O livro sagrado dos mulçumanos contém passagens preciosas, reveladas há mais de mil anos. Deixe-se encantar por essas narrativas e encontre nelas personagens familiares também ao Cristianismo e ao Judaísmo.
É dito que o anjo Gabriel procurou a Virgem Maria para anunciar a boa-nova do nascimento de Cristo e revelou para ela:
"Ó Maria, Allah te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro".
A jovem espantada, perguntou para o mensageiro como isso seria possível:
"Ó Senhor meu, como poderei ter um filho, se mortal algum jamais me tocou?"
"Disse-lhe o anjo: assim será. Allah cria o que deseja e, quando decreta algo, basta dizer: Seja, e é."
Não fosse pelo nome "Allah" em vez de "Deus", a passagem acima poderia facilmente estar na Bíblia. Ela, contudo, faz parte do Corão, o livro sagrado dos mulçumanos. Revelado ao longo de vinte e três anos a Muhammad, o Profeta do Islã, pelo arcanjo Gabriel (ou Jibril, na tradição islâmica), sua leitura revela um mundo fascinante, mas praticamente inexplorado no Ocidente.
Ao longo de seus 114 capítulos - chamados suras - o leitor encontra belas e comoventes histórias, muitas delas curiosamente protagonizadas por personagens também presentes nas Escrituras sagradas do Judaísmo e do Cristianismo.
Pode causar estranheza que vários versículos do Corão tratem das figuras centrais da fé cristã. E esta estranheza se transforma em espanto quando descobrimos que não só Jesus Cristo (ou 'Issa, seu nome em árabe) e a virgem Maria, mas também Adão, Moisés, João Batista e outros heróis bíblicos são retratados em diversas passagens corânicas: Adão sob o nome de Adam; Moisés, de Mussa; João Batista, de Yahia.
A arabização dos nomes não é a única novidade que aguarda aqueles que se aventuram pelas páginas do Corão. A narrativa do nascimento de Cristo, por exemplo, guarda pouca semelhança em relação à versão bíblica.
Outras histórias, como a do Dilúvio universal do Livro de Gênesis, possuem detalhes dramáticos: nem todos os filhos de Noé, ou Nuh, como é chamado o patriarca, puderam entrar na Arca. Um deles, maldito aos olhos de Allah, foi castigado com a morte na grande inundação.
A inclusão de personagens da Bíblia no Corão não é nem acidental nem secundária. Um dos pilares de fé do muçulmano é a crença em todos os livros revelados por Deus (como a Torá judaica e os evangelhos cristãos), em Seus anjos e em Seus enviados, os profetas. Para os mulçumanos, os profetas são modelos de comportamento para toda a humanidade, portadores de uma mensagem sagrada (veremos isso mais adiante).
Livro Restaurado
Quando os versículos do Corão começaram a ser revelados a Muhammad em Meca, no ano 610 d.C., foram marcados por um forte conteúdo ecumênico. "Concorrei na prática das boas ações, pois todos retornarão a Deus. Então, dirimirei as vossas diferenças", disse Allah aos crentes mulçumanos, na quinta sura do livro sagrado. Ele se referia aos adeptos das outra religiões, como o Judaísmo e o Critianismo.
O denominador comum que permite ao Islã abarcar todos os profetas da história humana se encontra no cerne desta religão: a crença no Deus único. Na visão muçulmana, o Criador é uno e as homens de alto grau espiritual, em todas as eras, teriam acreditado neste axioma.
"Não existe outra divindade senão Deus", é a tradução do testemunho de fé islâmico, que teria sido pronunciado por todos os profeta, começando por Adão e culminando em Muhammad. Para eles, Adão foi o primeiro muçulmano.
Além da questão doutrinal, por razões históricas também se acredita numa continuidade entre os profetas semíticos. Segundo a tradição, a saga dos muçulmanos começa propriamente com Abraão ou Seydina Ibrahim, que, assim como Muhammad, recebeu de Deus a revelação de um livro sagrado.
Continua...
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