sábado, 19 de março de 2016

Travessia em busca de um Sonho - Parte 4

(As marcas de um passado sangrento renegaram ao esquecimento a sofrida cidade de Taquaruçu, existindo hoje em seu lugar Curitibanos, nome dado em memória de uma fantasiosa invasão de paranaenses nas fronteiras de Santa Catarina.)

Em 1912, o monge José Maria reúne-se com vários seguidores na pequena cidade de Taquaruçu para celebrar a festa do Senhor Bom Jesus. 

O grupo resolve ficar por lá depois da cerimônia. Incomodado, o coronel da região ameaça usar de violência para dispersar os caboclos. 

Eles deixam o vilarejo e dirigem-se para Irani, na região fronteiriça entre o Paraná e Santa Catarina, onde se instalam. 

(Forças militares de Santa Catarina, Paraná e do Governo Federal que conquistaram a cidadezinha de Taquaruçu, atual Curitibanos-SC, durante a guerra do Contestado.)

O governo paranaense interpreta o episódio como uma invasão catarinense da região em litígio e mandam uma tropa reprimir o grupo.

José Maria morre no combate...

Mas os sertanejos passam a crer na sua volta. Alguns autores dizem que, quando foi enterrado, cobriram o corpo apenas com algumas tábuas, para facilitar a ressurreição. 

Orientados por visões em que seu líder se manifestava, os seguidores estabelecem-se de novo em Taquaruçu. Os ataques do governo são repelidos e outros núcleos instalam-se pela região. 

(Túmulo do Monge José Maria, em Irani-SC, local do primeiro combate da guerra.)

(Local de peregrinação, orações e visitações anuais, o cemitério do Contestado, em Irani-SC é parada obrigatória para quem visita Santa Catarina e estuda sua história. Acima, sr. Odair Toledo, dono das terras e administrador do cemitério.)

(Hoje, a calma e um melancólico silêncio reinam no solo onde muitos morreram defendendo sua simples e ignorante fé...  Ao fundo, meu irmão Fernando voltando de um pequeno riacho que passa margeando o cemitério. Visita em Nov/2012.)

Trabalhadores que ficaram desempregados com o fim da construção da ferrovia também se juntam ao movimento. 

À espera do retorno do monge e da instauração de uma monarquia celestial, alguns redutos vivem em um estado de festa permanente, garantido por saques às fazendas da região.

Em 1916, o grupo tem o domínio de uma área de 28 mil quilômetros. Para acabar de vez com a revolta, o governo mobilizou 75% do contingente do Exército. 

Mais um sonho terminava de maneira sangrenta...


Messianismo Hoje e Agora

A repressão violenta sofrida em Canudos e no Contestado não impediu o nascimento, tempos depois, de outros movimentos semelhantes.

(É... eu sei... parece o mago Gandalf, não é?! Mas, não, é apenas um brasileiro que recebeu  visões e a missão de fundar uma nova cidade que mudaria o Brasil. Assista a um breve documentário sobre a vida de um professor que não soube desenvolver suas faculdades mediúnicas...)

Na década de 40, apareceu na cidade do Rio de Janeiro um novo líder espiritual, o Mestre Yokaanam, que tem visões sobre o surgimento de uma nova civilização no Planalto Central. Ele se muda para uma região próxima de Brasília com seus seguidores e funda a Cidade Eclética, uma comunidade religiosa ligada ao Espiritismo e permeável às outras religiões - o que explica o nome do vilarejo. 

História similar teve o Vale do Amanhecer, idealizado por tia Neiva. 

(Esta senhora de aparência estranha é Neiva Chaves Zelaya, tia Neiva, médium e clarividente. Fez uma longa caminhada para compreender sua mediunidade. Em 1969 ela funda o Vale do Amanhecer, um complexo com dormitórios e até comércio onde buscadores por cura física e espiritual se hospedam e moram. Hoje mais de 100 mil médiuns residem nesta cidade e 650 templos com a doutrina do Amanhecer estão espalhados por todo o Brasil.)

(O canal pago internacional Discovery se interessou por essa comunidade e em 2011 veicula um documentário intitulado como Mundos Extremos.) 

Também originado em meados do século 20, o movimento resultou na criação de uma cidade próxima a Brasília, identificada com o sincretismo e o esoterismo. 

Os dois grupos retomam o messianismo, garantido pela capacidade de adaptação, pelo exercício consciente de tolerância e pela estrutura eclética. 

Além disso, ambos souberam fazer a passagem do movimento messiânico para uma comunidade de Nova Era, sobretudo desde a morte de seus líderes.

Há, contudo, exceções. 

(Falamos sobre esse movimento no início de nossas postagens aqui, a Irmã Tereza é a única e solitária remanescente deste movimento desastroso sobre um dilúvio que destruiria o mundo em 13 de maio de 1980.)

Na década de 70, surgiram os Borboletas Azuis em Campina Grande, na Paraíba. O grupo era liderado pelo sertanejo Roldão Mangueira, que diz ter visões do padre Cícero. 

Os adeptos promoviam sessões espíritas onde baixavam espíritos de santos e padres, todos católicos. O movimento tinha o objetivo de batizar todos os que morreram pagãos e de revitalizar o Catolicismo. 

Surgiu então a crença de que o mundo acabaria em um dilúvio em 13 de maio de 1980. Como isso não ocorreu, os seguidores se dispersaram.

(Pode não parecer hoje, mas esse cara aí, seduziu para suas fileiras mais de 918 suicidas. Jim Jones fomentado pelo medo crescente da Guerra Fria e a Guerra do Vietnã, o fim do mundo parecia inevitável. Por que esperar, vai que Deus estava com seu relógio atrasado, vamos até Ele! - Metodista, usuário de anfetaminas e aliciador de membros de sua seita, um homem perigoso e confuso.)

(Na década de 80 Chico Anysio, um de nossos únicos e maiores comediantes, não podia deixar uma figura dessas passar em branco... Satirizou e, fazendo a gente rir, também fez a gente refletir...)

(Assista por este link a reportagem da Rede Globo feita para o programa Fantástico em 28 de novembro de 1978, sobre este traumatizante acontecimento da espiritualidade mundial.)

Fora do Brasil, outros movimentos ganharam destaque por terminar de forma trágica. Em 1978, cerca de 900 seguidores da seita Templo do Povo promoveram um suicídio coletivo na colônia agrícola em que viviam, na Guiana, liderados pelo pastor Jim Jones. 

Em 1993, os adeptos do Ramo Davidiano, um movimento adventista americano, foram cercados pelo FBI em Waco, no Texas. Mas de 80 pessoas morreram em um incêndio causado pela ação precipitada dos agentes federais. 

(Este bonito e promissor adolescente de 14 anos, David Koresh, seria anos mais tarde o responsável por um evento que pararia a mídia mundial em 28 de fevereiro de 1993.)


(O jovem teria mais futuro se tivesse investido em sua carreira musical, mas sua fé levou-o a acreditar que era o último profeta de uma divisão teológica dos Adventistas do Sétimo Dia chamada de Ramo Davidiano, que acreditavam que a vinda do Juízo Final estava próxima. Assediado sexualmente na adolescência por uma profetiza de 65 anos e, participante de um conturbado núcleo familiar, foi criado pela avó...)


(...e tudo culmina em Waco, Texas, quando a Guarda Nacional do Estado do Texas, juntamente com o FBI, responde a uma denúncia anônima de que no local se reunia centenas de pessoas, usuárias de drogas e que seu líder estuprava crianças e adolescentes. Muitos morreram queimados ou se suicidaram para não serem presos. David Koresh foi preso e condenado a prisão perpétua respondendo por homicídio culposo, porte e tráfego de drogas, abuso sexual e intelectual e invasão e posse indevida de território americano.)

Em 1997,  39 membros da seita Heaven's Gate promoveram um suicídio coletivo nos Estados Unidos, acreditando que a passagem do cometa Hale-Bopp era  sinal para que deixassem seus corpos e fossem levados por uma nave espacial.

Há um imaginário muito mais urbano e tecnológico, hoje em dia, sobre o que seja esse neomessianismo. A presença, hoje em dia, de doutrinas envolvendo alienígenas e conspirações de segredos governamentais, tudo isso, fomenta a fantasia de muitas pessoas podendo prejudicar seu próximo em busca de respostas cotidianas para o sofrimento e frustração. 

(O primeiro caso de uma transição que a Teologia denomina de Neomessianismo: O paraíso está entre os alienígenas...! No estudo das religiões esse fenômeno é chamado de Religião OVNI. Seu primeiro representante Marshal Applewhite.)


(Mas o culpado é esse carinha aí! Hale Bopp, incendiou o céu e a cabeça de muita gente em 1995. Para a NASA ele é classificado como um dos Grandes Cometas de nosso sistema solar. Visível no céu a cada 20 anos, fica aqui, perturbando todo mundo por 18 meses brilhando e fazendo peripécias no céu levando todos a acreditarem que o mundo vai acabar ou que é algum tipo de espaço nave... Que menino feio...!)


(Marshall dizia-se a reencarnação de Jesus, e muita gente com grana acreditou nisso! Eles não se denominavam membros, mas sim, tripulantes dessa seita. Os Applewhite ou Os Dois, como se denominavam, recebiam mensagens de alienígenas, mas o chato é que só eles falavam com os caras lá de cima...)


(Se você foi um jovem antenado da década de 90 com certeza acessou por curiosidade esse site do Haven's Gate, óbvio, hoje banido da internet, só prá saber o que os doidos falavam...)

É necessário que cada um de nós façamos uma caminhada espiritual, afinal somos de fato uma união de várias partes que não é só corpo ou emoções. 

Mas essa caminhada não pode levar a convencer ninguém sobre o que cada um deve fazer ou ser... A espiritualidade é uma busca solitária e individual, respeitando o tempo e a maturidade de cada um. E, principalmente, não existe nada complexo, encoberto ou difícil demais no que tange a Deus. A fé deve ser algo simples, acessível e que leve seu buscador à tolerância, flexibilidade e adaptabilidade, ou seja, que o faça viver em harmonia e paz no seu meio ambiente.

Qualquer ideologia que fuja disso, desconfie! 


(A mais nova cara de Jesus, dentre outras faces assumidas por ele, é esse homem aí: Inri Cristo, escritor e líder religioso da Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade. Felizmente, em sua pequena mansão ele é servido por várias cordeirinhas, jovens meninas que servem ao líder acreditando ser o Cristo.)

"As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus; porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre..."

"...porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.

"...para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós..."
Deuteronômio 29:29; Romanos 1:19-20; Atos 17:27



Fim.:.



Referências Bibliográficas

Guerra do Fim do Mundo, de Mario Vargas Llosa, ed. Companhia das Letras, 1999.

Canudos e o Povo da Terra, de Marco Antonio Villa, ed. Ática, 1995.

Dicionário de Messianismo e Milenarismo, de Henri Desroche, ed. Umesp, 2000.

Messianismo e Conflito Social, de Maurício Vinhas de Queiroz, ed. Civilização Brasileira, 1966.

O Messianismo no Brasil e no Mundo, de Maria Isaura Pereira de Queiroz, ed. Dominus Editora/Edups, 1965.

Os Sertões, de Euclides da Cunha, ed. Record, 2000.


Filmes

Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, 1964

Guerra de Canudos, de Sérgio Rezende, 1997.


domingo, 13 de março de 2016

Por que não lembramos de Vidas Passadas?

(Dezenas de filmes e novelas já foram escritos que abordam este tema instigante da Reencarnação. Quer um que vai deixar você pensando? Assista Café de Flore, 2011-Canadá, que conta uma história de uma mulher que perde seu filho portador de Síndrome de Down em 1940 e, em 2011, um encontro amoroso acontece...)

Porque "a lembrança traria gravíssimos inconvenientes", conforme o capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo , de Allan Kardec. 

Faz sentido...

O texto explica que, frequentemente, a pessoa nasce no mesmo meio em que viveu no passado, estabelecendo relações com outras pessoas para reparar o mal que lhes haja feito. 


(Allan Kardec, decodificador do Espiritismo, criou vários termos para sua doutrina espiritual tão usados hoje em dia: mediunidade, codificação, fenômenos paranormais... Em 1855, curioso pelos relatos de Mesas Girantes do pedagogo Pestalozzi, começou seus estudos sobre os espíritos viajando até o Egito e de lá para o mundo.) 

Se lembrasse de quem odiou, continuaria com o sentimento de ódio e não poderia resgatar sua dívida. 

Sob o aspecto moral, essa é a grande jogada do mundo espiritual: tudo é feito para que a pessoa esqueça as experiências passadas e não perca o aprendizado desta vida. 

Por outro lado, tudo se conserva. 


(Divaldo Pereira Franco é um homem que nos encanta quando temos a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Acima, a despedida de seu guia Bezerra de Menezes, na Conferência Estadual do Paraná de 06/03/2016.)

De acordo com o Espiritismo, carregamos no inconsciente, de maneira difusa, as remanescências de todas as encarnações. 

Elas perduram na forma de tendências instintivas individuais. 

Todas as experiências passadas ficam registradas numa região extracerebral. Mas o acesso a ela só é conseguido em raríssimas ocasiões, pois, ao ganharmos um novo corpo no nascimento, a consciência se manifesta em um cérebro diferente do anterior.




Só com a morte do corpo físico é que se conhece tudo a respeito de todas as existências. 


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sábado, 5 de março de 2016

Travessia em busca de um Sonho - Parte 3

(A derrubada da Monarquia, que de imediato foi sem derramamento de sangue, terminou por provocar ações anti-republicanas e aversões contra o Novo Regime que trazia para o cenário brasileiro muitas ideologias iluministas europeias. Acima, cena do filme Guerra de Canudos.)

Passa o tempo, vem a República e Conselheiro coloca-se contra o novo regime.

Para ele, trata-se de uma subversão à ordem estabelecida por Deus. Deixando de lado a vida de andarilho, o peregrino decide fixar-se, com seus seguidores, no pequeno arraial de Canudos, cujo nome muda para Belo Monte. 

Antônio Conselheiro quer preparar um lugar que garanta a vida na Terra, sem se esquecer de que isso é provisório, e que leva ao céu. A vida que os sertanejos tinham lá era muito boa, muito melhor do que antes.

(Belo Monte retratado pelo fotógrafo Flávio de Barros em outubro de 1897.)

O povoado cresce rapidamente. Além do trabalho comunitário, os moradores do arraial aprendem com as lições religiosas de seu líder. Quando Conselheiro falava de Deus, não acentuava o caráter aterrorizante e vingativo presente nos sermões que o povo há tanto tempo ouvia. 

Mostrava-o como um Ser misericordioso, sempre disposto a perdoar.

Se a missão do rei capuchinho fracassa em 1895, seu relatório indica a existência de um Estado dentro do estado e põe as autoridades de prontidão. 

No ano seguinte, os fiéis compram madeira em Juazeiro para a igreja nova de Canudos.


(Conselheiro foi perseguido não apenas por reunir um povo sem esperança do Sertão, mas também por apresentar uma teologia nada convencional no qual retratava um Deus que não apenas perdoava, mas que não condenava: A seca do sertão não era algum tipo de pecado e danação divina...)


(O estopim da Guerra de Canudos foi mesquinho e abominável, o qual o personagem principal foi a construção de uma Igreja para que pobres sertanistas pudessem fazer suas orações no final de seu dia de trabalho.)

O material demora a ser entregue e corre o boato que jagunços vão invadir a cidade para pegá-lo à força. A notícia serve como pretexto para dar início à guerra, imortalizada no clássico Os Sertões, de Euclides da Cunha. 

A primeira expedição, com 120 homens, fracassa. 

O mesmo ocorre com a segunda, com cerca de 625 soldados, e com a terceira, que reuniu um efetivo de mais de 1,3 mil pessoas.


(Cena final do filme Guerra de Canudos de 1996, direção de Sérgio Rezende e protagonistas como José Wilker, Cláudia Abreu, Paulo Betti e Marieta Severo. Filme orçado em 6 milhões de dólares e 4 anos para gravação.)

Na última, em 1897, mais de 10 mil combatentes atacaram em duas frentes, durante quatro meses. Do ataque intenso, restou a ruína de 5,2 mil casas. Antônio Conselheiro morreu pouco antes do fim da guerra, não se sabe se ferido por uma granada.

Muitos dos vencidos acabaram cruelmente degolados. 

Em 1969, as águas do açude de Cocorobó cobriram o que restou de Belo Monte. Não apagaram, contudo, uma história de fé.

Fé Messiânica...

(Com a baixa das águas do Açude de Cocorobó a velha Canudos reaparece...)

(Chegando ao Açude de Cocorobó, não tem como não sentir algum tipo de silêncio e tristeza impregnados no local... Viagem de Abril de 2015.)


Contestado sob o comando de um Monge Místico

Em 1916, uma região fronteiriça de 48 mil quilômetros quadrados disputada pelo Paraná e Santa Catarina viveu seu apocalipse. Estima-se que entre 6 mil e 10 mil pessoas tenham morrido após a série de combates contra as tropas republicanas. 

Nem mesmo no período mais crítico do conflito, o monge José Maria surgiu nos céus, ao lado do exército encantado de São Sebastião, como esperavam seus mais de 20 mil seguidores. 

(Este senhor idoso e inofensivo, curandeiro, apelidado por monge por seu jeito reservado e pobre de viver, foi o motivo para uma guerra...)

As mudanças radicais que atingiram aquela população despertaram o desejo por uma salvação divina, distante da vida em uma sociedade arruinada. 

A história do Contestado começa em meados do século 1.

Por volta de 1840, acredita-se que tenha passado pela região um "monge" chamado João Maria. 

Mas "monge", nesse caso, não significa o religioso que vive em um mosteiro. Trata-se de um termo aplicado a andarilhos comuns na região sul do Brasil que benziam, batizavam e faziam curas com ervas medicinais - muito parecidos com os "beatos" do Nordeste.

(A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na Região Sul do Brasil entre outubro de 1912 e agosto de 1916.)

No fim do século 19, um segundo monge João Maria surge na área, muitos anos depois do desaparecimento do primeiro. Na memória popular, entretanto, ambos acabaram confundindo-se.

Passa algum tempo e, no século 20, começa a peregrinar pela região o monge José Maria, que se diz irmão do segundo João Maria. 

Suas andanças coincidem com a modernização de toda aquela área. Muitos posseiros são expulsos de suas terras por causa da construção de uma estrada de ferro que liga São Paulo ao rio Grande do Sul. 

Também há problemas com a instalação de uma madeireira multinacional do mesmo grupo da ferrovia. 

(A implantação de estradas de ferro na região trazem o desenvolvimento e a expulsão do povo local. Injustiça, intolerância e ganância são, como sempre, a matéria prima inflamável para qualquer conflito.)

Suas serrarias desabrigam mais gente e acabam com as pequenas madeireiras da área.

Além disso, a chegada de grandes contingentes de imigrantes - mais acostumados às novas rotinas de trabalho - contribui para agravar a crise social. 


Continua...



Aranel Ithil Dior. Tecnologia do Blogger.

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