sábado, 18 de fevereiro de 2017

Eterno Universo Recriado! - Parte 2

(Cada parte do corpo de um ser vivo continha um poder inerente e mágico para os astecas e maias. A maior força de um corpo se concentrava no coração e no sangue, mas o sangue não pertencia aos humanos, pois era um alimento sagrado dos deuses. Nas cenas acima, um dos companheiros de caça é convidado à comer os testículos do porco selvagem, para aumentar sua virilidade e fertilidade. Acima, cenas do filme Apocalypto, de 2006.)

(Manter uma grande cidade mesoamericana em funcionamento exigia muito trabalho braçal, e os seus cidadãos não queriam ter que fazer esse esforço. Então a saída era possuir escravos, mas que também precisavam comer e vestir, impondo um sistema inflacionário cada vez mais dispendioso para sustentar o status quo vigente. Acima, cenas do filme Apocalypto, de 2006.)

A tradição religiosa mesoamericana surgiu quando grupos de coletores e caçadores nômades se converteram em agricultores sedentários. 

A sedentarização agrícola foi-se estendendo, compreendendo povos muito diferentes tanto étnica quanto linguisticamente, que estabelecera amplo intercâmbio econômico, tecnológico e cultural.

(Acima, cenas da série A Maldição de Oak Island, do canal privado History, de 2012.)

Cultivado há cerca de 5 mil anos, o milho foi a principal fonte de alimento daquelas culturas, presente também na religião. 

(Aposto que você não sabia disso! Então se liga: A pipoca, uma variação do tão delicioso grão de milho, não é de origem africana! Apesar de haver vários rituais do Candomblé e Umbanda com o uso da pipoca invocando alguns orixás como Omulú e Oxóssi, a pipoca é de origem Mesoamericana e pertencente a seu panteão. O uso ritual do milho (grão que não existia na África) e, posteriormente, da pipoca, ocorreu porque os sacerdotes africanos não conseguiram encontrar, naquela época no Brasil, o grão do Sorgo, também uma espécie de gramínea (mato), usado atualmente na alimentação do gado e em produtos alimentícios.)


(A origem do milho ainda é controversa... Mas sabemos que este grão surgiu na América, como uma variação das gramíneas (mato). A pipoca pode ter surgido quando alguma dona de casa deixou, por acidente, uma espiga próximo a uma fogueira, ocorrendo então a explosão do grão. A palavra "pipoca" é de origem tupy e, etimologicamente, quer dizer "pira" pele, "poca" estourar; era também chamada pelos índios brasileiros de "pororoca" que quer dizer estrondo. No mundo esse alimento recebe outro nome, nas Américas é chamado de: playera, no México; pólera, na Bolívia; franela, na Venezuela... Acima, o deus do milho Centeotl, segurando dois milhos, indicando que o universo foi criado com energias duplas e opostas, apesar de serem da mesma espécie.)

Um dos mitos mesoamericanos conta que o milho estava trancado dentro de um monte e os deuses da chuva o retiraram de lá com seus raios a fim de que se tornasse alimento para o ser humano.

Os maias acreditavam que o homem foi criado da massa do milho, depois dos deuses terem fracassado em tentar fazer criaturas pensantes de barro e de madeira.

(Acima, mito da criação Maia e Asteca, registrado no códice do Popol Vuh, e disponibilizado pela Escola de Filosofia Nova Acrópole, de Avieiro, México, de 2016.)

Havia vários deuses do milho e Centeotl era um dos mais conhecidos. 

Várias festas eram realizadas em homenagem a ele e a Xilonen, a deusa da terra e da fertilidade. 

(Deusa da fertilidade, Xilonen, ostentando uma coroa de espigas de milho. O milho e a pipoca eram usados como ornamentos de cabeça e colares, pois o dourado do milho lembrava o ouro, e a pipoca era grudada e/ou usada como suporte para os penteados dos cabelos.)

Para celebrar essa deusa, os astecas, desde o século 14, realizavam o ritual de decapitação de uma mulher, simbolizando o ato de separar a espiga da planta. 

Ela tinha de ser donzela (uma garota de mais ou menos 8 ou 12 anos e virgem) porque os deuses necessitavam de pureza para garantir as colheitas.

(Uma vez escolhida a virgem de uma família renomada para honrar a deusa Xilonen, ela era ornamentada como a Deusa usando as mais belas plumas, tecidos e muito ouro. Também lhe era dada a garantia que a donzela voltaria como rainha numa próxima vida.) 

Outro produto da região, considerado sagrado, era a borracha.

Os indígenas promoviam um jogo com a bola de látex maciça, relacionado com o movimento do Sol para transformar o dia e a noite.

(Acima, cenas do jogo de bola mesoamericano, atualmente chamado de Ulama pelos descendentes indígenas, uma apresentação do Museu de Antropologia do México.)

A religião mistura-se à política e à economia.

Até a guerra tinha caráter religioso: manter o movimento solar e o ciclo de vida da humanidade. 

Ao conseguir prisioneiros para os sacrifícios, os guerreiros garantiam a força militar, a expansão territorial e o domínio tributário. 

(A história de Hernán Cortez, conquistador do México, e primeiro desbravador a chegar na Mesoamérica. Acima, vídeo disponibilizado às escolas públicas do México pela Universidad Ciudad del Mexico, de 2010.)

Quando os espanhóis chegaram, os sacerdotes indígenas exerciam alto poder político como representantes da palavra divina. 

As escolas religiosas eram destinadas aos filhos de nobres, enquanto os demais jovens, inclusive moças, iam para as escolas de guerra.

Os Vários Mundos

O ritos oficiais eram realizados normalmente no alto das pirâmides e as oferendas aos deuses variavam: animais, pedras preciosas, bebidas alcoólicas e produtos da terra, mas também danças, orações, música tocada por instrumentos de sopro e incenso. 


(Acima, um sobrevoo feito por  drone pelo complexo da cidade de Caral, Peru. Fernando, meu irmão, sempre se divertindo...)

O motivo de tais ritos ocorrerem nas pirâmides ainda é estudado, mas se sabe que em muitas delas o número de patamares estaria relacionado com os níveis celestes.


(Acima, cenas da série Alienígenas do Passado, de 2012.)

As celebrações religiosas foram descritas nos códices, livros de papel guardados em estojos de madeira, que continham o sistema de escrita dos povos mesoamericanos. 

Esses livros rituais e históricos contam que o mundo havia passado por idades anteriores, nas quais a humanidade foi destruída por cataclismos e recriada posteriormente.

(Acima, os 20 signos da astrologia Maia, que é uma mistura de I Ching e Ayurveda. Hoje existem xamãs e/ou astrólogos que ainda usam esse sistema antigo de auto-conhecimento no México.) 


(Acima, a apresentação dos signos astecas e seus respectivos meses de atuação, muito similar aos orixás do Candomblé, só que no Candomblé, para saber qual seu orixá de cabeça é necessário consultar o Ifá, isto é, o jogo de búzios.)

Para os mesoamericanos, o mundo terrestre era dividido em quatro direções e um centro. 

O céu tinha 13 níveis e, abaixo da terra, havia as nove camadas dos inframundos. 

Os inframundos eram o destino dos mortos comuns...


Continua...   



   

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