terça-feira, 22 de outubro de 2013

O Lado Oculto de Deus - Parte 2


O mistério que envolve o Espírito Santo, no Novo Testamento, aos poucos se desvanece. 

O Messias nasce pela ação dele e, já adulto, em seu batismo, percebe que seu destino está entrelaçado ao do Espírito Santo. "Logo que Jesus saiu da água, viu o céu rasgar-se e o Espírito, como pomba, desceu sobre ele", diz a Bíblia.

Essa descrição reforça a ideia de Jesus como a casa ou templo no qual repousa o Espírito. Pode-se afirmar que o Espírito Santo constitui a pessoa pública de Jesus: está ao mesmo tempo na boca e nas palavras dele, mas também nos ouvidos e no entendimento de seus interlocutores.


Com a morte do Messias porém, o Espírito Santo continuou agindo e tornou-se cada vez mais participativo na vida dos cristãos. A Bíblia conta que Maria e os apóstolos estavam reunidos em Jerusalém por ocasião do feriado de Pentecostes quando desceram sobre eles línguas de fogo que os fizeram falar em idiomas estrangeiros. 

(O dia do Pentecostes)

Pessoas de várias nações ouviam em suas línguas maternas ser proferidas pelo grupo e a notícia se espalhou: era o Espírito Santo, que fora prometido por Jesus e derramava-se sobre a comunidade com a intenção de conduzi-la.

Para os teólogos e religiosos, as Línguas de fogo podem ser uma metáfora para iluminação e purificação. Simbólica ou não, é evidente que a experiência de Pentecostes foi fundamental para o crescimento da comunidade cristã primitiva. 

(Os Primeiros Cristãos em Roma, afresco encontrado numa das muitas catacumbas usadas nos momentos de cultos)

Inspirados pelo Espírito Santo, os primeiros cristãos deixaram o medo de lado e encontraram forças para professar suas crenças em meio às perseguições do Império Romano. 

Muitos pediam-lhe forças para não negar sua fé diante das ameaças de morte. Era considerado o “Socorro da comunidade” ou paráclito (defensor, advogado). Os mártires também o viam como instrutor e conselheiro. Sempre que tinham de tomar uma decisão, consultavam antes o Espírito Santo.

(Locais de encontro dos primeiros cristãos em Roma, onde eram transmitidos ensinamentos e instruções de forma oral. Com o tempo vieram as epístolas ou cartas dos apóstolos e, finalmente, alguns evangelhos começaram a se espalhar. Entretanto, pouquíssimos cristãos sabiam ler, por isso, ouviam e decoravam alguns trechos dos Salmos ou das epístolas)

Nos primeiros anos do Cristianismo, embora a comunidade cristã experimentasse o Espírito de Deus, não havia estudos nem muitas reflexões sobre ele.

Mas em 381, no Concílio de Constantinopla I, foi firmada sua posição na Trindade. Foi postulado que o Espírito Santo possui a mesma honra, a mesma glória e a mesma adoração que o Pai e o Filho. Quer dizer, o Espírito Santo é Deus como o Pai e o Filho.

O Espírito Hoje

Com o passar do tempo, as reflexões se concentraram mais na figura de Jesus Cristo e os fiéis já não percebiam tanto o “lado esquerdo” de Deus.

Com o advento do chamado pensamento moderno, o mundo tornou-se demasiado racionalista, afugentando tudo o que era misterioso, e o Espírito Santo adormeceu.

(Prédio nos Estados Unidos que abrigou o movimento pentecostal)

O despertar veio com o movimento pentecostal, no início do século 20, e posteriormente com o Neopentecostalismo, que voltaram a acentuar a importância do Espírito divino.

A Igreja Católica, com a Renovação Carismática, seguiu esse exemplo.

(Parecem evangélicos, mas é uma reunião católica onde muitos cristãos ali esperam a descida do Espírito Santo em suas vidas)

Atualmente, em muitos cultos e missas, é comum ver fiéis buscando ser contemplados com os dons do Espírito Santo, como falar em línguas diversas, profetizar e curar.

Algumas igrejas também convidam os adeptos a fazer um segundo batismo, em nome apenas da terceira pessoa da Trindade.

(A manifestação do Espírito na vida do cristão que O recebe é percebida como uma mudança de autoestima e autoconfiança onde a coragem e o conhecimento são elementos reconhecidos pelos outros)

O batismo no Espírito Santo seria um revestimento de poder. Ele capacitaria a pessoa a desempenhar sua fé com mais qualidade. Ao se submeter a essa experiência, o fiel pode vivenciar emoções variadas, entre elas, o falar em línguas.

Embora sejam muitas vezes criticadas e vistas com ceticismo, essas vivências são consideradas legítimas.

Continua...


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