sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Qual a Origem da Oração do Pai Nosso?

(Oração do Pai-Nosso em português na igreja do Pai Nosso em Jerusalém.)

Muitos cristãos acreditam que a famosa oração do Pai-Nosso foi uma criação de Jesus, mas não foi...

Não se sabe, exatamente, quando essa oração surgiu, sabe-se apenas que ela fazia parte de uma tradição oral trazida, provavelmente, de terras fenícias por conta da peregrinação dos hebreus.

Para entendermos o surgimento dessa oração é necessário estudarmos alguns personagens periféricos dessa história: A língua, o aramaico; o local onde surgiu, o Monte das Oliveiras; e a função da oração deixada por Jesus.

Fazendo um estudo arqueológico e linguístico do aramaico, que foi um idioma semita surgido na região setentrional da Síria por volta de 2050 a.C., e cultivada entre os descendentes hebreus que migravam de um ponto ao outro no noroeste da Síria; a oração do Monte das Oliveiras, como é conhecida entre os judeus ou a oração do Pai-Nosso, foi criada a partir do século 360 a.C.


(O período em que foi registrada a oração do Pai-Nosso no monte das Oliveiras foi no governo de Otaviano Augusto de 50 até 14 a.C. Acima, documentário Invasões Romanas, de 2013. )

Como o Judaísmo é uma cultura religiosa, que tenta reconectar o homem com o divino em todas as suas perspectivas sociais, ela cultivou em centenas de anos de existência canções, ladainhas e poesias como parte da expressão artística de seu povo. 

Assim, surgia a oração do Pai-Nosso envolta em lendas e mitos, que em sua poesia, retratava o sofrimento e a luta de um povo vencendo suas agruras sociais e espirituais. 

Quando Jerusalém é escolhida pelo Rei Davi como a capital do Reino, tudo convergiu para esta região. A antiga cidade de Salém, como Jerusalém era conhecida antes de ser conquistada pelo jovem rei, já era um local de adoração e reconhecimento espirituais na pessoa do Rei Melquisedeque, tanto por filisteus como pelos hebreus. 

Toda a cultura judaica de poesias, canções e ladainhas migram para Jerusalém... 

Ali, canções, salmos e cânticos espirituais floresceram...

(O Monte das Oliveiras atualmente, registrado pelo youtuber Doune Silva em 2010. Local preferido por turistas e cristãos que visitam o lugar, não apenas por sua beleza e perfume, mas por conta da profecia bíblica que ensina que o local será dividido em dois na chegada de Jesus em seu segundo advento. Acima, um dos bosques dos Montes das Oliveiras, o jardim do Getsêmani.)

O Monte das Oliveiras é outro personagem importante na composição da famosa oração.

É o conjunto de 3 ou 4 montículos que separa o Vale de Cedrom da cidade urbana de Jerusalém; obviamente, o local não tinha este nome na época de Jesus, o qual foi-lhe atribuído centenas de anos depois, por conta da tradução para o latim da Bíblia, a Vulgata, e ficou sendo conhecido como Olivete e/ou Monte das Oliveiras. 

Seu nome original era Jebel El-Tor

Flávio Josefo lhe atribui outro nome em sua História dos Hebreus de Monte Scopus, uma referência dos soldados romanos, ou uma forma de identificar o local para os leitores romanos, que eram o alvo de sua obra.


(Essa foto mostra, claramente, os montículos que formam o complexo conhecido como Monte das Oliveiras. Ali, também reside o jardim do Getsêmani, dentre outros jardins e bosques batizados com nomes próprios pelos judeus, conforme sua historicidade local.)

O Monte das Oliveiras é um conjunto de pequenos regatos, bosques e jardins dispostos que, durante o ano inteiro, produz azeitonas, figos e algumas uvas, que são distribuídos gratuitamente aos moradores desde tempos remotos. É como se fosse uma plantação comunitária, mas surgida naturalmente. O local tem sido preferido por adoradores judeus, pois ali habita um silêncio e perfume que elevam a alma cansada e reconecta o indivíduo a seu Deus. 

Por conta do Monte das Oliveiras ser o conjunto de 3 ou 4 elevações rodeados de bosques e jardins, cada um tinha um nome próprio, inclusive, um dos jardins que ficava no contraforte ao sul era chamado pelos judeus de Monte do Mau Conselho

Houve até um período em que o Monte das Oliveiras chamou-se de Monte Galiléia, por motivos óbvios...

Mas, por que esse monte é importante na história da Oração do Pai-Nosso?

Porque nessa cadeia de montículos havia uma enorme incidência de árvores frutíferas como figueiras, oliveiras e parreiras, personagens constantes da vida cotidiana de qualquer judeu ordinário, e Jesus sabia, como ninguém, usar a rotina cotidiana judaica para ensinar suas novas doutrinas teológicas.

(Plantar e colher numa região árida com volume pluviométrico de  70 cm ao norte e 5 cm ao sul é impossível... Mas, Israel, por conta de pesquisa e muita vontade, possui uma agricultura das mais desenvolvidas do mundo. Desde a década de 1970 com a implantação dos kibutz (comunidades agrícolas) o país hoje produz flores, frutos e grãos diversos. Israel conta com uma tecnologia única e própria para vencer a seca de quase qualquer região árida do planeta, e ajuda a Nasa, atualmente, no projeto TerraNova para habitações auto-sustentáveis na Lua e em Marte. Acima, plantações de limões na Galileia.)

Havia, por conta da lei mosaica, quatro formas dos judeus cuidarem de seu meio ambiente:

1 - Não eliminar as árvores frutíferas de uma região após sua conquista. - Levíticos 19:23-25

2 - Permitir que houvesse sempre uma sobra na plantação, do lagar e das árvores para os animais e pessoas pobres, após o tempo da colheita. - Levíticos 19: 9-10

3 - No ano sabático, era proibido o corte, poda ou a retirada de flores e sementes dos campos. - Levíticos 25:1-7

4 - De 50 em 50 anos a terra teria um ano de descanso, onde a poda, colheita e retirada de madeira e grãos seria evitada. Os animais do campo não poderiam ser caçados, nem seus filhotes abatidos. - Levíticos 25:11-13

Foi essa a forma inteligente de uma teologia, conscientemente, apoiar e ajudar no controle do ecossistema; e o judaísmo, dentre outros ensinamentos, traz esses preceitos muito interessantes em seu cerne...

Como o Monte das Oliveiras era um local livre, onde os olivais podiam ser colhidos por qualquer morador, independentemente, de sua hierarquia; era, portanto, um bosque que pertencia ao cuidado público, pois oferecia figos, azeitonas e uvas, frutas que faziam parte, minimamente, da dieta judaica. Sem mencionar que o óleo de azeite era importantíssimo naquele tempo...

(Uma vez ao ano os Montes das Oliveiras eram invadidos por moradores que levavam suas tendas para comemorar a Festa dos Tabernáculos, uma festividade mosaica em memória do povo que peregrinou no deserto por 40 anos e para agradecer a primeira colheita feita na Terra de Canaã. Acima, publicidade do canal Israelense lembrando a festa aos judeus, de 2015.)

Assim, podemos imaginar mulheres, crianças e pais de família, indo, geração após geração, colher suas azeitonas e figos, cantando e recitando salmos e hinos de louvor. Orando a Jeová, agradecendo por ainda existir um lugar onde a bondade divina pudesse ser visitada e vista, mesmo diante de tantas lutas e guerras que sempre assolaram aquelas terras.

Então assim, popularizou-se no aramaico, língua esta que acabou se tornando erudita e que distinguia o judeu comum greco-romanizado, do judeu autêntico e cumpridor da lei e dos costumes, a oração do Pai-Nosso. Como o aramaico era uma língua erudita e usada por doutores da Lei, ela foi, obviamente, a forma para registrar os escritos, poesias, canções e ladainhas que a cultura judaica produziu.


(Assim, todas as escrituras do Antigo Testamento foram traduzidas para o aramaico. Onquelos, discípulo de Gamaliel, traduziu o Targum, que é o conjunto de citações, paráfrases e comentários dos sábios rabinos judeus. Foi a primeira obra desse gênero que passou do hebraico para o aramaico.) 

Então, no século 6 a.C., autoridades romanas, numa forma de estabelecer a paz local, permitiram que fosse posta uma lápide onde estava escrita a oração mais comum proferida por um judeu ordinário. 

(Da pedra erigida pelos romanos entre os séculos 10 e 6 a.C., só sobrou poucos pedaços...)


(...sabendo da lenda da lápide em mármore, a mãe do imperador Constantino, Helena, pede que seja criada outra em seu lugar, e ali, é erigida a Igreja do Pai Nosso, obviamente, num lugar hipotético, já que poucos monumentos históricos de Israel, principalmente da Era Cristã, se referem ao local exato onde tudo aconteceu, pois a Jerusalém original está a centenas de metros da Jerusalém atual. Acima, a oração do Pai-Nosso em vários idiomas desde o período medieval, que ladeiam os muros da igreja.)

(A Igreja foi reformada e recriada por centenas de anos, e adicionou-se nichos onde acredita-se terem sido os locais de oração de Jesus.)

(Acima, a visita de nossa amiga e professora da UESB Nádia, com seu filho Edson Sardinha, na Igreja do Pai Nosso em Jerusalém em 2013.)

Como o Monte das Oliveiras era o local onde acorriam pobres, ricos, plebeus e eruditos, por sua beleza e tranquilidade sobrenaturais, Jesus também utilizou o mesmo lugar como um centro de vários encontros onde palestrou sobre muitos assuntos para seus discípulos, seguidores, interessados e curiosos. 

Um dia, um de seus discípulos lhe perguntou como deveriam orar, como deveria ser o momento de conversa com Deus, já que Jesus falava tanto da necessidade do homem manter-se conectado com seu Pai.


(Oração do Pai-Nosso feita por Jesus. Apesar que na Bíblia não é citado o local onde Jesus ensina essa oração, a tradição popular a localiza no Monte das Oliveiras. Acima, cenas do filme Jesus de Nazaré de Franco Zefirelli, de 1977.)

Então ele ensina:

"De uma feita estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos

"...quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa

"Tu, porém, quando orardes, entra no teu quarto, e fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos

"Não vos assemelheis, pois a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais. Portanto, vós orareis assim:

"Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; o pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia; perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve. E não nos deixe cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!"
Evangelhos de São Mateus 6:5-15 e São Lucas 11:1-13


(Abra e veja como são discrepantes as duas orações entre si, na comparação dos dois textos. Isso evidencia o quanto elas foram alteradas no decorrer dos tempos e em seu registro até o Concílio de Nicéia.)

Essa oração foi tantas vezes modificada e alterada, tanto pela tradução da Vulgata como na Septuaginta, que fica muito difícil de sabermos como Jesus, de fato, a pronunciou. 

Houve outros enxertos por conta de papiros e cópias encontrados posteriormente até o Concílio de Nicéia em 325 d.C. 

Mas a oração original do Pai-Nosso no aramaico foi assim registrada pelos romanos no mármore perdido:


(Oração do Pai-Nosso ou oração dos Montes das Oliveiras recitada pelo prof. Goldberg-UESB.)


"Abwun d'bwashmaya
Nethgadash shmakin.
Teytey malkuthath,
Nehwey tzevyanach aykanna.
D'bwashmaya aph b'arha,
Hwavlan lachma.
D'sunganan Yaomana
Washboglan khaubayn watkhtahayn,
aykana.
Daph khnan.
Shbwogan l'khay yabayn.
Wela thalan
I'nsyuna Ela patzan min bisha.
Metol dlakhie malkutha,
wahayla.
Wateshbukhta
I'ahlam almin. 

Ameyn"

Tradução:

Pai-Mãe [Elohim], respiração da Vida e Fonte do Som,
Ação sem palavras, Criador do Mundo.
Que Sua luz brilhe dentro, entre e fora de nós,
Para que possamos torná-la útil.
Ajude-nos  seguir nosso caminho com o sentimento que emana de Ti.
Que eu possa estar contigo, para que caminhemos como Reis entre todas as criaturas. 
Que Seu desejo, seja o nosso desejo, em toda a luz, assim como em toda a forma que Tu criaste. 
Faça-nos sentir a alma desta Terra dentro de nós, pois essa foi [é] sua Sabedoria. 
Nos livre das aparências do mundo e de tudo o que nos ilude. 
Não nos deixe sermos tomados pelo esquecimento, pois Tu, é o Poder e a Glória do Reino [Malkut - mundo físico],
a Canção que renova e a tudo impõe beleza.
Que Seu amor seja o solo de nossas ações. 

Amém! 
Tradução: Prof. Goldberg, professor da disciplina de Hebraico, Aramaico e Filosofia
UESB- Depto. Filosofia, Sociologia e Antropologia - Vitória da Conquista. 

Essa oração foi cantada e reproduzida tantas vezes na cultura judaica que se tornou a forma correta de como alguém deveria rezar.

O que Jesus ensinou foi que a oração sincera é a mais simples que alguém possa conhecer para poder tocar o coração de Deus: 

"Qual é a oração correta? Essa que você aprendeu desde pequeno, esta que está aqui, registrada neste bosque simples, é assim que Deus gosta que oremos, com simplicidade, integridade e dedicação. Apenas isso...

E essa é a origem desta oração. 

Então, quando você for orar o Pai-Nosso lembre-se: Jesus apenas utilizou, como tantas outras vezes em suas parábolas, uma ação simples e corriqueira do cotidiano, para expressar que o que Deus deseja de verdade, está na mente e no coração daquele que o busca. 


Fim.:. 



Referências Bibliográficas

A Bíblia Anotada, de Dr. Charles C. Ryrie, ed. Mundo Cristão, 1996.

Dicionário da Bíblia, de John D. Davis, ed. Juerp, de 1985.

The Gospel of Matthew: Vol. 1, de William Barclay, ed. Saint Andrew Press, Edinburgh, Scotland, 2002.

The Gospel According to Matthew, de Francis Wright Beare, ed. Blackwell, Oxford, England, 1981.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Maria, a Face Feminina de Deus - Parte 6

(Um momento polêmico no Brasil do tipo Madonna com sua canção Like a Prayer - o legal é que foi 10 anos antes!. Fafá de Belém, uma cantora consagrada por sua voz sonora e contralta, e também por atributos físicos, foi censurada no final da década de 80 por cantar essa canção em louvor a Nossa Senhora. Expondo e explorando um lado totalmente novo de sua própria vida, esta belenense enfrentou críticas e deixou essa linda canção composta por Roberto Carlos e Erasmo Carlos mostrando sua devoção a Maria.)

E depois que Jesus morreu?

A Bíblia não comenta o paradeiro de Maria após a crucificação de Jesus. Há apenas a menção a uma reunião com os apóstolo, o que já citamos nas postagens anteriores. 

Algumas pistas surgem em textos apócrifos como o Proto-evangelho de Tiago e os manuscritos atribuídos a Nossa Senhora. Essas alusões na literatura apócrifa foram escritas séculos depois, sobre o que poderia ter acontecido a ela - aparece em Éfeso com Tiago e em Jerusalém com Pedro - sempre vivendo passivamente sob a proteção de um homem.

(Comunidades de mulheres devotas a algum segmento religioso e teológico sempre ocorreram em todo o mundo. As sacerdotisas como eram conhecidas, eram aglomerados de mulheres viúvas ou separadas de seus maridos, mas que não tinham família ou direitos dentro da sociedade onde viviam. Destinadas a serem mendicantes, esses grupos humanitários foram os primeiros locais de ajuda e amparo à mulher no passado. Ali, elas aprendiam a rezar, cantar, cozinhar, costurar, fazer infusões medicinais e, o melhor, funcionavam como um tipo de hospital emergencial para a comunidade local. Com o tempo essas casas ganharam o status de grande importância, sendo o melhor local para aquelas filhas de grandes senhores de terras e animais que não conseguiam se casar. Hoje, o melhor representante desse movimento são os conventos católicos. Acima, cenas do filme As Brumas de Avalon, de 1999.)

Mas é mais provável que ela tenha sido o centro de uma comunidade de mulheres devotadas a pregar os valores de seu filho. Esses grupos de fato existiram nessa época, e as mulheres eram centrais nos movimentos cristãos primitivos na Palestina. 

A visão de Maria como uma importante pregadora dos ensinamentos do seu filho é bem aceita. 

Ela contribuiu muito para que o projeto de Jesus fosse levado em frente, e ainda hoje continua com sua missão de evangelizadora procurando que sempre mais pessoas conheçam seu filho. 

(A família de Jesus, que participou de sua missão de trazer uma nova teologia para mundo, foram os responsáveis em manter viva a chama do Mestre. Maria e Tiago foram personagens importantes nesse momento crítico de implantação de uma nova fé. Acima, documentário A Vida dos Apóstolos, do canal privado National Geografic, de 2013.)

A família de Jesus tornou-se importante depois que ele desapareceu porque os parentes agiam como continuadores da sua obra. 

Não há dados históricos sobre a morte de Maria...

Algumas citações apócrifas registram que ela morreu em Éfeso, onde os cristãos eram perseguidos. Ela estava presente onde a igreja estava. Era uma fortaleza de consolo e convicção para os apóstolos. 

Apesar da ausência de informações precisas, pesquisas indicam que Maria tenha morrido por volta de seus 50 anos - dada a expectativa de vida na época, essa era a idade de uma anciã. 

O proto evangelho, porém defende que Maria não morreu - foi "transportada ao paraíso" de corpo e alma, verdade de fé assumida pelos católicos. 

(Acima, o sepulcro vazio de Nossa Senhora, guardado e construído pela igreja ortodoxa católica, no vale de Cedrom em Jerusalém.)

Não se sabe onde aconteceu sua morte (ou assunção). As hipóteses mais prováveis são as cidades de Jerusalém (onde há um mausoléu com a tumba de Maria) e Éfeso.


Manifestações como Prova de Amor

Muitos acreditam que Maria tem aparecido a fiéis de vários lugares do mundo como demonstração de amor à humanidade. 

Na contabilidade popular, as aparições da mãe de Cristo somam mais de mil...

Para o Vaticano, apenas 7 são legítimas:

Rue du Bac - Paris, França, 1830.

Salette - França, 1846.

(Acima, um lindo filme que conta a história da menina e devota Bernadette Soubirous, beatificada, que presenciou várias aparições de Maria no ano de 1858. Um enorme reboliço ocorreu na vida simples e campesina de Lourdes e na política da França... Acima, filme Bernadette, de 1988.)

Lourdes - França, 1858.

Pontmain - França, 1870.

Fátima - Portugal, 1917.

Beauraing - Bélgica, 1932-1933.

Banneux - Bélgica, 1933.

E o que dizer sobre esse fenômeno?

Do ponto de vista psicológico, nossa tendência é projetar no externo o que está dentro de nós. Como a imagem da Grande Mãe está dentro do homem, ele vai projetá-la num vidro, no céu, em vários lugares... A teologia católica, porém tem outra explicação:

(Já a aparição em Fátima foi mais polêmica e ocorreu num momento muito crítico da história mundial. Alguns asseveram ter sido uma farsa com provas, outros, um fato real... O filme acima tenta remontar esse momento misterioso de Maria nos tempos modernos contado por Lúcia, uma das três crianças que podiam ver a Mãe de Jesus. Acima, Fátima - O Filme, de 1997.)

"A aparição é uma graça que Deus concede a algumas pessoas. São revelações interiores que, de tão profundas, acabam projetadas para fora."

O Vaticano recomenda prudência na avaliação das novas visões de Maria. Este é um campo minado por muitas fraudes, patologias, sugestões individuais ou coletivas. Somente depois de muita investigação é que a Igreja declara que uma determinada aparição de Maria é verdadeira ou não. 

Mesmo assim, é comum que autoridades eclesiásticas locais - como padres e bispos - não esperem pelo reconhecimento da Santa Sé e apoiem a manifestação dos fiéis. 

Nos últimos dois séculos, um padrão comum marca as aparições: Nossa Senhora aparece para grupos de mulheres ou crianças, geralmente marginalizadas e moradores do campo. 

(Essas aparições e milagres já deram tanto "pano prá manga" que virou até série americana. Polêmico e sensacionalista, faz a gente refletir: Será que esses fenômenos são reais mesmo? Acima, série Miracles, no Brasil Milagres: Entre o Céu e o Inferno, produzido pelo canal americano ABC, 1ª temp. 3º cap., de 2003.) 

Nas aparições, Maria costuma pedir três coisas aos fiéis: oração, conversão e penitência. 

São mensagens simples... Pede que as pessoas mudem de vida para a religião, pede reza, penitência, jejum, penitência pelos pecados. A mensagem é muito oportuna para o nosso mundo.

Mãe é sempre um elemento sábio mesmo... Sempre aconselha sobre coisas simples e essenciais... 

Esse padrão de pedidos simples de Nossa Senhora se repetiu até a última década de 80, quando houve a primeira aparição de Medjugorje, na Bósnia, ainda sob análise do Vaticano. De acordo com ele, as aparições podem ser tomadas como uma reação ao poder masculino dento da Igreja: O clero é racionalizado, pouco afetivo. As aparições trazem uma religiosidade mais protetora, mais acolhedora...


Maria para Todos os Credos

O amor, a tolerância e a humildade, traços associados ao caráter de Maria, não são exclusividade das religiões cristãs. Talvez, por isso, a mãe de Jesus encontre lugar cativo em crenças tão diferentes, como o Candomblé e o Islamismo.

Para os católicos, Maria é a Virgem Santíssima.

A relação dos fiéis com ela encaixa-se na hiperdulia, um estágio entre a veneração, prestada aos santos, e a adoração, reservada apenas para Deus. 

Os cristãos ortodoxos também lhe guardam devoção especial - mas não creem nos dogmas marianos nem usam várias denominações para Nossa Senhora, como os católicos. Há sempre a Theotokos, a mãe de Deus!


(Por que os evangélicos não creem em Maria?! - O youtuber Alcino Juliano Dadam Lopes vai tentar explicar...)

Os evangélicos são um pouco mais distantes.

Para eles ela foi uma santa, mas não é intercessora nem mediadora.

Os evangélicos consideram que Maria não permaneceu eternamente virgem e não creem no seu poder de intercessão e não oram a ela. Os protestantes concordam. Para eles a concepção de Cristo no ventre de Maria não a fez virgem para sempre. 

Na teologia protestante, Maria é modelo de fé, de piedade e de ação cristã, mas não pode ser colocada como mediadora, redentora nem como aquela que interpela a Deus em favor dos fiéis. 

No Espiritismo, o dogma e os rituais marianos são deixados de lado. 


(Acima, entrevista com Silvania Eleusa de Centro Espírita de Goiânia que conversa sobre este tema. Acima, canal do Youtube TV Espiritismo, de 2015.)

Espiritismo é ciência. É uma vertente cristã que tenta se apoiar em fatos concretos e intelectuais, apesar de que muitas de suas práticas sejam difíceis de serem explicadas nesta base... O Espiritismo não se prende a dogmas nem aceita a quebra da lógica e da racionalidade. 

Mas não resta a menor dúvida que Maria foi, e é, um espírito superior. 

A importância de Maria, uma judia, no Islamismo, surpreende!

Entre todas as mulheres, ela é considerada a mais elevada, afirmam os muçulmanos.


(Maria para os muçulmanos. Uma tentativa do islã de pregar a paz entre as crenças... Louvável! Veiculado pela adolescente youtuber Sacchapyar, de 2012. É necessário desmistificarmos a ideia que todo muçulmano não entende ou é intolerante para com o cristianismo e outras teologias.)

No Corão, Maria é a única mulher a ter seu nome pronunciado e a ter sua biografia contada no livro sagrado: Maryam, capítulo 19.

Maria é mais citada que a mãe do profeta Muhammad. Ela é, por excelência, o modelo de mulher. 

Nas religiões de origem africana, como Umbanda e Candomblé, marcadas pelo sincretismo, Maria é cultuada como Iemanjá.

Segundo uma das tradições míticas, Iemanjá foi desposada por seu irmão Aganju e deste casamento nasceu Orungã. 

Orungã, na ausência do pai, raptou e violou Iemanjá e dessa relação nasceram muitos outros orixás. Por isso, é dado a Iemanjá o título de Mãe dos Orixás. 

Enquanto que para os cristãos a maternidade de Maria ocorreu sem ato sexual, para a tradição iorubá a maternidade de Iemanjá é fruto de um estupro... Contudo, elas são cultuadas e reverenciadas, sendo idealizadas pelo fruto divino de seus ventres. 


(Para o Judaísmo, Maria é vista como uma mulher normal e cumpridora das tradições de seu povo. Acima, cenas da A Paixão de Cristo, de 2004.)

Entre os judeus, Maria é uma típica mãe judia como qualquer outra...

A ideia de que alguém possa conceber um filho de Deus é totalmente estranha ao Judaísmo. 

De acordo com a doutrina judaica, Jesus foi um homem comum, nascido naturalmente de uma mulher, como todos nós!



Como Surgiu a Ave-Maria?

Uma das preces mais populares entre os católicos, a ave-maria é uma colagem de trechos da Bíblia somados à tradição popular. 


Ave, Maria
Cheia de graça...
O Senhor é convosco!

Os primeiros versos foram tirados da fala do anjo Gabriel a Maria quando foi anunciar à Virgem que ela ficaria grávida do Senhor.

"E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo."
Evangelho de São Lucas 1:28


Bendita és tu entre as mulheres...
E bendito é o fruto do teu ventre, Jesus!

Esse trecho também está em Lucas, mas foi pronunciado por Isabel, que recebeu Maria durante a gestação. A invocação, incluindo o nome de Maria, ocorreu por volta do século 7, da mesma forma a inclusão do nome de Jesus: "bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus!"

"E [Isabel] exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre."
Evangelho de São Lucas 1:42



Santa Maria, Mãe de Deus, 
Rogai por nós, pecadores,
Agora e na hora de nossa morte...

O trecho final, produto da tradição popular, foi acrescentado no século 14. Mas a invocação a Maria como mãe de Deus, já existia muito cedo na Igreja, como na oração Sub tuum praesidium, de um antigo papiro do século 4 encontrado no Egito. 

(Um dos mistérios mais intrigantes na história da arte sacra... Franz Schubert, compositor austríaco, escreveu esta canção, não para Maria, mas para um outro ícone tão importante para os maçons e cheio de mistérios, que somente os iniciados podem compreender: A Dama do Lago. Participante de um ciclo de poemas escritos para o épico Arturiano, Schubert motivou-se a escrever essa canção pela amizade a Walter Scott. Novamente, movidos pela ignorância, muitos católicos adotaram a canção e a letra de Schubert como uma forma de louvar Maria. A letra é belíssima sem dúvida, porém foi alterada pela igreja católica, contudo, dedicá-la a outro ícone feminino, para nós, não interfere em nossas crenças... Acima, Ave Maria, na melodia de Schubert, na performance do Tenor e Barítono Andrea Bocelli.)

O trecho final é mais espontâneo. É como se a gente dissesse: "Já que a senhora é tão boa, rogue por mim...!"

A fórmula definitiva da oração foi aprovada pelo papa Pio V. 



Fim.:.

    

In Memorian

Este estudo é dedicado a um casal muito amado por seus amigos e familiares: Sr. Guilherme Marques do Espírito Santo e Dna. Maria dos Santos Marques - que a luz de todas as grandes mães da História acompanhem vocês em vossa jornada espiritual. Descansem em paz...



Referências Bibliográficas

Livros

O Cotidiano de Maria de Nazaré, de Clodovis Boff, ed. Salesiana, 2003.

O Evangelho Secreto da Virgem Maria, de Santiago Martin, ed. Mercuryo/Paulus, 1999.

Mãe, a História de Maria, de Júlia Bárány (org.), ed. Mercuryo, 2003.

Maria, Uma Biografia, de Lesley Hazleton, ed. Universidade Hebraica de Jerusalém, United Kingdom, England, 2007.

Maria Entre os Vivos, de Carlos Alberto Steil, Cecília Loreto Mariz e Mísia Reesink, ed. da UFRGS, 2003.

Maria no Islã, de Roberto Khatlab, ed. Ave Maria, 2003. 

Revista Eclesiástica Brasileira, edição 250, ed. Abril, 2003.

Revista Teológica, do Instituto Teológico Franciscano, ed. Vozes, 2003.

Sites

www.marylife.org

www.apparitons.org

www.santuario-fatima.pt

sábado, 6 de agosto de 2016

O Mundo Mágico das Florestas - Parte 2

(Conhecer e entender os espíritos da floresta sempre foi a necessidade de todos os povos antigos da humanidade. Acima, cenas do filme A Lenda, de 1985.) 

(Dentre os muitos remakes televisivos, a melhor versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo é de 1978! Nosso maior e mais celebrado escritor Monteiro Lobato tentou refazer os passos da mística e lendas indígenas e escravas na sociedade brasileira. Aclamado mundialmente, nos deixou este maravilhoso legado de histórias infantis consumido pelo mundo todo. Adoro!)

Além das divindades criadoras, os relatos míticos falam da existência de um tempo em que animais, seres humanos e espíritos não se diferenciavam. 

Até que, devido a um evento catastrófico - muitas vezes ligado à desobediência de uma regra - ocorre uma ruptura: as divindades afastam-se do mundo, marcando o fim dos tempos místicos e o começo da humanidade. 

Restabelecer o contato com as divindades é a função principal do pajé.

Para os índios, a diferenciação entre homens e animais é apenas corporal. 

(Após uma extensa pesquisa antropológica pela equipe de produção do filme, James Cameron utilizou fragmentos de várias culturas indígenas primitivas conhecidas para compor a teologia e o comportamento dos habitantes do planeta Pandora, onde nos é apresentado o respeito e a interação pacífica entre os seres e seu ecossistema. Cameron disse: "Se houver vida inteligente em outros planetas, eles seguem uma regra única de teologia: O respeito à natureza...". Assim foi criado o roteiro de um filme que se tornou antológico na cinemateca mundial. Acima, cenas do filme Avatar, de James Cameron, de 2009.) 

O indígena não vê o animal como um pedaço de carne, mas como o membro de outra tribo que foi liberado pelo "mestre dos animais", ou xamã, para servir de comida aos seres humanos. 

Xamã é o termo que os antropólogos costumam usar como sinônimo para pajé, palavra da língua tupi hoje usada genericamente, embora cada grupo tenha sua nomenclatura específica para o homem - ou mulher, em alguns grupos - capaz de entrar em contato com os espíritos.

(O mistério após a última grande glaciação da Terra que ocorreu a 60 mil anos atrás ainda persiste: Como o ser humano sobreviveu? Como ocorreram as emigrações entre as massas continentais? Pesquisas mais atualizadas informam que o Estreito de Bering não foi a única alternativa... No entanto, a Arqueologia nos confirma isso: O homem das Américas surgiu na América do Norte, começou sua migração motivado pelo frio e escassez de alimento para o sul; dali passou para o México, Guatemala e Honduras; continuou sua decida até a Argentina onde se encontrou com outros povos emigrantes da Polinésia, houve uma convergência e associação. O Brasil foi a última fronteira indígena, por isso nossos índios são os mais primitivos desse grupo emigratório. Acima, um maravilhoso documentário sobre a Eras Glaciais da Terra, A História da Terra, produzido pelo canal britânico BBC e exibido pelo canal privado National Geografic, de 2011.)

O termo xamã surgiu no fim do século 19, quando antropólogos estudavam povos indígenas da Sibéria e estabeleceram possíveis relações desses com os nativos da América do Norte (a teoria é que teriam ocorrido correntes migratórias pelo Estreito de Bering.)

No idioma dos habitantes da Sibéria, xamã designava um especialista nas atividades da caça. 

(Edgar Rice Burroughs, criador dos personagens Tarzan e John Carter (adorooo!), deixou-nos em seus contos a necessidade de pensarmos o valor da humanidade em nosso mundo: dominar para construir, ou dominar para exigir? - Como era jornalista, Rice se preocupou durante toda a sua vida a entender para onde as ações comerciais do homem o levavam... Acima, cenas do trailer A Lenda de Tarzan, de 2016.)

Um "mestre espiritual" dos animais, cuja função era a de pedir permissão ao espírito "dono" da caça antes de abatê-la. 

A antropóloga Carmen Junqueira, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, também identificou o conceito de "dono" entre sociedades do Xingu, mas alerta: ele não tem nada de mercantilista. 

"Para os índios, tudo o que é importante tem dono. O dono não tem a posse, mas a responsabilidade de cuidar. Assim, existe o espírito da mandioca, do milho, dos animais..."
Carmen Junqueira, Dr.Antropologia. 

Em geral, o pajé é a única pessoa capaz de contatar esses espíritos. 

(Apesar da porca pesquisa feita para os indígenas brasileiros, a escritora teen Stephanie Meyers (tentou, né?!) falar sobre as lendas dos indígenas americanos, o que não deixa de ser um ato louvável... E, hoje, é assim que os índios americanos, realmente, disseminam sua cultura entre os mais jovens. Acima, cenas do filme Saga Crepúsculo: Eclipse, de 2010.)

Na verdade, são os próprios espíritos que contatam e escolhem o pajé. Não se pode elegê-lo, ele se manifesta em sonhos ou visões, dizem...

Em algumas sociedades, existem aqueles que aprendem o ofício da pajelança com outros pajés. 

Mas esses, ensinados pelo ser humano, são considerados "menores".

(Não importa a cultura ou o tempo na qual ela se desenvolveu, o homem só tinha um único objetivo: Entender e dominar a natureza ao seu redor. A conclusão que o homem chegou em seus 150 mil anos de caminhada foi: O domínio vem através de um espírito forte e íntegro (espiritualidade e misticismo); do conhecimento e entendimento dos processos envolvidos (investigação intelectual dos fatos); a obediência estrita dos seres inferiores por nós conquistados por contermos maior conhecimento que eles (seja espiritual ou intelectual); pois, fisicamente, o homem já sabia que não conseguiria conquistar nenhum dos reinos visíveis ou invisíveis que o cercava... Acima, cenas do filme Star Wars - O Despertar da Força, de 2015.)

É a comunicação com os espíritos - por meio de rituais que podem incluir cantos, danças e o uso do fumo - que confere poder de cura ao pajé. Afinal, seriam os próprios espíritos os causadores de boa parte das doenças, geralmente como consequência da transgressão de regras criadas por eles, como as ofertas rituais ou períodos de reclusão.

Em algumas sociedades faz-se a diferenciação da figura do pajé com a do ervatário ou raizeiro responsável por curar as doenças de origem material. E, em outras, ainda, pode existir o papel do feiticeiro, o conhecedor de venenos e magias para fazer o mal.

(Em todas as culturas sempre houve uma certeza: Existem espíritos ou consciências que permeiam tudo o que nos cerca... A essa consciência foi dada vários nomes: Fadas, elementais, espíritos da natureza... Esses seres cuidam e protegem a qualidade e o funcionamento do ecossistema. Os gregos chamavam essa consciência de Gaia ou Mãe Natureza, algo que é maior que qualquer conhecimento que o homem possa conseguir obter. O conto mais disseminado dessa vertente cultural é A Princesa Branca de Neve dos escritores e irmãos Grimm. Esta lenda nórdico-germânica deixa em sua dinâmica a atuação da mulher como regente da natureza, e a necessidade de haver amor e integração entre os seres para que tudo termine bem. Acima, cenas do filme Branca de Neve e o Caçador, de 2012.)

(Uma boa conferência sobre o tema, mas com um enfoque espírita. O palestrante Dr. Júlio Goelzer fala sobre esse assunto para o Centro Espírita de Florianópolis.)

Ou seja, dependendo do grupo indígena, o feiticeiro pode ser uma figura à parte ou uma função assumida também pelo pajé. 

Em alguns grupos a figura do pajé é ambígua. Pode curar ou lançar doenças. 

Entre os povos indígenas, existem espíritos que têm em si tanto o bem quanto o mal, e a vida religiosa incorpora essas duas forças, presentes desde a criação do mundo, na figura dos gêmeos dos mitos de origem.


(Toda teologia que trabalha com elementos da natureza não concebe em seu cerne a dicotomia filosófica do Bem e Mal; tudo e o todo, são a mesma energia. Cabe a cada pedinte ou oficiante ter sua própria ética na utilização desse poder. Mas, lógico, isso não acontecia e, sim, na história da humanidade, muita confusão e problemas se relacionaram disso, por pessoas não saberem usar nem os poderes da natureza e nem saberem lidar com sua sina e frustração... Acima, cenas da animação Valente, de 2012.)  

(E, hoje, como ocorre essa busca pelo misticismo indígena brasileiro? Acima, o documentário A Voz das Avós, de 2013.) 





Continua...


Aranel Ithil Dior. Tecnologia do Blogger.

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