É da natureza humana a busca de experiências com o Sagrado. O problema é que, muitas vezes, essa busca mistura-se com um certo individualismo, no qual as pessoas querem cada uma a “sua” experiência, a qualquer custo. E a experiência do Espírito Santo precisa servir para a edificação de uma comunidade de fé, não de um indivíduo isolado.
E para quem quer vivenciar esse
espírito divino, não é preciso muito.
Diz-se que, onde os fiéis cristãos estão reunidos, o Espírito Santo faz-se sempre presente. Afinal, sua maior missão é justamente guiar a Igreja e seus integrantes. Seus planos e intenções, porém, continuam um mistério impossível de desvendar.
Mas para quem tem fé, vale a pena
munir-se de amor – o maior dos maiores dons do Espírito – e deixar-se levar por
este guia invisível.
Como ensinou Jesus: “O vento sopra onde quer, e tu ouves sua voz, mas não sabes nem de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito”.
Os Sete Dons do Espírito Santo
No Novo Testamento, o Espírito Santo
teria presenteado os primeiros cristãos com diversos dons, que deveriam ser
usados para o benefício da comunidade e na missão de evangelizar o mundo.
(Dons do Espírito Santo)
Os que foram agraciados teriam experimentado sensações que variavam da coragem ao poder de operar milagres, da sabedoria ao falar em línguas.
São Paulo lembrou que todos são
portadores de dons divinos e, independentemente de quais sejam eles, a
finalidade é sempre a mesma: “Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito
para a utilidade de todos” (1Co 12:7)
Sabedoria: Os amadurecidos na fé são
contemplados por uma sabedoria que não provém deste mundo ou de suas autoridades.
Trata-se da sabedoria de Deus – misteriosa, escondida e destinada a levar os
homens à sua glória (1Cor 2:16)
Discernimento: é a capacidade de
distinguir entre os ensinamentos corretos e errados, entre os dons que provêm
ou não de Deus. (1Co 12:10)
Profecia: Permite aos homens
professarem a fé que depositam em Deus, fazendo-se compreender, servindo de
consolo aos demais e edificando a comunidade (1 Co 14:1-5)
Cura: Assim como os demais dons,
serve para promover o bem das pessoas (1Co 12:28)
Liderança: Capacita os indivíduos a
tornarem-se líderes das comunidades, agindo de maneira eficiente (1Co 12:28)
Glossolalia: Leva aos fiéis a
falarem em línguas estrangeiras e desconhecidas por eles. É importante, porém,
que a mensagem seja compreendida e interpretada (At 2:1-4; 1Co 14:1-5)
Amor: O sentimento que está acima de
todos os dons e que o ser humano deve sempre almejar (1Co 13).
De Onde vem o Espírito Santo?
A questão da procedência do Espírito
Santo é tão polêmica que, em 1504, foi um dos fatores que determinaram o cisma
entre os cristãos, dividindo-os entre latinos e ortodoxos.
(O Cisma da Igreja que a partir de 1504 foi dividida em
Igreja Bizantina e a Igreja Romana)
Nas igrejas do Oriente, afirma-se que a terceira pessoa da Trindade provém de Deus pelo Filho. Esta discussão complexa remonta ao século 4, quando começou a ser elaborado o Credo Niceno-Constantinoplano (referente aos concílios ecumênicos de Nicéia e Constantinopla) – uma das muitas sínteses sobre a fé cristã, rezada ainda hoje.
Um dos trechos da oração diz:
“Creio no Espírito Santo, que do Pai
procede, e com o Pai e o Filho é adorado e vivificado.”
(Um dos vários concílios feitos na Espanha medieval para decidir se o
Espírito Santo era divino e de quem provinha)
Entre os anos 400 e 600, diversos concílios regionais realizados na Espanha decidiram fazer um acréscimo no credo e incluíram a expressão latina filioque, que significa “e do Filho”.
A Igreja Católica romana aceitou a
mudança, mas as igrejas do Oriente a rejeitaram, o que levou ao cisma.
Mesmo para muitos católicos
ortodóxicos, dizer que o Espírito Santo vem do Filho é um erro doutrinário. O
acréscimo do filioque foi estabelecido por um sínodo local, na Espanha,
para justificar uma defesa maior da Trindade. Mas contraria a decisão de um
concílio ecumênico, que se baseou no que o próprio Jesus disse no Evangelho
(João 14:26).
"...mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em seu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito."
"...mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em seu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito."
(Igreja Católica Ortodoxa onde seus maiores adeptos se encontram na Grécia e Russia)
No século 15, o Concílio de Florença tentou resolver o impasse com a seguinte fórmula: dizer que o Espírito Santo procede do Pai através do Filho, ou pelo Filho.
Na prática, não deu certo.
Mas as tentativas de diálogo entre
as igrejas podem, um dia, dar um fim à polêmica.
Os teólogos orientais e ocidentais
perceberam que se trata de um problema metodológico e não teológico, não
justificando um cisma entre os católicos.
Presença Poderosa no Hoje e Agora
“Vem Espírito Santo, vem!” - cantam
em coro os mais de 300 integrantes do grupo Canção Nova, formado por leigos da
Renovação Carismática Católica (RCC).
(Adoradores da Canção Nova em Cachoeira Paulista em 2013)
Todas as quintas-feiras, homens, mulheres e crianças se reúnem numa casa de evangelização, no bairro para duas horas de cantos, sermões e orações.
Ao som das guitarras, de mãos para o
alto e a plenos pulmões, eles anunciam o principal motivo do encontro:
“Nós queremos te louvar, te
bendizer, Espírito Santo!” - e assim eles fazem.
Para louvar o Espírito Santo, o
grupo sabe que carinho e alegria são importantes. É com esses ingredientes que
os voluntários da Canção Nova recebem os fiéis, a partir das 19 horas, antes de
começar o culto.
(Voluntários da Canção Nova sempre alegres e presentes para ajudar aos visitantes)
A recepção contagia os recém-chegados. A emoção é tanta que muitos voltam. Quando os fiéis ali os olham, os rostos são de alegria e de paz, não de tristeza e angústia, e você sente a presença do Espírito Santo.
Mas essa não é a única forma que o
grupo encontrou de vivenciar a presença da terceira pessoa da Trindade. Nos
encontros semanais, é comum ouvi-los realizando a chamada “oração em línguas”.
As palavras proferidas soam
estranhas e são ditas de um jeito único por cada fiel. Eles afirmam ser um dom
do Espírito Santo: “orar na língua dos anjos", afirmam.
(Padre Jonas ensina como orar em Línguas)
Aqueles que costumam orar em línguas descrevem o ato como uma conversa íntima com Deus, na qual as palavras são compreendidas apenas por Ele e proferidas graças à interferência do Espírito Santo.
Este tipo de oração é também
considerado o primeiro passo para se obter uma série de outros dons concedidos
pelo Espírito divino. Dons que todos os presentes garantem experimentar
constantemente.
Para os fiéis carismáticos, seria o
Pai manifestando Seu pleno amor por meio de Seu Espírito.
Fim.:.
Referências Bibliográficas
Livros
A Mão Esquerda de Deus: Uma
Biografia do Espírito Santo, de Adolph Holl, ed. Rosa dos Ventos, 2003.
O Espírito Santo nas Sagradas
Escrituras, de Luis Eriberto Ribas, ed. Paulinas, 2001.
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