sábado, 17 de outubro de 2015

Som na Caixa para Louvar o Senhor! - Parte 1

(O melhor rock brasileiro produzido atualmente vem de uma banda católica gospel. No caminho musical desde 1988, os conheci com meu irmão Fernando em Campinas, sua cidade de origem. Com uma das melhores vozes rasgadas brasileiras, o rock bem cantado tem vida com Guilherme de Sá. Acima, o álbum Rosa de Saron Acústico, a melhor performance da banda.)

A música profana, do rock pesado à black music, tomou conta dos templos. Ao mesmo tempo, letras que falam de fé e de Cristo ganharam as ruas. Conheça o trabalho das bandas cristãs que, com ousado estilo musical, conquistaram jovens e são instrumentos de evangelização.

Foi assim que você aprendeu esta história...

...Era uma vez um anjo de luz.

Chamava-se Lúcifer e tinha uma das mais altas patentes da hierarquia angelical: era um serafim. 

Cheio de sabedoria e beleza, vivia no jardim do Éden.

(Lúcifer, Estrela da Manhã ou Filho da Alva, era o Anjo mais belo, inteligente e amado por Deus. Assentava-se à Sua direita, e antes de Jesus, era o predileto do Pai. Após uma missão malsucedida entre os homens, ele não ocupa mais este posto. Agora, como um principado da Terra, sua angústia o aprisionou a deturpar tudo o que seu rival tentou construir: Salvar o mundo! - Isaías 14:12-23)

No entanto, inflamado pelo orgulho, desejou ocupar o posto daquele que o havia criado. Foi, então, atirado à terra, com a terça parte dos anjos que habitavam no céu.

Mas, Lúcifer era um anjo especial...

E, antes da soberba que o tiraria da morada divina, lhe havia sido confiadas a arte e a ciência de combinar os sons: ele liderava a filarmônica composta somente de seres celestes.

Depois da queda, Satanás, como ficou conhecido, levou consigo uma das mais eficientes armas para corromper a humanidade: a música.

(Quem nunca ouviu esse hit? E quem lhe dá vida é um dos ícones da música americana: Elvis Presley. Sua voz maravilhosa, macia e com timbre bem masculino é produto dos cultos dominicais dos templos de Testemunha de Jeová em Menphis. Falecido em 16 de agosto de 1977, poucos sabem, mas durante toda a sua vida de cantor, gravou vários álbuns gospel.)

(Elvis cantando um dos hinos mais bonitos do Hinário Cristão: Grandioso és Tu. Este hino tem um sentido icônico na cultura americana. Foi vandalizado por muitos anos, cantado em bares e tavernas no Oeste americano, entre prostitutas e ladrões, pois ninguém conhecia outro tipo de música para ser cantada...! No naufrágio do Titanic, foi relatado pelas testemunhas sobreviventes que os violinistas do navio tocaram-na para as vítimas que se afogavam...)

Por causa dessa interpretação do relato Bíblico, a música é considera por muitos uma manifestação profana demais para ser usada em rituais religiosos - principalmente se recorrer a ritmos e melodias considerados mundanos, como o rock, o hip e hop e black music. 

No entanto, cada vez mais as igrejas percebem que a música pode servir como forte instrumento de evangelização, que, além de divulgar conceitos religiosos, atrai novos fiéis, na maioria, jovens...

(Mas tudo começa aqui em meados de 1927, com O Negro Spiritual, ou mais apropriadamente, Spiritual. Os negros oprimidos pela política conservadora e segregária no sul dos Estados Unidos, criaram uma forma única de colocar sua angústia e frustração para fora de seus corações, e inventaram uma das mais belas formas de usar a voz humana...

(Mas essa forma de cantar é para poucos afortunados... É necessário uma voz perfeita, macia e com cordas vocais fortes e flexíveis para alcançar tons graves e agudos, em variações curtas e precisas. A mistura de tudo isso, faz com que você queira entrar no ritmo do rio... Como os afro-americanos denominam essa técnica vocal.)

Antigamente, acreditava-se que a música era um elemento decaído por consequência da queda de Lúcifer.

Mas hoje, existe um consenso teológico de que a música foi criação original de Deus e que sua aplicação pode ser direcionada tanto para o bem como para o mal. 

Aos poucos, missas e cultos estão admitindo, além dos tradicionais violões e órgãos, guitarras, baixos, teclados eletrônicos e instrumentos de percussão. 

(Como nada fica estagnado, no sul pantanoso, acontecia outra revolução musical nas igrejas evangélicas. Logo surgiram outros segmentos do Spiritual e o Blues é o mais conhecido dentre eles. Acima, B.B.King, um dos meus cantores favoritos, que ensina muito bem como uma Les Pauls deve ser tocada...)

(Mas quem precisa encabeçar qualquer lista de gospel americano é Mahala Jackson, linda voz! Acima, canta com Loui Armstrong (trompetista e cantor), outro ícone musical americano que canta uma das músicas mais lindas já compostas: Wonderfull World.

(Não era cristã, mas judia, Amy Winehouse ouviu durante toda a sua infância o melhor da música gospel americana, e o que resultou disso? Ouve aí! Qualquer semelhança com Mahala, não é coincidência!)
Aliás, todas as formas de música, desde a valsa até o axé, podem ser usadas nas igrejas, como meio de propagação da fé. 

Não à toa, a Igreja Pedra Viva, fundada pelo pai do Pr. Jônatas Liasch, presidente da Associação de Músicos Cristãos do Brasil e, atualmente, pastor da igreja, tem em sua filial de São Paulo, o reduto mais expressivo da black music americana, a autêntica herdeira da hoje vulgarizada música gospel. 

(Igreja Pedra Viva, filial de São Paulo.)

(Apresentação de Dom Black e Marcio RC, membros da igreja Pedra Viva, em 2008.)

(Márcio RC em 2012.)

Foi dentro do meio evangélico - a corrente religiosa que mais assimilou estilos de origem profana em seus templos - que ocorreu uma espécie de "segunda reforma protestante". 

A música passou a ter um papel estratégico para a inovação litúrgica, a criação de um culto mais agradável e a modernização do louvor a Deus 

Além da questão comercial, teve uma função importante no proselitismo. 

(Pr. Jaime Kemp, uma pessoa agradabilíssima para se conversar e ouvir, iniciou na década de 70 uma revolução evangélica pelo Brasil. Tudo, a partir de sua chegada, mudou! As músicas, forma de pregar e cultos dominicais, hoje, levam a marca desse homem de fé e visão, que saiu dos Estados Unidos para um país, que naquela época os americanos acreditavam ser uma selva de ignorantes. Com perseverança deixou um dos maiores legados de um trabalho religioso bem feito: a banda Vencedores por Cristo.)

A "revolução musical" começou no fim dos anos 60 nas igrejas evangélicas tradicionais, de orientação metodista, presbiteriana e batista. 

O missionário americano Jaime Kemp, representante do Serviço de Evangelização para a América Latina (Sepal), criou em julho de 1968 o grupo Vencedores por Cristo, que tinha como objetivo principal a evangelização. 

(A banda Vencedores por Cristo fez vários álbuns de sucesso, mas quem conhece um pouco da vida evangélica, conheceu também a série Louvor que perfizeram 10 discos, todos muito bem produzidos. Acima, Louvor 4, um clássico da década de 80 e o mais vendido.)

(O maior cantor dessa banda foi, inigualavelmente, Sérgio Pimenta, falecido devido a um câncer fulminante. Deixou uma das letras que marcaram minha vida: 

"Só quem sofreu, pode valiar quem sofreu...
Pode se identificar...
Pode ter o mesmo sentir...
Só quem sofreu tem palavras de puro mel,
Que transmitem todo o calor,
Para quem precisa de amor...

E o Cristo encarnou, sofrendo como homem a dor,
Sabendo o que é padecer
Na mente e no corpo...
E ele morreu e até a própria morte venceu,
Mostrando amor capaz de atender a todo homem..."

Última música composta em seu leito no hospital, 1988 no mesmo mês que meu pai faleceu. In memorian...)

Chamado inicialmente de Projeto 7, o grupo era formado por jovens universitários que passavam por uma espécie de "treinamento bíblico" durante as férias escolares. 

Para conquistar os estudantes, Jaime Kemp usava a música. 

( Me empolguei... Não tem como terminar essa primeira parte da matéria sem fazer uma overdose de flashbacks! Dedico essa parte para meu irmão Fernando, que sempre gostou do estilo gospel e evangélico, é um exímio tecladista, e sem demonstrar nenhum tipo de preconceito, me ensinou isso também... Acima, Guilherme Kerr, super cantor e compositor batista.)

(Quem não adora essa voz? João Alexandre, um dos maiores tenores gospel brasileiro...!)

(Pr. Adhemar de Campos, quem foi adolescente na década de 80, cantou ou ouviu algum coleguinha cantar as músicas desse figurão da música evangélica brasileira. Voz impecável e densa, letras e músicas, que revolucionaram a forma de exprimir o amor a Deus.)
 
Nas igrejas evangélicas da época, havia uma carência muito grande de um meio de comunicação eficaz para atrair os jovens. E a música foi este meio.

(Mas a melhor banda de gospel brasileira, sem dúvida nenhuma, foi a banda Logos, com letras impecáveis. Porque é preciso dizer, que nem sempre os compositores acertam na teologia ou citação bíblica de suas canções, mas o Grupo Logos... Nossa... Impecável em todos os sentidos: Referências bíblicas, doutrina e teologia. Adoro!)




Continua...


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