(Um dos filmes mais legais que eu já assisti, baseado em fatos reais. Conta como foi difícil para as mulheres judias saírem do anonimato de suas sinagogas e cultura, e serem mulheres independentes e profissionais. Esse filme ainda conta o drama de uma mulher que desejava ser uma Rabina, coisa comum hoje em dia, mas ainda considerado um tabu. Acima, cenas do filme Yentl com a participação maravilhosa de Barbra Streinsand, com uma trilha musical marcante e cativante, de 1983.)
Muitas dessas cerimônias citadas na matéria anterior, porém, são restritas aos homens, resquício do tempo em que uma sociedade patriarcal ditava os costumes.
Na verdade, a lei judaica isenta as mulheres da observância de alguns mandamentos, em especial aqueles ligados à sinagoga. Por isso, os rituais mais propalados acabam sendo os masculinos.
Contudo, isenção não é proibição.
(A mulher sempre foi um elemento que buscou a espiritualidade de seu povo, independentemente, da crença ou cultura. A mulher judia não era diferente: Ela podia não saber ler, mas recitava de cor muitos trechos da Torá, pois ela era o primeiro contato religioso da família, e todo o ensinamento circulava em torno dela e de seus exemplos. Acima, um dos momentos mais bonitos e marcantes da Bíblia, onde mostra a história de Ana, mãe do grande profeta Samuel, que buscava a presença de Iavé, e durante uma de suas visitas ao Tabernáculo ganhou uma profecia por sua insistência espiritual, em 1º Livro do Profeta Samuel 1: 1-21.)
A mulher, ainda, que isenta, pode tomar para si, voluntariamente, tais obrigações. Isso a elevaria à mesma categoria dos homens, tornando possível a participação igualitária na sinagoga.
Segundo a tradição, o espaço reservado às mulheres é a casa, sem que essa atribuição tenha qualquer caráter pejorativo. Afinal, há importantes rituais domésticos no Judaísmo, como o Shabat, o dia do descanso semanal que começa no anoitecer da sexta-feira.
(Numa primeira vista, a vida da mulher judia é cheia de obrigações e pode parecer opressiva, mas não é bem assim: Cada data ou celebração é um ritual, que só a mulher pode conduzir. Isso é Cabala: A mulher tem a energia para manipular o físico; o homem tem a energia para manipular o mental. Por isso, o homem judeu se isenta de tocar na alimentação ou utensílios domésticos de um lar judeu. Acima, episódio do canal Judaísmo da Unidade para Mulheres, de 2014.)
Nele, a participação feminina é essencial.
Por estar tradicionalmente ligada ao cuidado da casa e dos filhos, a mulher não precisa se prender a horários e objetos, nem usar algo para marcar sua espiritualidade.
Diferenças à parte, enquanto os ritos revigoram a fé dos praticantes, o próprio Judaísmo se renova na vivência de cada fiel.
Depois do memorável dia em que se tornou adulto diante da comunidade, o prof. Joseph Goldberg, hoje com 66 anos, passou por outras várias cerimônias: casou-se, teve filhos e netos, enterrou a mãe.
(Acima, Dna. Nadine, esposa do professor Goldberg, cuidando de seu invejável e admirável jardim.)
Esses rituais materializam ideias e concretizam emoções, ou seja, traduzem a religião para a prática. É na caminhada espiritual de Nadine e Joseph, e dos outros milhões de judeus, que a história permanece viva.
A Inspiração do Nome
Quando uma criança nasce, os judeus cumprimentam os pais com desejos de Mazal Tov, que quer dizer "Boa Sorte".
A palavra mazal refere-se às constelações do Zodíaco, algo parecido ao que o escritor e teósofo J.R.R. Tolkien imprimiu em sua obra com o diálogo entre seus personagens: "Uma estrela brilhou no momento de nosso encontro", em O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel.
Mas que estrela seria essa, e qual a importância da mesma na cultura judaica? Isso são assuntos velados, que nenhum judeu ou cabalista conversará abertamente. Esse estudo é um tipo de astrologia cabalista, que o Rabino da sinagoga local efetuará as devidas pesquisas para identificar as energias dessa "chegada" para a família e comunidade judaica.
Mas que estrela seria essa, e qual a importância da mesma na cultura judaica? Isso são assuntos velados, que nenhum judeu ou cabalista conversará abertamente. Esse estudo é um tipo de astrologia cabalista, que o Rabino da sinagoga local efetuará as devidas pesquisas para identificar as energias dessa "chegada" para a família e comunidade judaica.
"Esperamos que um bom movimento lá nos céus traga sorte à criança."
Prof. Joseph Goldberg
(Motivo de grande controvérsia entre estudiosos, os textos dos evangelhos bíblicos não tinham o interesse de identificar a estrela no momento do nascimento de Jesus, mas sim, registrar um hábito exercido pelos judeus, que mostrava a energia no dia que Jesus nasceu foi benéfica e pontuada no céu, como deve ser. Isso é Cabala: "Os Céus declaram as obras de Suas Mãos", Salmo 19, confirmando a vontade divina pelo nascimento da criança.)
No nascimento de cada um de seus filhos, o prof. Goldberg foi à sinagoga, durante a leitura da Torá, declarar sua felicidade pelo presente recebido dos céus e manifestar, perante a comunidade, o compromisso de transmitir aos filhos a tradição judaica.
Nessa cerimônia, chamada Simchat Bat, ocorre a revelação do nome da criança, mantido até então em segredo pelos pais.
Apenas o Prof. Goldberg e sua a esposa Nadine, sabiam, junto com seu Rabi como cada filho iria se chamar e mais ninguém.
Todo nome, para um judeu é inspirado por um anjo, é descritivo, profético e revelador, porque encerra a própria essência da alma, segundo a tradição do Talmude.
(Um dos momentos mais importantes de uma família judia: a escolha do nome de seus filhos. Um verdadeiro judeu irá até sua sinagoga local e o Rabino fará um estudo numerológico, cabalístico, astrológico e familiar para efetuar precisamente essa escolha. Após orações e jejuns, os pais receberão a indicação divina para o nome que é a Alma da própria criança, que agora, será chamada por Iavé após sua morte, para que ela siga sua voz no momento de sua passagem.)
"Acreditamos na origem divina do mundo por meio da Palavra."
Dona Nadine, esposa do prof. Goldberg
Primeiro vem o Verbo, é Ele quem Cria.
Para não deixar Deus em segundo plano, primeiro o prof. Goldberg "subiu à Torá", que quer dizer, orou a Iavé e compartilhou com Ele o nome de seus filhos, dando o privilégio de Adonai ser o primeiro a saber antes da comunidade.
O Pacto de Abraão
Ao dar a luz seu primeiro filho, Dna. Nadine perguntou:
"É um menino? Meu pai vai ficar contente."
De fato, o avô de Judá Goldberg ficou satisfeito e também orgulhoso por ter sido escolhido para sândec, uma espécie de padrinho no Brit Milah - pacto de circuncisão, em hebraico.
(Circuncisão de Judá Goldberg na presença de seu avô Avraham Zadac.)
Levar um menino ao Brit é sentir-se um pouco como o patriarca Abraão: o pai judeu revive a aliança com o Criador ao declarar numa obediente profissão de fé: "Eu acredito, reconheço e entrego".
O Brit Milah é uma declaração de Judaísmo marcada sobre o pênis, o órgão reprodutor das gerações futuras; é uma marca, feita na carne, de adesão à fé gravada na alma dos judeus.
(A circuncisão nada mais é do que um pacto de sangue entre Deus e seu seguidor. Acima, como essa cirurgia ocorre e suas aplicações.)
O ritual se realiza no oitavo dia do nascimento, tempo estabelecido por Deus a Abraão para que o patriarca circundasse seu filho Isaac:
"Abraão circuncidou a seu filho Isaque, quando este era de oito dias, segundo Deus lhe havia ordenado.
"Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua. A minha aliança, porém, estabelecê-la-ei com Isaque, o qual Sara te dará à luz, neste mesmo tempo, daqui um ano.
"Tinha Abraão noventa e nove anos de idade, quando foi circuncidado na carne de seu prepúcio.
"Tinha Abraão cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho."
A Circuncisão só pode ser efetuada na presença de um Mohel, a autoridade religiosa perita na retirada do prepúcio, e só será adiada se ele, por razões de saúde da criança, indique a ocorrência.
"Abraão circuncidou a seu filho Isaque, quando este era de oito dias, segundo Deus lhe havia ordenado.
"Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua. A minha aliança, porém, estabelecê-la-ei com Isaque, o qual Sara te dará à luz, neste mesmo tempo, daqui um ano.
"Tinha Abraão noventa e nove anos de idade, quando foi circuncidado na carne de seu prepúcio.
"Tinha Abraão cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho."
Livro de Gênesis 21:4,5 e 17: 13, 21, 24
A Circuncisão só pode ser efetuada na presença de um Mohel, a autoridade religiosa perita na retirada do prepúcio, e só será adiada se ele, por razões de saúde da criança, indique a ocorrência.
A circuncisão é a marca da singularidade judaica, em que a força e o peso da história ficam evidentes.
Baruch Hah-Bah, (trad. Bem-vindo seja o que chega!), proclama em alta voz o mohel ao receber o menino e colocá-lo sobre a cadeira do profeta Elias, cuja presença é invocada para testemunhar que os filhos de Israel estão cumprindo o pacto de Abraão.
Em seguida, o mohel entrega o filho ao pai, que o deita nos braços do sândec, a quem cabe a tarefa de segurar e acalmar o menino.
A operação é, então, realizada.
O pai da criança recita uma bênção, agradecendo a Deus pelo ingresso do filho no pacto judaico, e todos pedem em voz alta que a criança chegue à Torá, à Chupá (o casamento) e às boas obras.
O pai da criança recita uma bênção, agradecendo a Deus pelo ingresso do filho no pacto judaico, e todos pedem em voz alta que a criança chegue à Torá, à Chupá (o casamento) e às boas obras.
O mohel proclama, então, o nome do menino. Somente nesse momento a família e toda a comunidade judaica tem conhecimento do nome escolhido da criança que foi mantido em sigiloso segredo por meses...
O clima é de comemoração!
(Um autêntico Brit Milah...)
"Aproveitamos que o céu está em festa para fazer nossos pedidos pessoais."
Prof. Goldberg
Os lábios da criança são molhados com um pouquinho de vinho e ele se acalma.
E a cerimônia se encerra.
Continua...
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