domingo, 30 de novembro de 2014

Deus, o Grande Mistério do Ser Humano - Parte 1


Desde sempre, o homem está em busca de Deus. Cultivou fenômenos da natureza, divindades femininas, panteões diversos até elaborar a ideia de um Ser Superior. Mas, ainda há muito o que descobrir sobre essa figura que a maioria das culturas relaciona com o Amor.

Uma canção dos índios cherokees, uma tribo da América do Norte, diz que certa vez um homem implorou para que Deus falasse com ele. 

(Índio Cherokee, esta tribo de nativos-americanos sobreviveu às guerras civis americanas. Atualmente, vivendo em reservas nacionais, os cherokees tentam manter sua cultura e religião num número estimados em 300.000 índios espalhados em pequenas regiões no centro-oeste americano, onde sua maior população se encontra em United Keetoowah.)

Um rouxinol, então, começou a cantar. Mas, o homem não ouviu e pediu novamente. Um trovão ecoou nos céus. O homem, porém, foi incapaz de percebê-lo. Disse:

"Deus, deixe-me vê-lo!"

E uma lua brilhou nos céus. 

O homem nem notou e começou a gritar desesperado: 

"Deus, mostre-me um milagre!"

E uma criança nasceu. 

Mas, o homem não sentiu o pulsar da vida e começou a chorar:

"Deus, toque-me e deixe-me sentir que você está comigo!"

(O homem tão acostumado em tocar, ver, cheirar, não consegue ver Deus nos pequenos atos do dia a dia.)

E, uma borboleta pousou suavemente em seu ombro. 

O homem a espantou com a mão e, desiludido, continuou seu caminho... Triste, sozinho e com medo.

A busca humana pelo divino teve início muito antes do aparecimento da escrita.

(As primeiras tentativas em representar ideias foram os petróglifos, encontrados em todas as regiões onde o homem pré-histórico habitou.)

As primeiras crenças numa força maior que teria modelado o universo e que seria responsável por sua manutenção, foram passadas oralmente, de geração a geração, e relacionavam os fenômenos da natureza com o interior do homem. 

Podiam associar as trevas ao medo, a luz do sol a algo positivo ou a tempestade à ira. 

(A arte rupestre foi o próximo passo do homem primitivo registrar seu dia a dia, suas emoções e suas crenças. Os primeiros vestígios encontrados foram na França, em Lascaux, numa série de cavernas com paredes ricamente pintadas, informam que os habitantes ali praticavam a caça e os primeiros rituais religiosos complexos de adoração à natureza.)

Saber que algo superior também influenciava na dinâmica do mundo despertava, no homem primitivo, uma sensação de amparo. O ser humano pode até não acreditar em Deus, mas precisa de outras crenças correlatas, porque ela nos ajudam a lidar com questões que ultrapassam a nossa compreensão. 

Quanto maior a dificuldade de acreditar em algo, mais difícil é amar, por isso, as pessoas muito racionalistas e materialistas têm uma tendência a serem mais amargas e medrosas. 

(Agregar à expressão corporal a necessidade de demonstração religiosa foi outro passo importante para o crescimento social, filosófico e teológicos da humanidade. Os instrumentos musicais vieram posteriormente, pois o primeiro instrumento, sem ser a voz humana, foram as palmas das mãos.)

Como os cherokees, muitos povos até hoje transmitem suas tradições religiosas por meio de histórias e cantigas populares.

Os seres humanos são animais espirituais. Criaram a arte e a religião ao mesmo tempo numa tentativa de encontrar sentido e valor na vida. 

Essas fés primitivas exprimiam a perplexidade e o mistério que sempre parecem ter sido um componente essencial da experiência humana diante de um mundo belo, mas aterrorizante. 

(Os Xamãs foram os primeiros sacerdotes que surgiram no palco das crenças, e foram as mulheres as primeiras protagonistas em comandar a fé, a sociedade e a política dentro de um clã ou tribo.)

A Magia foi o primeiro passo para a religião.

Os Xamãs eram vistos como aqueles que conheciam os poderes ocultos da natureza. Mas, pinturas rupestres já indicavam a relação do homem com o sagrado.

Quando alguém pintava um animal na parede da caverna, provavelmente, estava mentalizando que a caça aparecesse. 

(Os Dolmens foram as primeiras tentativas dos homens primitivos europeus em fazer túmulos que não apenas se depositavam o corpo de um morto, mas de todo um clã. Contudo, apenas os mais honrados tinham o direito de ter um Dolmen. O Dolmen pode ser comparado as Pirâmides dos Egipcios, não em tamanho, claro, mas no simbolismo de eternidade e solidez, ao confeccionar um monumento eterno como o tempo.)

Depois, vieram os primeiros túmulos, para enterrar os mortos, evidência da reverência a algo superior e misterioso, que já começava a tomar forma na conduta daqueles homens. 

(Os menires foram pedras erguidas num determinado local sagrado. O interessante é que as pedras não são nativas do local, ou seja, como elas foram transportadas? Um mistério! Esse campo de menires se encontra em Carnac, na França.)

A noção do divino surgiu quando o homem começou a ter consciência de si mesmo como algo separado do resto do mundo e passou a recorrer a algo maior que ele para fazer as coisas acontecerem.

Na pré-história, caçadores e agricultores adoravam elementos da natureza - o sol, a chuva, ou o vento, ente outros - como entes superiores, porque dependia deles para sobreviver. 

(Stonehenge é a junção de vários conceitos teológicos num único lugar. Foi um enorme salto evolutivo no plano mental, industrial e religioso dos homens antigos. Especula-se qual a verdadeira função de Stonehenge. Sabemos com certeza que foi um antigo sítio de adoração aos mortos e que nos solstícios e equinócios havia reuniões onde as marcações solares atravessavam os monolitos evidenciando a Vida e a Morte dos ciclos da natureza.)

Nesse período, predominava o chamado Animismo, a crença de que todos os seres vivos, objetos e fenômenos naturais possuíam alma, espírito ou uma força vital. 

O homem percebia que a regularidade do clima era essencial para sua sobrevivência e pedia para não ver tempestades ou secas. Hoje, oramos para que Deus altere seus planos em relação a nos. O caminho para chegar até Ele é dinâmico...



Continua...

domingo, 23 de novembro de 2014

O que são Avatares?

(As encarnações de Vishnu que, apesar de ser um Deus Arquiteto, ele compartilhou as fraquezas humanas em vários momentos de sua evolução.)

São encarnações divinas que, de temos em tempos, vêm à Terra promover um "salto de qualidade" espiritual. 

(Jesus é um Mestre ou Avatar, que saiu de sua esfera de atuação para trazer ensinamentos específicos para evolução humana. Agora, outros avatares devem continuar trazendo novos ensinamentos e, portanto, novas religiões.)

Jesus Cristo, por exemplo, é reconhecido como avatar. 

Há outros, como Buda, Kishna e Saint-Germain,conforme a crença de tradições orientais, irmandades espirituais e escolas iniciáticas.


(A face dourada de Buda, outro avatar que trouxe iluminação e novas temáticas para a evolução humana na cultura e tempo de seu surgimento.)

O termo avatar vem do sânscrito avatara e significa "encarnação divina".

A presença do avatar traz a possibilidade de reconhecermos a divindade em nós mesmo. 

Em vários países do Oriente, os avatares regem o desenvolvimento cultural, filosófico e espiritual.

Os hinduístas, em particular, admitem a existência de incontáveis encarnações divinas, em diferentes níveis, embora Purna Avatara seja sua expressão máxima. 

(Purna Avatara é uma encarnação de um Ser de elavada luz e Evolução. Deus, O Criador deste universo, antes de ascender à sua categoria de Criador, foi um Arquiteto ou Purna Avatara no qual se encarnou em seu devido tempo ajudando aos seres de seu tempo em sua evolução e ajudando o Deus de sua época. Evoluindo, Ele conquistou o direito de ter seu próprio universo.)

A função dos avatares é nos levar a uma autodescoberta.

Por meio deles, percebemos a nossa divindade e a vivemos em toda a sua potencialidade, praticando cotidianamente valores humanos universais permanentes, comuns a todas as tradições religiosas filosóficas e culturais. 

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domingo, 9 de novembro de 2014

A Lírica Redenção Humana - Parte 4

(O Inferno de Dante, ilustração da 1ª edição)

"Deixai toda Esperança, ó vós que entrais."

A frase acima está escrita na entrada do Inferno de Dante. Veja os suplícios reservados a quem é mandado para lá.

O inferno é a primeira parte de A Divina Comédia. Segundo Dante, ele é dividido em novo círculos concêntricos, cada um reservado a um tipo de pecador, que recebe seu castigo.

(Detalhe da gravura do Inferno de Dante.)

Na entrada da terra de Lúcifer está o Vestíbulo, espécie de ante-sala onde os que não praticaram o mal, mas forma relaxados na escolha do bem, são picados por nuvens de vespas. 

1º Círculo - Já no espaço infernal, no primeiro círculo, situa-se o Limbo, onde não há punições - lá ficam os não-batizados e figuras virtuosas da era pré-cristã.

O suplício começa no segundo círculo, em cuja entrada está Minos, demônio terrível que pronuncia as setenças.

2º Círculo -  Vivem os que pecaram por luxúria. São eternamente atirados de um lado ao outro por fortes vendavais.

3º Círculo - Aqui os gulosos ficam estendidos numa lama fedorenta, sob uma suja chuva incessante, e são espancados por Cérbero, uma fera monstruosa de três cabeças. 

4º Círculo - Avarentos e esbanjadores empurram grandes pesos em sentidos opostos, chocando-se sem parar uns contra os outros. 


5º Círculo - Na superfície de um lodaçal, os raivosos se atracam; abaixo deles, completamente submersos, os racorosos ficam se lamentando. 

6º Círculo - Morada dos heréticos, que ficam ao redor das muralhas da cidade infernal, em túmulos ardentes. 

7º Círculo - Tiranos, homicidas e assaltantes são colocados num rio de sangue fervente. As almas dos suicidas viram arbustos que alimentam feras. Blasfêmios, sodomitas e usurários penam num areal ardente sob chuva de fogo. 

8º Círculo - Formado por dez valas, uma para cada tipo de fraudador: sedutores, aduladores, comerciantes de coisas sagradas, adivinhos, traficantes, hipócritas, ladrões, maus conselheiros, cismáticos e falsários. Em cada vala, um suplício diferente, como permanecer mergulhados em esterco. 


Galeria de Afetos e Desafetos

Dante usou sua obra-prima para retratar vários personagens reais. Veja como o poeta apresenta alguns deles: 

Beatriz

"Embora o véu que lhe descia da testa
Cingindo com as frondes de Minerva,
Lhe ofuscasse a expressão,
Com manifesta magnificência, ainda que proteva,
Continuou, à maneira de quem diz,
Mas suas mais duras palavras, reserva:
Olha-me bem! Sou eu, sou eu Beatriz."
(Purgatório, canto XXX)

(Beatriz)

Em a Divina Comédia, simbolicamente, Beatriz - por quem o poeta permaneceu apaixonado até o fim da vida - representa o conhecimento teológico.

Henrique VII 

"(...) pela coroa que vês nela já posta (...)
A alma estará de Henrique que proposta
Endireitará a Itália, 
Pois será Eleita."
(Paraíso, Canto XXX)

(Rei Henrique VII, da Inglaterra. Contudo, foi seu sucessor Henrique VIII que realmente confrontou a Igreja Católica fundando, por motivos pessoais, a Igreja Anglicana.)

Coroado imperador depois da morte de Bonifácio VIII, tem lugar reservado no Paraíso. Dante acreditava que ele poderia lutar contra o domínio do poder papal, restaurar a grandeza italiana e libertar Florença.

Justiniano 

"E, na sombra do seu voo altaneiro,
O poder, ao passar de mão em mão,
Para minha chegou, 
Do mundo inteiro."
(Paraíso, Canto VI)

(Imperador Justiniano, no centro, gravura romana)

Imperador Romano, está no Paraíso, no céu de Mercúrio, reservado aos espíritos ambiciosos, que agem a favor do bem, mas sempre de olho na fama e nas honrarias. Narra a Dante as origens do império que assumiu, em 527 d.C.

Papa Bonifácio VIII

"Aquele que lá usurpa o posto meu (...)
Caindo daqui,
Lá embaixo se repaga."
(Paraíso, canto XXVII)

(Papa Bonifácio VIII)

É assim que São Pedro se refere ao sumo pontífice,que assumiu o cargo em 1294. O poeta nutria um ódio indisfarçável ao papa, pois achava que ele era responsável por sua desgraça pessoal - o exílio de Florença - e pela decadência da Igreja. 

São Bernardo

"A Graça pede a ti de que também
A virtude de seus olhos levantes,
Por subir à visão do Sumo Bem."
(Paraíso, canto XXXIII)

(São Bernardo, nasceu em 1090 no castelo de La Fontaine. Dentre suas grandes ações dentro do catolicismo europeu, a proteção aos Templários, apoio à Conquista da Terra Santa e a ajuda aos Cátaros.)

É o santo que ajudou o poeta na caminhada final até conseguir o conhecimento da Divindade. São Bernardo é um dos sacerdotes franciscanos que ajudaram na formação dos Templários e na busca da conquista da Terra Santa.


Fim.:.





Referências Bibliográficas

A Divina Comédia, de Dante Alighieri, trad. Vasco Graça Moura. Ed. Landmark, 1968.





sábado, 1 de novembro de 2014

Quem inventou a Mandala?

(Confeccionar uma mandala pode levar meses e até anos.)

Não se sabe ao certo quem a criou.

Sua origem se perde no tempo, mas é certo que muitos povos primitivos já a utilizavam em seus rituais. 

A palavra mandala deriva do sânscrito e quer dizer "círculo".

(Mandala em sânscrito quer dizer "círculo" e este espaço é o universo mental do meditador.)

Trata-se de uma representação geométrica do universo, um rico diagrama composto de círculos, quadrados e triângulos em torno de um ponto central que representa e início de tudo. 

Seu uso como instrumento de meditação, para despertar graus elevados de consciência, a tornou difundida no Ocidente. 

Além de fazer bem aos olhos, ela tem a propriedade de conduzir nosso olhar sempre de volta para o centro. 

(Antes de espalhar as contas, sementes ou pedras, é necessário fazer um planejamento minucioso onde o projeto deve cumprir circunferências perfeitas. A paciência, o companheirismo, o uso da lógica, o foco e a concentração, tudo isso, já é a meditação em si mesma.)

Por analogia, possui o poder de fazer com que nos voltemos para o nosso ser interior. 

Carl Gustav Jung descobriu que desenhar, pintar e sonhar com mandalas é parte natural do processo de autoconhecimento e individuação.

(Jung compreendeu que os sonhos com alguns elementos e formas geométricas, nada mais eram que a consciência do indivíduo querendo desabrochar, como ocorreu com ele mesmo, ao sonhar com uma escadaria em forma de caracol a qual ele descia cada vez mais fundo numa enorme escuridão interior...)

Ainda hoje, os monges budistas do Tibete cultivam a tradição de fazer grandes mandalas com milhões de grãos de areia colorida, um paciente e delicado trabalho que pode estender-se por meses. 

Depois de finalizada, os monges a destroem.

(Após um trabalho que levou longos e pacientes meses, os monges, numa cerimônia, destroem a mandala, simbolizando que tudo é transformação, renovação, transmutação e transcendência...)

E a mandala, que era feita com objetos da terra, à terra retorna. 

A sua destruição simboliza o desapego com as coisas terrenas, a impermanência da vida...


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Aranel Ithil Dior. Tecnologia do Blogger.

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