(Um símbolo que impacta qualquer pessoa, independentemente de sua crença. Ela consegue subtrair de nós amor, resignação e perdão... Virgem Maria, a mãe de todos nós!)
Segundo símbolo cristão mais venerado. Nossa Senhora - como é conhecida - passa longe do esterótipo de mulher submissa e resignada. Tanto nos evangelhos quanto segundo a tradição, mostra-se como mãe corajosa, atenta às dificuldades e à devoção dos fiéis.
Uma bela moça que engravida, torna-se malfadada e perseguida. Para dar à luz seu filho, procura abrigo em uma estrebaria.
Foge em seguida para um país distante para defendê-lo, protagonizando uma saga formidável de dor e sofrimento pelo mais nobre dos objetivos: salvar a humanidade.
(A anunciação de Maria)
Não é à toa que essa narrativa, que lembra as aventuras das heroínas dos contos de fadas encanta fiéis há 2 mil anos e é o ponto de partida para o surgimento das religiões cristãs.
Para os cristãos, essa é a história real de Maria, a mãe de Jesus.
O mês de maio foi eleito pelos fiéis, inspirados pelas flores da primavera no hemisfério norte, como a época ideal para celebrar essa mulher especial.
(A verdadeira causa do mês de maio ter sido dedicado à Virgem Maria foi que na época de 350 a 550 d.C., durante as conquistas romanas na Bretanha, chegando ali, os soldados romanos encontraram um incrível ritual que acontecia todo ano naquele mês: Os Fogos de Beltane. Apesar que para os visitantes parecesse terrível, esse ritual congregava todos os celtas e pictos da grande ilha inglesa, para comemorarem a fertilidade da Deusa com Deus: A terra sendo fertilizada pela seiva do Sol: A primavera no hemisfério Norte.)
Foi em 13 de maio que a Virgem apareceu pela primeira vez a três crianças na cidade portuguesa de Fátima, em 1917.
O papa Paulo IV, na encíclica Mense Maio, 1965, oficializou a data, consagrando de vez o quinto mês do ano como o mês de Maria.
De fato, nada melhor do que as flores da primavera para lembrar aquela que é "cheia de graça": menina de pele morena, provavelmente trazia os cabelos longos e escuros presos numa trança frouxa.
(The Nativity Story, 2006, foi um dos filmes mais legais já feitos contando a história dessa mulher que enfrentou problemas sociais, que, ela nem sabe, ainda hoje enfrentaria: Dizer que carrega no ventre um bebê, que ela nem saberia explicar quem seria o pai... Maria enfrentou a humilhação da honra feminina ser arranhada, algo tão simples...)
No rosto, os olhos pretos brilhavam com vivacidade. Talvez vestisse batas largas e gastas e calçasse sandálias simples. Eis o retrato de Myriam, seu nome em hebreu.
Ela deveria ser bonita, mas de uma maneira muito mais interessante do que aquela imagem suave e tradicional que estamos acostumados.
A imagem que se tem dela hoje não tem nada a ver com a realidade do Oriente Médio, mas sim com os ideais de beleza feminina propagados depois pelo Renascimento italiano.
(Hoje, Maria seria uma mulher assim...: Inteligente, mas atuante, defendendo seu país e seu direito de não apenas viver na terra que nasceu, mas de acreditar em seu Deus. Trabalhar, sofrer e se submeter faz parte do universo feminino hebreu... Acima, o primeiro exército moderno do mundo a ter mulheres nas linhas de defesa: As Forças de Defesa de Israel. Lá, o serviço feminino é obrigatório.)
Miryam, como é seu nome original, significa "a amada de Javé", pode também ter havido alguma corruptela no decorrer do tempo e corresponder a Mariam, que significa "senhora" em aramaico.
A forma grega Maria só aparece séculos depois.
O nome, corriqueiro, designava uma em cada três mulheres da região.
Se o nome era comum, ocorria o mesmo com seu cotidiano, semelhante ao de tantas outras mulheres pobres de sua época.
(Vida Maria, 2006, é um curta de animação feito aqui no nordeste fazendo um paralelo da menina do sertão com a santa menina da antiga palestina.)
Maria cuidava de todos os afazeres domésticos, muitas vezes pesados: varria o chão de terra batida, trazia jarros d'água da fonte, moía a cevada para o preparo do pão e até pegava na enxada para limpar e semear o campo.
Ao cair da noite, descansava no chão forrado com palha e coberto com esteiras.
Todos dormiam juntos no mesmo cômodo.
A simplicidade repetia-se na hora das refeições: não havia mesas nem cadeiras, comia-se sentado no chão.
(Um dia a dia sem expectativa, com tarefas sendo refeitas repetitivamente... Assim era a vida de uma adolescente palestina.)
Essa ausência de luxo e de conforto é coerente, historicamente, mas destoa, mais uma vez, da tradicional imagem frágil e delicada...
Continua...
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