sábado, 31 de outubro de 2015

Som na Caixa para Louvar o Senhor! - Parte 2

(Era assim que a banda Vencedores por Cristo se apresentava na década de 70. Todos uniformizados e com vozes bem afinadas. Na guitarra Guilherme Kerr, novinho e magrinho...)

A inovação de Jaime Kemp foi total...

Ele visitava templos evangélicos tradicionais em São Paulo propagando sua ideia de recrutamento de jovens. Assim, conseguiu reunir uma equipe fixa de 22 pessoas.

Com patrocínio americano, mandou confeccionar uniformes que copiavam o estilo dos Beatles, alugou um ônibus, traduziu canções americanas e viajou pelo Brasil afora produzindo pequenos shows em praças, vias públicas e galerias. 

(Em 1977 o lançamento do disco De Vento em Popa não agradou os evangélicos fazendo desse álbum um grande fracasso na época. Com o tempo, o estilo da banda caiu no gosto do público evangélico e em 1993, este disco ficou esgotado nas prateleiras das lojas especializadas, se tornando uma relíquia para os aficionados pela música gospel. Ainda hoje é difícil encontrá-lo...)

O evento começava com a apresentação do grupo e, depois, vinha a pregação do missionário. Embora a primeira equipe não fosse de músicos a exigência só veio anos depois - os jovens catavam e tocavam.

Em 1972, o apelo começou a ficar mais sério. 

(Primeiro álbum dos Vencedores por Cristo, homólogo, de 1972. Mas, um sucesso se eternizou: Se Eu Fosse Contar. Neste momento alguns sucessos americanos foram traduzidos neste LP. Muito legal ouvir a sonoridade antiga, a dicção e os instrumentos...) 

Kemp convidou alguns integrantes da equipe para se dedicar ao trabalho num período de seis meses. Nove jovens, então, trancaram a faculdade para cantar em escolas. 

Despontaram nesse equipe nomes que são referências da música evangélica brasileira, como: Guilherme Kerr Neto e Sérgio Pimenta (como comentamos já na matéria anterior), que têm suas canções imortalizadas e cantadas até hoje em qualquer templo ou igreja protestante e, por que não, em algumas igrejas católicas...

(Criava-se, então, o estilo Bossa Nova Evangélica... Sérgio Pimenta foi um dos maiores representantes desse momento gospel brasileiro. Acima, seu último disco lançado em 1988. Saudades...!)

Surgia, então, a primeira formação dos Vencedores por Cristo com músicos profissionais. Foi graças a eles que os Vencedores mudaram radicalmente o estilo musical no Brasil, deixando a influência americana e compondo a primeira bossa nova evangélica!

Apesar do aparecimento da bossa nova cristã e do lançamento do disco De Vento em Popa - o primeiro disco totalmente brasileiro, em ritmo e estilo -  em 1977, o tiro acabou saindo pela culatra...

(E o que acontecia no Brasil naquele momento? Bom, além da inflação e a saída do militarismo, o Brasil inaugurava a primeira rádio FM em São Paulo: A Jovem Pan 2, percursora do som rock e pop da década de 70. Com um atraso musical de mais de 15 anos, o Brasil se afastava do samba para se deliciar com o som pesado e rasgado das guitarras americanas... Dire Straits uma bandinha inglesa que ganhou o mundo com uma guitarra super bem tocada por Mark Knopfler junto com seu irmão baterista David Knopfler.)

(Donna Summer fazia sucesso no Brasil cedendo sua voz para as trilhas sonoras das novelas globais... Apesar de que sua aparição foi em 65, aqui, só chegou em 1975. Ela, outra cantora gestada nas igrejas evangélicas americanas, ainda hoje se apresenta e sempre canta algum hit gospel no final de seus shows.)

(Xiiii... A velharia adora... Mas quem não gosta daquela voz esquisita e aguda de Barry Gibb? Os três irmãos passaram por toda a década de 70 e 80 fazendo os maiores hits das discotecas da época... É... Era assim que se chamava os encontros daquela galera: Discoteca...! E a Jovem Pan 2 só mandava vê em sucessos como: Stayin ' Alive, You Should Be Dancing (essa música era a preferida dos meus primos nas festas lá de casa) e Night Fever. Se você nunca ouviu nenhuma dessas músicas, então cara, você não pertence a este mundo! )

(...E os cristãos da época não podiam ficar de fora desse grande momento cultural, afinal, de repente, a música ganhou um enorme upgrade em guitarras, teclados e sonoridade espacial com bands separadas... Tudo propulsado pela NASA e sua corrida espacial em busca do domínio da Lua. Acima, nosso sempre esquisitão e criador do gênero andrógino David Bowie... Super Punk Rock! Ninguém mais lembrava, mas o sucesso da personagem Shrek pertence a este carinha aí!)

Para as igrejas evangélicas aquilo era muita informação musical de uma só vez. E não foi difícil para muitos adeptos verem neste movimento, mais que um escândalo. A reação delas foi do tipo "agora convidaram o demônio para entrarem aqui, é?!"

1977...

...O Brasil consagrava a mais nova onda mundial: A Radiodifusão com ondas moduladas, ou mais conhecida, a forma FM com som e equalização em bandas separadas, o que dava aquela sensação de espaço aberto e etéreo que acabou ficando denominado como estéreo (junção da palavra inglesa space e éter). 

(Mas, as igrejas, presas ao conservadorismo, só queriam saber do Cantor Cristão, livrinho preto, parecido com a Bíblia que contém 480 músicas de compositores alemães, ingleses e americanos, de épocas variadas, perfazendo um período de mais de 300 anos.) 


(Antífona, o primeiro hino do Cantor Cristão, tocado em velórios e Ceias. Acima, inusitadamente, cantado por um grupo católico, o Coral São Francisco de Assis, Petrópolis-RJ.)

Nas Igrejas, as músicas de qualquer estilo ou, qualquer onda, era rejeitada... Apenas cantava-se músicas do Hinário Cristão ou Cantor Cristão, livrinho preto com mais de 450 músicas arroladas, criadas entre 1700 a 1920 por personagens especiais do cenário protestante. 
 
E, apesar do gosto popular pela música americana e estrangeira, é, porque o Cantor Cristão não deixava de ser um consumo estrangeiro de músicas gospel, a música brasileira estava vivendo seu inferno musical... Ninguém a deseja, fosse cristão ou ateu. E o fracasso da empreitada dos VPC (assim que eles começaram a serem chamados, vocês sabem, americanos adoram uma sigla!) foi inevitável...

Mas com o tempo, e muitas viagens e congressos, as igrejas foram assimilando aquela nova onda de mudanças, o novo gosto musical em louvar a Deus; e aprendiam, novamente, a gostar dos ritmos brasileiros com percussão e violões bem tocados.

(Com uma capa sugestiva, o Louvor 10 é uma despedida ao público evangélico dos Vencedores por Cristo. Será que eles voltam?)

Pelo menos 450 jovens passaram pelas 56 formações do Vencedores por Cristo. 

Em 1994, uma equipe fixa foi mantida, com reposições esporádicas de um ou outro músico, que saiam por motivos de "chamados" espirituais, como pastorear novas igrejas ou comandar novos projetos evangélicos. 

Por conta dessas saídas, em 2004 o trabalho foi suspenso por tempo indeterminado para repensarem no alvo que eles almejavam alcançar naquela época, assim movimento gospel sofria um grande impacto...

(E onde anda essa galerinha que agitou a década de 70 e 80? Ah! Hoje são respeitados pastores e pais de família que trabalham em vários projetos internos em igrejas pelo Brasil todo. Acima, José Paulo, João Alexandre e João César, vai lá na primeira foto de nossa matéria e tenta reconhecê-los! Quanta diferença... É o tempo...)

(Com nova formação, a banda continua, mas de forma mais tímida. Atualmente, se apresentam em igrejas quando convidados. Acima, apresentação em São Paulo, 2014, Igreja Presbiteriana Aliança.)

Entretanto, o saldo foi mais do que positivo: 27 discos gravados - alguns à venda até hoje como o famoso hit dessa época: Se Eu Fosse Contar de 1972. 

O último trabalho do VPC como grupo foi em fevereiro de 2004 com o término da série Louvor, lançando o último volume, o 10. 

(Prá quem gosta de rock de boa qualidade e feito à maneira dos bons anos 80, então vai adorar ouvir essa banda gospel: Petra.
Adooorooo!)

Os Vencedores por Cristo foi a maior banda gospel brasileira de todos os tempos e que incentivou novos músicos e bandas a se especializarem e decidirem a ter a música gospel como uma opção de trabalho de forma integral.

Fé e Barulho

O movimento gospel da década de 90, no Brasil, abriu espaço para que jovens evangélicos, líderes de bandas ou fãs de estilos musicais "profanos" pudessem unir fé e música.

(Withecross e Petra surgiram na década de 90 por causa da fome e sede dos jovens e adolescentes evangélicos por desejarem um pouco mais de ritmo e volume nas músicas dominicais. Com músicas e letras de altíssima qualidade, ambas as bandas trouxeram um frescor e o estilo hard rock, metal rock e punk rock para louvarem a Deus...)

Assim, estilos de bandas como Deep Purple, Iron Maiden, White Snake, Rolling Stones, Scorpions... (muitas bandas... Não dá nem prá citar... Ô tempo bom...) começaram a invadir os ouvidos e instrumentos dos momentos de louvor comportados dos jovens e adolescentes evangélicos...



Continua...




domingo, 25 de outubro de 2015

Mestre Yogue - Parte 2

(Último programa gravado com Prof. Hermógenes de Andrade Filho em 2009, no qual ele fala sobre a filosofia do Hatha Yoga.)

Como superar a intolerância religiosa ainda tão presente na Sociedade?

Todas as crenças são em essência, uma só.

Apenas, na superfície, elas tomaram características próprias, devido a aspectos culturais e históricos, transformando-se em instituições. 

Quando todos os religiosos descobrirem que Krishna, Buda, Jeová e Allah são, na verdade, a representação do mesmo Deus, acabarão os conflitos religiosos. 

Por exemplo: a palavra Islã pode ser traduzida por "entrega irrestrita a Deus". E não foi justamente isso que Jesus pregou, que Krisha ensinou?

Nos textos sagrados do yoga encontramos o mesmo ensinamento. 

A solução para acabar com a intolerância é simplesmente libertar-se dos dogmas, dos fanatismos... Outra boa medida é tratar de uma doença que se encontra espalhada pelo mundo: a hipertrofia do ego. 

(O Mundo almeja um momento de divergência onde apenas os corajosos insurgirão aos modelos impostos, para isso, deve-se desafiar o próprio destino... Cenas filme Divergente, 2014)

Ela nos separa das coisas mais sagradas, que são os outros seres humanos, e, em última instância, de nós mesmos. 

Ficamos mais tensos, estressados e neuróticos quando amamos demais nosso ego e nossas crenças. 

A cura desse mal eu chamo de "humildação", que é o processo de redução do ego. Quando isso ocorre, nos aproximamos mais uns dos outros e nos identificamos como irmãos. 

Qual é o papel da fé nos dias de hoje?

A fé tem o poder de fazer milagres, de curar o incurável, de possibilitar a realização de coisas que parecem impossíveis...

Mas quem tem fé não deseja apenas a solução de um determinado problema, ou a conquista de um desejo pessoal, de um sonho!

Quem tem fé em Deus tem certeza de que Ele sabe o que é mais certo, justo e conveniente. Por isso, a verdadeira fé só se dá quando nos entregamos irrestritamente a Deus. 

Em meus momentos difíceis, costumo me lembrar de uma frase que está presente nos livros sagrados do Hinduísmo: "Entrega, confia, aceita e agradece".

("Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto, aos que de antemão conheceu, também os predestinou, (...) e aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou" - Epístola do Apóstolo Paulo aos Romanos 8: 28-30)

Essa postura não tem nada a ver com um estado de acomodação mas sim, em aceitar tanto as coisas boas quanto as ruins da vida, o que propicia uma condição de tranquilidade e paz.

Quem são os líderes religiosos que têm influenciado sua vida?

Cresci em uma família católica, então, na minha juventude, só tive acesso aos ensinamentos de Jesus Cristo. 

Mas vivia em conflito, pois minhas dúvidas não eram respondidas pela religião.

Quanto tinha cerca de 35 anos, época em que estava doente, com tuberculose, li o Bhagavad Gita, livro sagrado do Hinduísmo. Fiquei maravilhado com a profundidade da filosofia espiritual indiana e nessa oba encontrei as respostas para meus questionamentos.


O livro ajudou-me também a fazer as pazes com Jesus Cristo, pois com a obra pude perceber que os deuses de todas as religiões na verdade são diferentes manifestações da mesma realidade suprema. 

Também tive privilégio de conhecer pessoalmente o mestre indiano Sathya Sai Baba, que hoje tem 81 anos e é considerado um avatar, nome dado pelos hindus às encarnações divinas na Terra.

Qual foi o maior aprendizado durante seu caminho espiritual?

Aprendi que Deus não julga, muito menos condena...!

("...sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados." - Apóstolo Tiago 5:20. A tradução da palavra pecador do grego é "Aquele que errou o alvo".)

Ele, na verdade, dá é uma festa de arromba para recepcionar o pecador verdadeiramente arrependido; que meu corpo, mesmo sendo divino, é apenas algo transitório; que não sou diferente e não estou distante dos meus semelhantes, por isso aprendo a amar a todos, até meus desafetos. 

Em suma, entendi que Deus é a suprema perfeição, é o amor universal, a verdade última. 

E que o mais importante é desenvolver um coração amoroso durante nossa breve passagem por este mundo...



Fim.:.


Visite também...

www.profhermogenes.com.br
www.sathyasai.org.br

  

sábado, 17 de outubro de 2015

Som na Caixa para Louvar o Senhor! - Parte 1

(O melhor rock brasileiro produzido atualmente vem de uma banda católica gospel. No caminho musical desde 1988, os conheci com meu irmão Fernando em Campinas, sua cidade de origem. Com uma das melhores vozes rasgadas brasileiras, o rock bem cantado tem vida com Guilherme de Sá. Acima, o álbum Rosa de Saron Acústico, a melhor performance da banda.)

A música profana, do rock pesado à black music, tomou conta dos templos. Ao mesmo tempo, letras que falam de fé e de Cristo ganharam as ruas. Conheça o trabalho das bandas cristãs que, com ousado estilo musical, conquistaram jovens e são instrumentos de evangelização.

Foi assim que você aprendeu esta história...

...Era uma vez um anjo de luz.

Chamava-se Lúcifer e tinha uma das mais altas patentes da hierarquia angelical: era um serafim. 

Cheio de sabedoria e beleza, vivia no jardim do Éden.

(Lúcifer, Estrela da Manhã ou Filho da Alva, era o Anjo mais belo, inteligente e amado por Deus. Assentava-se à Sua direita, e antes de Jesus, era o predileto do Pai. Após uma missão malsucedida entre os homens, ele não ocupa mais este posto. Agora, como um principado da Terra, sua angústia o aprisionou a deturpar tudo o que seu rival tentou construir: Salvar o mundo! - Isaías 14:12-23)

No entanto, inflamado pelo orgulho, desejou ocupar o posto daquele que o havia criado. Foi, então, atirado à terra, com a terça parte dos anjos que habitavam no céu.

Mas, Lúcifer era um anjo especial...

E, antes da soberba que o tiraria da morada divina, lhe havia sido confiadas a arte e a ciência de combinar os sons: ele liderava a filarmônica composta somente de seres celestes.

Depois da queda, Satanás, como ficou conhecido, levou consigo uma das mais eficientes armas para corromper a humanidade: a música.

(Quem nunca ouviu esse hit? E quem lhe dá vida é um dos ícones da música americana: Elvis Presley. Sua voz maravilhosa, macia e com timbre bem masculino é produto dos cultos dominicais dos templos de Testemunha de Jeová em Menphis. Falecido em 16 de agosto de 1977, poucos sabem, mas durante toda a sua vida de cantor, gravou vários álbuns gospel.)

(Elvis cantando um dos hinos mais bonitos do Hinário Cristão: Grandioso és Tu. Este hino tem um sentido icônico na cultura americana. Foi vandalizado por muitos anos, cantado em bares e tavernas no Oeste americano, entre prostitutas e ladrões, pois ninguém conhecia outro tipo de música para ser cantada...! No naufrágio do Titanic, foi relatado pelas testemunhas sobreviventes que os violinistas do navio tocaram-na para as vítimas que se afogavam...)

Por causa dessa interpretação do relato Bíblico, a música é considera por muitos uma manifestação profana demais para ser usada em rituais religiosos - principalmente se recorrer a ritmos e melodias considerados mundanos, como o rock, o hip e hop e black music. 

No entanto, cada vez mais as igrejas percebem que a música pode servir como forte instrumento de evangelização, que, além de divulgar conceitos religiosos, atrai novos fiéis, na maioria, jovens...

(Mas tudo começa aqui em meados de 1927, com O Negro Spiritual, ou mais apropriadamente, Spiritual. Os negros oprimidos pela política conservadora e segregária no sul dos Estados Unidos, criaram uma forma única de colocar sua angústia e frustração para fora de seus corações, e inventaram uma das mais belas formas de usar a voz humana...

(Mas essa forma de cantar é para poucos afortunados... É necessário uma voz perfeita, macia e com cordas vocais fortes e flexíveis para alcançar tons graves e agudos, em variações curtas e precisas. A mistura de tudo isso, faz com que você queira entrar no ritmo do rio... Como os afro-americanos denominam essa técnica vocal.)

Antigamente, acreditava-se que a música era um elemento decaído por consequência da queda de Lúcifer.

Mas hoje, existe um consenso teológico de que a música foi criação original de Deus e que sua aplicação pode ser direcionada tanto para o bem como para o mal. 

Aos poucos, missas e cultos estão admitindo, além dos tradicionais violões e órgãos, guitarras, baixos, teclados eletrônicos e instrumentos de percussão. 

(Como nada fica estagnado, no sul pantanoso, acontecia outra revolução musical nas igrejas evangélicas. Logo surgiram outros segmentos do Spiritual e o Blues é o mais conhecido dentre eles. Acima, B.B.King, um dos meus cantores favoritos, que ensina muito bem como uma Les Pauls deve ser tocada...)

(Mas quem precisa encabeçar qualquer lista de gospel americano é Mahala Jackson, linda voz! Acima, canta com Loui Armstrong (trompetista e cantor), outro ícone musical americano que canta uma das músicas mais lindas já compostas: Wonderfull World.

(Não era cristã, mas judia, Amy Winehouse ouviu durante toda a sua infância o melhor da música gospel americana, e o que resultou disso? Ouve aí! Qualquer semelhança com Mahala, não é coincidência!)
Aliás, todas as formas de música, desde a valsa até o axé, podem ser usadas nas igrejas, como meio de propagação da fé. 

Não à toa, a Igreja Pedra Viva, fundada pelo pai do Pr. Jônatas Liasch, presidente da Associação de Músicos Cristãos do Brasil e, atualmente, pastor da igreja, tem em sua filial de São Paulo, o reduto mais expressivo da black music americana, a autêntica herdeira da hoje vulgarizada música gospel. 

(Igreja Pedra Viva, filial de São Paulo.)

(Apresentação de Dom Black e Marcio RC, membros da igreja Pedra Viva, em 2008.)

(Márcio RC em 2012.)

Foi dentro do meio evangélico - a corrente religiosa que mais assimilou estilos de origem profana em seus templos - que ocorreu uma espécie de "segunda reforma protestante". 

A música passou a ter um papel estratégico para a inovação litúrgica, a criação de um culto mais agradável e a modernização do louvor a Deus 

Além da questão comercial, teve uma função importante no proselitismo. 

(Pr. Jaime Kemp, uma pessoa agradabilíssima para se conversar e ouvir, iniciou na década de 70 uma revolução evangélica pelo Brasil. Tudo, a partir de sua chegada, mudou! As músicas, forma de pregar e cultos dominicais, hoje, levam a marca desse homem de fé e visão, que saiu dos Estados Unidos para um país, que naquela época os americanos acreditavam ser uma selva de ignorantes. Com perseverança deixou um dos maiores legados de um trabalho religioso bem feito: a banda Vencedores por Cristo.)

A "revolução musical" começou no fim dos anos 60 nas igrejas evangélicas tradicionais, de orientação metodista, presbiteriana e batista. 

O missionário americano Jaime Kemp, representante do Serviço de Evangelização para a América Latina (Sepal), criou em julho de 1968 o grupo Vencedores por Cristo, que tinha como objetivo principal a evangelização. 

(A banda Vencedores por Cristo fez vários álbuns de sucesso, mas quem conhece um pouco da vida evangélica, conheceu também a série Louvor que perfizeram 10 discos, todos muito bem produzidos. Acima, Louvor 4, um clássico da década de 80 e o mais vendido.)

(O maior cantor dessa banda foi, inigualavelmente, Sérgio Pimenta, falecido devido a um câncer fulminante. Deixou uma das letras que marcaram minha vida: 

"Só quem sofreu, pode valiar quem sofreu...
Pode se identificar...
Pode ter o mesmo sentir...
Só quem sofreu tem palavras de puro mel,
Que transmitem todo o calor,
Para quem precisa de amor...

E o Cristo encarnou, sofrendo como homem a dor,
Sabendo o que é padecer
Na mente e no corpo...
E ele morreu e até a própria morte venceu,
Mostrando amor capaz de atender a todo homem..."

Última música composta em seu leito no hospital, 1988 no mesmo mês que meu pai faleceu. In memorian...)

Chamado inicialmente de Projeto 7, o grupo era formado por jovens universitários que passavam por uma espécie de "treinamento bíblico" durante as férias escolares. 

Para conquistar os estudantes, Jaime Kemp usava a música. 

( Me empolguei... Não tem como terminar essa primeira parte da matéria sem fazer uma overdose de flashbacks! Dedico essa parte para meu irmão Fernando, que sempre gostou do estilo gospel e evangélico, é um exímio tecladista, e sem demonstrar nenhum tipo de preconceito, me ensinou isso também... Acima, Guilherme Kerr, super cantor e compositor batista.)

(Quem não adora essa voz? João Alexandre, um dos maiores tenores gospel brasileiro...!)

(Pr. Adhemar de Campos, quem foi adolescente na década de 80, cantou ou ouviu algum coleguinha cantar as músicas desse figurão da música evangélica brasileira. Voz impecável e densa, letras e músicas, que revolucionaram a forma de exprimir o amor a Deus.)
 
Nas igrejas evangélicas da época, havia uma carência muito grande de um meio de comunicação eficaz para atrair os jovens. E a música foi este meio.

(Mas a melhor banda de gospel brasileira, sem dúvida nenhuma, foi a banda Logos, com letras impecáveis. Porque é preciso dizer, que nem sempre os compositores acertam na teologia ou citação bíblica de suas canções, mas o Grupo Logos... Nossa... Impecável em todos os sentidos: Referências bíblicas, doutrina e teologia. Adoro!)




Continua...


domingo, 11 de outubro de 2015

Mestre Yogue - Parte 1

(Prof. Dr. Hermógenes de Andrade Filho, professor e escritor, grande divulgador do Hatha Yoga no Brasil, em visita à Vitória da Conquista em jan/2015.)

É com muita alegria que veiculamos o último trabalho do prof. Dr. José Hermógenes de Andrade Filho feito em nossa cidade em visita de 09 de Janeiro de 2015, quando palestrou por 2 dias sobre a arte da Meditação e da Iluminação. 

Falecido em 13 de Março de 2015, não partiu sem cumprir seu legado de ser um dos maiores professores de Yoga do Brasil. 

Abaixo, transcrevemos sua visita na cidade de Vitória da Conquista em 09 de Janeiro de 2015 à Sociedade Stella Matutina concedendo uma entrevista para A Torre da Coruja.

(Prof. Hermógenes se preparando para seu último dia de palestra na cidade no Pousada Conquista Resort Spa.) 

Aos 94 anos, o professor Hermógenes Andrade Filho aparentava ser mais jovem e com mais vitalidade do que quando tinha 35 anos. 

Na época, seguia carreira militar no Rio de Janeiro e levava uma vida que chamava de "normótica" - competitiva, egoísta e focada nos prazeres momentâneos. 

Foi então que uma tuberculose o surpreendeu, condenando-o a semiviver: obeso, doente e estressado, teria até de abandonar o trabalho. 

Ele havia perdido a esperança quando, por acaso, se deparou com um livro sobre yoga, em inglês (naquele momento ainda não havia publicações sobre o assunto em língua portuguesa). Admirado com a profundidade espiritual da filosofia, que alia exercícios físicos e meditação na busca de autoconhecimento, começou a praticá-la imediatamente e, aos poucos, foi recuperando a saúde.

(Prof. Hermógenes no Salão de Meditação na Sociedade Stella Matutina.)

Ele disse: "Renasci para uma vida mais saudável, consciente e, antes de tudo, mais espiritualizada".

Com a descoberta, o professor passou a estudar com afinco diversas tradições religiosas, principalmente as orientais, reconhecendo uma única essência divina em todas elas. 

O resultado é uma postura ecumênica e tolerante, que pode ser identificada em seus mais de 30 livros sobre espiritualidade e poesia, além dos eventos de que participava por todo o país, como o Encontro Para a Nova Consciência, que é realizado anualmente em Campina Grande, na Paraíba (mesmo após sua morte). 


Ele disse: "Todas as religiões têm o mesmo objetivo, que é nos aproximar de Deus pelo amor. Quando isso ocorre, também nos aproximamos mais uns dos outros".

O Yoga pode realmente ser considerado como uma religião?

Dependendo do que você entende por religião. Se acredita que é uma instituição com hierarquia sacerdotal, dogmas e rituais específicos, então yoga não é religião. 

Mas se, para você ela é um meio de atingir a religação com Deus, mediante um processo interno, que se dá de forma sincera no seu coração, então, sim, o yoga é, em essência, religioso.

No entanto, o yoga hoje virou um produto de consumo, vendido como uma ginástica numa embalagem exótica. 

O intuito do professor de yoga deve ser o de auxiliar as pessoas a desenvolver o autoconhecimento e, assim, aproximar-se de Deus. 

Esse é o caminho do yoga.

O senhor escreveu um livro chamado Viver em Deus. Como alcançar esse estado espiritual?

Viver em Deus é uma prática bem mais simples do que parece: basta você procurar ser Sua própria essência. 


Quando os primeiros europeus chegaram à Índia, ficaram admirados com a inteligência e a filosofia dos habitantes da região. Chamaram a tradição religiosa daquele povo de Hinduísmo, mas o verdadeiro nome era outro, Sanathna Dharma, que significa "Lei Eterna" em sânscrito.

Acredito que essa "lei eterna" é a base e a substância de todas as diferentes religiões: ela ensina o amor, a prestação de serviço, o perdão - tudo o que todos os credos professam. 

Como o senhor vê Deus?

Costumo contar esta anedota em minhas palestras, para ilustrar o modo como compreendo Deus:

"Pedi a bênção a Krishna, e Cristo me abençoou. Orei ao Cristo e foi Buda quem me atendeu, então decidi chamar por Buda e Krishna me respondeu..." 



Na verdade, todos eles são diferentes representações de um Deus único. 



Continua...



Aranel Ithil Dior. Tecnologia do Blogger.

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