sábado, 15 de agosto de 2015

Eterna Aliança com Deus - Parte 3

(O casamento judaico é rico em rituais dependendo da tradição judaica da sinagoga local.)

As uniões judaicas também são marcadas pela assinatura de um contrato.

No documento matrimonial, chamado Shtar Tena'im ou "Documento das Condições", estão listadas as obrigações dos cônjuges, que incluem principalmente o amor e o respeito mútuo. 

(O Shtar Tena'im é um documento que dependendo do país pode ser registrados em tabelionatos de notas. No entanto, o mais comum, é que o documento seja assinado na sinagoga local e reconhecido pelo Rabino em exercício do momento. Para a comunidade judaica, este tipo de contrato é indissolúvel, e seu rompimento só ocorrerá por meio da presença dos anciãos da comunidade e pagamento de multa a ser estipulado pelo pai ou irmãos da noiva.)

O costume vem da Antiguidade, quando os noivados eram acordos registrados em pergaminhos. O noivo tinha de pagar uma multa muito grande se desfizesse o noivado.

Hoje, o noivado e o casamento judaico fundiram-se numa única cerimônia. Na primeira parte da celebração, o rabino invoca bênçãos para o casal. Os noivos bebem um mesmo cálice de vinho, sinal de que compartilharão todos os dias de sua vida. 

Uma aliança é colocada no dedo indicador direito da noiva (se ela for destra) e o documento matrimonial e lido em voz alta e assinado. 

(Os dedos dos pés e mãos têm um significado muito importante na teologia judaica. Cada um deles significa um poder ou um estado do poder. No casamento judaico a aliança é colocada na mão mais forte da noiva e em seu dedo indicador que significa consciência e responsabilidade, dentre outras coisas. Tradicionalmente a aliança deve ser de ouro batido, perfeitamente lisa, sem gravações ou incrustações de qualquer pedra. Quando o noivo coloca o anel no dedo da noiva deve dizer: "Com este anel tu és consagrada a mim conforme a lei de Moshê e Israel", e as testemunhas devem dizer: "Está casada". Ao aceitar o anel a noiva consente o Kidushin harmonizando o casamento.)

Na segunda parte, são dadas sete bênçãos com o cálice de vinho, que novamente é compartilhado pelos noivos. Em seguida, o noivo quebra com o pé um copo, gesto que serve para honrar a antiga promessa do povo judeu. 

(Casamento dos queridos amigos Alice e Judá Goldberg (filho do prof. Joseph Goldberg - UESB, do lado direito), ocorrido em 2012. Após o noivo recitar o Maamar (discurso chadíssico da Torá), inicia-se o casamento. Almas ancestrais já falecidas são invocadas a participarem da cerimônia. Cobre-se os cabelos da noiva e é dito: "Que Adonai te faça como as Matriarcas Sara, Rivca, Rachel e Lea". Dali, ambos se encaminham para a Chupá.)

(Os parentes do noivo vivos e presentes devem dar 7 voltas conforme a tradição cabalística. O Rabi discursa:

"Em sua nova vida e estabelecimento de um lar judaico, é de máxima importância que noivo e noiva renovem sua devoção a Adonai e ao Serviço Divino; uma devoção acima de todos os limites, superior à sua inteligência e aos seus sentimentos limitados, mas principalmente uma devoção absoluta para seguir Adonai e seus mandamentos. Mesmo se não encontram motivos para uma lei específica, ou se são desafiados em qualquer aspecto material, físico, emocional e espiritual, ambos permanecerão leais a Adonai, à sua Torá e às Suas mitsvot.

"Este tipo de devoção é simbolizado por um círculo, que não tem início e nem fim, representando uma dimensão que está além dos limites [indicando a viagem para as esferas cabalísticas pelo casal que uniu suas almas para sempre]; e que é total. O circundar da noiva em torno do noivo representa o seu investimento no casamento por um compromisso absoluto à construção de um lar de acordo com a vontade de Adonai. A aliança que o noivo oferece à noiva representa o seu investimento de uma devoção ilimitada e essencial a Adonai, sua Torá e mitsvot."

O ato final é quebrar o copo de vidro pelo Chatan, em memória do Templo de Salomão destruído, indicando a nossa mortalidade e vaidade, e que tudo se desvanece, mesmo o mais sagrado dos elementos, se não cuidarmos. Após esse momento solene de silêncio e memória dos antigos Anciãos e Profetas, a atmosfera austera é rompida pelas danças e comidas, que transcorrerá conforme as possibilidades financeiras de cada família.

O uso da Cadeira, a dança dos homens e todas as celebrações próprias do povo judeu, ocorrerão conforme a tradição judaica da sinagoga local.)

O casamento é tão importante no Judaísmo que mesmo os líderes religiosos são estimulados a casar e constituir família. 

O rabino nada mais é do que um orientador familiar. 

(Não existe Rabi solteiro ou viúvo na cultura judaica, por isso que Jesus é considerado um profeta que era casado entre os judeus. Ele deve estar sempre casado para exercer suas funções sacerdotais, pois sua alma estaria incompleta e imperfeita se estiver sem uma companheira, e o Templo não admite imperfeição. No caso de divórcio ou viuvez deve-se seguir os preceitos da Torá e Talmud que prescreve: 

"Nenhum sacerdote beberá vinho quando entrar no átrio interior. (...) tomará virgens da linhagem da casa de Israel ou viúva que o for de sacerdote. A meu povo ensinarão a distinguir entre o Santo e o profano, e o farão discernir entre o imundo e o limpo. (...) conforme as prescrições do meu santuário, conforme os filhos de Zadoque." 

Livro Profeta Ezequiel 44:15, 22, 23.)

E para ele exercer a função espiritual, ser o orientador religioso de uma comunidade, precisa saber o que é o casamento não só na teoria, mas também na prática.

Evolução Espiritual

Para as religiões orientais, o casamento não envolve um contrato, mas um compromisso do casal na busca do aperfeiçoamento do espírito. 

O homem e a mulher unem suas energias para avançar juntos na evolução espiritual. 

(O casamento hindu é um dos mais ricos em simbolismos já criados. Este tipo de casamento, indubitavelmente, é um dos mais espirituais, e não existe a obrigação de contratos entre os noivos. Por conseguinte, o divórcio entre os hindus não é comum, apesar de serem casamentos arranjados.)

É contratada a presença de um ritualista, que tem a função de celebrar certos rituais, dentre eles, o do casamento. 

Cabe a ele desenhar a mandala, em volta da qual ocorrerá a cerimônia. 

(A sexualidade do casamento hindu é celebrada nos mínimos detalhes, onde pequenos gestos, toques e olhares são compartilhados para que haja a energia Agni, o fogo do amor. Toques sutis nas mãos e pés, já são as preliminares sexuais do casal. O corpo da noiva é todo pintado com Henná, simbolizando sua pureza e para estimular o noivo a descobrir seus mistérios...)

Trata-se de um símbolo sagrado que serve para atrair prosperidade ao casal. Grãos de arroz tingidos de várias cores, frutas, temperos e verduras são usados na montagem da figura. 

Um coco é posto em cada canto da mandala, simbolizando os quatro Vedas, os livros sagrados da tradição hindu.

(Novela Caminho das Índias, exibida de Janeiro a Setembro de 2009 em 203 capítulos semanais na Rede Globo, a novelista Glória Perez, novamente se arrisca em discutir o cotidiano de uma cultura rica em teologia e simbolismos. Aqui, já não houve o mesmo sucesso anterior da novelista ao abordar culturas distantes. No entanto, devemos levar em conta o trabalho hercúleo da escritora em não apenas entender mas representar uma teologia e sociologia difícil até mesmo para seus nativos.)

(Um momento muito importante e esperado no Casamento hindu, a noite das núpcias.)

Outro, no centro, representa Krishna, um dos vários nomes divinos, segundo a tradição Hare Krishna. 

Acima, a mandala, durante a cerimônia, será aceso o fogo sagrado, símbolo da energia divina. 

O vínculo entre o casal é formalizado quando o pai da noiva anuncia que está entregando a filha para o marido ideal. 

(Pela primeira vez a noiva fará um ritual que se repetirá por toda a vida do casal, que é a aplicação do Sindoor Daann, o pó vermelho que simboliza Agni, o Terceiro Olho, ou seja, a intuição espiritual de Krishna que guiará seu marido para a jornada do casal nesta nova família.)

Os noivos, então, comprometem-se a ajudar-se na vida material e espiritual. Se eles viverem em harmonia, com objetivos espirituais elevados, isso repercutirá na sociedade. 

Quando o casal já está unido, o fogo matrimonial é aceso e a ele são feitas várias oferendas 

Por fim, ocorre o Sapta Padi, um ritual em que a noiva caminha por sete círculos de farinha de arroz, apoiada no marido. 

(Em setembro de 2014, houve comoção mundial no casamento hindu entre uma jovem de 15 anos e um cachorro. Para os ocidentais um absurdo e idiotice sem tamanho. Para os hindus, é o respeito de suas doutrinas sobre reencarnação da alma, onde em suas crenças teológicas, o amor e fidelidade do cão foram interpretados como um companheiro antigo de vidas anteriores da jovem, que se casou por vontade própria.)

Segundo os Vedas, esse rito garante influências positivas para a união. 

Também para a religião Oomoto, uma tradição oriental monoteísta de origem japonesa, a cerimônia de matrimônio é vista como uma etapa na evolução espiritual. 

O casamento é um segundo nascimento. 

(Casamento na tradição Oomoto, religião budista japonesa, onde ambos se tornarão uma única substância.)

Quando se casa, a alma da mulher completa a parte mais fraca da alma do homem e vice-versa. 

As cerimônias desta religião ocorrem diante de um altar com um arranjo chamado Shima-dai. Ali, são colocadas imagens de um casal de velhinhos, que representam as divindades protetoras dos noivos. 

(O Shima-dai representa não apenas os deuses do casal, mas os ancestrais que são convidados a se "vestirem" dos bonecos confeccionados para participarem das celebrações da união.)

Miniaturas de uma tartaruga e de um grou (pássaro que teria vivido mil anos, segundo uma lenda japonesa) completam o arranjo, simbolizando vida longa e muitos anos de felicidade ao casal. 


(A animação Mulan da Disney, 1998, visita as muitas tradições budistas japonesas e chinesas para interpretar a preparação de um casamento oriental e a chamada dos ancestrais.)

As oferendas de frutas e de um ramo com folhas de pinho também fazem parte da cerimônia. 

Servem para agradecer aos deuses e pedir que sejam atendidas as três necessidades básicas que temos no mundo material: moradia, vestuário e comida. 

Beber o saquê é o gesto que simboliza a união do noivo e da noiva que, se acredita, até então estavam incompletos.

(O saquê é o vinho do arroz, bebida forte e com status de sagrada, nunca se deve abusar dele... Como o vinho de uva na tradição judaica, o saquê concentra muitos simbolismos e tradições, dentre eles de fertilidade e saúde, quando usado moderadamente.)

Agora, casados, eles terão a força necessária para construir o mundo de Deus na Terra. Um mundo de respeito ao Sagrado, à natureza, às pessoas e sem preconceitos...


Continua...




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