Quando
se fala nos lendários faquires, a primeira imagem que vem à cabeça de
todos é a mesma: indivíduos magérrimos
que vivem na mendicância e executam feitos sobre-humanos, como deitar em uma
cama de pregos, caminhar sobre brasas ardentes ou se pendurar por ganchos –
tudo isso sem demonstrar o menor sinal de dor.
(Um Sadhi ou Santo para o hinduísmo)
Porém
essa noção estereotipada esconde o significado espiritual por trás das práticas extraordinárias dos faquires, considerados
homens santos nas doutrinas islâmicas e hindu.
A
palavra faqir vem do árabe, que significa pobre.
No
Sufismo, a vertente mística do Islã, o termo refere-se aos devotos que vivem
num ascetismo rigoroso, o que muitas vezes inclui privações tais como passar
semanas sem comida ou água.
O
faquir é um indivíduo que tem consciência de que o ser humano não é eterno e
não possui nada, nem o próprio corpo.
Há
diversas linhas de faquires, e cada ordem sufi se diferencia pela ênfase que dá
às práticas ascéticas.
Para
os muçulmanos, os severos exercícios levam a um estado de êxtase em que o
faquir não sente dor, pois o metabolismo de eu corpo é alterado pelo
arrebatamento espiritual.
E
o fiel, que consegue alcançar esse estado de graça tem status parecido com o de
um santo.
Mas,
apesar da origem muçulmana, os faquires são muito comuns também no Hinduísmo. Aliás,
foram justamente os ascetas hindus os responsáveis pela consolidação dessa aura
lendária que os cerca.
Na
Índia, não faltam histórias fantásticas acerca desses homens. Como o de um
faquir que no século 19, foi enterrado vivo por dois meses e sobreviveu – ao
ser retirado da tumba, rapidamente recuperou-se e saiu andando.
Demonstração
cabal do poder do espirito?
Meros
truques baratos que se tornaram folclore?
Dúvidas
à parte, uma coisa é certa: os faquires permanecem há milênios como um dos
mistérios que cercam o mundo da fé.
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