estudos absorveu essa síntese, mas para o homem ocidental não poder escolher seu destino é uma ideia dolorosa e não conceitual. Aqui, Denis adquiriu muitos opositores)
“Não há igualdade na natureza e não
existe tampouco na humanidade. No Além, todos os seres são hierarquizados
segundo o seu grau de adiantamento, conforme a lei da evolução.
“As teorias revolucionárias, que
pretendem tudo nivelar por baixo, cometem ao mesmo tempo um monstruoso erro e
um crime, pois elas são destruidoras da obra do passado e do esforço gigantesco
dos séculos visando criar uma civilização”, escreveu o filósofo.
Assim, nada adiantaria culpar Deus,
a natureza ou os outros homens pelo nosso sofrimento. A felicidade, dizia
Denis, está na aceitação e na realização da tarefa que o destino nos impõe.