terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Eterno Universo Recriado! - Parte 1

(Os indígenas da chamada Mesoamérica cultuavam seus deuses conforme um avançado calendário religioso. Todos os rituais e celebrações tinham a função de recriar o universo e, até hoje, influenciam a cultura mexicana. Acima, entrada do Museu de Antropologia da Cidade do México.)

Durante a noite, os indígenas corriam para apagar qualquer resquício de fogueira ou brasa nas aldeias. 

No alto da montanha, os sacerdotes precisavam da escuridão absoluta para a celebração do ritual do Fogo Novo, realizado a cada 52 anos pelos antigos habitantes da Mesoamérica, região que hoje compreende México, Guatemala, Honduras e parte da Nicarágua. 

(Acima, representação do ritual do Fogo Novo oferecida pelo Museu de Antropologia do México aos visitantes.)

Aquela era uma das mais importantes celebrações religiosas porque significava que um ciclo tinha se acabado e, agora, o universo precisava ser recriado. 

Todas as imagens de deuses das casas eram jogada nos rios ou lagoas.

(Conhecer a cultura mesoamericana, é se reconectar com um mecanismo de busca pelo conhecimento e representação espiritual através da Arte, mas de uma forma tão complexa e gigantesca, que o homem moderno não consegue entender... Aí, eu compreendo o porquê a única alternativa para os curiosos são os "extraterrestres". Os mesoamericanos são o que a História tem de mais recente sobre os resquícios de povos megalíticos, isto é, povos que usavam imensas pedras para representar o seu cotidiano cultural.)

O povo ficava apreensivo e temeroso porque se o fogo não acendesse no topo da pirâmide era sinal de que o mundo iria terminar. 

Os guerreiros ficavam preparados para lutar contra monstros que pudessem surgir. 

(Acima, maquete da cidade de Teotihuacan, onde no primeiro plano vemos, à direita, a Pirâmide da Lua e ao fundo a Pirâmide do Sol, onde era feito o ritual do Fogo Novo, no Museu de Antropologia do México.)

Nessa ocasião, uma imensa fogueira era acesa à meia-noite para que a luz fosse vista por todos os habitantes.

Eles comemoravam a data quebrando os objetos de suas casas para celebrar o ciclo que começava. Os sacerdotes pintavam-se e vestiam os trajes típicos dos deuses porque naquele momento eles também eram deuses. 

(Nas culturas xamânicas ou mágicas, o fogo é um elemento sagrado que não pode faltar numa reunião de pessoas. Esse fenômeno é encontrado em todas as civilizações. O fogo é a memória da criação do mundo... Acima, cenas do filme Apocalypto, de Mel Gibson, de 2006.)

Se o Fogo Novo acendia, era porque o Sol seguiria nascendo e as estrelas continuariam a brilhar. 

A Mesoamérica era formada por vários povos. 

(Acima, mostra das coleções dos povos mesoamericanos do Museu de Antropologia do México.)

Apesar da grande abrangência territorial, suas culturas tinham traços em comum - os cultos religiosos semelhantes são um exemplo.

Os primeiros habitantes da região foram os olmecas, por volta de 2.500 a.C., que influenciaram a formação de outros povos, como zapotecas, toltecas, mexicas e maias. 

(Acima, cabeça Olmeca, onde encontramos evidentes traços faciais negróides. Essa fisionomia racial não é encontrada em nenhum povo mesoamericano, fazendo com que arqueólogos, historiadores e antropólogos reavaliem as teorias de imigrações humanas pelas Américas.)

Localizados no Golfo do México, espalharam-se para outras regiões graças ao comércio e às guerras. 

Os mexicas, chamados popularmente de aztecas, falavam a língua náhuatl e povoaram o altiplano central mexicano, México, e, depois, o vale do México. 

(O domínio, o racismo e o preconceito vinham da própria filosofia escravocrata que permeava os conceitos dos povos mesoamericanos. Quando os espanhóis chegaram, não foi difícil manipulá-los, pois a política interna já estava ruída... Acima, cenas do filme Apocalypto, de Mel Gibson, de 2006.)

No século 15, iniciaram suas conquistas e mantiveram a hegemonia até a chegada dos espanhóis no século 16. 

Os maias ocuparam o sudeste mexicano e parte da América Central. Falavam várias línguas. 

Boa parte dos registros desses povos foi destruída durante a colonização espanhola e restaram apenas relatos de visionários e conquistadores. 

(A área mais importante do Museu de Antropologia do México onde encontramos representações dos primeiros humanóides: o Austrolopitecus Aferensis, além de uma enorme pedra-caléndário com as principais constelações da astrologia Maia e os planetas conhecidos do Sistema Solar.)

Para eles, as antigas sociedades indígenas resumiram-se à selvageria dos sacrifícios humanos. 

O estudo dessas culturas foi negligenciado e tendemos a repetir os argumentos dos espanhóis para justificar a conquista desses povos. 

Os sacrifícios realmente faziam parte de algumas celebrações, mas não tinham sentido demoníaco. 

(Por muito tempo se acreditou que os sacrifícios humanos praticados pelos Maias e Aztecas tinham um cerne de maldade e ignorância. Estudos recentes e retraduções dos textos aztecas, nos dão um outro pano de fundo: Apesar do horror, muitos dos sacrificados eram indivíduos voluntários que desejavam entregar seu sangue ao seu panteão de deuses, como uma forma suprema de veneração. Acima, cenas do filme Apocalypto, de Mel Gibson, de 2006.)

O sacrificado era visto como deus e deveria ser morto para recriar o universo, pelo bem da humanidade. 

Para o ritual do Fogo Novo ser produzido, um pedaço de graveto fino era esfregado sobre um pedaço de madeira seco, colocado no peito de um prisioneiro de guerra. 

Quando o fogo acendia, os sacerdotes abriam o peito do escolhido e retiravam seu coração com facas, para lançá-lo na fogueira. 



Continua...

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